Arquivo da Categoria: aspirinas

V9

As semelhanças com George W. Bush nesse aspecto são espantosas. PPC é um veículo para fazer passar as ideias dos outros, que alguém julgou que venderiam melhor com um packaging “jovem” e “moderno”.

E é neste ponto que é mais espantosa a total e completa falência intelectual de muita direita: alguma elite, encabeçada pelo Pacheco Pereira, entendeu que a melhor maneira de fazer damage control às medidas corajosas do governo e a uma óbvia eficácia do primeiro-ministro era procurar passar a ideia de que seriam apenas propaganda, marketing, era tudo falso, mentira. Invenções para enganar o povo. A ideia pegou em muitos círculos, não só pela nossa ainda enraizada tendência de desconfiar das boas novas, pela quantidade e velocidade de medidas e reformas que foram encetadas (muitas contra corporações que não estavam claramente habituadas a ser confrontadas), o que permitiu passar aquela ideia de “isto não pode ser verdade, devem estar a inventar”, pelo facto de muitas das medidas serem tomadas com horizontes a médio e longo prazo, logo sem resultados imediatos que se vissem, e finalmente, e ironicamente, pela inépcia comunicacional do próprio PS, governo e primeiro-ministro.

Resultado da estratégia: o PSD e a sua “politica da verdade” tiveram praticamente o mesmo resultado que em 2005, tendo o PS perdido a maioria para a esquerda.

Depois deste desastre, acho que houve muita gente na direita que, incapaz de perceber que a “politica da verdade” não passava de uma estratégia rasteira de criticar o governo sem criticar as medidas (a grande maioria das criticas era que as medidas não estavam realmente a ser tomadas, não que eram as medidas erradas), começaram a convencer-se que a ideia da “propaganda” era não só verdade, mas que pelos vistos resultava, que ganhava eleições, que o “propagandista” Sócrates era a prova que não era preciso ter ideias concretas, mas umas vagas, desde que fossem bem vendidas. E chegamos a este ponto, em que temos duas variantes da direita: a cínica que se convenceu que é preciso é enganar o povo, e a burra que se convenceu que o povo quer ser enganado. Spin puro, encarnado em Pedro Passos Coelho. Eis a herança de Pacheco. Espero que esteja orgulhoso.
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Oferta do nosso amigo Vega9000

O.

…e votar Cavaco por via da Esquerda?

Parece um contra-senso, mas o panorama é tão mau que a tal pode obrigar. Seria assim uma espécie de virar do avesso do tecido do espaço-tempo ideológico (como quando se entra num buraco negro). Vejamos:

Não votar Cavaco na primeira volta é alimentar o risco de haver uma segunda e, por via disso, contribuir para uma onda maluka que, por exemplo, permita eleger Alegre. Ora a mediocridade de Cavaco e o seu apetite pelo governo (ocupe que cargo ocupe) tornam-no previsível. E, em cenários de incerteza, a previsibilidade é fundamental, mesmo a má.

Ao contrário, com Alegre na presidência, seria um corre-corre geral de ansiedade matinal até nos apercebermos que lhe segredou ao seu inspirado ouvido a musa que vive no café, como mote para a declamação temerária daquele dia. E bem sabemos que na cabeça dos poetas não há grilos falantes assessores que ombreiem com uma bela duma musa assanhada. Ninguém pode viver assim. Nem governar. Maria de Lurdes e Correia de Campos que o digam.

E esse (o do governo que aí vem) é outro motivo. Cavaco no poder torna mais verosímil o cenário da reeleição de novo governo socialista, e essa é a que verdadeiramente interessa. O eleitorado do centro não gosta dos ovos todos no mesmo saco. Poderá acreditar em Cavaco, quando ele se apresenta como o outro prato da balança democrática. Alegre é uma passadeira para a eleição de Passos Coelho. Por causa dos tais ovos.

Votar Cavaco, a bem da nação. Era o que eu faria se tivesse estômago.

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Oferta do nosso amigo Joaquim O.

Na ara do Araújo

Porque sou doente e cuidadoso, fugi cobardemente ao debate – ver um espertalhão tourear um pateta, esfregar o chão com a cara do poeta, rematar a lide com um par de bandarilhas e sair em ombros pela porta grande, seria tormento penoso que, decerto, me mataria. Para mais, sem o consolo de voltar, por uma segunda vez, a nascer. Porque, nascer segunda vez, para isto, não me parece excessivamente aliciante e, também, porque me não interessa especialmente um concurso de seriedade com o Dr. Cavaco.

Este mito, da seriedade do senhor, é, aliás, assunto francamente menor, sobretudo quando comparado com o outro mito que inventou para consumo dos incautos, de que foi um óptimo, o melhor de todos, primeiro-ministro. Se foi um bom, sequer sofrível, primeiro-ministro ou, como suponho, o pior desastre que nos calhou em sorte, desde o senhor Marquês do Alegrete (não confundir com o senhor poeta Alegre), eis um debate que teria valido, há muito, travar, nem tanto para dizer mal (ou bem) da criatura, mas para entendermos as verdadeiras origens dos males que, inelutavelmente, nos arrastam para as profundas e que, também inelutavelmente e creio que definitivamente, nos impedem de vir a uma superfície no mínimo decente. Assim como as coisas são, ficamos, na melhor das hipóteses, com a sensação, achamos, que o sujeito não terá sido tão bom como o pintam (porque criou o monstro, ou coisa semelhante) e que não é tão sério como teima em pintar-se (o patético caso BPN; o poético negócio da família nas falésias da praia da Oura; a alegre vivenda Mariani e outras ocasionais tropelias).

E o mais grotesco é que a esta extraordinária criatura, a alternativa que nos oferecem é uma amiba intelectual, um oportunista desavergonhado, inventado por outro espertalhão para atirar às canelas do Engº Sócrates, para usar e deitar fora.

Por isso, porque não tenho candidato em quem votar – no actual estado das coisas, teria gostado de ver apresentar-se, ou ser apresentada, a Dra. Isabel Jonet, que não seria outro Dr. Fernando Nobre – abro aqui uma subscrição, estendo a mão à caridosa solidariedade que me financie, em moderado luxo, uma viagem a um qualquer lugar, situado a mais de 12 horas de viagem da minha assembleia de voto e de uma tentação abjecta de colaborar na patuscada ignóbil que se prepara.

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Oferta do nosso amigo Francisco Araújo

O dia nasceu frio

Conto de Natal:

O dia nasceu frio. Quando espreitou pela janela e viu a brancura da neve é que se lembrou que esse dia era o vinte e quatro de Dezembro. João, era assim que se chamava, da véspera de Natal não guardava grandes lembranças. Era um dia igual a tantos outros e como sempre tinha de ir para o monte com o seu rebanho. Por ser véspera de Natal as ovelhas tinham de se alimentar e os pastos dos montes sempre saíam mais baratos que os comprados no Grémio de Lavoura do seu concelho. Uma vez por outra era do pasto comprado que se alimentavam – dia de Páscoa, Natal e nas festas em honra a S. Pedro, padroeiro da sua terra, nunca na véspera de Natal.

Mesmo de férias escolares, primeiro, estavam os afazeres domésticos, os escolares eram feitos enquanto vigiava o rebanho e o dia três de Janeiro estava próximo. Era quando começava o segundo período lectivo. Também beneficiava da ajuda de Mondego, o seu cão, que era um amigo inseparável e que tantas vezes o ajudou quando as ovelhas se tresmalhavam. Nunca por nunca em véspera de Natal deixou de ir ao monte com o rebanho. Também a idade não era muita para ter bastantes recordações. Mas, nos seus dez anos de vida, esta véspera de Natal era a segunda passada no monte com o seu rebanho.

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V9

MA HQ
Lisboa
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CONFIDENTIAL/NOFORN
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Assunto: Briefing debate presidenciais
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Reunião com a presença de AJS, JS, SP e FL, que aprovaram a estratégia em traços gerais. Alguns assuntos foram tratados apenas com FL, ver abaixo.
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Informação preliminar

Foi assumido por todos os presentes que o candidato MA não tem o nível de octanas suficiente para fazer a máquina politica do PS trabalhar acima dos 35% de potência, o que faz com que a produção de cobertura mediática esteja muito baixa. A máquina política do BE não é utilizável, uma vez que o sistema de orientação e escolha de alvo está configurada automaticamente para o PS, e levaria anos a alterar. FL confirma, em privado, esta informação.

AJS concorda que a campanha está a correr mal, e que será necessário uma operação de Shock & Awe no debate para relançar a campanha e aumentar o índice energético de MA para níveis compatíveis uma campanha profissional.

JS não concorda, uma vez que se correr mal e o candidato não for eleito, o que é provável, ele é que tem de conviver com CS. AJS e FL não consideram a objecção válida, o que originou uma violenta troca de argumentos que terminou com JS a acusar AJS de lhe querer “fazer a folha” e a bater com a porta. SP ficou encarregue de o representar.

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Solar

Todo o fenómeno é relativamente novo, a escala a que acontece é nova e desmesurada e não me é fácil situar-me sem ser numa forma de acantonamento prévio, que me pode aliviar os choques, mas não me ajuda a esclarecer de facto. Então, a correr, (e a velocidade transforma a realidade – o que se relaciona com parte do comentário do Vega): como não me parece que seja desta, já agora, imediatamente, que o mundo vai fazer a revolução completa, instantânea, por fora e por dentro do tudo e de cada um, em que tudo se reformula, de modo harmonioso, no sentido do novo que foi surgindo e pensamento, estruturas sociais, modos de vida, culturas, tudo se harmoniza na materialização das novas compreensões e passarinhos a chilrear, estrelinhas a luzir, prados verdes para saltitar, música pimba acabada de morte macaca, gente mal formada transfigurada, a importância do outro na estruturação da identidade de cada um definitiva, impulsos domesticados e vivá cultura etc etc etc, então, enquanto não muda o paradigma, o que vai acontecer, e possivelmente tem de acontecer, são manifestações do piorzinho que há neste paradigma: coscuvilhice, devassa, intriga, deterioração das relações, amuos internacionais, divórcios traumatizantes,… e, como não se aguenta a moinha, dá-se um afrouxamento dos limites de tolerância: por um lado mais repressão, daquela básica e que julgávamos ultrapassada e, por outro lado, um descaso progressivo, cada vez maior, em relação a valores que até agora nos têm identificado. Qualquer dia já não se liga se revelarem que o ligueiro da senhora Merkl é rosa-choque ou que o presidente de um banco era simultaneamente mordomo na casa de um ditador. Assim como o Sporting que foi eliminado da Taça pelo Setúbal e já ninguém faz disso um caso. Onde vamos parar? Não sei. Os cientistas sociais que se cheguem à frente.

Entretanto, a luta pelo PODER mundial é linda de se ver. Na exibição dos destroços da contenda, vem o espírito de chinelo da humanidade todo ao de cima. Assistir às misérias humanas institucionalizadas põe o aconchego simbólico nas ruas da amargura. Também é catita ver que muitos dos que espreitam a possibilidade da grande MUDANÇA se fazer por este lado. Julgarão que, eticamente falando, estamos pior hoje do que há alguns séculos?

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Oferta da nossa amiga mdsol

Solar

Os blogs são como uma praça de cidade pequena: onde todos se podem encontrar e onde todos se podem evitar. Há os gregários militantes que se agrupam sempre com os mesmos para terem sempre as mesmas conversas e acabam por afastar registos diferentes; há os gregários soltos que gostam de estar perto dos seus, mas deambulam regularmente pela praça e, não raramente, param para falar com outros; há os institucionais que se agrupam em torno de interesses importantes da vida corrente (puxa-lhes, muito, para o lado agonista); há os que tratando de assuntos da vida corrente são mais desalinhados e vão falando sem grupo certo, mas com ideias definidas; há os errantes e sonhadores que conversam com toda a gente, e em que o fio condutor serão afinidades mais de natureza ética e estética. E há, como em todas as praças, os loucos, fundamentais para a manutenção da sanidade mental dos restantes.

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Oferta da nossa amiga mdsol

V9

Expresso, 6 de Outubro de 2015

O primeiro-ministro Rui Rio desvalorizou hoje as sondagens que dão vantagem ao PS nas próximas legislativas, salientando que os portugueses necessitam ainda de algum tempo para se aperceber das vantagens produzidas pelas reformas do SNS e educação, algo que acredita que poderá acontecer quando forem conhecidos os números da poupança produzida pela privatização destes serviços. Realça também que os problemas com a introdução do “cheque-escola” deverão estar ultrapassados até ao Natal, pondo fim a um episódio que sobressaltou o início do ano escolar e contribuiu para um clima de mal-estar entre os concessionários escolares, que não põem completamente de parte a hipótese de recorrer aos tribunais para reclamar juros sobre os montantes em atraso.

Em clima de crispação mantêm-se no entanto os agentes judiciais, que continuam a contestar o programa de reformas em curso, nomeadamente a introdução dos GTP (Gabinetes de Triagem de Processos), salientando que a atribuição de códigos coloridos aos processos “não dignifica” a justiça, e promove a descriminação entre “juízes brancos”, que julgam os chamados processos prioritários, e “juízes azuis” que se vêm inundados de processos considerados de baixa prioridade, introduzindo um factor de desmotivação entre a classe profissional que terá consequências “imprevisíveis”. Muito contestada continua também a ser a chamada “Via Verde Judicial”, que acusam de gerar graves desigualdades no acesso à justiça por parte dos cidadãos em detrimento das empresas. No entanto, Rio salienta que os valores substancialmente mais elevados pagos nos processos deste sistema são “um factor decisivo” no financiamento da justiça, e são “essenciais” para a rapidez no tratamento de processos que envolvem o sector empresarial, rejeitando que se trate de uma “justiça de luxo” apenas ao alcance de alguns, como acusam os sindicatos e o bastonário da ordem dos Advogados, Garcia Pereira.

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V9

Um blogue serve como palanque. Monta-se no meio da rua, sobe-se lá para cima, e é começar a falar. Se falares bem e disseres coisas interessantes, pode ser que alguém repare, e te comece a ouvir. Uns chamam os outros, e junta-se uma pequena multidão. Se o orador deixar e for um tipo simpático, as pessoas começam a discutir umas com as outras, e cria-se uma comunidade à volta do palanque. Alguns até trazem tenda.

Há também outros blogues que servem para oradores berrarem uns contra os outros, cada um no seu palanque. Por outro lado, os tipos que falavam das tribunas não conseguem esconder a irritação com tanto palanque junto. É uma barulheira, dizem. Mas muitos lá vão montando também o seu palanque.

Agora se a questão for “para que queres tu um palanque”, terás que perguntar ao espelho. Mas gosto muito, mas mesmo muito, deste texto. Está lá tudo.

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Oferta do nosso amigo Vega9000

Os Soldados da Paz

Nunca o fui mas tenho experiência de quando era militar tive a infelicidade de ser obrigado a ir combater um incêndio em Viana do Castelo.

Estava-se no ano de 1970, em Julho ou Agosto, se não fez quarenta anos está quase a fazê-los. Preparávamo-nos para vir de fim-de-semana e à última hora somos informados que o quartel entrava de prevenção por causa do incêndio em Viana do Castelo. De imediato partimos para lá incorporados em pelotões, sobre as ordens de um aspirante, que prática de incêndios tinha a mesma que nós soldados tínhamos, nenhuma.

Fomos para a localidade de Areosa, ali o incêndio era devastador, não nos podíamos aproximar porque era um calor infernal, não tínhamos meios para o combater a não ser ramos de eucaliptos para bater nas labaredas e tentá-las abafar. Era uma missão impossível porque não aguentávamos ali muito tempo e os ramos eram logo incendiados. Andamos assim o resto da tarde e parte da noite. A fome era muita, não tínhamos jantado, e assim passamos a noite sem comer. Ao outro dia de manhã encontramos uma padeira, que andava distribuir o pão, pelos seus clientes, estávamos perto da povoação de Areosa, e a padeira ficou sem pão, compramo-lo todo, ela bem não queria mas a fome era imensa.

Esta situação correu de boca em boca e então começaram a chegar habitantes com leite e café para nos distribuir. Ao meio dia a maioria da população levou-nos batatas, carne e outros géneros e nós em fila indiana lá recebíamos na mão esses alimentos, não havia lugar para pratos ou talheres. Pela volta das dezasseis horas é que chegava a nossa alimentação, ia de Braga para Viana e tinha de percorrer várias localidades, porque estávamos espalhados por elas.

Assim andamos o fim-de-semana todo e fomos rendidos na segunda-feira. Os nossos familiares deslocaram-se para o quartel em Braga a saber informações pois nos órgãos de comunicação social foi dito que alguns militares tinham morrido queimados. No início da semana, terça ou quarta-feira, foi dado como instinto
Quando vejo os incêndios vem-me à memória este acontecimento e lembro-me do trabalho e risco que correm os Soldados da Paz e o que lhes desejo é a maior sorte do mundo.

Também sei que a maioria dos incêndios é por interesse e que os incendiários são uns coitados. Por força da minha ocupação lidei com vários e vi que tipo de pessoas era. Os seus mandantes gozavam com o infortúnio dos donos dessas matas e com o trabalho voluntarioso dos Soldados da Paz.
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Oferta do nosso amigo Manuel Pacheco

Mulher aranha

Não sou jurista, no entanto sei que a melhor garantia de sobrevivência dum estado de direito é a interiorização pelos seus cidadãos (os ditos comuns, como eu) daquilo que são os alicerces desse mesmo estado de direito.

Que significa isto? Que deve soar um alarme nas nossas cabeças quando há fugas de informação numa investigação a decorrer, quando um jornalista que relata factos é simultâneamente assistente no processo que relata e quando um caso é abordado com o objectivo de comprovar uma culpa previamente determinada fruto de convicção pessoal, logo subjectiva.

Tudo isto deverá parecer pelo menos estranho ao cidadão comum dum país onde impera o estado de direito e para que isso aconteça é necessário aprender e amadurecer. Somos os seus primeiros guardiões. Quem ignora ou relega para segundo plano estes factos está indirectamente a assumir a sua visão da justiça e da legalidade. Não admira que alguns aceitem facilmente a suposta “culpa” alheia não comprovada… estão a admitir a sua própria conduta.

Tem por isso toda a razão Fernanda Câncio no que escreve. O estatuto e conduta de Cerejo é estranhíssimo, no mínimo.

Por estes motivos leio o que escreve aqui no Aspirina B, porque a sua bandeira não são primeiramente pessoas, é o princípio em si da presunção de inocência até prova em contrário. Não está isolado nessa posição, somos mais.

A justiça funcionará mal, ou por vezes mal, se nós cidadãos não soubermos exigir dela o necessário. Estas situações também nos permitem amadurecer democraticamente … espero que o tempo venha a permitir isto mesmo.
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Oferta da nossa amiga Sofia

Da Galiza

Faz tempo, achava ter que falar dos anônimos, dos que tanto se está a falar e sempre como argumento comtra o Valupi. Não compreendo muito bem esa teima irem comtra o mensajeiro do que não gostam pelo que di. Aquí so é a palavra, eu leio o texto , gosto ou não gosto, mas não é tão importante saber que é anònimo o Valupi.

Para min todos os comentadores são anònimos e tampouco conhezo os periodistas que escrebem nos jornais de Portugal, mas gosto de alguns, fico com aqueles que me deixam algo nos miolos, leio e apanho as minhas conclusões. Eu não conhezo a Edie e gosto dos seus comentarios e mais ainda dos videos que ela deixa no blog, nem conhezo a Manuel Pacheo e gosto das suas hestorias, e mais outros, nem conhezo o Pacheco Pereira do que tanto se fala e que para mim podia chamarse MIky mouse. Embora de tudos fazemos na nosa testa uma image coa que dialogamos, mas estamos no mundo das ideias exprimidas en palavras escritas. E dizemos para nós iste é um ranhoso, interessante, bom, gosto, que belo….tem razão e tantas coisas mais.
Levo ja algum tempo lendo o Valupi, e não quisser saber quem é, nem que faz na sua vida. Só sei que escreve muito bem, além da forma faz tudo combinado co fundo e co seu argumentario. Concordarasse ou não, o blog permete o diálogo, e permete não volateres a conectar-te. O único que apanhares por cá, se és um ranhoso com mal feitizo e uma “larga o vinho”. Eu so vejo tolerancia, razonamento, ideias, e uma boa escrita.
Além disso o anônimo tem uma coia muito positiva, nem está condicionado ele nem o su leitor. Se eu soupera que o Valupi é um personajem público em Portugal ja o seu caixão de comentarios estaria condicionado pelas deudas que ese homem tem de pagar na sua vida pública, não teria a mesa liberdade, falaira o homem e mai-lo o personajem.
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Mulher aranha

Pelos vistos anda uma parte (pequena espero) da blogoesfera portuguesa às voltas com a questão dos anónimos. São burros, uns idiotas. O blogue é criado para lá escrever o que bem entende o seu ou seus autores. Até pode nem ter possibilidade de comentários. É uma escolha. Assina-se com o nome que se entende. E escreve-se sobre o que se quer. Inclusive política e defendem-se as ideias que se quer. Que eu saiba concordar ou defender as ideias do governo é tão possível como o seu contrário. E não é ilegal fazê-lo, nem está na clandestinidade quem o faz.
Podemos não gostar de certas ideias. Temos bom remédio: NÃO VAMOS AO DITO BLOGUE. Somos livres de ler ou não, os bloggers são livres de escrever o que quiserem, até podem decidir deixar de escrever.

A menos que o vosso problema seja quererem determinar quem escreve e o quê? Será isso? Se for isso jamais se adaptarão a esta coisa chamada blogoesfera e terão muita acidez de estômago. Tomem umas rennies.
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Oferta da nossa amiga Sofia

A entrevista ao Procurador-Geral da República

1. São 17,30 horas. A entrevista do PGR deu azo a comentários de todos os lados. De todos? Não. Curiosamente, o Sindicato dos Magistrados do Ministério está calado, a examinar tranquilamente as declarações, o que é, no mínimo surpreendente, sobretudo quando se recorde a rapidez de pronúncia da agremiação relativamente a qualquer tema que, mesmo que longinquamente, ponha em crise as suas finalidades estatutárias, de mais cantina, mais barbeiro e mais impunidade.

Este será o dado mais interessante nesta nova história e também um factor de alguma esperança: é que, descontando as hipóteses de o Dr. Palma estar a banhos ou de o Sindicato se encontrar a congeminar alguma especial patifaria contra o Dr. Pinto Monteiro (algum FREEPORT?), resta uma esperança – que aquela rapaziada tenha imaginado que aquilo é a sério ou, ao menos, que aquilo pode acabar em sério.

É que, ao contrário do que se supõe, a coragem não é precisamente o forte desta gente – sem os seus joguinhos de bastidores, os seus segredos de justiça (de justiça, oh céus!), ficam nus em toda a sua incapacidade.

Esperemos.
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A Golpada

Desde que se prenunciou a eleição de José Sócrates, em 2005, que o País vive em permanente ambiente de golpada. E é em ambiente, agudo, de golpada que actualmente vivemos.

Trata-se, em suma, de derrubar o Primeiro Ministro eleito, substituí-lo por um dirigente do Partido Socialista, escolhido pelos Senhores jornalistas, para um Governo que se dedique a preparar as próximas eleições, de que saia vencedor um dirigente do PSD designado pelos Senhores jornalistas. De preferência, um Primeiro Ministro e um Governo suficientemente fracos que reconduzam o País ao habitual e apetecido estado de desgoverno em que ninguém governa e todos mandam, nos seus assuntos, a partir das suas quintas, tudo com o habitual embrulho de escândalos que vendem jornais e promovem jornalistas.

Os golpistas – que visam irrelevar os efeitos, jurídicos e políticos, de uma eleição, anular o sentido do voto dos portugueses – acoitam-se em duas corporações, sem sombra de legitimidade democrática, mas poderosas, pelas suas auto-proclamadas isenção e imparcialidade: os jornalistas e o Ministério Público, que mutuamente se alimentam e se promovem.
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Solar

“Mais pessoas livres, menos abrantes” – Eu se fosse de abrantes inventava umas réplicas, mesmo desajeitadas. Assim de “repentemente”:

Mais pessoas livres, menos Viseu – diz quem não gosta de encontrar o seu amor, ai Jesus!
Mais pessoas livres, menos Viana do Castelo – diz quem não é defensor de Moura
Mais pessoas livres, menos Bragança – diz uma mãe preocupada
Mais pessoas livres, menos Aljubarrota – diz quem não gosta de carecas
Mais pessoas livres, menos Alcoentre – diz quem não gosta de supositórios
Mais pessoas livres, menos Rio Maior – diz quem não gosta de mocas
Mais pessoas livres, menos Barcelos – diz quem não gosta de ter galo

Sei lá…

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Oferta da nossa amiga mdsol

Tricô

A haver revisão da Constituição neste momento, a meu ver inoportuna dada a crise financeira, ela devia centrar-se quase exclusivamente no seguinte ponto: como assegurar um governo estável, quando o partido mais votado não tem a maioria. A proposta de “ora saltem lá daí, que agora quero ir eu mais aquele”, a que se chama agora moção construtiva, é absurda porque desrespeita os votos dos eleitores. Está à vista que quem a defende tem medo de ir a eleições. Caso contrário, apresentaria uma moção de censura clássica.

A solução não precisa de ser inventada, já existe em muitos países europeus: nenhum governo pode tomar posse sem estar assegurada uma maioria no Parlamento. Os partidos sabê-lo-iam de antemão e os eleitores também, evitando-se assim a história de que se trai o eleitorado ao formar uma coligação com um «inimigo». Implica negociar. Seria obrigatório negociar. É verdade que demora um certo tempo (mas os ingleses, por exemplo, não demoraram quase nenhum) e que assim os partidos se podem fracturar, para mais pessoas poderem aceder ao poder, mas não é bem isso que acontece na Alemanha, por exemplo.

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Oferta da nossa amiga Penélope

Aniperismos

Como a história e o tempo nos atiram assim com situações tão contrastantes! Sentava-se MOTA AMARAL (escrevo em maiúsculas para condizer com a grandeza da sua estatura de homem e de político) na chamada Assembleia Nacional do Estado Novo, embora já na digna posição de contestatário e andava o pacheco pereira (em minúsculas pela mesma razão atrás invocada) de pistola à cintura naquilo a que chamava e que era, a sua luta anti-fascista. Quarenta e cinco ou cinquenta anos depois…é isto! O primeiro transforma-se num gigante de dignidade, o segundo, não pode descer mais baixo na escala de ignomínia!

Uma coisa me espanta. O que raio passou pela cabeça do PSD quando deu o seu Amen à escolha de Mota Amaral para presidir à tal comissão! Mediu-o pela sua própria bitola?! Só pode ser!

Não me tinha ocorrido, ó José Albergaria, que o Mota Amaral é da Opus Dei. Embora se trate de instituição com a qual estou longe de ir à bola, isso não retira um cisco à consideração que acrescentei à figura proba de MOTA AMARAL que, aliás, com esta digna atitude, não faz muito jus ao tal São?! José Maria Escribá!

Agora que a direita manhosa e rasteira da Câmara do Porto foi capaz da desvergonha de recusar dar o nome de Saramago a uma das suas ruas, seria interessante que os deputados municipais do PS na Câmara de Lisboa propusessem para uma das ruas da cidade o nome de MOTA AMARAL. Que curioso seria ver a reacção de toda a restante câmara: do PCP ao CDS passando naturalmente pelo BE e o PSD. Seria uma maneira de pôr a nu o tipo de compromisso que esta gentinha tem com a dignidade e a honradez.

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Oferta do nosso amigo ANIPER

V9

É interessante esse ponto de vista, porque o optimismo está profundamente ligado à credibilidade, e esta ao reconhecimento da verdadeira dimensão dos problemas, mas também à correcta divulgação do que foi, ou será, feito. Não é nunca, para um político, um exercício fácil, sobretudo num país ainda muito marcado pelo derrotismo e tremenda falta de amor próprio. Eu por exemplo acho que quem acusa Sócrates de “apenas fazer propaganda” está profundamente enganado. Aliás, acho que o PS tem tido uma actuação deplorável nesse aspecto, não aproveitando minimamente tudo o que já realizaram, sobretudo no anterior governo, e deixando-se constantemente encostar à defesa. Tiveram o melhor ministro da economia que há memória. Tiveram a melhor ministra da educação também. Fizeram investimentos importantíssimos em investigação, em novas tecnologias, em novas indústrias de altíssimo valor acrescentado, levando a que algumas empresas nacionais (a EDP, por exemplo) sejam hoje players mundiais. Fizeram algumas das mais importantes reformas no sector público, introduzindo um nível de acesso que é elogiado nos quatro cantos do mundo. (Falharam tremendamente na justiça, mas isso fica para outra conversa…). Com o mesmo nível de actuação, o PSD já teria inscrito a fogo na história que tinham sido o melhor governo desde D. Afonso Henriques, e todos concordariam. Basta ver a aura que ainda hoje gozam os governos de Cavaco Silva.
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TZ

Este país (ou este mundo…) não é para velhos.

Acho que toda a gente sabe por aqui, porque estou farta de o dizer, que tenho duas filhas. A mais nova tem 12 anos. Em Fevereiro de 2007, aquando do referendo do aborto, tinha 9 anos. Um dia, por essa altura, perguntou-me se eu também achava que se devia poder deixar matar criancinhas.

Sou muito cuidadosa, mesmo com gaijinhas de 9 anos, nas explicações que dou, evitando, na medida do possível, condicioná-las de alguma forma. Assim, expliquei-lhe o melhor que soube e consegui os dois lados da questão e pedi-lhe para pensar. O facto da irmã mais velha dela ter trissomia 21 e já na altura ser legal o aborto nestes casos deixou-a baralhada, afinal já se podiam matar criancinhas, e comunicou-me que a opinião dela era que a lei devia ser mudada porque achava inconcebível que uma mulher que abortasse corresse riscos de cadeia.

Poucos dias depois de me ter comunicado a sua decisão apanhei-a ao telefone com a avó, a minha mãe, a senhora minha mãe. Discutiam o referendo e o voto. A gaijita estava a meter uma cunha à avó, assim tipo presente de Natal – pedia-lhe para votar “Sim” por ela já que ela não podia votar. O argumento? O argumento era fatal – a lei, qualquer lei que dali saísse, era para ela e não para a avó, a avó já não iria nunca ter de decidir se abortava ou não mas ela, do alto dos seus 9 anos, não sabia o que a vida lhe reservava e se tivesse que tomar uma decisão difícil como essa preferia fazê-lo não tendo de pensar que, para além de tudo o resto, corria riscos de vir a ser presa. A minha mãe, a senhora minha mãe, avó dela, desligou-lhe o telefone. Explicou-me depois que se recusava a falar “dessas coisas” com miúdas. Eu ainda hoje me rio.

A gaijinha tem 12 anos, vai fazer 13. Não, não vai votar no próximo PR mas o outro, o a seguir, já vai contar com o voto dela. E com o voto de muitos outros da idade dela. Que não fazem a mais pequena ideia do que é isso de esquerda e de direita, porque se estão nas tintas para quem se sentava onde no Parlamento. A noção de Direita ou Esquerda está datada historicamente e tenho sérias dúvidas que a geração que aí vem a compre. Eu, que nas mesmas eleições já votei PP e PCP, espero sinceramente que baralhem e voltem a dar.

Desbloquear a esquerda? E que tal desBloquear a política?

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Oferta da nossa amiga Tereza