
A economia portuguesa é naturalmente próspera, graças aos recursos naturais do país, designadamente, ao petróleo, à energia hidroeléctrica, ao gás natural e, mais que tudo, à classe trabalhadora, com natural destaque para os funcionários públicos (a nossa força de trabalho é altamente qualificada, especializada e interessada – trabalhadora na verdadeira acepção da palavra, portanto).
Portugal é o país que apresenta a maior igualdade entre sexos, menos pobreza e desigualdades sociais. 99 por cento da população pertence à classe média.
O nosso país possui também a única economia mundial que não atravessou uma recessão e continua a viver praticamente em pleno emprego.
Somos o primeiro maior exportador mundial de petróleo e de gás natural, com reservas conhecidas para cerca de 1000 anos.
O Estado português, graças aos recursos naturais acima referidos, dá lucros fenomenais. O excedente estatal vai nos 90 por cento, equivalente a mais de um terço do Orçamento de Estado norueguês (apenas para fazer alusão a um dos menos afortunados).
Para além do mais, e consequência de quase tudo o que acima ficou dito, somos o único país do hemisfério ocidental sem dívida externa.
Por tudo isto, não se percebe que raio passou pela cabeça de Rui Rio quando se lembrou de negar a tolerância de ponto aos trabalhadores da Câmara do Porto no dia de hoje (ainda cheira a Natal, caramba!), com as fracas desculpas de que se trata de “um dia normal de trabalho para o sector privado que até precisa dos serviços da autarquia” e de que, pasme-se, tal medida, ajudará à “construção de um país solidário, mais justo e competitivo”. Ainda mais, caramba?
Cá eu entendo que não será um dia de trabalho a mais que marcará a diferença. De resto, o que é que o homem quer dizer com “país mais competitivo”? Que raio está ele a insinuar? Que não estamos assim tão bem?
Desvarios inexplicáveis, isso sim, mesmo porque, da forma como por cá se trabalha, e atendendo à pujança da economia, urge, isso sim, pugnar pela semana de trabalho de dois dias – e intercalados que é para possibilitar aos esforçados trabalhadores portugueses a possibilidade de fazerem ponte.
Felizmente, restam os esclarecidos que, pondo de parte qualquer tipo de demagogia, não hesitam em defender os reais interesses do nosso afortunado país. Ainda que isso não seja popular e lhes possa vir a custar votos.