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A Comissão de Ética sempre conseguiu apanhar o plano: o do PSD

Morais Sarmento desmentiu Henrique Granadeiro, dizendo que este fazia gestos de diversão cuja finalidade era esconder o plano socrático para o controlo da comunicação social, e garantiu nunca ter feito pressões para despedir Leite Pereira, Pedro Tadeu e Joaquim Vieira. E ainda conseguiu sair-se com esta:

Acho que o dr. Henrique Granadeiro teria gostado que eu lhe ligasse muitas vezes mas infelizmente eu penso que não lhe devo ter ligado vez nenhuma enquanto estive no Governo.

Ora, Granadeiro demitiu-se da Lusomundo por causa do episódio. E foi agora para a Assembleia da República dar nomes aos bois. Acresce que Granadeiro é um homem respeitado na direita. Estes pormenores não atrapalharam Sarmento, o qual tem uma queda para o chinelo já sem remédio ou disfarce. Largou logo mais uma das suas chungarias, a cabecinha não deu para mais.

Chegou a falar-se, no último ano, em Morais Sarmento para uma candidatura à presidência do PSD. Não pode haver melhor diagnóstico da decadência de um partido do que essa possibilidade ter sido levada a sério.

Motards

«Não é admissível que o País esteja a ser enxovalhado desta forma no estrangeiro», prosseguiu, considerando que a imagem externa de Portugal está a ser «totalmente afectada», na medida em que «todos olham para nós como se fossemos um país do terceiro mundo».

Para Manuela Ferreira Leite a situação criada com a abertura do processo a Lopes da Mota, por alegadas pressões sobre magistrados no caso Freeport, é «verdadeiramente insustentável e insuportável» e não se pode manter.

Manela a 19 de Maio de 2009

Está tudo condicionado e paralisado. Onde é que está o caso Lopes da Mota?

Rangel a 25 de Setembro de 2009

*

Esta notícia apresenta uma versão do caso Lopes da Mota que está de acordo com as evidências. A primeira evidência é a de ser impossível que pressões sobre magistrados tenham alguma possibilidade de sucesso. Como se viu, até uma conversa entre amigos pode ser denunciada como irregularidade, pelo que não se imagina uma situação em que os magistrados estejam sujeitos a pressões. A segunda evidência é a de estarmos perante um empolamento artificial, de política interna. Tal ficou óbvio na sanção de 30 dias para Lopes da Mota, decidida sem unanimidade no Conselho Superior do Ministério Público. Tratava-se de uma penalização simbólica, cedência corporativa a quem criou o caso.

E que fez o PSD com a manobra sindical? Explorou-a ao máximo, até ao último dia da campanha para as Legislativas. O facto de se gerar alarme social com a suspeição de que o Governo manipulava magistrados para pressionar os procuradores do Freeport era a maravilha das maravilhas. O vale tudo devora qualquer oportunidade para lançar calúnias e envenenar a opinião pública, nem a Justiça ficou a salvo da pulhice como estratégia política. Esta malta que tem estado no PSD provou no caso Lopes da Mota, pela enésima vez, não ter um pingo de decência.

Os aceleras da Política de Verdade despistaram-se na curva, equilíbrio não é com eles.

Para uma teologia sem Deus

É muito difícil encontrar católicos, mesmo quando os procuramos dentro das igrejas. Já encontrar quem tenha opiniões acerca da religião católica, é mais fácil do que pisar beatas à porta do café. Os padres devem poder casar? Saltam logo retumbantes apoios ao casório. As mulheres devem poder ser ordenadas? Caem do céu inflamados protestos contra o atraso de dois mil anos na implementação dessa paridade sexual. A Igreja deve ficar calada quanto ao aborto? Levantam-se clamorosas vozes a exigir que os religiosos deixem de perturbar a sociedade secular com a expressão pública das suas aberrações teológicas.

Muito bem. Não há problema algum com este fenómeno onde indivíduos que não são católicos, nunca o foram, nem se imaginam a ser, desatam a emitir sentenças a respeito de matérias cuja história e racionalidade ignoram. Nenhum problema, dado que é nessa civilização da liberdade, mesmo daquela liberdade que não sai da ignorância, que apetece viver. O problema é não se prolongar o interrogatório. Por exemplo, que pensam essas pessoas do dogma da virgindade de Maria? Faz sentido manter essa léria ou há vantagem em reconhecer que o velho José sempre molhou a sopa na miúda? E quanto aos milagres relatados nos Evangelhos, devemos ignorar as evidências científicas que nos garantem não existir milagre algum neste mundo, à excepção da actual época do Benfica? Já agora, tendo em conta a complicação em que se tornou a concepção trinitária de Deus, não será preferível fazer uma versão simplificada onde a divindade seja descrita como um Noddy de barbas?

Até pagava para conhecer essas respostas.

Socorrendo-me de Hannah Arendt

A qual advoga o perdão, votaria Aguiar-Branco caso estivesse nessa infeliz situação de ser militante do PSD e ter as quotas em dia. No final do debate com Passos Coelho, é óbvio que Aguiar-Branco será, dos três, o melhor candidato a primeiro-ministro. Candidato a ser um mau primeiro-ministro, não tenho a menor dúvida, mas melhor do que os outros dois. Eis o estado a que chegou um partido que deixou de ser parte da solução para se tornar parte do problema.

Rangel mostrou que não é apenas má rês, também é uma fraude. Foi esmagado por aqueles que desprezou, deixando traumatizados os seus profetas. Passos Coelho precisa de tarimba e humildade, neste momento é apenas um projecto pessoal. Resta um Aguiar-Branco que dá sinais de conseguir a alquimia de transformar a pulhice onde medra, de Santana a Ferreira Leite, em responsabilidade e patriotismo. Ténues, friáveis, ambíguos sinais, pois. Mas pois.

Tratem-se

Ia jurar que, hoje de manhã, ouvi Mário Nogueira responsabilizar moralmente o Ministério da Educação pelo suicídio de um professor da Escola Básica 2/3 de Fitares. Mas não encontro nenhuma prova dessa audição. Terei sonhado?

Já da FNE, temos este espasmo:

Considero que deve haver uma responsabilização dos pais ou encarregados de educação em relação ao comportamento de desrespeito dos alunos para com os professores e funcionários das escolas. Deverão existir mecanismos que façam com que os pais sejam também responsabilizados.

Ou seja, os pais dos alunos, em certa medida, mataram o professor, insinua João Dias da Silva. Como é possível que se digam estas barbaridades a este nível? É possível porque Portugal é completa e profundamente inculto no que diz respeito à doença mental. Só isso explica que se permita o aproveitamento político – ou sensacionalista – de uma tragédia pessoal que em nada se relaciona com pais ou alunos. Quando muito, a escola em causa talvez pudesse ter sugerido ao professor para ficar de baixa, mas nem esse procedimento é claro sem ter acesso a informações privadas, muito menos garante preventivo do acontecimento fatal.

Aproveito a ocasião, e pensando em todos os professores que estejam a padecer de alguma patologia mental, para promover a Associação Encontrar+se, fundada pela minha amiga Filipa Palha. O seu projecto é apenas um exemplo do que precisamos fazer para acabar com o flagelo da discriminação associada à doença mental.

Tal como refere a Ana:

O suicídio é um comportamento que pode surgir na sequência de diferentes situações vivenciais e que não é um sintoma específico de nenhuma patologia psiquiátrica – em rigor, pode acontecer mesmo na ausência de doença mental.

Assim, usar um suicídio para fazer ataques políticos, despejar ódio corporativo ou explorar a desgraça, é algo que raia o psicótico. O Portugal que queremos não quer esta miséria cívica.

Entretanto, na RTP socrática – II

“A honra é uma coisa que o Presidente da República tem de defender, mesmo que seja com custos pessoais”, acrescentou, lembrando que o texto da sua comunicação de 29 de setembro está no ‘site’ da Presidência da República e que “quem quiser voltar a ler de forma calma e ponderada” basta consultá-lo.

De cada vez que Cavaco fala da inventona de Belém, um novo máximo de perplexidade é atingido. Desta vez, ninguém percebeu patavina do que disse. A que se refere quando fala em invenção? É que as notícias existiram, o silêncio e ambiguidade cúmplice do Presidente da República também. E nesse estado de gravíssima perversão política iríamos para as eleições, não fosse o DN.

Contudo, não se pode negar a perturbação emocional causada no entrevistado pela problemática. O que levanta a questão: estará Cavaco intelectual ou psicologicamente incapacitado, seja pelo que for, para assumir responsabilidades pessoais na situação? Pois mandar reler o discurso proferido a 29 de Setembro, essa peça trágico-cómica que nem o mais ferrenho cavaquista apareceu a defender, mostra que a sua noção de ridículo já conheceu melhores dias. Para todos os efeitos, estamos perante obstinada recusa em esclarecer uma situação que envolve a Casa Civil e o jornal Público numa conspiração cujo objectivo era o de influenciar o resultado das Legislativas. Se Cavaco não quer responsabilizar-se pelo episódio, como lhe exige a Constituição, qual a sua credibilidade para continuar no cargo?

Compare-se com o que tem acontecido a Sócrates. Já lhe viraram a vida do avesso, da licenciatura à profissão, fizeram-lhe escutas ilegais e criaram um caso, que se arrasta há 5 ou 6 anos, onde é atingido pessoal e politicamente através de exploração mediática sensacionalista, caluniosa e golpista.

Resultado? Se tivermos de avaliar estas duas figuras quanto aos custos pessoais na defesa da honra, há uma que dá uma cabazada à outra.

Não apaguem a memória!

Que os ranhosos não queiram falar deste tempo, e se permitam a vilania de encher a boca com a patética asfixia democrática, nada de mais previsível. Mas que os imbecis já o tenham esquecido, ou não o respeitem – eles que o sofreram ou tiveram familiares e amigos a sofrer – eis a triste surpresa.

Talvez um dia apareça uma explicação para este fenómeno que se presencia desde 2008, onde saudosos de Salazar e órfãos de Stalin se osculam entusiasmados.

Entretanto, na RTP socrática

A Fernanda está a tratar do assunto:

as perguntas que judite esqueceu — assim de repente

‘uma completa invenção’

E há muito mais para dizer, claro. Certas declarações de Cavaco, nesta entrevista, são de arrebimbomalho. Como a direita portuguesa é a nulidade que se conhece, e a esquerda-puríssima a nulidade que nem se quer conhecer, este vexame para a República corre o risco de não suscitar indignação suficiente. Vejamos:

Eu não sei se os portugueses estão esclarecidos, e a prova que talvez não estejam é que a Assembleia da República quer realizar um inquérito para saber o que terá acontecido verdadeiramente nesse negócio.

Nesse caso, que levou Cavaco a criar alarme social no Verão de 2008, precisamente a propósito de um assunto que tinha sido votado unanimemente no Parlamento? O esclarecimento dos portugueses passa da alçada de S.Bento para Belém segundo as conveniências da Presidência?

Mas mais interessante, qual é o critério que permitirá atestar da validade das explicações que vão ser dadas na comissão de inquérito? Se o Presidente da República endossa essa investigação, importaria saber qual é o interesse nacional que está em causa. Porque, até agora, o caso PT/TVI apenas tem servido para espionagem política, devassa da privacidade e calúnias pessoais.

Custa-me a crer que a decisão da PT tenha sido determinada pela minha declaração porque eu apenas pedi que esclarecessem o que estava a acontecer entre a PT e a TVI. Tenho o direito de pedir que haja transparência e ética nos negócios e nos mercados. Entendo que numa sociedade democrática a compra de uma estação de televisão não pode deixar de ser uma operação transparente.

A PT não ia comprar uma estação de televisão, pelo que Cavaco está a errar, cônscia ou inconscientemente. Contudo, o que é extraordinário é dizer-se que a entrada no capital da TVI pudesse ser feito sem transparência e… sem ética! De que raio se está a falar? Desde quando é que um Presidente da República é o provedor para a ética nos negócios entre privados? O descaramento asinino desta declaração, não assumindo qualquer responsabilidade pelo acto extraordinário que protagonizou ao denunciar um eventual acordo entre empresas, é Cavaco vintage.

A questão a lançar ao Presidente da República era esta: a intervenção desasada no dia 25 de Junho foi o resultado de ter tido conhecimento das certidões de Aveiro? Se não teve delas conhecimento directo, terá tido indirecto? Ou terá a sua intervenção nascido da influência dos mesmos que, semanas depois, lançaram a inventona de Belém a partir da Casa Civil e com manipulação da comunicação social?

Não, Judite. Não esperava que fizesses estas perguntas.

A vocação do Homem é livrar-se da cegueira

Todo o santo dia há quem se esteja a apaixonar pela primeira vez. Ou pela última. Quem se embriague com os odores da terra ou do mar. Quem decida mudar o passado ou repetir o futuro.

É deles que nos fala Fernando Alves nestes dois minutos que vais ouvir. E eu aproveito para recordar dois belos testemunhos dos nossos amigos Manuel Pacheco e antonio manso. Dois exemplos de um país que também está a mudar a sua paisagem interior, que não só a exterior, e para melhor. Muito melhor.

É chocante ver tantos, e tão privilegiados, rendidos ao pessimismo, ao desânimo, ao catastrofismo. Mas não lhes faremos bem se nos fizermos mal. Deixá-los e partir.

O caminho é o da aprendizagem, o da experiência, o da liberdade. Do espanto. Sempre o foi e sempre o será. A nossa vocação.

A realidade vista da Lapa

Zeinal Bava escolheu Rui Pedro Soares e deu-lhe ordens lícitas e lógicas. Por sua vez, Zeinal Bava obedece a Granadeiro, o qual pôs a sua palavra de honra em cima da Comissão de Ética quanto à probidade de todo o processo relativo ao negócio falhado para a entrada da PT na Media Capital.

Ou seja, o Governo tem um plano para controlar a comunicação social. Se nunca o teve, nem tem, nem quer ter, que o prove. Mas que o prove com provas que o Sol e o Correio da Manhã aceitem, não é cá com explicações no Parlamento e a honra das pessoas.

Organizem-se

Será possível o casal Moniz garantir existirem provas na TVI relativas a um qualquer processo judicial, ou investigação policial, e o Ministério Público não tratar logo de os chamar para prestarem declarações e dar-se andamento à denúncia? Será que temos de telefonar para o pessoal de Aveiro, muito mais expedito e criativo nestas coisas de entalar o engenheiro? Terá de ser a coitada da Moura Guedes a abandonar a frenética actividade que a baixa lhe permite gozar e meter uma manhã de trabalho para lá ir sacar os esquecidos papéis? Ou ainda veremos o Pacheco invadir as instalações e virar aquilo tudo de pernas para o ar?

Ecce Homo

Fiz de conta que não percebi.

Moniz

*

O homem declarou-se assustado com o que leu no Sol a 5 de Fevereiro. E fez o que a sua consciência lhe comandou, posto que agora já tinha visto a luz: pediu a demissão de Sócrates. Como estava embalado, clamou para que alguém pusesse ordem neste país e explicou aos peixes que o problema não estava na crise económica, antes na crise de valores.

Ora, se há assunto que o homem domine é, precisamente, esse dos valores. Tanto, tão bem, que andou a negociá-los em vários tabuleiros, segundo se depreende do seu próprio trajecto e declarações. Pelo que pedir a cabeça de Sócrates na bandeja, a coice de Saraiva, ficou como um número circense onde já nem a pequenada presta atenção.

E lá foi o homem para a frente dos deputados. Ali onde pode trespassar o engenheiro com a lança da verdade. E que saiu? Uma das mais heróicas declarações de independência profissional, deontológica e política que registo na puta da minha vida. Às colossais pressões do Governo, dos ministros, dos patrões, dos accionistas, deste, daquele e daqueloutro, o homem apenas encolhia os ombros e não queria saber. Fez sempre o que lhe deu na gana. Porque a ele ninguém verga, nem trava, nem cala.

Temos homem. Ei-lo.

Consta

Consta que o Governo escondeu informação aos portugueses, e que o PS mentiu no seu programa eleitoral, porque não se falou da Grécia e dos CDS antes das Legislativas – ao contrário do que fez Ferreira Leite com tenacidade e audácia; a qual até receava falar ao telefone, ou mandar uma carta, com medo de ver as suas milagrosas soluções para a crise grega copiadas pelos mesmos bandidos que se empoleiravam nos muros do Palácio de Belém e tiravam polaróides sem pedir autorização.

A ser verdade, e a dupla PSD-BE em breve fará a investigação que se impõe, ainda mais urgente fica a necessidade de enxotar uma oposição tão má, tão bera, tão reles que deixa estas barbaridades acontecerem à frente dos seus ramelosos olhinhos.

Mas serei o único?

A dar graças por este dia de chuva imparável, à inglesa, como ela deve ser para não se confundir com os volúveis aguaceiros? Serei o único a dar graças por este Inverno que se esforça para cumprir o calendário, apesar do Al Gore? Serei o único a estar solidário com todos os compradores nos saldos, finalmente desfrutando de meteorologia que lhes valoriza a racionalidade da poupança?

Não acredito.

Big

Este maravilhoso exemplar feminino e californiano, aqui exibindo-se nuns deslumbrantes 58 anos ao lado dum avatar, é digno representante do melhor de Hollywood: não deixa que a realização atrapalhe uma boa história.

Antes do filme agora consagrado com os Óscares e o favor da crítica, tinham passado a Kathryn Bigelow um atestado de óbito na carreira por causa de um tremendo fracasso: K-19: The Widowmaker. É exactamente assim o sonho americano, o saber pôr os pés no chão. E andar.

Génio de Carvalhal

Continua a saga, chapa 3 (em versão 3+1). Liedson sempre a resolver (resolveu marcar 4). Saleiro a dar espectáculo (um espectáculo dentro do espectáculo). Ostracismo de Vuk a permitir o regresso às 3 substituições (que dão jeito, há que o admitir). E a equipa deixou de falar à comunicação social sem sequer explicar porquê, assim tornando oficial que o Costinha já pegou ao trabalho e trouxe umas fotocópias gamadas ao Pinto da Costa. És do Carvalhal, Carvalhal.

Entretanto, os meus amigos António P. e Rogério estarão resignados, convencidos de que a Páscoa não lhes vai trazer amêndoas.