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Ana Gomes e a teoria jurídica das “pessoas descansadas”

«Aquilo que José Sócrates alega para não ir a julgamento é altamente suspeito, penso eu, o não querer ir a julgamento. Qualquer pessoa que estivesse descansada obviamente quereria ir a julgamento. [...] É por isso que ele hoje tem pretextos para, de facto, continuar a tentar impedir que a Justiça funcione. E isto é desastroso para a confiança dos cidadãos no próprio sistema de Justiça.»

Ana Gomes

Balsemão paga a Ana Gomes para ela gastar 25 minutos da SIC Noticias por semana a revelar ao povo o que lhe vai na alma. Desta última vez, estava já a chegar ao limite do tempo quando a jornalista alertou para o tema Sócrates. Era assunto que a comentadora tinha preparado e não queria que o planeta continuasse a girar sem tornar público. Se bem o pensou melhor o disse, pois o que vocalizou foi escolhido pelo editorialismo da casa como destaque na página. Sim, perto de 24 minutos a falar de tudo e mais alguma coisa, de Soares à Síria, passando pelos bombeiros, e o que foi escolhido pelo “jornalismo” como mais importante diz respeito a Sócrates.

Pois bem, vamos a isso que é curto e grosso. São duas as suas acusações: a de que a “pessoa que estivesse descansada obviamente quereria ir a julgamento” (i) e a de que Sócrates impede que “a Justiça funcione” (ii). Em seu abono, têm o mérito de serem dois chavões que estamos constantemente a ouvir na imparável campanha de influência sobre os juízes que ponham a mão na Operação Marquês. Quão maior a má-fé e/ou estupidez daqueles que participam no linchamento de Sócrates, mais provável é que repitam o que Ana Gomes repetiu.

Proclamar que pessoas “descansadas” querem ir a julgamento calhando serem acusadas de alguma coisa com essa eventual consequência, dito por uma ex-candidata a Presidente da República, tem tectónicas implicações. É, simultaneamente, uma declaração que visa deslegitimar o direito à defesa e a lógica do devido processo legal. Para Ana Gomes, as garantias de direitos fundamentais e a protecção contra arbítrios e erros do próprio sistema de Justiça devem ser anuladas tratando-se do cidadão José Sócrates. Ela pretende que este acusado deva abdicar da sua defesa e dirigir-se mudo e manso para um tribunal de excepção, onde a Constituição não terá entrada para ser tudo fácil e rápido. Qualquer laivo de contestação, qualquer vestígio de desacordo, será visto como sinal de não estar “descansado”; que o mesmo é afirmar serem, para Ana Gomes vedeta da SIC, os actos da sua defesa a prova “óbvia” da sua culpabilidade.

Partindo daqui, onde trata Sócrates como um criminoso que apenas tenta adiar o inevitável, chegar à afronta de o acusar de impedir que “a Justiça funcione” é um nanómetro. Esse impedimento estaria a nascer, então, do uso dos recursos legais, exercendo plenamente os seus direitos constitucionais. O que leva a concluir que para Ana Gomes, tratando-se deste alvo, uma Justiça a “funcionar” ao seu gosto corresponderá exactamente ao oposto: a abolição do Estado de direito.

Porque este é um processo essencialmente político, embora com indícios de crime que justificam a abertura da investigação judicial, qualquer dano infligido a Sócrates é um triunfo delirantemente festejado. Foi assim com a sua detenção, foi assim com a sua prisão, é assim com cada manchete ou comentário onde o pintem desgraçado, será assim se for a julgamento. Na fúria de o castigar e dilacerar, seres como a Ana Gomes não se inibem de expressar uma visão medieval do Direito, chafurdando em concepções análogas ao ordálio, onde a prova da inocência (a existir) vinha de “Deus”. Neste caso, o ordálio consistiria em Sócrates sujeitar-se à vontade corporativa ou politicamente motivada de procuradores e juízes sem nada fazer para se defender. Uma fantasia que deixa a senhora a babar-se de gozo. E uma concepção do mundo onde a submissão acrítica seria imposta aos cidadãos, e onde a Justiça seria um sistema totalitário.

Claro, se berbicacho parecido lhe tocar a ela, ou a alguém que lhe seja importante, Ana Gomes aparecerá em público como uma das mais fabulosas paladinas da liberdade e do Estado de direito democrático que a história da civilização já testemunhou. Mas só se lhe tocar a ela, calma. Por agora, há que justificar o que o tio Balsemão lhe mete no bolso.

Juiz Francisco Henriques no seu melhor

«Já esta tarde, o juiz da Relação informou no processo que analisou melhor os autos e que, afinal, o destino do processo já não seria o mesmo: "o processo terá que ser remetido ao tribunal "a quo", o Juiz 2 do Tribunal Central de Instrução Criminal, a fim de ser remetido à distribuição para julgamento no tribunal competente.", lê-se no despacho a que a SIC teve acesso.»

Fonte

Aqui temos o juiz desembargador Francisco Henriques a dar-nos uma valiosa lição de psicologia judiciária. Tomando a sua palavra como boa — isto é, honrada; condição necessária à sua função e estatuto enquanto juiz — há realmente casos em que se analisa melhor os autos. Sim, há. Ele acaba de assumir. E daí podem até resultar coisas do camandro. Neste episódio na berlinda, o que no final da semana passada tinha sido uma decisão ilegal, assinada com o seu nome, é no começo desta substituído por uma decisão legal, igualmente com o seu nome. Tudo graças ao poder de análise dos autos quando exercitado no seu melhor; ou, quiçá, só um bocadinho melhor. Essa parte já não esclareceu.

Mas não estaríamos a fazer justiça a esta sumidade da Justiça se nos ficássemos pela metade da história que nos conta. É que a lógica impõe haver, simetricamente, casos em que os tais autos se analisam pior. Quais são eles? Ora, só há uma resposta: todos os casos, absolutamente todos, em que não se analisaram melhor os autos. É fácil de perceber, cada um pode fazer na sua cachimónia o teste. Calhando estarmos em vias de ir parar a um tribunal, e sabendo que nos pode sair na rifa um de dois juízes, qual seria aquele que tentaríamos com toda a legitimidade recusar? Pois, pá, o que tivesse a fama de não analisar melhor os autos. Porque, como ilustrou galhardamente o juiz desembargador Francisco Henriques, saltando da cartola um juiz desse calibre ficamos sujeitos a que ele nos queira tanto tramar que até assina decisões ilegais. Não porque seja má pessoa, não. Não, não. Apenas porque, por qualquer razão da sua vida profissional ou pessoal, não analisou melhor os autos e, consequentemente, lá pensou com os seus botões que nós merecíamos ir de cana o mais rápido possível, sem perder o seu precioso tempo a limpar o pó aos calhamaços e consultar as leis.

A que se pode comparar a gravidade do que está aqui exposto: isto de um juiz, desembargador e tudo, precisar que o alvo da sua ilegalidade faça uma conferência de imprensa, e um canal de televisão questione o Conselho Superior da Magistratura, para achar que devia passar o fim-de-semana a estudar Direito, de forma a conseguir justificar o seu salário, e as benesses, na segunda-feira seguinte? Só a um médico que começasse a amputar a perna esquerda do paciente e depois, perante o alarido à sua volta da vítima e dos enfermeiros, voltasse a analisar melhor os relatórios clínicos e lá concedesse que era melhor amputar a perna direita, até porque era aquela a precisar mesmo dessa intervenção. E tudo na maior, venha o próximo para a sala de operações.

Façam conferências de imprensa caso precisem do juiz Francisco Henriques a decidir cada vez melhor, eis a lição.

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Study reveals women excel in effective aspects of leadership
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Cybercrime expert explains how to guard against new scammer tactics
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Iberian Neolithic societies had a deep knowledge of archery techniques and materials
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Male African elephants develop distinct personality traits as they age
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Chimpanzees perform the same complex behaviors that have brought humans success
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Getting a grip on health norms: Handgrip strength
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Eyes That Lead: The Charismatic Influence of Gaze Signaling on Employee Approval and Extra-Effort
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Dominguice

O assassinato de Brian Thompson, o CEO de uma das maiores empresas de seguros de saúde nos EUA, gerou manifestações de regozijo através desse paraíso para cobardes chamado Internet. Assistimos à mesma doença aquando do ataque às Torres Gémeas, só para lembrar um episódio que me surpreendeu e chocou ao ver pessoas que pensava conhecer muito bem a festejarem a insanidade do terror. Quem estiver interessado em consumir obsessivamente, diariamente, esse tipo de desumanização extrema e digitalizada só tem de frequentar os poisos onde se faz claque pela invasão, destruição e matança na Ucrânia. Mas, se pudéssemos através dos ecrãs ver os corpos desses valentes a chafurdar na sua miséria existencial, essas figuras nada teriam de especial. Não teriam focinhos grotescos, não exibiriam marcas do mal, bem pelo contrário. Serão até pessoas que, se calhar, nunca passaram um sinal vermelho, que gostam de flores e que poderão ter muitas reservas morais em matar uma mosca. Porém, achando-se protegidas no conforto do lar, ou na descontracção da esplanada, brincam aos assassinos, fantasiam-se o braço direito de tiranos imperialistas. E tiram disso uma qualquer recompensa íntima, estão a mostrar ao mundo o seu poder.

O poder de teclar.

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Jurisprudência e populismo

NOTA

Desde a detenção de Sócrates, logo nesses dias iniciais da segunda fase pública da Operação Marquês (a primeira fase ocorreu meses antes, numa operação encoberta para interferir nas eleições do PS entre Seguro e Costa), que se viu o poder judicial a ignorar a sua obrigação de imparcialidade, com isso anulando a plenitude dos direitos e garantias dos arguidos. Carlos Alexandre não só agiu como aliado do Ministério Público — o que deixou lavrado com a sua assinatura — como depois se constituiu publicamente como parte da acusação, ao se permitir o desaforo de dar uma entrevista para se vangloriar da sua vocação infantil para a devassa, e para espalhar a sua convicção da culpabilidade de Sócrates quando ainda se estava longe de haver acusação. A mesma estratégia de destruição pública da presunção de inocência, e linchamento social, foi seguida por outros juízes de tribunais superiores que incluíram nos seus acórdãos frases juridicamente espúrias com a única finalidade de serem amplificadas pelos órgãos de comunicação num frenesim de ódio triunfal.

Onde está o levantamento, o estudo e a reflexão sobre este fenómeno? Escusado contar com a imprensa para a tarefa, pois os donos e os editorialistas dessa imprensa têm sido parte essencial na economia e na ecologia da indústria da calúnia. O fenómeno é o da politização da Justiça com vista à judicialização da política. Algo que é bem mais grave, e que é facto evidente, do que a estupenda gravidade da hipótese de se ter tido um primeiro-ministro que foi corrompido.

Coisas do Carvalho

Manuel Carvalho não quis faltar à campanha judicial e editorialista para culpar Sócrates no escândalo dos 10+? anos de Operação Marquês com vários acusados ainda sem terem sido julgados, nem se sabendo se o serão alguma vez — dada a incompetência e violência política com que se montou o processo, e também por começarem a cair prescrições. Eis o seu contributo para a diabolização: Os incidentes e os recursos da Operação Marquês que estão a destruir o sentido da Justiça

O título expõe a mensagem principal, o que considera mais importante inculcar nos neurónios dos milhões de leitores e ouvintes que anseiam pela sua opinião. Que é uma coisa simples, inegável, até já gasta de tanto se repetir. Isso de Sócrates estar a destruir a Justiça, a solo, por insistir em se defender usando as leis à disposição de qualquer cidadão. Tudo seria mais fácil se ele abdicasse de ter advogado e se limitasse a ficar quieto e calado à espera de regressar à prisão, o cenário mais natural para pessoas com a sua personalidade. E tudo seria mais bonito se ele confessasse que, sim senhor, o dinheiro do amigo era mesmo dele, e que até está uma beca chateado por ainda não ter gastado os 20 ou 30 milhões em lagostas e Ferraris. Mas, sendo a sua personalidade o que é, quem paga é a Justiça que, coitada, já o conseguiu meter na choça durante nove meses recorrendo só a cabeludas mentiras e, obviamente, se acha no direito (pun intended) de ambicionar repetir a façanha multiplicada por 10 ou mais. Seria muito chato se não desse para oferecer esse êxtase à população carenciada de bons espectáculos.

Pois o Carvalho lembrou-se de chamar Maria José Fernandes, procuradora-geral adjunta, com a única finalidade de obter dela a validação da sua pulhice. Esta senhora, que pensa pela sua cabeça e não tem medo de defender a cidade, foi pedagógica e paciente com quem a entrevistava. Tudo se resume a isto: a campanha de ataque a Sócrates trata as suas acções de defesa como “abuso”, e pede que os juízes as tratem como “ilícitos”, e a procuradora mostrou ao crápula que devia ter juízo e ir estudar os códigos judiciais. O crápula ficou calado e na mesma, imune aos factos e sua correcta interpretação. Desforrou-se no texto da bosta publicada.

Não sei o que Manuel Carvalho faz neste pasquim da Sonae, sei o que não faz. Não faz jornalismo.

Uma tragédia nunca vem só

A decisão presidencial de perdoar Hunter Biden apanhou os Democratas, e os democratas, de surpresa. Acredita-se que tal não viesse a acontecer se Joe Biden tivesse concorrido e ganhado. Não se quer acreditar que tenha acontecido com Trump de regresso à Casa Branca. Porque é uma desgraça em cima de uma tragédia.

A tragédia é a de termos o eleitorado norte-americano, livremente, a preferir ser governado por quem ataca o Estado de direito, provocando feridos e mortos, e reduz a república dos Founding Fathers ao estatuto de moldura dourada num dos espelhos em Mar-a-Lago onde a Melania lhe ajeita a melena. A desgraça é a perda completa, absoluta, da credibilidade de Joe Biden; o qual tinha jurado publicamente, e mandado repetir vezes sem conta, não ir perdoar o filho. Com isso, não se desgraçou só a si, arrasta na implosão moral a esperança de proteger a democracia em todo o mundo através da coragem de, precisamente, recusar usar o poder político para servir interesses pessoais eticamente injustificáveis. Porque a sua decisão corresponde também a um ataque ao Estado de direito, posto que a condenação de Hunter Biden respeitou as leis e o processo justo.

Consequências? Os pulhas, os broncos, os fanáticos e os maluquinhos mandaram foguetes. Trump já tinha o voto popular no bolso, suprema legitimação do seu currículo como criminoso impunível, agora passa também a poder passear-se com uma medalha ao peito onde se retrata Joe Biden abraçado ao filho, ambos com bonés MAGA enfiados no bestunto. Tamanha traição ao partido universal da democracia dar-se em cima da escolha de um perfeito taralhouco para chefiar o FBI, coloca o legado de Joe Biden — o qual não preparou a sucessão sabendo que não tinha condições para voltar a vencer Trump em 2024 — como um dos mais perniciosos presidentes americanos no que à defesa da cidade diz respeito.

Dito isto, como pai está de parabéns.

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Simple secret to living a longer life
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Caregivers experience decline in well-being
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Focaccia: A Neolithic culinary tradition dating back 9,000 years ago
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AI can predict study results better than human experts, researchers find
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Mass Education Was Designed to Quash Critical Thinking
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Political opinions influence our choice of chocolate
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Dominguice

Podemos contemplar fotografias e filmes onde aparecemos e não termos qualquer recordação do que estamos a ver. Não fazemos ideia do que fizemos naquele espaço antes ou depois das imagens captadas, nem como lá fomos parar. Porém, é impossível recusar a evidência, a prova. Ali estamos, com uns, com outros, com nenhuns. Quando tal acontece, aquela pessoa banhada pela luz de outrora agora, que somos nós no instante gravado, deixa de nos representar. É um estranho, tão inacessível ao olhar exterior como qualquer estranho. Em que estaria a pensar, que estaria a sentir naqueles momentos em que alguém pressionou um botão? Que nos diria se lhe pudéssemos perguntar? Aceitaria falar connosco acaso o convencêssemos de estar na presença de si próprio, vindo do futuro armado em cusco?

Aposto que nada diria. Não por se assustar, não por timidez, não por pirraça. Por pudor. É principalmente de nós próprios que devemos esconder quem somos.

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«Ainda no rescaldo do que aconteceu na cerimónia do 25 de novembro, Augusto Santos Silva sublinha na TSF que "tem de ser admoestado" quem ameaça que vai limpar o adversário político. No parlamento, André Ventura referiu-se esta semana a uma "limpeza do sistema político" na sessão do 25 de Novembro. O antigo presidente da Assembleia da República entende que se deve ser "radical" com esse tipo de atitudes. "O Estado ainda tem o monopólio da força legítima e isso significa que não pode haver milícias nem paramilícias", atira.»


Fonte

Calúnia institucional

CVM - O advogado de José Sócrates diz que o antigo primeiro-ministro já foi absolvido, que não vai ser julgado por falta de indícios, e que aquilo que a Justiça pretende agora é fazer recair sobre Sócrates a responsabilidade pela prescrição do processo. O que é que lhe ocorre dizer?

JMT - A mim o que me ocorre é dizer sobre este assunto é o seguinte. Durante muito tempo eu não percebi porque é que o advogado de Sócrates era Pedro Delille, João Araújo. Sobretudo Pedro Delille era uma pessoa que ninguém conhecia, daqueles que são os chamados advogados mediáticos. O advogado de José Sócrates era Proença de Carvalho, que subitamente desapareceu neste caso. E ficou Pedro Delille. E a gente pensa "mas será que um primeiro-ministro não podia ter assim um cromo mais famoso do direito português?..." Até que Pedro Delille começa a trabalhar. E percebe-se que ele é o advogado perfeito para José Sócrates porque um advogado prestigiado, daqueles que andam mesmo aí nas televisões e a colectar clientes muito importantes, não teria a lata de Pedro Delille porque aquilo tem custos reputacionais, não é? Ou seja, a lata de estar constantemente a apresentar recurso e incidentes de recusa, incidentes de recusa, incidentes de recusa. É uma coisa que um outro advogado diria "Isso não dá, porque eu cruzo-me com essas pessoas nos corredores". Mas Pedro Delille 'táaaaa-se nas tintas! E portanto é o advogado perfeito de José Sócrates. E até porque, de certa forma, é uma espécie de ética comum no que diz respeito ao respeito pelas instituições.

Fonte

Se este fulano enchesse o bolso apenas na Cofina, não perderia uma caloria com ele. Mas acontece que supostos órgãos do “jornalismo de referência” como a TSF, TVI, DN, Público e SIC (pelo menos) já lhe pagaram, ou pagam, para ele ser o que é: caluniador profissional. Isso significa que a figura representa poderes muito mais vastos e fortes. Poderes que emanam directamente dos editores, directores, administradores e accionistas dessas empresas onde ele ganha o pão e os balúrdios. Daí ter-se de falar na sua obra.

Na citação acima, um outro fulano com carteira de jornalista, num programa supostamente de humor, cita um advogado e pede ao caluniador profissional para comentar as suas declarações. As declarações em causa remetem para uma parte fulcral da Operação Marquês: a existência, ou inexistência, de indícios de corrupção com força probatória que justifique o julgamento do cidadão José Sócrates. Que faz o caluniador profissional perante a oportunidade de poder contradizer o tal advogado de forma objectiva, racional e fundamentada? Trata da vidinha:

– Parte para um ataque pessoal a Pedro Delille, desviando completamente o foco da questão jurídica para uma crítica à personalidade e estratégia profissional do advogado. É a típica falácia “Ad Hominem”, obrigatória na práxis dos biltres.
– Insinua que o advogado não só tem má-fé processual como não tem os escrúpulos necessários para exercer a profissão com honra. É a falácia da “culpa por associação”, ao melhor estilo medieval.
– Manifesta não admitir reconhecer a Pedro Delille independência no exercício da advocacia, nem a José Sócrates o direito constitucional à sua defesa. Isto não é uma falácia, é ódio soberbo e torpe.

Ora, ao lado do caluniador profissional está um intelectual licenciado em Direito, com actividade política no seu currículo, está uma das celebridades mais influentes em Portugal, a qual revela um exímio domínio de palavras difíceis, e está o tal jornalista encartado, que aparenta conduzir o programa. Nenhuma destas almas tugiu nem mugiu ao ouvir uma canalhice que viola princípios fundamentais do jornalismo e do Direito — e que é um asco deontológico de revirar a tripa, desumanização que se pretende violência moral e política. Atitude de cumplicidade daquele trio que se repete vai para quinze anos, perante os mesmíssimos exercícios em que o justiceiro de Portalegre transforma um canal de TV num tribunal populista pronto a enforcar o bandido numa árvore próxima. Esses três, mais o Daniel Oliveira director-geral do entretenimento, mais o Ricardo Costa director-geral de informação, mais Francisco Balsemão dono daquilo, estão muito satisfeitos com o caluniador profissional, sentenciamos sem possibilidade de recurso.

Que o mesmo é dizer, todos eles trabalham com afinco para a construção de uma hegemonia mediática que se sobrepõe às instituições judiciais, capaz de condicionar a opinião pública através de narrativas repetidas e levando à erosão silenciosa dos princípios de presunção de inocência e direito à defesa. Chafurdando na tentativa de deslegitimar o papel fundamental da defesa num Estado de direito democrático, fica como monumento de auto-exposição involuntária, e irónica, a fétida hipocrisia do caluniador profissional ao bolçar que o alvo do seu achincalho não respeita as instituições.

Se Pedro Delille, o qual está tão-só a concretizar o direito constitucional de defesa do seu constituinte dentro da legalidade, não respeita as instituições, que teremos de inferir acerca de quem utiliza o seu vastíssimo poder de influência social para o assassinato de carácter de um advogado só por ser o representante legal de José Sócrates? Isto: o caluniador profissional prefere o dinheirinho no bolso, e as palmadas nas costas da pulharia, à defesa da liberdade.

Os cobardes adoram linchamentos

Se aceitarmos a tese de que a Operação Marquês é o caso judicial mais importante desde o 25 de Abril, por estar em causa a suspeita de um primeiro-ministro em exercício ter sido corrompido, então seria de esperar que o Estado e a sociedade manifestassem essa importância de forma inequívoca, tangível, objectiva, concreta. Por exemplo, teríamos visto os agentes da Justiça responsáveis pelas investigações, e pelas decisões judiciais que se seguiram, a blindarem os seus procedimentos contra qualquer suspeita de enviesamento e/ou politização da justiça e/ou abuso de poder. Tal como, por exemplo, teríamos tratamentos jornalísticos e académicos que procurassem as melhores informações para se poder chegar às melhores conclusões neste tempo em que se foi e vai decidindo em tribunais se o arguido e depois acusado chegará, ou não, a ser julgado.

Aconteceu exactamente o oposto. O caso nasce num contexto judicial já politizado, com uma década de campanhas negras e assassinatos de carácter, e a opção do Ministério Público em Novembro de 2014 foi a de utilizar esse histórico moralmente tóxico para violar os direitos constitucionais de Sócrates, e assim poder continuar a violá-los durante os meses e anos que se sabia irem inevitavelmente embrulhar o processo até ao seu desfecho, fosse ele qual fosse. Daí se ter feito uma detenção para gerar “choque e pavor”, e também se fez o simultâneo lançamento público de calúnias com carimbo de “factos apurados pelas autoridades” em cima da detenção para se impor, dias depois, a prisão sem que alguém ousasse questionar essa violência — que hoje sabemos ter sido apenas para o castigar, supremo objectivo político dos mandantes, e para o investigar, dado não haver realmente prova alguma de corrupção na posse dos procuradores nem o mínimo perigo de fuga. Essa estratégia teve a aprovação directa de Joana Marques Vidal, e o apoio explícito da maioria parlamentar, do Governo e do Presidente da República de então. Pretendia-se destituir Sócrates, face à comunidade, de qualquer vestígio de presunção de inocência. De caminho, colava-se essa culpabilidade dada como irremissível e diabólica ao PS que acabava de escolher Costa para secretário-geral e partia para um ano eleitoral. Parecia um plano perfeito, e quase que funcionou na perfeição.

Assim como se pode sentir ódio ao volante, ou na reunião do condomínio, ainda mais facilmente se pode sentir ódio político. Quem o sente em relação a Sócrates, ou ao PS, ou à esquerda, jamais abdicará do triunfo transitado em odiado de o considerar culpado. Para esta gente, é indiferente o que os tribunais decidam, não perdem tempo a esperar pelo que se apure no final das contas. A sentença está dada, e de cada vez que a repetem desfrutam do êxtase facínora do linchamento. Para outra gente, que convictamente estiver perplexa por não conseguir entender qual a verdade na origem da captura e tortura de Sócrates, há um exercício que podem começar a praticar. Este: estar atento ao que os políticos e jornalistas caçadores de socráticos, mais os caluniadores profissionais, dizem sobre o acto, ou actos, de corrupção supostamente na origem do dinheiro numa das contas de Carlos Santos Silva. Pois, exacto, não dizem nada. Não dizem nada de nadinha de nada. E não dizem porque sabem que se podem queimar se disserem alguma coisa. É que não há nada para dizer. Ou seja, depois das milhões de horas e dos milhões de euros a vasculhar e revolver tudo em que Sócrates tocou ao longo da vida, não se descobriu qualquer vestígio de corrupção. Os Torquemadas apenas fustigam o alvo com teorias da conspiração nebulosas, fantásticas, mágicas. Querem-no condenar não porque saibam que algum crime de corrupção tenha ocorrido mas apenas porque ele foi apanhado. E agora dá para se ser cobarde sem perigo, à molhada.

É que a questão é estupidamente simples. A ecologia social que levaria Ricardo Espírito Santo a corromper José Sócrates sem que mais ninguém do Governo e do BES (pelo menos) estivesse envolvido, e sem que tal gerasse testemunhos ou provas directas, não existe neste mundo. Nem nos outros.

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Overthinking what you said? It’s your ‘lizard brain’ talking to newer, advanced parts of your brain
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American Children Who Appear to Recall Past-Life Memories Grow Up to Be Well-Adjusted Adults
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R sounds are rough, and L sounds are smooth, according to cross-cultural study
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The chilling sound of the Aztec death whistle + Sound examples related to the paper
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Can Podcasts Create Healthier Habits?
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O António José Seguro, ó Pedro Nuno?

Lembro-me do António José Seguro (AJS) como um líder do PS na oposição hesitante, temeroso, disparatado (como quando declarou a “abstenção violenta” do PS na votação do OE da AD), defensor de uma aliança com o governo troikista de Passos Coelho, e que merecia ser corrido, como foi. Claramente um líder de transição, embaraçoso, mas que agradava imenso ao PSD, que lhe costuma tecer elogios. Depois de derrotado por António Costa, retirou-se da vida política e voltou aos estudos, à família e às oliveiras de Penamacor, nunca mais se lhe tendo ouvido uma palavra. Se aproveitou o ensejo para fazer alguma introspecção e autoavaliação não sabemos, mas, se fez, não enxergou.

A comprová-lo o facto de, a uma menção do seu nome para PR feita por PNS (surpreendente, também ela, estouvada?), logo se precipitou, deslumbrado com a ideia, excitadíssimo por ter sido desenterrado, inchado por dar uma entrevista. Não sei a que propósito ou talvez saiba, passa agora a ter um programa de conversa semanal na CNN, sempre atenta às novidades no mercado. E o que diz AJS sobre a situação política actual, mal abre a boca? Ora, elogia este governo de golpistas, oportunistas, aldrabões e incompetentes por ter resolvido os problemas do país.

Que primeira leitura é que faz deste Governo da Aliança Democrática?

Bem, insere-se claramente num Governo de turno, que é um Governo que mal chega tem que resolver problemas, tem que resolver emergências.

Mas começou por resolver bem, ou não?

Sim. É inegável, isso são factos.

Não acha que isso é crédito a favor do primeiro-ministro?

Claro que sim, claro que é. Quando há um Governo que entra e que resolve problemas, o crédito naturalmente tem que ser associado neste caso ao dr. Luís Montenegro e ao Governo.

(Ver entrevista aqui)

Estamos conversados quanto à perspicácia política, capacidade de análise e noção de quem o está a propor deste calhau. Aliás, se lermos a entrevista toda ficamos sem dúvida nenhuma de que continua a derrapar de forma aflitiva nas situações de maior aperto. É ver. Portanto, bela ideia que teve o actual líder do PS ao propor um seu militante de má memória para candidato… se calhar do PSD! Mas então qual será o candidato do PS? Uma pessoa fica confusa.

Bom, imaginemos que a ideia tenha sido tirar votos ao Marques Mendes, que também já se pôs em bicos dos pés para a corrida à Presidência. Nesse caso, desculpem, mas ”Olha que dois!” Pior seria quase impossível. Mesmo assim, eu até arrisco dizer que o AJS seria melhor para o PSD do que o MM.

O almirante Gouveia e Melo vai candidatar-se, tudo o indica, pois já declarou não querer ser reconduzido no actual cargo. O Pedro Nuno não devia ter previsto que tal ia acontecer?  O AJS é candidato que se apresente? A partir de agora, será sequer possível recuar, Pedro Nuno?