Não vou entrar de novo em considerações juridicas que, pelos vistos excedem as capacidades do telespectador português comum e apenas nos levariam a concluir que, infelizmente, 35 anos após o 25 de Abril, ele continua a não merecer ter direitos.
Vou limitar-me a um comentário vindo do planeta do bom senso, que devemos situar numa galáxia distante de Portugal.
Uma comissão de inquérito não pode ter como objectivo apurar se existem dúvidas. Isto é o pressuposto de começo: só vale a pena instituir uma comissão de inquérito SE existirem dúvidas (caso contrário, estaríamos apenas a dilapidar dinheiros públicos). Portanto uma comissão de inquérito apenas tem sentido se procurar apurar se as dúvidas, que por hipótese existem, têm ou não um fundamento sério e objectivo.
Segue desse pressuposto que quem esperava que a comissão concluisse não existirem dúvidas nenhumas e estar completamente provada a inocência de seja quem for, estava pura e simplesmente equivocado.
Quanto à questão politica, ela é simples: a comissão pode ter servido para ver quais são os políticos que pretendem apoiar-se nos portugueses como quem espera de um porteiro que continue a condenar o inquilino do quinto andar, porque aquele ar de santo só pode querer dizer que ele é o demónio em pessoa.
Em ultima instância, esses políticos valem o que nós valemos.
Queremos passar a ser considerados como porteiros ?
Não estamos perante um problema de justiça. Estamos, antes, perante um problema, grave, de consciência civica e de educação política basica. Pelos vistos, existem políticos eleitos por partidos com forte representação, que apostam num pais governado pelo “achismo” e assumidamente virados de costas para o saber e para o rigor.
E o nosso problema político, mais grave ainda, é simples. Não é haver políticos que “se calhar”, mentem. É haver politicos que, de certeza, consideram que se devem valer da ignorância e da irresponsabilidade, porque ela ainda é maioritaria no nosso pais.
Mudem de canal. Mudem de televisão. Mudem de galáxia.
Ou então, não se admirem de existirem cada vez mais portugueses que preferem mudar de pais.
O 25 de Abril devia ter tido como resultado empenharmo-nos em mudar O pais, em vez de continuarmos a mudar DE pais.
Uma promessa que, pelos vistos, ainda esta muito longe de se cumprir…
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Oferta do nosso amigo joão viegas
Então e agora não é tempo de fazer uma comissão sobre aquele prédio de Coimbra que foi vendido duas vezes no mesmo dia, uma de manhã e outra à tarde??? Agora sim!
A última letra do nome ainda não foi articulada. O inquirodor-mor do São Bento, o Torquemada do pós-modernidade, não encerra o processo vil, enquanto não obtiver a confissão, tintin por tintin; deve estar para breve porque a fogueira da inquisição já arde, lá no marmeleiral; havia por ali tanto ninho de pintassilgos, vai arder tudo, grandessíssima besta.
“…a cultura que temos não faz as pessoas sentirem-se bem consigo mesmas. E tu tens que ter a força suficiente para dizer que, se a cultura não presta não a compras”
Aristóteles em “Tratado da Política”