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Por favor, não!

Carlos Moedas quer mudar nome do Parque Tejo para Parque Papa Francisco

 

Será que se pode andar a passear num parque à beira do Tejo sem se ser assombrado por fantasmas de divindades, representantes de divindades, aparições e outros fenómenos do Entroncamento?

Estamos feitos, nós lisboetas, com a campanha eleitoral para a autarquia da capital. Agora o Moedas lembrou-se de aproveitar a morte do Papa para dar um novo nome, de índole religiosa, ao Parque Tejo.

Já não basta ter lá ficado aquela estrutura totalmente deslocada, caríssima e agora inútil que serviu de palco à actuação de Francisco, para eternamente nos lembrarmos do atentado financeiro então cometido, agora ainda se pretende desneutralizar e desnaturar a toponímia daquele espaço dando-lhe o nome de um Papa que calhou ter ido ali dizer uma missa. Está muito mal. O Terreiro do Paço não se passou a chamar (graças a Zeus) Praça Bento XVI por lá ter estado esse Papa.

A Operação chama-se “5 Estrelas”, já o tempo que demorou a decisão de buscas não é nada brilhante

Segundo esta notícia, foi agora que a PJ decidiu ir fazer buscas na câmara de Cascais a propósito da construção de um hotel Hilton à beira-mar, demasiado à beira-mar, junto à praia de Carcavelos. Mas já todos ouvíramos falar deste caso há mais de um ano, devido a uma queixa introduzida pela associação ambientalista SOS Quinta dos Ingleses em setembro de 2023. Na altura, a muitos deve ter parecido escandaloso que 1) o projecto hoteleiro naquela zona protegida e tão em cima do mar tenha sido autorizado e 2) 830 m2 dos terrenos tenham sido vendidos oito anos mais tarde a preços de 2012 (312 000 mil euros), o ano em que o contrato-promessa fora assinado, ficando o projecto estagnado desde aí (pena não ter continuado estagnado).

Além disso, o empreendimento, a 50 metros do mar, na Parede, está agora em construção, o que não se compreende dado que a possível existência de irregularidades no licenciamento e no processo de venda já era do conhecimento das autoridades há tempo suficiente para ser aconselhável suspender o arranque da obra. Depois da obra feita, tudo será mais difícil e/ou muio mais caro.

Evidentemente, não sei os detalhes, só o que diz a notícia. Sabe-se que há o Plano de Ordenamento da Orla Costeira, que entrou em vigor em 2019, e que proibia qualquer construção na zona numa faixa de 500 metros e há a Reserva Ecológica Nacional a que parte dos terrenos pertencia até 2023 (a venda foi em 2020). Como é que não se informou a empresa de que o projecto não poderia avançar, nem que tivesse de ser paga uma indemnização?

A PJ apenas acordou um ano e meio depois da denúncia. As buscas podem vir tarde demais e não servirem para impedir este atentado.

O esplendor do Kremlin – as tréguas que lhe interessam e nem mais uma

 

Sem a mínima consideração nem grande interesse por umas conversações de paz a sério (aliás, conversações porquê, já que, para haver paz, a Rússia só precisará de retirar?), os iluminados russos vêm propor, ou melhor, são favoráveis a – pasme-se, tréguas, mas tréguas apenas nas áreas em que estão a perder o controlo, a saber: o Mar Negro e as infraestruturas energéticas (refinarias, depósitos de combustível, etc.). De facto, têm sido inúmeros e eficazes os ataques ucranianos a esse tipo de infraestruturas e também a navios russos no Mar Negro. Portanto, espertezas saloias russas frente a frente com ignorantes, aproveitam as chamadas “conversações de paz” para proporem que os ucranianos parem com os ditos ataques (quem não?), sabendo que Zaporizhzhia, a principal central nuclear ucraniana, está nas suas mãos, mas não têm a mínima intenção de deixar de bombardear cidades, hospitais, creches, prédios de habitação e em geral tudo o que seja ucraniano e vulnerável. Se conseguirem, a Ucrânia é para arrasar. Até ao fim. Em alternativa, instalar em Kiev um Governo fantoche pró-russo.

E a equipa dos ditos negociadores enviada à Arábia Saudita pelo promotor imobiliário que preside à Casa Branca sabe tudo isto, quanto mais não seja porque o Zelensky a informa e a alerta, e o que diz? Pois que acha bem. Acha normal. Acha mesmo que vai alcançar um acordo de paz para mostrar aos papalvos dos seus apoiantes nos States como é grande o promotor imobiliário alaranjado. E assim estamos. Mas vamos ver. Tudo isto é mundialmente escandaloso e algum dia vai ter que parar. Não se sabe ainda como.

Não quereria estar na posição do Zelensky. Vontade de mandar os americanos para aquela parte não lhe deve faltar a toda a hora. A prudência manda, porém, que não o faça. Já está mau assim – assistir a dois biltres aparentemente a decidirem a partilha das suas riquezas – não pode permitir que fique pior. Mas esta enorme traição exige nervos de aço e toda a sabedoria do mundo.

 

Preparados para o trumpista Montenegro, homem honrado como o outro?

A mentira é a verdade e os factos não existem. A realidade invertida. Montenegro anunciou já que fará a campanha eleitoral com base no mote “Fui vítima do meu sucesso” e “O que eles têm é inveja”. LOL

Empresa familiar com actividades e finalidades nebulosas, recebimento de avenças pagas por empresas que dependem do Estado enquanto é primeiro-ministro, falsa cedência da empresa aos jovens filhos, muito dinheiro vindo não se sabe de onde? O que é isso, gente? Isso nunca existiu. Ele é um homem honrado. E também um português comum, aquele que faz esquemas, nada de mais. Além disso: governou tão bem que os portugueses só podem castigar quem interrompeu, por inveja, tão bem-sucedido mandato. É ver a saúde e os fiéis incompetentes que a tomaram de assalto e tudo o que podiam. Magnífico Governo.

Não sei se estou preparada para esta farsa ao estilo dos gangsters do lado de lá do Atlântico, Trump à cabeça. Metade do espectáculo já está montado, pois já vemos os fiéis apoiantes deste vigarista, que tudo fez para fugir ao inquérito parlamentar, a darem vivas ao chefe, desde os membros do Governo até à antigamente mui severa Manuela Ferreira Leite, passando pela tia Maria João Avilez e provavelmente toda a SIC (não frequento), a que acrescem todos os demais que gritavam a plenos pulmões “criminoso!” contra os socialistas que cravavam bilhetes para um jogo de futebol ou tentavam trazer investimentos milionários para Portugal.

De modos que o Pedro Nuno tem aqui um desafio: como competir com um declarado mentiroso que tudo fará para que se ignorem as suas trapaças ou, melhor, tudo fará para as transformar em qualidades populares e muito comuns. O meu conselho: alegria, humor e contra-ataque. Sem tréguas.

“Averiguação preventiva” o que significa?

Significa que o PGR pretende mostrar alguma, muito tímida, imparcialidade nos seus critérios para a abertura de uma investigação a um político, isto é, quer mostrar que está a fazer alguma coisa perante uma situação de pagamentos de avenças a um primeiro-ministro do PSD e outras coisas nebulosas, mas neste caso mostra uma extrema boa educação e pede desculpa pelo incómodo. O “preventiva” significa o seguinte: “Sabemos que não há nada, tenha calma, senhor primeiro-ministro, mas é preciso não deixar alastrar o alarido contra nós”.

Para que não haja dúvidas, aprecio estes “pezinhos de lã”, só lamento não serem a postura comum.

Gostaria de me enganar nesta análise. Depois de prevenir o que tiver que prevenir, diga-nos tudo, sr. PGR.

Pergunto se o Ministério Público só investiga o PS

Não há parágrafos para ninguém, agora que o PSD está no Governo. Nem transparência no Ministério Público (Amadeu Guerra não respondeu às perguntas dos jornalistas, já que tem em mãos uma denúncia anónima). E, no entanto, há matéria suspeita, se não provavelmente criminal, na empresa Spinumviva. Que serviços prestava Montenegro? Onde estão os recibos? E prestava mesmo, enquanto líder do PSD e depois primeiro-ministro, violando a exclusividade, ou não prestava serviço nenhum, recebendo avenças em troca de favores políticos?

Que história é esta agora do traçado do futuro TGV ter sido desviado para não afectar a Quinta da Gata, propriedade de um sobrinho do sr. Viola da Solverde? E os dinheiros, e as obras sem autorização nos apartamentos de Lisboa e o alojamento em hotel quando existe a residência gratuita de São Bento? Alguém sabia que Montenegro era empresário e rico?

Não estou aqui a fazer insinuações. Refiro-me a notícias não desmentidas e a dúvidas legítimas que ninguém esclarece. Alguns jornalistas têm trabalhado no assunto (embora seja lamentável que sintam necessidade de lançar veneno mais uma vez sobre o Medina e o Duarte Cordeiro para se mostrarem isentos perante o PSD. Ridículos), mas muitos estão calados, como o Cerejo do Público.

Embora eu saiba que os jornais precisam basicamente de vender e que os menos sérios se armam em cães de caça, é facto que nenhuma dúvida foi desfeita, e as suspeitas adensam-se pelo facto de Montenegro querer a todo o custo escapar à Comissão de Inquérito Parlamentar, preferindo ir para eleições, numa de trumpista, considerando que não tem que prestar contas a ninguém se, com uma campanha demagógica, de insulto ao adversário e de mentiras, «o povo» lhe der o voto. Pode ser que tenha sorte. Mas também pode ser que isto não seja a América.

Andou à chuva e molhou-se. Era Fevereiro

A estratégia de Montenegro para a próxima campanha, caso lá chegue, consistirá em escamotear o seu negócio privado e centrar-se na propaganda.

Aguardo com expectativa a entrevista de Montenegro a três canais de televisão, entre amanhã e segunda-feira, prevista no rascunho de Leitão Amaro que delineava os próximos passos a dar após o anúncio da apresentação da moção de confiança. Será desta que vai explicar a empresa familiar, as avenças, o aumento das mesmas e detalhar os serviços prestados? E pode alguma explicação ser aceite como boa? E se não puder, a culpa é da oposição que é demasiado exigente?

Embora a maior parte das políticas do Governo, ou a falta delas, merecessem ser chumbadas – saúde, habitação, transportes, justiça, para referir algumas – não é por causa disso que o Governo vai cair agora e não mais adiante. A queda do Governo neste momento não foi de todo calculada nem prevista pelos partidos da oposição. Foi a modos que “aconteceu-lhe”, ao Luís Montenegro. Aconteceu-lhe andar à chuva e molhar-se. Estávamos em Fevereiro, o que esperava? Já atravessara, porém, o Verão. Mas a responsabilidade foi toda sua, ninguém o empurrou.

Apanhado em potenciais ilegalidades, desde então tem sido incapaz de responder a perguntas e de desmentir aquilo de que é acusado, a saber, de receber, enquanto primeiro-ministro, avenças de empresas privadas (nomeadamente empresas com concessões atribuídas pelo Estado), o que implica que, ou prestou serviços a essas empresas enquanto primeiro-ministro, sendo pago por isso, violando a regra da exclusividade; ou manteve o contrato com essas empresas sem prestar qualquer serviço e, neste caso, as avenças que recebia visavam o condicionamento das suas decisões enquanto primeiro-ministro (uma compra, um tráfico de influências). Em ambos os casos, não há como escapar aos pedidos de esclarecimento, que, a não serem dados, e não foram, pelo menos de molde a desmentirem as avenças, levam necessariamente à retirada da confiança e ao olho da rua, desta vez sem que ninguém se importe caso se molhe.

Uma justificação impossível mas mais divertida seria Montenegro dizer que sabia que não iria governar mais do que um ano e, por isso, não viu necessidade de acabar com os contratos… Pensando bem, devia agarrar-se a esta explicação, mais coisa menos coisa, e ir à sua vidinha. Duvido é que, não estando ministro nem primeiro-ministro, certos contratos interessassem aos seus amigos. Mas enfim, a não ser assim, tem que dar explicações sobre o que fazia e o que fez concretamente como empresário e explicar como coadunar essas actividades com o seu cargo actual.

Um conselho ao PS: não caiam na armadilha da propaganda que se vai seguir (que apesar de tudo pode facilmente ser rebatida). O foco aqui tem que ser nas ilegalidades que um primeiro-ministro não pode cometer sob pena de perder o mandato por desrespeito das regras. Porque foi isso que aconteceu. O resto é vitimização e propaganda.

A Solverde não achou os filhos competentes

No entanto, considerava o primeiro-ministro suficientemente competente a tratar dos seus assuntos para lhe pagar uma avença enquanto exercia o mais alto cargo do executivo.

Agora a Solverde rescindiu o contrato com a Spinumviva, alegando que quer preservar o bom nome da empresa (a comissão de inquérito não lhe convém, claro).

O Grupo Solverde anunciou hoje a cessação do contrato de prestação de serviços com a Spinumviva, empresa que pertenceu ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, em nome da defesa do seu bom nome e reputação.

“Não obstante a Spinumviva ter cumprido integralmente as suas obrigações para com a Solverde e prestado continuamente os seus serviços de forma profissional, entenderam as duas empresas, ponderando o atual contexto e visando exclusivamente a salvaguarda do bom nome e da reputação de ambas, que a cessação da referida relação de prestação de serviços constitui, nas atuais circunstâncias, a solução mais adequada, permitindo à Solverde a escolha, no decurso do corrente mês de março, de um novo prestador de serviços com menor exposição pública”, lê-se num comunicado enviado pelo grupo Solverde à agência Lusa.

E, neste cenário em que a Solverde vem confirmar que o primeiro-ministro trabalhava para ela (ou pior, que havia aqui tráfico de influência), infringindo a lei da exclusividade, Montenegro quer que o Parlamento lhe garanta um voto de confiança. E porque sucederia tal coisa?

Ó Pedro Nuno, mas que raio…?

O PS declarou que vai chumbar a moção de censura apresentada pelo PCP, mas declara que chumbará por sua vez a moção de confiança, caso o Governo a apresente. Entretanto, o PSD já veio dizer que, sobrevivendo à moção de censura, coisa que só acontece porque o PS a chumba, não tem razões para apresentar a moção de confiança. Bingo! Assim se livra o PS de correr com o Montenegro. E isso é bom, Pedro Nuno?

E eu pergunto: então o que Montenegro anda a fazer – a exercer a profissão de empresário enquanto desempenha a função de primeiro-ministro (entre outras coisas) – não é grave e razão suficiente para o Governo ir abaixo? Pedro Nuno tem medo de quê afinal?

Acabem com o beija-mão àquela besta*. Com estes Estados Unidos, a NATO não faz sentido e é perigoso para a EUROPA manter-se na organização

É um dos objectivos da NATO a promoção dos valores democráticos. [A NATO promove valores democráticos] lê-se no seu site. O mais poderoso membro da NATO, os EUA, agora presidido por um indivíduo que há muito deveria estar na prisão, um ser totalmente amoral, vigarista, arrogante, ignorante e incompetente, decidiu há muito não só abandonar os valores democráticos (que é isso? Dá dinheiro?) como tratar por todos os meios – lícitos, ilícitos, bizarros ou cruéis – de implantar no próprio país um regime autocrático e uma oligarquia, tornando-se de súbito defensor e aliado de regimes autocráticos, repressores e assassinos, e sobretudo perenes, como o da Rússia.

Trump está nas mãos de Putin e do KGB, que devem ter forte material de chantagem contra ele, ou uma pesada dívida a cobrar-lhe. Esta é a realidade. Ninguém já tem dúvidas, como Hilary Clinton também não tinha em 2016. Sendo Putin o seu ídolo e modelo, Trump está disposto a partilhar todos os segredos militares americanos e da aliança atlântica com o até agora inimigo do mundo civilizado, mas de súbito elevado a BFF, Putin. Portanto, a manutenção da Europa na antiga aliança é totalmente desaconselhável no contexto actual. E tem enormes riscos.

Sei o suficiente de diplomacia para compreender que, enquanto a Europa não reúne forças e, em particular, enquanto se mantiverem na Europa 100 000 militares norte-americanos, será difícil abandonar unilateral e rapidamente a organização. Além disso, a “Europa” não é parte na NATO. A maioria dos seus países são-no, mas individualmente. Podem a França, a Alemanha e o Reino Unido sair, mas a Hungria, por exemplo, ou a Eslováquia, decidir ficar, o que, perante o abandono dos demais países, deixaria mesmo assim uma concentração de tropas trumpisto-putinistas, revanchistas, muito considerável em pleno coração europeu. Então em caso de “aprofundamento da relação de amizade” entre esta administração norte-americana e a Rússia, indo tão longe ao ponto de constituírem uma aliança militar contra o inimigo comum “Europa”, que é o sonho de Putin, a nossa segurança estará deveras minada e ameaçada. A hora é delicada.

Não deixa, no entanto, de ser penoso assistir à corrida de europeus à Casa Branca e às declarações de Mark Rutte no sentido de Zelensky “arranjar maneira de sanar a relação com Trump”. Pobre Zelensky, grande homem! É verdade que Mark Rutte preside à NATO e perderia o emprego se esta acabasse. Mas será que Rutte pensa que Zelensky vai algum dia obter garantias de segurança desta administração americana contra a Rússia? Se for inteligente, possivelmente não pensa, e teremos que admitir que está a querer ganhar tempo para a Europa se organizar. Mas a verdade é que a principal potência da NATO não nos defende de nada neste momento.

As visitas constantes a um presidente comprado pelo nosso inimigo são inúteis se o objectivo for passá-lo para o lado de cá. Não vai acontecer. Como disse, está comprado e nem os conceitos de “valores ocidentais” e de “democracia” lhe dizem alguma coisa. Dava jeito os americanos resolverem, eles próprios, este embaraço. Até porque, para mais de metade dos americanos, estes tempos devem ser totalmente humilhantes. Putin ter conquistado Washington antes de conseguir conquistar Kiev é algo que devia levar a um contra-golpe imediato ou uma guerra civil. Mas possivelmente também não vai acontecer. E, by the way, nem isso, da guerra civil, seria mau para o assassino Putin.

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*Disse o presidente da empresa norueguesa que decidiu não abastecer de combustível os navios militares americanos: “It made us sick“.

We have today been witnesses to the biggest shitshow ever presented “live on tv” by the current American president and his vice president. Huge credit to the president of Ukraine restraining himself and for keeping calm even though USA put on a backstabbing tv show. It made us sick. Short and sweet. As a result, we have decided to immediate STOP as fuel provider to American forces in Norway and their ships calling Norwegian ports.”

O António José Seguro, ó Pedro Nuno?

Lembro-me do António José Seguro (AJS) como um líder do PS na oposição hesitante, temeroso, disparatado (como quando declarou a “abstenção violenta” do PS na votação do OE da AD), defensor de uma aliança com o governo troikista de Passos Coelho, e que merecia ser corrido, como foi. Claramente um líder de transição, embaraçoso, mas que agradava imenso ao PSD, que lhe costuma tecer elogios. Depois de derrotado por António Costa, retirou-se da vida política e voltou aos estudos, à família e às oliveiras de Penamacor, nunca mais se lhe tendo ouvido uma palavra. Se aproveitou o ensejo para fazer alguma introspecção e autoavaliação não sabemos, mas, se fez, não enxergou.

A comprová-lo o facto de, a uma menção do seu nome para PR feita por PNS (surpreendente, também ela, estouvada?), logo se precipitou, deslumbrado com a ideia, excitadíssimo por ter sido desenterrado, inchado por dar uma entrevista. Não sei a que propósito ou talvez saiba, passa agora a ter um programa de conversa semanal na CNN, sempre atenta às novidades no mercado. E o que diz AJS sobre a situação política actual, mal abre a boca? Ora, elogia este governo de golpistas, oportunistas, aldrabões e incompetentes por ter resolvido os problemas do país.

Que primeira leitura é que faz deste Governo da Aliança Democrática?

Bem, insere-se claramente num Governo de turno, que é um Governo que mal chega tem que resolver problemas, tem que resolver emergências.

Mas começou por resolver bem, ou não?

Sim. É inegável, isso são factos.

Não acha que isso é crédito a favor do primeiro-ministro?

Claro que sim, claro que é. Quando há um Governo que entra e que resolve problemas, o crédito naturalmente tem que ser associado neste caso ao dr. Luís Montenegro e ao Governo.

(Ver entrevista aqui)

Estamos conversados quanto à perspicácia política, capacidade de análise e noção de quem o está a propor deste calhau. Aliás, se lermos a entrevista toda ficamos sem dúvida nenhuma de que continua a derrapar de forma aflitiva nas situações de maior aperto. É ver. Portanto, bela ideia que teve o actual líder do PS ao propor um seu militante de má memória para candidato… se calhar do PSD! Mas então qual será o candidato do PS? Uma pessoa fica confusa.

Bom, imaginemos que a ideia tenha sido tirar votos ao Marques Mendes, que também já se pôs em bicos dos pés para a corrida à Presidência. Nesse caso, desculpem, mas ”Olha que dois!” Pior seria quase impossível. Mesmo assim, eu até arrisco dizer que o AJS seria melhor para o PSD do que o MM.

O almirante Gouveia e Melo vai candidatar-se, tudo o indica, pois já declarou não querer ser reconduzido no actual cargo. O Pedro Nuno não devia ter previsto que tal ia acontecer?  O AJS é candidato que se apresente? A partir de agora, será sequer possível recuar, Pedro Nuno?

Seja humanista… e perca eleições (ou seja morto)

Vivemos tempos estranhos. Parece ser mal visto pelos eleitores – todos, ricos e pobres – que se tenha compaixão e respeito pelos menos favorecidos, privilegiando-se o chicote das duplas punições para quem prevarica (ou entra ilegalmente num país). O humanismo como princípio de política não está a dar definitivamente. Nem aqui, nem na América, nem em Gaza, nem em Israel. Eleitoralmente, deixou de compensar.

Começando pela Câmara de Loures, eu própria estou inclinada a render-me ao não humanismo. Francamente não me choca que quem viva numa habitação social e por isso pague uma renda apenas simbólica veja essa benesse posta em causa a partir do momento em que decida queimar veículos de terceiros, atacar motoristas indefesos ou vandalizar as ruas só porque sim. Se essas pessoas têm filhos e mulher a viverem com eles, não seria melhor que pensassem nas consequências dos seus actos?

Muito bem, o tribunal decidirá das sanções a aplicar. Mas o agravamento da renda de casa para preços de mercado não deveria ser uma delas? Reparem que não estou aqui a advogar o despejo puro e simples. Apenas o fim de um privilégio que muitos não têm e que é perfeitamente legítimo perder, atendendo ao número de interessados em rendas sociais que suponho haver.

Assim, não duvido que, nas próximas autárquicas, o ou os partidos que defendam tais medidas restritivas tenham a aprovação da população – rica, pobre e vizinha – de Loures. Diria que é mais bem visto ser justo do que ser humanista.

E por falar em humanismo, durante anos e anos a Europa acolheu refugiados e emigrantes de todo o mundo, incluindo do Médio Oriente, na sequência de conflitos muitas vezes criados por outros, sem critério (sim, também porque eram necessários), confiando que o humanismo do acolhimento tornasse os acolhidos para sempre agradecidos e, com o tempo, integrados. Nem tudo correu de feição. Sobretudo com os do Médio Oriente. Até ao ponto em que é obrigada a reconhecer, infelizmente por força da extrema-direita racista e xenófoba por natureza, que esteve a importar conflitos religiosos há muito ultrapassados, mortos e enterrados e um conflito civilizacional com o islão, dado o número considerável de praticantes e fanáticos prontos a usar da violência que passaram a compor essas comunidades. Como se constata, qualquer agitação no Médio Oriente que seja sentida como ofensiva dos muçulmanos eriça automaticamente todos os que para aqui vieram, que automaticamente defendem as origens, por mais arcaicas e inaceitáveis que sejam nos dias de hoje e para a sociedade em que era suposto integrarem-se.

Penso que não é já possível não reconhecer a existência de um problema. Achar que são tudo boas pessoas (apesar das más que também há por cá) e que o islão não é já uma religião de conquista é cegueira, ingenuidade e humanismo a mais.

Também em relação à Rússia, a camaradagem com um facínora e sabotador está a sair-nos cara. Aqui a questão é bizarra, porque a extrema-direita, que berra contra os imigrantes, pretende instaurar nos países europeus um regime semelhante ao da Rússia, o que iria destruir a União Europeia. Putin tem aqui aliados. Talvez esta seja a única razão pela qual a extrema-direita ainda não tem facilidade em aceder ao poder. Mas demasiado humanismo pode facilitar as coisas. Se calhar, começar a praticar o não-humanismo contra os extremistas não humanistas não fosse má ideia.

Nos Estados Unidos – e caso não tenha havido fraude nas eleições, como Trump parece ter sugerido ao desincentivar publicamente os seus eleitores de votarem porque já tinha votos que chegassem – parece que o pessoal gosta é do chicote. Deportações de estrangeiros, perseguições a juízes, ocupação das instituições do Estado por fiéis ao líder, caça aos opositores, tudo isto foi prometido por Trump e apreciado pelos eleitores, incluindo familiares dos deportáveis. Humanismo? Para quê?

Tempos difíceis, estes. Está tudo em causa. Até a nossa vontade de não sermos violentos.

Secar as receitas da RTP devia ser motivo suficiente para derrubar este governo

Não é só o orçamento que está em causa na próxima votação. Está em causa a permanência deste governo por mais dois anos e meio, a bem dizer três. Seis meses antes e seis meses depois da eleição do Presidente da República o Parlamento não pode ser dissolvido e, a partir do meio do ano de 2026, entra-se na preparação do orçamento. Eis o que diz a lei:

“4. Nos termos do n.º 1 do artigo 172.º da CRP, o Presidente não pode dissolver o Parlamento: i) Nos seis meses posteriores à sua eleição e no último semestre do mandato presidencial;[…]

 

Aprovado este orçamento, não haverá motivo credível para o Presidente dissolver a Assembleia nos primeiros seis meses de 2025. Ora, as eleições presidenciais são em Janeiro de 2026. Assim sendo, não admira a hesitação dos partidos, sobretudo do PS, em tomar uma decisão. É que não se trata apenas do orçamento nem das duas medidas nele previstas que foram objecto de uma suposta negociação com o PS – a redução do IRC e o IRS jovem. Está em causa muito mais.

Já foi dito por muitos, e é verdade: devia ter-se esperado pela apresentação do orçamento e depois decidir o sentido de voto. Mas enfim, está feito, foi mal pensado, e daí o actual compasso de espera. Porém, o Governo tem estado a abrir o seu jogo e a dar involuntariamente argumentos e material precioso à oposição. Agora há mais elementos a ponderar para a decisão de deixar ou não cair o Governo (e este já disse que se recusa a governar por duodécimos em caso de chumbo do orçamento). Por exemplo: é inadmissível que se dê rédea solta ao alojamento local, quando a falta de casas para os portugueses e para quem cá vive é gritante e quando, por essa Europa fora, a política de habitação vai no sentido da imposição de restrições ao AL, quando não da sua proibição. Ainda no campo da habitação, a isenção de IMT para os jovens na compra de casa não está a fazer baixar os preços, pelo contrário, está a fazê-los subir. Um erro, portanto, e  uma benesse para alguns privilegiados apenas.

O IRS jovem é também outra medida errada, pois pode contribuir para reduzir os salários de entrada, o que deita por terra a intenção da medida, que era segurar os jovens no país, é discriminatória (com 35 é-se jovem, com 36 já não) e injusta – os jovens futebolistas milionários acabam abrangidos por este bolo, e não deviam.

Por fim, a RTP. Por que carga de água uma empresa que dá lucro e que cumpre bem a missão de serviço público (excepto nos telejornais, muito pouco imparciais e com pivôs escandalosamente de direita) tem de ser privada das receitas da publicidade e obrigada a reduzir o serviço em benefício dos canais privados? Esta medida é de um despudor sem limites. A SIC está numa situação financeira catastrófica, mas, como contribuiu, e muito, para levar o PSD ao poder, daí… o Governo ajuda, ou seja, paga os favores da campanha infernal contra António Costa. Inadmissível sob qualquer ponto de vista. Até o Morais Sarmento já se insurgiu contra este escândalo.

Acrescem ainda as conversações secretas com o André Ventura, apesar do “não é não” para inglês ver, e a fuga cobarde a explicações a que assistimos nos últimos dias. Como é, Montenegro?

Concluindo, este Governo tem seis meses mas é mau demais e o PS não deve ter receio de o expor: mentiu no seu programa, entrou em campanha eleitoral desde a primeira hora, distribuindo dinheiro por toda a gente e pondo em causa o equilíbrio das finanças públicas, sendo obrigado a baixar as previsões de crescimento, toma medidas totalmente erradas e, com a garantia de mais três anos de poder, estragará ainda muito mais. Travá-lo enquanto é tempo será um acto patriótico. Não o travar implica mais três anos de descalabro e incompetência. O Pedro Nuno é ou não capaz de ter coragem e de ser afirmativo e contundente, como parecia ser, sem cair no estilo Mariana Mortágua? Esta é a grande questão que gostava de ver esclarecida. (ver pergunta do Valupi, muito oportuna)

Cheira a guerra e, por ironia do destino, só os israelitas podem ajudar a resolver

Em Israel, chegou a hora do tudo ou nada. Cercados, ou morrem ou vivem para sempre e em paz com os seus vizinhos. Deve ser isto que pensam neste momento.

Depois há a Rússia, a China, o Irão e a Coreia do Norte. Este quarteto tenebroso está de repente unido contra o “Ocidente”, que inclui também o Japão, a Coreia do Sul, a Austrália e claro… Israel. Tudo democracias liberais livres, por oposição à autocracia da Rússia, à ditadura da China, à espécie de monarquia infanto-comunista da Coreia do Norte e à teocracia do Irão. Fantasmas que sabíamos estarem lá, mas para atemorizar outros.

Neste momento, no entanto, todos eles ameaçam com uma guerra: a China ameaça directamente (e provoca) os Estados Unidos no sudeste asiático por causa de Taiwan e indirectamente todo o Ocidente ao apoiar – embora dissimuladamente – a Rússia contra a NATO, após a invasão da Ucrânia; a Coreia do Norte ameaça constantemente a Coreia do Sul e apoia com homens e armamento a Rússia no ataque à Ucrânia; a Rússia ameaça quase diariamente a Europa caso esta “ponha as botas” na Ucrânia e mesmo que não ponha, porque entende que pode invadir os vizinhos que quiser, sobretudo se ganhar à Ucrânia e se os Estados Unidos (com Trump, o amigo de Putin) nos retirar o apoio; o Irão dos ayatollahs, na impossibilidade de ameaçar directamente os Estados Unidos, ameaça islamizar a Europa, a potência (melhor, “os infiéis”) mais à mão e neste momento “inundada” de muçulmanos tão retrógrados como os mais obscurantistas islamistas, não integrados, e receptivos à adopção de aberrações como a Sharia nos países para onde emigraram, começando, o Irão, por cercar e bombardear Israel, um aliado americano e uma democracia livre de tipo ocidental (não digam, eu já sei: tem os seus próprios fundamentalistas alucinados e arrogantes. Para esses, o meu repúdio. Por mim, iriam para um centro de reabilitação cerebral multiconfessional).

De modos que, apesar de, na Europa, reinar a descontração e ninguém ter pensado na possibilidade de uma guerra real, a quente, a doer, e isto há muitas décadas, cada vez mais me parece inevitável um conflito sério, uma convulsão monumental, com epicentros na Ucrânia e em Israel. A tensão aumenta a cada dia. Dizem os líderes do eixo da morte que querem uma nova ordem mundial… Pois querem, mas nós não, cruzes! Uma ordem mundial ditada por eles? Por muitos defeitos que os Estados Unidos tenham, mil vezes a liberdade que lá existe e as regras que impõem (bom, pelo menos até hoje) do que a total opressão desses regimes.

O eixo da morte está, de facto, extremamente agressivo. Bombardeiam, ameaçam.

Vamos deixar morrer os ucranianos, entregar a Ucrânia à Rússia, encorajar o Putin e pandilha a recapturar de seguida os países do Pacto de Varsóvia ou acabará a NATO por intervir? Ou os ucranianos por desistir. Quereremos a Ucrânia, depois de arrasada, de novo governada pela oligarquia russa e seus fantoches, aqui mesmo à nossa porta? Queremos isso para nós, para a Lituânia, para a Polónia? Morreremos para que isso não aconteça? Sim, não haverá outra hipótese.

Vamos deixar que o Irão e a Rússia aniquilem Israel? Não vamos, e o assunto é sério. Por muitos Pedros Sanchez e universitários imbecis e ignorantes que vociferem contra a malvadez da IDF e enalteçam a bondade e a pureza dos palestinianos, as alternativas islamistas são mil vezes piores. O Hamas, o Hezbollah, o ISIS, a Irmandade Muçulmana, que dominam agora a Palestina, são duas mil vezes piores. Por alguma razão nenhum vizinho que queira ter sossego os quer lá. Deixar que Israel sucumba às mãos desses bárbaros será uma tragédia. Queremos voltar às cruzadas? Estamos à beira de entrar para uma espécie de filme de terror apocalíptico: existe a ameaça de virmos a ser aniquilados por monstros vindos de outra era, de outra idade. Monstros que usam os seus como escudos, matam, degolam, violam e torturam em nome de uma divindade, como há milénios. Acontece que com armas do século XXI, compradas aos infiéis, que as inventaram. E, para somar desgraça ao terror, há quem, entre nós, defenda os monstros e os considere umas vítimas.

E cá dentro? Vamos permitir que a rua muçulmana na Europa tome conta das políticas internas e sobretudo da nossa política internacional? Será bom que não aconteça. Vai haver luta, violência urbana. Aliás, já começa a haver. É olhar para Inglaterra, onde uns cantam o Rule Britannia enquanto outros gritam Jihad! nas ruas de Birmingham.

Como saímos da ameaça tenebrosa da Rússia e da ameaça de guerra com o islão, ao mesmo tempo que gerimos as nossas ruas?

Não sabemos, alguma coisa terá que ser feita, mas, como alguém já disse, seria mesmo um bem para a humanidade se os israelitas conseguissem dar cabo dos ayatollahs. Aposto neles. Torço por eles. Não resolveria tudo, pois haveria provavelmente uma retaliação russa e uma intervenção americana, mas que daria uma preciosa ajuda, daria. Por exemplo, para a pacificação de todo o Médio Oriente (a Arábia Saudita não quer guerras). E sobretudo se a população saísse à rua a festejar. Quero muito que isso aconteça.

Afinal o Ventura saiu pelas traseiras ou não?

Uma hora de entrevista a André Ventura no NOW (das 22h00 às 23h00) e não sei a resposta à pergunta ali de cima. A jornalista está de parabéns, ufa!, e merece ir para casa descansar. Mas o que acontece quando há dois mentirosos e trafulhas de direita em disputa pelo poder?

Um espectáculo risível, mas degradante. À atenção do Marcelo.

Montenegro andou a negociar com o Ventura, mas não quis que se soubesse. Recentemente desqualificou e insultou o Chega em público, depois dos encontros negociais, pelos vistos da iniciativa do Montenegro, que não levaram a nada, porque o Ventura queria um acordo de governo para toda a legislatura e o Governo só queria que o orçamento passasse. Ao mesmo tempo, fingia que negociava com o PS (que estupidamente caiu na esparrela e levou tudo a sério) enquanto o PSD e a sua tropa de comentadores apelavam à responsabilidade deste partido na aprovação do orçamento.

Sabem o que vos digo? Vamos para eleições. Safa, que choldra.

A violência do Hamas deve-se à violência de Israel contra os palestinos, pareceu dizer Guterres há um ano

Pessoas que envergam com fervor o “kaffieh” no Ocidente por estes dias, olhemos para o Médio Oriente. Paquistão, Afeganistão, Irão, Iraque, Síria. Fiquemo-nos por aqui (e para não irmos até África). Não vivem nestes países palestinos cuja opressão justifique a violência. E, no entanto, são países com regimes violentos. Matar e morrer estão à distância de uma escaramuça, de uma infracção mínima às regras, de uma ofensa religiosa, de um interesse russo. Sacar de uma faca, de uma arma ou de uma bomba é muito fácil. Abusar das mulheres mais fácil ainda. Frequentemente carros explodem, manifestantes são alvejados ou levados para prisões onde são mortos. A esmagadora maioria da população (dizem-me que muito afável) vive silenciada e submissa. Não há por lá palestinos “roubados” e “acantonados” e, no entanto, a morte às mãos de um ou de outro grupo, ou dos governantes, é sempre um fim plausível a cada instante. São todos seguidores do islão e, no entanto, matam-se.

O regime do Irão elegeu como bode expiatório os judeus para justificar a violência também naquele sítio e exercer a sua vingança pela hostilidade com que é naturalmente tratado pelo Ocidente. Serve-se dos palestinos, uma comunidade com razões de queixa antigas e muitas vezes justas em relação aos judeus e com ressentimentos crescentes. Uma comunidade paralisada e receptiva a mensagens de ódio. Arma o Hezbollah no Líbano, arma o Hamas em Gaza, arma os Houtis no Iémen, arma a Irmandade Muçulmana em geral, cerca Israel. Objectivo: expulsar os judeus, um povo livre e “ocidentalizado”, uma democracia, que, segundo eles, não terá o direito de viver ali, e atingir assim os ocidentais seus aliados. Libertar os palestinos é altruísmo a mais para ser credível.

No entanto, tiremos de lá os judeus (reduza-se Telaviv a escombros, não haverá outra hipótese) e a violência não acabará. Porquê? Em primeiro lugar, porque continuará ainda a sobrar “O Ocidente”. Em segundo, porque existem facções rivais que se odeiam (Fatah, Hamas, Estado Islâmico, sunitas, xiitas, etc.). Em terceiro, porque, não havendo judeus naqueles países mencionados, a repressão e a violência são uma constante, ou seja, os problemas que existem noutras paragens não são os judeus nem desaparecerão após o extermínio dos judeus. Pelo contrário.

Pior: fartos de miséria e violência (e não particularmente na Palestina), muitos muçulmanos fogem para a Europa em busca de paz e bem-estar. Mas não todos. À boleia de gente à partida pacífica, vêm os alucinados fundamentalistas que, por programação cerebral desde tenra idade, acreditam que matar “infiéis” e islamizar todo o Ocidente é uma missão terrena e tudo farão para isso (muitos deles pagos, neste mundo, neste mundo), incluindo pela captação da simpatia e solidariedade da tal população pacífica ainda dificilmente integrada na sociedade para onde emigrou. E pelo terror (a que já estão habituados), como explosões em recintos de espectáculos. E é nisto que estamos, na exportação da violência, com a agravante de a eles se juntarem cidadãos ocidentais que se solidarizam com os que nos querem dominar. Em nome da Palestina! Não estão a ser parvos, os islamistas. Nada mesmo.

Os palestinos, se o quiserem muito (o que não é certo, como aconteceu aquando dos acordos de Oslo), até podem vir a ter o seu Estado, depois de devidamente expulsos (e bem) os colonos judeus da Cisjordânia (também tinham saído de Gaza). A questão é “para quê”. O Hamas já teve Gaza e o que fez? Construiu, desviando o dinheiro da ajuda internacional, toda uma infraestrutura subterrânea com vista a armar-se e a assassinar os vizinhos, sem a mínima preocupação com as consequências, sem o mínimo respeito pela vida da população que os elegeu. Será para isso que a Cisjordânia quer ser um Estado Palestino? Para dispor do seu próprio exército de extermínio? É legítimo perguntar. Há que esclarecer. É razoável duvidar.

Por tudo isto, esta guerra não se resolve enquanto as armas não se calarem, sim, mas de ambos os lados. Ambos. Não só do lado de Israel. E, das duas uma: ou o Estado de Israel é reconhecido pelos muçulmanos e se definem as suas fronteiras de vez, ou não é reconhecido e não haverá outro remédio que não seja manter a guerra intermitente e as mortes que acarreta, ou então destruir Israel com uma bomba atómica, matando igualmente palestinos, libaneses, sírios e jordanos. Estranhamente, não ouço os manifestantes de Londres, Paris, Berlim ou Nova Iorque de kaffieh a reclamarem o desarmamento de todos os beligerantes. Apenas o de Israel. O que me leva a concluir que, também eles, querem a destruição do Estado de Israel e a sua substituição por um Estado islâmico. Muito melhor, sem dúvida. Super tolerante e pacifista. Sem perceberem que, perante tanto humanismo e (visto pelos árabes) fraqueza, a seguir serão eles. Comidos de cebolada, caril e muita hortelã. Se forem homossexuais, com direito a suspensão em guindaste.

Pela minha parte, toda a minha solidariedade vai para os inúmeros iranianos, libaneses, sírios e outros, que festejam a cada golpe que é desferido nos respectivos regimes e seus braços armados, por Israel ou por seja quem for mais civilizado. Estou com eles.

Mas quem consegue ainda ouvir a Mariana Mortágua?

Começo por dizer que não sei se é de boa política baixar os impostos para as grandes empresas, independentemente do que investem, no que investem, de quem contratam ou dos salários dos seus funcionários.  Possivelmente para o país que temos não é.  Digo também que as grandes empresas devem, como todas, estar sempre debaixo de olho, não vão cometer abusos de posição dominante. Mas aumentar-lhes os impostos a doer, por castigo, devido ao seu peso económico, como gostaria uma certa esquerda que vive no Ocidente, como comunistas, bloquistas, LFI (ver as suas propostas em França) e quejandos, não é de todo um bom princípio e só revela saudosismo de economias estatais de má memória, desejo de caça aos ricos e amor por regimes autocráticos.

“As grandes empresas” são, para a Mariana, o exemplo máximo do que não deve existir. Mariana, se pudesse, acabava com as grandes empresas. Mariana tem raiva das grandes empresas. Mariana nunca terá uma grande empresa (nem pequena) nem privará com ninguém que tenha. Para Mariana, todos devíamos ser funcionários do Estado, o único gestor admissível. Para Mariana, os Estados Unidos deviam ter vergonha da Google, da Amazon, da Microsoft, da Oracle, da Walmart, causas de todos os males do mundo, e acabar com elas. A Gazprom talvez fosse uma empresa aceitável para a Mariana, mas nunca a BP, a Airbus, a Engie, a EDF ou a Renault. A Alibaba, a JingDong ou a Tencent podem estar prósperas e felizes na vida, para a Mariana, mas nunca a Sonae, a Mota-Engil ou o Grupo Melo, como se sabe empresas enormes e imortantíssimas quando comparadas com as anteriores.

Ao invés de querer que os portugueses tenham iniciativa empresarial e vontade e sabedoria para ganharem dimensão e dinheiro com isso, dentro da legalidade, claro, a Mariana quer que ninguém faça nada e que não tenha ambição nenhuma de grandeza, porque isso é “pecado” no código comunista e bloquista. Da próxima vez que ouvirem a Mariana referir as “grandes empresas” reparem no tom persecutório com que o faz. E fala-vos quem a ouve de passagem e não mais de dois minutos de tempos a tempos (hoje calhou). Como é que alguém consegue mais do que isso é a pergunta que aqui deixo.