O que é revoltante, mas absolutamente revoltante, é que uma classe profissional que se encarrega (ou devia encarregar) de formar as próximas gerações se comporte como funcionários de repartição, preocupados com o seu umbigo, com a mediania que a todos protege, esquecendo completamente qual a missão, e deixando-se manipular da maneira mais abjecta. Mas é uma consequência da falta de ligação que têm à escola, aos alunos, aos pais. Porque é que haviam de a ter, quando tudo o que lhes interessa é decidido por uma estrutura gigantesca e impessoal em Lisboa?
Esta estrutura educativa é uma aberração. Todos sabemos quais os resultados dos grandiosos “planos quinquenais” na antiga União Soviética, e no entanto continuamos a tratar a educação como algo que pode ser planeado e gerido a partir de um centro. Não pode. São demasiados funcionários, demasiados professores, demasiadas realidades e especificidades locais, é um alvo demasiado fácil e suculento para interesses puramente políticos. Quem tem as melhores condições para decidir como organizar a escola, que professores contratar, que condições oferecer, são as estruturas locais. Gostava de ver o Mário Nogueira a fazer as mesmas fitas se do outro lado estivesse um presidente da câmara, com a população do seu lado, preocupados com os resultados nos exames nacionais. Como dizia o Maradona aqui à uns tempos, e com o qual concordo completamente, a avaliação dos professores é simples: há um director de escola. Esse director decide quem são os professores competentes, e promove-os. Os incompetentes, despede-os. Responde, apresentando resultados, perante os principais interessados – os pais. Como acontece em qualquer estrutura que se preze. Como acontece, por incrível que pareça aos nossos funcionários educativos, nos colégios privados.
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