É uma praça. Um local onde se pára e fala. Fala e pensa. Só depois se julga. E ainda se compram umas coisinhas; seja para a janta, seja para a vaidade que também deve ser alimentada.
A rua é para passar, para atravessar. Os que se deleitam com o poder da rua não gostam de estar na ágora. Nem gostam de pensar antes de julgar. Preferem ir para a rua interromper o trânsito. Mas só conseguem provocar obstipação cívica, seguida de diarreia ideológica. São uns democratas de merda.
eu também gosto muito da Agora e não tenho ido a manifs, mas olha que por cá ainda não houve nada excepto os prof.s, e a rua faz parte sim: quando há muita electricidade política no ar tem que escoar e também escoa pelas ruas
VALUPI,
Essa, muito infeliz, do “poder da rua” faz-me lembrar os pesadelos que afligiam as noites dos aristocratas de antanho, e, porque não, do antónio que andou a dar-nos uns safanões durante umas dezenas de anos. Isto tudo de acordo com historiadores que não são de fiar e certas testemunhas oculares.
Não sei o que é que se passa agora na ágora de S. Bento. Só posso imaginar. Mas pelo que vi aqui há tempos na televisão enquanto mamava uma orelha de corvina com grelos, o Sócrates, tal como o Errol Flyn, despachava os oponentes com um braço atrás das costas. É que nem o Basil Rathbone (o Louçã)o fazia despedir-se desse hábito.
No entretanto, fico na esperança que me expliques, como ultra-democrata que nos garante a sinceridade dessa escolha política quase diariamente, o que é que há de anti-democrático em amplificar na rua as maldições e pragas que rogamos a qualquer governo na privacidade das nossas vidas pacatas. Não que eu não veja isso um acto gratuito da comédia política de lavagem de cérebros para nos distrair. Mas leis são leis e princípios são princípios. Se os que que as promulgam e os advogam não respeitam as suas próprias invenções manipulativas e compromissos, melhor será então começar a chamar as coisas pelos seus verdadeiros nomes. Como eu.