Todos os artigos de Valupi

Let men be men

Men look at attractive women the way women look at pretty butterflies.

Louann Brizendine

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Esta senhora explica tudo, tudo, tudinho, e mais alguma coisa, em relação à guerra dos sexos. E termina aconselhando as mulheres a deixarem os homens serem homens. Sim, estamos perante um neo-feminismo de base neuronal e genética. O fim dos problemas da rapaziada, a consagração dos tarados – ou seja, atingimos um patamar histórico no secreto combate pela condição masculina.

Quem preferes ver à frente do PSD?

Agora, angustia-me pensar na ausência de oposição ao PS. Naturalmente, num sistema assumidamente pluripartidario, a inexistência de partidos com lideranças à altura de formar governo é preocupante, tanto mais que depois utilizam a calúnia para desacreditar o partido dominante, fustigando a politica e infligindo à sociedade o penoso castigo de se aguentar sem alternativas credíveis que promovam o necessário escrutínio das politicas desenvolvidas pelo governo.

Oferta da nossa amiga Carmen Maria

Para animais com quatro pernas de manhã, duas ao meio-dia e três à noite

Neste sábado fui ver o Rei Édipo. Por acaso, entrei no foyer logo a seguir ao Ruy de Carvalho. Chegados às portadas interiores, e por causa do andamento da bicha, virou-se para trás e fez uns salamaleques brincalhões para nos ceder a passagem. Disse-lhe Primeiro a arte!, mas aposto que nem ouviu, já se virava para a frente. Cada casal foi para o seu lado no corredor.

Há actores de embirração. Que nos irritam seja qual for o papel que façam. O seu rosto, voz e maneirismos provocam um incómodo irracional, visceral. Como, no meu caso, o Michael York e a Sandra Bullock, insuportáveis. Depois há aqueles que o eram até deixarem de o ser. Como o Travolta até ao Pulp Fiction ou a Meryl Streep até The Bridges of Madison County. Pois bem, o melhor elogio que tenho para o Diogo Infante é isto de estar na dúvida acerca da embirração que sempre me provocou – terá acabado com o seu Édipo? Teria de voltar a ver a peça.

E bem que o gostaria. Só uma vez não chega, para mais com a agravante de ter vindo directamente do balcão do Gambrinus para a plateia do Nacional. Não chega para admirar a política encenação do Jorge Silva Melo. Política porque nos coloca a todos, espectadores, no meio da pólis. E não chega para saborear o magnifico texto em versão original. Esta peça devia voltar e ficar. Anos. E nem era por mim, que a voltaria a ver mais umas 10 vezes, era por ti e pelos teus.

Édipo, o Rei, chegou, viu e foi vencido. Por ele próprio. Pelo simples e brutal facto de existir. Não se tratou de ter errado algures no caminho da vida, mas do oposto: tinha a crença de conseguir evitar o mal. E conseguiu. Fugiu de casa e da cidade para proteger os pais, matou apenas para se defender, casou e deu filhas à sua mulher, foi amado pelo povo de uma cidade onde não tinha crescido. Um caso de sucesso a merecer inveja e lenda. Contudo, há algo muito pior do que o mal que ele conseguiu evitar. É o bem. O bem vai tirar-lhe tudo, até o olhar.

Sempre que vou ao teatro castigo-me por não ir mais vezes. Ao contrário do cinema, arte onírica, o teatro desperta o metabolismo, enche de energia. Os actores estão ali para nos provar que estamos aqui. É por isso que o teatro é a melhor escola de política que o Ocidente alguma vez criou. Se o Ensino tivesse como única finalidade formar estudantes que chegassem ao final do 12º ano com vontade de conhecer a tragédia do feliz Rei Édipo, este ou outro qualquer, a nossa terrinha seria um farol da civilização.

O longo bocejo

Se Sócrates tivesse faltado à cimeira europeia para ficar no Parlamento a discutir o PEC, a oposição entraria num berreiro de acusações contra a sua falta de sentido de Estado. Diriam que os maiores interesses de Portugal tinham sido descurados nesta altura tão crucial para a Europa e que estávamos entregues a um Primeiro-Ministro que fazia tudo para criar conflitos com a oposição.

Como Sócrates foi para Bruxelas, a oposição entrou num berreiro de acusações.

Para quem tiver ouvidos

O momento mais revelador da ida de Nuno Santos à Comissão de Ética consistiu na indignada recordação do processo de contratação para a SIC de um Mário Crespo emprateleirado e acabado, decisão do Nuno e de Emídio Rangel.

Claro, o próprio Crespo já não está em condições de captar o subtexto do que ficou à mostra a seu respeito.

Na Inventona de Belém ninguém toca

Luciano Alvarez e Tolentino de Nóbrega não estão para se maçar a ir ao Parlamento explicar seja o que for acerca do mais debochado caso de manipulação mediática com intento de perverter um acto eleitoral que se regista na História da democracia portuguesa. Ou talvez apenas se sintam asfixiados, o que manifestamente os impedirá de falar. Ainda por cima, estamos perante um caso cujos mandantes são membros da Presidência da República, a gravidade não pode ser maior. Vai daí, o Bloco abandona a coisa. A direita, de resto, nunca foi uma preocupação para o BE, até podem ser aliados. O inimigo chama-se PS.

O que aconteceu entre o Público do Zé Manel e a Casa Civil, à mistura com o comportamento e declarações de Cavaco, é um escabroso escândalo. Não por acaso, aqueles que cavalgaram a inventona, e que aproveitam toda e qualquer calúnia contra Sócrates, são os que mais berram as palavras de ordem de qualquer totalitarismo: carácter, seriedade, verdade.

Hipócritas de merda.

Petição pública aos deputados do PSD e do BE

Excelsos e magníficos deputados sociais-democratas e bloquistas,

É por todos sobejamente conhecida a vossa imarcescível paixão pela Verdade, uns, e pureza ideológica imaculada, outros. Tanto que juraram erradicar da política a mentira e os mentirosos, obedecendo ao clamor do Povo. Convosco a Grei irá moralizar-se, corrigir-se, arrepender-se, converter-se e santificar-se. Só então, num ambiente político higienizado, Vossas Excelências tratarão dos assuntos correntes. Por agora, que se desinfecte a casa e perfume o ar. Finalmente!

Vimos, pois, os signatários, rogar igual empenho na descoberta da verdade, e castigo dos mentirosos, no caso Izmailov. Recordemos os factos:

– O jogador é emprestado ao Sporting em Julho de 2007, sendo imediatamente considerado um grande talento.

– No jogo de estreia, marcou o (enorme) golo da vitória sobre o Porto, dando ao clube a Supertaça. Jogou lesionado.

– No final da época, foi comprado pelo Sporting.

– As lesões foram alternando com as grandes exibições, assistências, golos.

– Na última lesão, que o parou durante 7 meses, ofereceu-se para deixar de ser pago por não estar a jogar há muito tempo.

– Quando voltou a jogar, logo ganhou a titularidade, sendo unanimemente reconhecida a sua influência na recuperação da equipa.

– Em Fevereiro, recusou ser vendido ao Lokomotiv, mesmo na condição de ir ganhar mais.

– Em Fevereiro, Costinha entra no Sporting para director desportivo.

– Em Fevereiro, perguntaram a Carvalhal se a vitória sobre o Everton se devia à entrada de Costinha no departamento de futebol. Costinha tinha entrado há 24 horas – se é que já tinha entrado.

– Em Março, Costinha discute com Izmailov, queima-o publicamente e diz que ele nunca mais voltará a jogar no Sporting.

Posto isto, só a santa aliança entre o PSD e o BE poderá esclarecer estas notícias de arrebimbomalho. Estamos certos de que uma comissão de inquérito, ou duas, seguramente não mais do que três, será o suficiente para apurar quem é que mentiu a quem, e quem é que não disse a verdade a quem, e quem é que não fez uma coisa mas fez a outra e vice-versa. De caminho, os excelsos e magníficos deputados poderão também inquirir acerca de um plano secreto de José Eduardo Bettencourt para acabar de vez com o futebol em Alvalade. Os indícios são avassaladores.

Muito obrigado,

[os signatários]

Viva o Porto!

Num feliz zapping, entrei no Metro a Metro. O entrevistado foi Júlio Magalhães, um duplo portista. A conversa ocorreu algures depois de Moura Guedes ter ido à Comissão de Ética, onde anunciou que a TVI escondia provas relativas ao Freeport. E esse acontecimento gerou outro, aquele em que o Júlio conta a sua versão dos factos relativos a toda a campanha contra Sócrates protagonizada pelo casal Moniz. É um relato que nos deixa de boca aberta a olhar para a oposição e para os deputados que utilizam o Parlamento para continuar esses ataques através das comissões que exploram até ao limite dos recursos e do tempo as calúnias, as insídias, as pulhices.

Infelizmente, os amigos do Porto Canal não acreditam na Internet, e mostram-no com exuberância ao não disponibilizarem o vídeo do programa. Vou pois pedir ao meu primo para falar com os gajos, ou com um gajo que conheça os gajos, em ordem a marcar uma reunião com os gajos do marketing, ou com os gajos da Direcção. Aí, o meu primo e eu explicaremos uma ou duas coisas (muito provavelmente, duas coisas) acerca das estouvadas vantagens de multiplicar os espectadores, mesmo se para tal for necessário recorrer à invenção do Al Gore.

Fracos da mona

A crise no PSD dura desde o tabu de Cavaco em 95, ou talvez mesmo desde o bloqueio da Ponte em 94. Toda a oligarquia do partido, sem excepção, falhou o intento de recuperar o império cavaquista ou a glória sá-carneirista. E por esta confrangedora razão: são pessoas intelectualmente medíocres. Incluindo o turificado Marcelo. Pessoas que se limitaram a aprender regras básicas para servirem os poderosos da finança e da economia, a troco de também se poderem servir das benesses e prebendas distribuídas pelo topo da hierarquia do Estado. Mas pessoas que não aguentam o exercício analítico e eticamente reflexivo sem o qual não se faz autocrítica e investigação que acrescente inteligência e vontade. O resultado é a decadência corrente, onde, para além das sucessivas golpadas contra o Primeiro-Ministro que os derrota e humilha, não conseguem apresentar qualquer ideia que interesse à sociedade. Ninguém associa uma mísera esperança ao PSD, só explosões de ressentimento, ódio, selvajaria política.

Pelo que a grande surpresa nestas eleições da Lapa é Aguiar-Branco. Não se dava nada por ele, tentaram que não fosse até ao fim e persistem em reduzir a sua candidatura a um capricho. E que vimos? Um político de garra e pose, que limpou o rabinho a um Rangel inane em que só os fanáticos acreditam. E um político que devia passar os próximos anos a formar o Passos Coelho, sendo o seu Presidente, não a assistir à deformação que se vai seguir se o candidato menos feio fizer cair o Governo e resolver atacar o Procurador-Geral.

Mas é assim a puta da vida, cheia de circunstâncias.

Da elite e do escol

Mas há uma coisa que eu noto nos meus amigos que emigraram, alguns deles pessoas absolutamente excepcionais, da minha idade. Do ponto de vista intelectual, profissional, pessoas absolutamente excepcionais, e que podem competir, e que têm estado a competir, com os melhores do Mundo. E têm-se safado muito bem até à data. Há uma coisa que eu noto quando falo com eles. Em primeiro lugar, eles não têm nenhuma vontade de regressar. E em segundo lugar – isto não é unânime, mas acho que abrange muitos dos casos que eu conheço pessoalmente -, não só perderam qualquer ligação afectiva a Portugal, eu não queria utilizar a palavra desprezar Portugal, mas acham que houve qualquer coisa aqui que eles não encontraram, um horizonte cinzento de bloqueio, de ausência de energia, que os faz sentir repúdio por Portugal, uma certa repugnância por Portugal.

Miguel Morgado

*

O Miguel tem a idade da democracia portuguesa. E pertence à elite. Alguns dos seus amigos foram trabalhar no estrangeiro. Trata-se de um conjunto de pessoas absolutamente excepcionais, capaz de rivalizar com os melhores do Mundo, a fazer fé no seu testemunho. Mas não ficámos a saber em que campo de actividade, nem em que parte do Mundo. Serão taxistas? Empregados de mesa? Futebolistas? Cabeleireiros? Pescadores de atum? Não interessa.

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Somos todos benfiquistas

Celebrei o golo do Carlos Martins por ser um golo à Carlos Martins marcado pelo Carlos Martins.

E celebrei o terceiro golo por ser o terceiro golo marcado à equipa do Bruno Alves.

Como insultar o Bruno Alves com suficiente rigor e amplitude? Talvez dizendo que o Bruno Alves conseguiu transformar todos os amantes da bola em adeptos do Benfica. É bestial.

Diabólico

Acabar com o celibato não resolveria o problema da pedofilia e dos abusos sexuais em institutos da Igreja Católica. Porque não há correlação.

Na verdade, o escândalo não vem dos casos conhecidos onde se violaram física e mentalmente crianças e adolescentes, nem mesmo da certeza de serem esses apenas a ínfima parte dos que terão acontecido ao longo das décadas, séculos e lugares. Humano demasiado humano.

O escândalo é só um, tão mais grave: não ter a Igreja encontrado o Espírito Santo na sexualidade.

Ícaros

A exposição dos monitores dos deputados ao público e jornalistas nas galerias do Parlamento permite reflectir acerca do que tem acontecido com a publicação não autorizada das escutas relativas ao processo Face Oculta e seus desenvolvimentos. Muitos, à esquerda e à direita, foram os que logo utilizaram essas passagens para fazerem ataques políticos, ataques de carácter, piadinhas e arroubos de santidade. Assim, havendo coerência, os mesmos estarão ainda mais interessados em conhecer o que fazem os deputados nos seus computadores de bancada. E aplaudirão o jornalismo que fornecer essas informações, é inevitável.

Pensemos, então. Que capa faria o Sol com uma foto do monitor de um deputado do PS onde se visse que o seu browser estava num qualquer website de propaganda nazi? Se o tema não estivesse em discussão no hemiciclo, que estava ali a fazer o deputado? Será que, no fundo, tem simpatias hitlerianas? E não faria essa consulta parte do plano socrático para dominar a Terra durante mil anos?

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Como é evidente

Os deputados do PS têm razão no protesto emocionado contra a violação da privacidade, e Gama tem razão no realce do estatuto público do espaço, da função e do material, e também na eventual solução.

É que as novas tecnologias obrigam a sucessivas adaptações da cultura, da moral, dos costumes. Sempre assim foi.