O Manuel é um socialista de gema, à antiga, com frases curtas que bem em purradas entram no coração dos descontentes que arrastam corpos entorpecidos pelas vielas do desemprego e becos sem saída dos salários mínimos, trovejantes palavras, sons de cascos de cavalo a morderem o basalto que servirá de base de sustentação às futuras barricadas por onde correrá certamente muito do sangue pisado que as comunas anti-comunas comerão na forma sólida de chouriço demo-socialista. Que mais quereis, Valupi, le optimiste?
O homem lembrou e homenageou os deuses do passado, o pedreiro-livre americano e o novo limpa-chaminés, e o Blum francês, camarada do Churchill e do Konrad, que fugiu para Bordéus assim que ouviu os patos de ganso dos hunos em Dunquerque, bravura que ele imitaria anos mais tarde quando se agarrou à labita do Mário e procuraram os dois refúgio no quartel da maçonada nortenha. Se isto não é prova de coragem, o que é então?
Sejamos humanos. Ninguém pode roubar a um homem o direito de ter três metros de altura um dia por ano e uma barba espessa o resto da vida, né?
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Oferta do nosso amigo CHICO.
VALUPI,
Já que não quizeste consultar-me para meter issso na montra que é quase exclusivamente tua, poderias ter feito de revisor e perguntar-me, pelo menos, o que é isso de “patos” de ganso. Mas perdoo-te esse passo impensado. Já tens dados piores e nunca me afligi.
Que queres ver corrigido? Serve-te, homem.