Da Galiza

OUTRO ESPANHA-PORTUGAL

Lá pelo ano mil novecentos e setenta e sete, já nessa altura morrera em Espanha o ditador e Portugal fizera a despedida de Marcelo Caetano. As fronteiras estavam fechadas, nas alfândegas ja não havia vinte cães e mil cadeas para o controlo dos cidadãos embora ainda não havia paso livre. A Garda civil a a GNR eram daquela ja um pouco permissivos em certos lugares.

Emtre Baltar e Montealegre fica a Serra do Larouco , ela olha e divide duas bandas, para uma as terras do barroso para o outro as de Baltar no alto Limia. O Larouco separa duas terras que noutro tempo os seus nativos se juntabam para irem juntos a loubar na sua cima o chamado Deus do Larouco. Estamos a falar dos tempos pagãos, antes da chegada dos romanos por cá. Os barrosões por uma banda e pela outra os galegos de Baltar e todas as freguesias da sua bisbarra ficaram de costas viradas muitos séculos Nos ultimos anos foi fornecida ainda mais pois os países os que cada um pertezem se deram a se mesmos umas ditaduras de longa data. Ditaduras irmás embora cada uma no seu cantão. Vira-dos de costas ainda que freguesias como A Boullosa e Sendim se olhassem uma a outra so com subir a cima do monte que as separa. Até a natureza virava de costas, pois juntos nascem o Cavado e o Limia, um verte para a banda de Portugal e o Limia vem-se para cá e comenza o seu percurso até baixar as terras da planura da Limia e vai morrer a Portugal onde ja lá è chamdo Lima.

Nessa altura as novas gerações de rapazes das duas bandas do Larouco que andavamos por os dezaseis e dezasete ja não tinham tanto do medo herdado dos seus maiores e precisavam de conhecer-se, mudar aquela relação dos seus maiores, como sempre ocorre no devir das gentes de quaisquer lugares. Faziam destaque os garotos barrosões que os mais ousados ja tinham costume de apanhar as suas motas e pular monte adiante pelas corredoiras que se iam fazemdo e aparecerem o outro lado. A Garda Civil olhava e deijava fazer e eles vinham partilhar connosco a discoteca que naquela altura ficava em Baltar e que os domingos pela tarde era o centro do mundo. Fomos fazem-do boa relação, eles eram alegres, toleirós e gentes de palavra, tantos uns como outros estavamos a descobrir un mundo novo e queriamos rachar coas angurias do passado e que ficavam na face dos nosos devanceiros. Se a essa idade não sintes tudo isso, então onde tens o coração?

Certo dia xurdiu a inquedanza de fazer um jogo de futebol emtre os da lá e mais os de cá. Assim foi combinado para um domingo daquel verão, embora não tinhamos a segurança de que foram capazes de fê-lo. Assim no dia acordado com grande surpresa um exercito de garotos de motas, em cada uma dois ou en casos tres, aparecem em Baltar. Vinham preparados com a sua equipação e com uns bons reforzos de estudantes da Vila de Montealegre. Lá tivemos que prepar-nos com a nosa equipação, organizar tudo e irmos o estadio de futebol do Caneiro a disputar-mos aquele emcontro internacional. Daquela não havia telemoveis e ainda que ficara combinado, achava-mos que teriam muitas dificuldades para virem tudos. Havía rapazes de gralhas, sendim, Vilar de Perdizes, Padornelos e como ja dis de Montealegre tanto os jogadores como os muitos acompanhantes.

Comezou aquele grande jogo, na que duas equipas iam enfrontar-se con tudas as ganhas do mundo, como se de a luta de bois das que são tradicionais no barroso se tratara. Numca olvidarei aquele jogo e a face daquele garotos que se iam enfrontar por fim e medir as forças com os galegos da banda de là do Larouco.

Como um clarim do ceu a gente por Baltar vão dizendo em toda parte: há um grande jogo no caneiro entre os rapazes de aquí e os portugueses. O campo ficou cheio de siareiros. Nós ficavamos surpreendidos. E tudo aquilo estava-se a fazer sem apoio de ninguem pois hoje a Câmara ou o concelho seguro que dão apoio para estas coisas, senão tampouco se faz nada.

O jogo transcurriu forte, mas muito deportivo, havía tensão força e ganhas. Foi tudo com muita nobreza. Ganharam eles. Tinham melhor equipa com alguns jogadores jeitosos e prometedores e vinham preparados para o jogo.

Rematado o jogo ficamos felizes uns com os outros, con banho no rio pois daquela ainda não havia os balnearios que há hoje e para recuperar agua da fonte. Eles apanharam os seus vehiculos e lá foram tornando os seus lugares porque habia ainda que aproveitar o luz do día e estava a chegar o solpor ( sol do pôr). Além disso sempre fiquei zangado de que a nossa hospitalidade não foi completa, faltaram umas refeições, umas cervejas , etc. Mas o meu era jogar en ninguem com a surpreesa pôs carregar-se.

Uns anos mais tarde fui e organizei um jogo comtra a equipa de Montealegre, mas ja tudo com a representação das instituções, refeicões e tudas esas coisas que se fazem, mas não foi igoal co meu jogo international no estadio do Caneiro naquele dia do verão de xulho.
Sempre fiquei com o recordo daquela geração de garotos, geração que é a minha, que estava a olhar por aquela janela do Larouco a espera de um mundo novo que estava nacente , o futebol é grande quando grazas a ele partilhamos, e mistura-mos coisas como esas.

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Oferta do nosso amigo reis

4 thoughts on “Da Galiza”

  1. Ao nosso amigo Reis:
    É para mim um consolo desfrutar com estas leituras. Tempos difíceis, mas vividos com mais civismo e educação. Julgo que por vezes temos de passar por certas contrariedades e privações para darmos valor a coisas insignificantes e que mais tarde vê-mos o seu real valor. Quem diria que um dia um passatempo, ou uma aposta, vinha ser tema de conversa num blogue e na internet.
    O que queríamos era uma distracção, uma tarde diferente de tantas outras iguais. As notícias e acontecimentos eram sempre iguais: tantas pessoas foram presas a passar a fronteira de Portugal e Espanha. A única finalidade dessas pessoas era passar essa e outras fronteiras para chegar a França com a finalidade de arranjar um nível de vida melhor. Outros era para fugirem ao serviço militar e assim não ir bater com os costados à guerra ultramarina.
    O que não sabia era que entre raianos também se lutava com essa dificuldade. E aqui aplica-se o ditado popular: em casa de ferreiro espeto de pau. Não vou comparar o dérbi entre Portugal e Espanha mas sim os que vivi entre lugares aqui da minha terra. Eram vividos de forma extensa e na maioria das vezes com uma corrida à pedrada. Quase sempre os que jogavam em casa (no seu lugar) no fim da contenda quer ganhasse quer perdesse, sabíamos o que nos esperava. Mal se marcava o golo que dava por findo esse jogo – regra geral acabava aos dez, com muda aos cinco – era pegarmos nos nossos pertences e pernas para que vos quero.
    Quando íamos jogar fora (a outro lugar, nesse tempo não havia nome de ruas) e como éramos apanhados desprevenidos, não possuímos pedras para responder, um dia, a uns bons metros do “campo de futebol”, resolvemos armar ali um arsenal, muitas pedras juntas, corríamos até ali, o nosso inimigo, (companheiros de escola) mas naquele momento nosso rival, julgava que não respondíamos com medo e perseguíamos de peito aberto. Nós, ali chegados, ganhávamos outra força e respondíamos com as pedras do nosso arsenal, o que os obrigava a fazer um recuo e alguns com cabeças partidas. Alguns tinham uma pontaria que era cada pedrada, cada cabeça rachada. Depois quando nos encontrávamos na escola, já éramos um por todos e todos por um.
    Hoje, quando nos encontramos, relembramos esses tempos e peripécias.

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