Uma das facetas menos conhecidas deste grande Russo do século XX é a de visionário da liberdade de informação e, correlativamente, de profeta da internet! Eis como, num artigo publicado num semanário liberal americano, em 1974, o então já “dissidente” soviético Sakharov previu o advento, à escala planetária, de uma rede de informação livre, acessível por toda a gente, que hoje, 32 anos depois, sob o nome de internet ou world wide web se tornou já numa realidade indispensável para todos nós – ou quase:
“Antevejo um sistema universal de informação (SUI) que dará a toda a gente, a todo o momento, acesso ao conteúdo de qualquer livro publicado ou a qualquer revista ou a qualquer facto. O SUI será composto por terminais de computadores miniaturizados, centros de controlo do fluxo de informação e canais de comunicação veiculando milhares de comunicações artificiais através de satélites, cabos e linhas laser. Mesmo uma realização parcial do SUI afectará profundamente as pessoas, os seus tempos livres e o seu desenvolvimento intelectual e artístico. Contrariamente à televisão, o SUI proporcionará a cada pessoa uma liberdade máxima de escolha e implicará uma acção individual. Contudo, o papel verdadeiramente histórico do SUI será o de quebrar as barreiras à livre troca de informação entre países e entre pessoas.” (Saturday Review / World, Nova Iorque, 24 de Agosto de 1974.)
Por este texto visionário se pode também ver distintamente quais eram as preocupações, os ideais e os valores (igualdade de acesso à cultura, liberdade de escolha, papel da indivualidade) que guiavam o pensamento e a acção cívico-política de Sakharov. Pensamento certamente muito mais avançado, muito mais socialista, muito mais revolucionário até do que a vulgata pseudo-marxista e opressora posta a circular pelo Partido Comunista da União Soviética e divulgada pelo nosso obediente PCP durante 70 ou 80 anos. Sakharov teve uma vida exemplar de socialista autêntico e, quando deixou de o ser, foi principalmente para se afastar e diferenciar da nomenklatura do regime opressivo e liberticida fundado por Lenine, Trotsky e Staline. Ele e Brejnev não partilhavam nem podiam partilhar a mesma doutrina nem os mesmos ideais.
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