Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão.
Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.

Um só caminho

Não há declarações de George W. Bush onde se mostre arrependido pela decisão de invadir o Iraque em 2003. Talvez por razões legais, nunca o poderia admitir em público mesmo que o pensasse. E o mais provável é ter cristalizada a razão, razões, da inevitabilidade dessa escolha.

A invasão do Iraque foi um dos piores acontecimentos na ainda curta História do século XXI. Os EUA inventaram suspeitas de armamento e ligações terroristas inexistentes e convenceram os seus aliados a participar ao arrepio da legalidade altamente questionável da iniciativa. Depois seguiram-se anos de violência, destruição, miséria, crises humanitárias e instabilidade política no Iraque e noutras regiões atingidas pela explosão do terrorismo alucinadamente inumano.

O saldo da invasão é ofuscantemente evidente: não devia ter acontecido, caso a população iraquiana e as vidas perdidas ou mutiladas dos soldados internacionais tivessem sido colocadas como prioridade a defender. Nenhum dos objectivos apregoados na retórica da época pelas autoridades norte-americanas se pode considerar atingido, à excepção do derrube de Saddam Hussein. E podemos deixar sem cálculo o astronómico gasto de dinheiro que a invasão e permanência das tropas em conflito insurgente exigiu.

Porém, a minha maior perplexidade nesse evento diz respeito à completa ausência de planeamento, sequer de módica previsão, acerca do que iria suceder política e sociologicamente ao Iraque no dia a seguir à vitória militar das forças da coligação. O Pentágono não existe para construir nações, antes para defender fronteiras e destruir inimigos, entende-se. Era na Casa Branca, e nas sedes de Governo de todos os países coligados na invasão (Portugal incluído), que o simplismo da força precisava de ser domado pela complexidade da fragilidade.

Mas é para lá que a civilização vai, porque não há outro caminho.

So SICk

«Luís Marques Mendes e Ana Gomes — dois nomes na lista de potenciais candidatos a Belém — acham prematuro falar de presidenciais nesta altura, mas admitem que lá mais para finais de 2024 vale a pena voltarmos ao assunto. “Talvez daqui a um ano e meio juntarmo-nos aqui para um debate sobre essa matéria”, sugere o comentador dominical da SIC. Ana Gomes, que também comenta, aos domingos, na SIC Notícias, não rejeita a ideia. Fica na agenda do “Liberdade para Pensar”.»


Fonte

Dois caluniadores profissionais promovidos e pagos pelo Balsemão. Duas figuras que conspurcam o espaço público com o seu sensacionalismo infrene, o seu moralismo demagógico, o seu sectarismo narcísico. Vedetas do populismo do tempo.

Querem ir para Belém. Para fazerem o que o outro anda a fazer. Terem palco 24 horas por dia, 365 dias por ano. Continuarem a tratar a Presidência como uma magistratura da incontinência verbal e da farronca.

Revolution through evolution

Research highlights gender bias persistence over centuries
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Well-being at school and sense of competence are linked
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Mild fever helps clear infections faster, new study suggests
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Os cogumelos são alimentos saudáveis e maravilhosos
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Fighting intolerance with physics
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Dizzy apes provide clues on human need for mind altering experiences
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Want More Generous Children? Show Them Awe-inspiring Art
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Dominguice

Na ciência como na saúde mental. Na inteligência como na curiosidade. Na descoberta como na alegria. Em comum, esta singular característica: flexibilidade cognitiva. A capacidade de procurar informações, conhecimentos e ideias que ainda não se possuem, muitas vezes que nem se conseguem imaginar.

Sendo uma flexibilidade, pode ser uma ginástica. Sendo uma ginástica, melhora com o treino.

Lições do doutor putinista

«O caminho de escalada militar, em vez da via diplomática do calar das armas, irá sempre terminar numa desgraça maior do que aquela que pretende combater. Com a destruição da Ucrânia, ou pior ainda, se Putin for encurralado na escolha entre derrota ou subida ao patamar nuclear. Estamos a jogar póquer com o inferno. Os poucos que estudaram algo sobre a guerra nuclear, sabem que na primeira salva nuclear serão escolhidos países sem arsenal nuclear. Traduzo para português vernacular: se Putin tiver de escolher um alvo, Portugal é mais elegível do que a França ou a Grã-Bretanha, para já não falar dos EUA.»

Putinista pago pelo DN

Viriato Soromenho-Marques acumula ao ser doutorado em Filosofia, professor catedrático, Grande-Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique, Grande-Oficial da Ordem do Mérito Empresarial e Prémio Quercus, a actual função de putinista pago pelo DN para alimentar a propaganda russa. É um exemplo de como os putinistas não são falhos de subida inteligência e sofisticado intelecto, tendo muito para ensinar aos infelizes que ainda não se converteram.

Atentemos nas lições do excelso doutor putinista:

O caminho de escalada militar” – Este vergonhoso caminho é o da Ucrânia e dos malditos países que lhe fornecem fisgas e pressões de ar para se defender. Na Rússia não há, nunca houve, nem haverá escalada militar. Isto porque Putin ama a paz. Foi assim que conseguiu invadir a Ucrânia sem escaladas militares, ensina o doutor putinista.

em vez da via diplomática do calar das armas” – Esta é a via que os ucranianos se recusam a aceitar, merecendo por isso tudo o que lhes está a acontecer e bem pior. Já Putin não está obrigado à via diplomática do calar das armas por uma óbvia e estupenda razão: ele não é ucraniano, é russo. Azarinho, ensina o doutor putinista.

irá sempre terminar numa desgraça maior do que aquela que pretende combater” – É o argumento que também foi utilizado para apelar à cedência a Hitler, quando este amigo começou a espalhar o seu amor pela paz nos anos 30. Mais vale aceitarmos a desgraça já consumada e entregar a Putin o que ele quiser, deixemo-nos dessas fantasias da liberdade, ensina o doutor putinista.

Com a destruição da Ucrânia, ou pior ainda, se Putin for encurralado na escolha entre derrota ou subida ao patamar nuclear.” – A Ucrânia vai ser destruída se continuar a ser ajudada para se defender, a sua salvação é render-se, garante. E Putin vai começar a disparar mísseis nucleares para todo o lado se tiver uma “derrota”. Ou seja, apesar de ser o invasor, Putin mesmo assim está disposto a iniciar uma guerra nuclear caso não o deixem ficar com o que lhe apetecer da Ucrânia, ensina o doutor putinista.

Estamos a jogar póquer com o inferno.” – O vício da jogatana, um vício exclusivamente ocidental, é que é a causa deste sarilho todo, não quem está pronto para abrir as portas do inferno. Cedam ao bluff, verguem-se à chantagem, ensina o doutor putinista.

Os poucos que estudaram algo sobre a guerra nuclear” – Não só foram poucos como não tiveram tempo ou pachorra para estudar o assunto com profundidade, ficaram-se pelo “algo”. E quem foram? O autor faz caixinha. Mas quantos foram? 3000, demasiados para acompanhar as suas opiniões mas afinal só 0.0000376% da população mundial? 300, imitando os espartanos de Termópilas em coragem e heroísmo? 30, número simpático para uma associação secreta dada a opulentos jantares? Ou apenas três, o Soromenho mais dois? O povo não está preparado para aceder a tais conhecimentos, ensina o doutor putinista.

sabem que na primeira salva nuclear serão escolhidos países sem arsenal nuclear.” – Apesar de o tal estudo ter sido restringido ao “algo”, mesmo assim deu para ficar a saber que num conflito nuclear há várias salvas, o que é estranhamente parecido com um bombardeamento convencional. Ainda mais curioso é a opção de se gastarem os primeiros mísseis onde não há nada que ameace o país atacante. Embora a lógica de tal estratégia escape à limitada inteligência do vulgo, seria temerário pôr em causa a sabedoria desses estudiosos e do seu precioso “algo”. “Do apocalipse nuclear sei eu e poucos mais”, ensina o doutor putinista.

Traduzo para português vernacular: se Putin tiver de escolher um alvo, Portugal é mais elegível do que a França ou a Grã-Bretanha, para já não falar dos EUA.” – Portantos, o número de países actuais varia entre 193 e 266. Destes, apenas 9 possuem armas nucleares. Donde, podemos imaginar a cena. Putin rodeado dos seus generais frente ao botão do Armagedão, meio confuso, sem conseguir escolher as coordenadas da primeira salva por ter entre 184 e 257 alvos possíveis. Impaciente, larga um “Черт возьми, какого хрена я выбираю?!” Silêncio pesado, angustiado. Ninguém arrisca dar palpites num momento tão crítico para a civilização, para a humanidade. Nisto, vindo do fundo da sala: “Manda meia dúzia deles para Portugal, caralho! Estive lá a passar férias há uns anos e fizeram-me comer um pastel de bacalhau com queijo da Serra que ainda me está a trabalhar na tripa.” Num conflito nuclear iniciado por birra de Putin ao não conseguir abarbatar a Ucrânia, os bifes, os avecs e os imperialistas americanos escapam intactos, ficam-se a rir. Alemanha, Itália e Espanha também parece que se safam. Portugal é que desaparece do mapa, ensina o doutor putinista.

Revolution through evolution

The Big O: What Shapes a Woman’s Pursuit of Pleasure?
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Greater gender equality helps both women and men live longer
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‘All work, no independent play’ cause of children’s declining mental health
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Is the test a challenge or a threat? Big difference in test-takers’ performance
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A good night’s sleep may make it easier to stick to exercise and diet goals
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Does more money correlate with greater happiness?
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On social media platforms, more sharing means less caring about accuracy
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Marcelo, o eterno comentador televisivo, esquecido das suas funções

Não é novidade a maneira de estar do PR, mas convém fazer umas perguntinhas:

A que propósito dá Marcelo uma entrevista a uma televisão para fazer a sua apreciação do governo em funções? Será essa a sua função institucional pública, apesar de serem os jornalistas a fazer as perguntas? Não tem oportunidade de dizer tudo o que pensa ao Governo nas reuniões semanais? E o exercício do seu cargo, que deveria ser o que importa em entrevistas anuais, não lhe merece qualquer autocrítica? Não deveria ser esse o objecto das perguntas dos jornalistas?

 

E a que propósito dá dicas para a governação do país em público (caso dos professores)? Terá sido eleito para isso? As consequências da aplicação dessas dicas acaso recairão sobre ele? Não há um governo eleito para governar? E não há já comentadores que cheguem e sobrem por esses jornais e televisões fora a mandarem bocas sobre toda e qualquer tossidela do António Costa? Porquê colocar-se em pé de igualdade com essa gente?

 

E as ameaças constantes de que pode dissolver o Parlamento em qualquer altura, se lhe apetecer? Sim, se lhe apetecer, pois apesar de esclarecer que o fará se vir isto e aquilo e sabe Zeus que mais, parece que adora brincar com esse poder que tem e de o exibir sempre que lhe apetece (para os jornais e seus títulos, claro). São totalmente deslocadas e inaceitáveis tais ameaças. Imagino a vontade que o Costa tem de lhe passar a batata quente da passagem à prática dessas ameaças. Seria giro. Além de que, o facto de, na opinião dele, a oposição não constituir ainda uma alternativa, jamais deveria ser invocado. Significa que, se houvesse uma alternativa que lhe agradasse mais, dissolveria o Parlamento. Mas o que é isto? O resultado de umas eleições legislativas é para ele um “nem penses que vais durar quatro anos, meu menino”?

 

E começar a entrevista a dizer que este governo entrou em funções já desgastado e que teve um primeiro ano perdido? Não é um soundbite de imediato aproveitado por toda a oposição e que nem sequer corresponde à verdade, como ele próprio depois admite ao reconhecer o eclodir de uma guerra que tudo absorveu da acção política (para além da questão dos prazos para a aprovação do orçamento)? Isto foi mesquinho.

 

E por que razão ele, que anda sempre a comentar tudo e tudo e tudo a todo o momento, esperou por esta entrevista para se pronunciar sobre a atitude inqualificável dos senhores bispos e cardeais perante as conclusões do relatório sobre abusos sexuais na ICAR? Ficou à espera das reacções dos outros protagonistas públicos (e da própria opinião pública) sobre este assunto para responder em sintonia e ficar assim bem visto? Que hipocrisia.

 

Alguém devia pôr este senhor no seu lugar. Anda a abusar da nossa paciência. Todos vimos os seus elogios ao palco do Papa, que nos custaria e ainda custa milhões.