Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão.
Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.

Dominguice

A ideia de que impedindo a leitura livre dos jornais e revistas, entretanto transformados em conteúdos digitais, se iria salvar a imprensa como negócio é quimérica. A frustração da curiosidade não leva ninguém a comprar esses produtos, primeiro, nem leva ninguém a anunciar nesses meios, depois. É uma decisão irracional equivalente à do afogado que agride o salvador na confusão e desespero em que se encontra. Pura e simplesmente, o próprio conceito de jornal e revista deixaram de ter eficácia comunicacional num ecossistema saturado de informação e ofertas lúdicas gratuitas. Isto é óbvio, por que raio insistem em fingir que ainda estamos em 1994?

Para dar dinheiro a um jornal como se dá à Netflix, a um ginásio e num restaurante é preciso que o produto seja apetecível em 2024 e seguintes. O jornalismo português não o é, o comentariado idem. Não são as notícias enquanto notícias que interessam ao ponto de querer pagar, é o que cada um pode fazer com elas. Tem de se inventar um novo serviço onde o jornalismo seja personalizável, pá.

Exactissimamente

«É evidente que há um problema com a Justiça em Portugal. A resposta à questão sobre como pode ser resolvido o problema deve ser dada na Assembleia da República, pois é aí que estão presentes os partidos políticos e representados os cidadãos. Deve ser a Assembleia da República a tomar as medidas necessárias para termos um país mais próspero com uma Justiça que dê a resposta necessária e adequada. Para isso, é necessário que exista um diálogo constante entre todos os intervenientes. Sem prejuízo da iniciativa e da centralidade da reforma da Justiça deverem pertencer à Assembleia da República, dever-se-á contar, igualmente, com a participação do Presidente da República e, bem assim, do Governo.»


António Monteiro

Há anos que sonho com isto

Giant balloons floating above Colorado’s wildfires could help to predict future blazes

Já existe a tecnologia para detectar a partir dos ares qualquer fogo florestal assim que ele comece, e depois calcular com precisão o seu desenvolvimento dadas as condições meteorológicas e a geografia da ocorrência. Basta meter os balões e, acrescento, zepelins a trabalhar e dar-se-á uma redução drástica nos prejuízos e ameaças dessa calamidade que vem aumentando com o aquecimento global.

Surpresas no leste

Não foi uma surpresa que Putin quisesse invadir a Ucrânia em 2022 porque já o tinha feito em 2014. Surpresa foi não ter sequer conseguido ameaçar entrar em Kiev tendo umas forças armadas 100 ou 1000 vezes mais poderosas do que as ucranianas. A esse fiasco inicial, seguiu-se uma guerra de atrito, de destruição e matança insana, onde nem com o apoio financeiro da China e da Índia, e com o material militar fornecido pelo Irão e Coreia do Norte, as forças russas conseguem ganhos estratégicos contra um país drasticamente limitado nos seus recursos demográficos face ao invasor.

A segunda grande surpresa desta guerra vem da incursão ucraniana na região de Kursk. É surpreendente porque as notícias dos últimos meses dão conta do crescente desgaste das linhas da frente da Ucrânia, com pequenos avanços russos. Mas é ainda mais surpreendente porque ninguém entendeu a lógica da coisa. Que raio vão fazer os ucranianos nesse território onde só parece existir um aparente alvo civil com eventual valor para ser destruído? É simples de perceber ser cada vez mais difícil manter linhas de abastecimento à medida que o tempo passa e as forças avançam não se sabe com que finalidade. Donde, para quê isto, senhores? A incompreensão foi o sentimento prevalecente nas reacções mediáticas nos primeiros dias.

Acontece que já passaram 9 dias. E isso configura a terceira grande surpresa, pois não se vê a Rússia anular a presença ucraniana no seu território, sequer a impedir o seu avanço. Pelo contrário, estão a deslocar civis noutras áreas, assim provando que não têm resposta militar adequada à situação.

Obviamente, é provável que Zelensky não esteja com grande fé de ver os seus soldados ocupar a Красная площадь com armamento “ocidental”. E alguma coisa está a ser planeada pelos generais russos que resolverá a crise de modo decisivo. Obviamente.

Dito isto, não poderia existir surpresa maior nesta guerra do que ver Putin a assinar um acordo de paz. Fosse quando fosse.

Vamos lá a saber

O facto de o Twitter/X se ter transformado numa plataforma de apoio a Trump causa algum dilema moral a quem o usa regularmente e, súbito, tem de reconhecer estar a contribuir para o poder da influência política de Musk mesmo que esteja a manifestar a sua preferência por Kamala Harris?

A indústria da calúnia nacional está de parabéns

«Para 78% dos portugueses, os últimos três anos foram sinónimos de aumento do nível de corrupção em Portugal. Os números são dos mais recente Eurobarómetro sobre as “Atitudes dos cidadãos face à corrupção na UE em 2024” e colocam os portugueses inquiridos com uma percepção em relação à existência de corrupção muito acima da média dos inquiridos entre a União Europeia (41%). No geral, os portugueses inquiridos estão mais pessimistas quanto aos níveis de corrupção comparativamente com os números do ano passado.

Há outro dado curioso: embora poucos inquiridos portugueses tenham testemunhado ou se afirmem vítimas de casos de corrupção, a convicção de que a corrupção está embrenhada nas empresas e na política é mais elevada em Portugal do que a média da União Europeia (em que mais pessoas admitem terem testemunhado ou serem vítimas de corrupção).»


Cada vez mais portugueses acham que a corrupção aumentou e é prática “comum”

Revolution through evolution

A ‘thank you’ goes a long way in family relationships
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Honey added to yogurt supports probiotic cultures for digestive health
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Does Your Morning Java Protect Against Dementia?
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Classical music lifts our mood by synchronizing our ‘extended amygdala’
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Nature at risk in the hunt for the perfect selfie
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People really dislike mental effort
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Expert: Trump’s comments on Harris’ race part of a lineage of strategies that sow division to preserve white supremacy
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Dominguice

A inclusão do “breaking” como disciplina olímpica fez-me imaginar a realização dos Jogos Olímpicos em Portugal com o Comité Olímpico Internacional a aceitar como novas modalidades o Jogo do Pau, a Pega de Toiros e o Fado à Desgarrada. Haveria fatal polémica por causa dos bovinos, e os espanhóis veriam como provocação as lembranças de terem sido corridos a varapau nos idos de Aljubarrota, mas tudo acabaria por ser esquecido na inundação de bronzes, pratas e ouros que ficariam em solo pátrio.

Se a ideia for a de aumentar o rácio de medalhas nas próximas edições, não vejo melhor plano do que este.

Curso de ciência política

«0 conselheiro era um homem muito do século. O seu trato social, a frequencia dos círculos políticos e elegantes, haviam-lhe dado todas as boas e más qualidades, que caracterisam aquella classe de homens, e sabe-se que a candura de sentimentos não entra no numero das mais habituaes dessas qualidades. Tinha uma razão clara, mas fria; se abraçava uma boa causa, não o fazia cedendo ao enthusiasmo, mas somente depois de ponderar fleugmaticamente os fundamentos em que ella se baseava; assim era que, em politica, se costumara a contemporisar, espaçando a adopção de qualquer medida, inquestionavelmente boa, para tempos em que fôsse mais conveniente; não se apaixonava por utopias, desconfiava d'ellas; havia muito tempo que desviára dos olhos o prisma encantado, através do qual olham o mundo os poetas e todos os mais sonhadores; costumára-se a marcar por modelo, nas differentes carreiras da vida, não um typo ideal, dotado de todas as virtudes, limpo de todos os defeitos e vicios; assentára a menor altura o alvo; parecia-lhe que bom fito eram já os indivíduos que tinham conseguido maior consideração na sua classe; as maculas que elles tivessem, eram, por esse facto, maculas auctorisadas. O pensar de outro modo era pensar de romance; agradavel para entreter, porém mau nas applicações ás coisas da vida. N'uma palavra, o conselheiro era um homem de bem, mas na esphera mundana; não um d'aquelles typos de pureza crystallina, através da qual parece passarem sem desvio os raios da luz celeste; mas já um tanto embaciado do bafo, social, que não o fazia ainda totalmente opaco.»


A Morgadinha dos Canaviais_Júlio Dinis_1868

Revolution through evolution

Fragile and complex, female friendships hinge on the three S’s, a new book says
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Judging your own happiness could backfire
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Losing a loved one may speed up aging
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New clues point towards how exercise reduces symptoms of depression
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‘Holiday’ or ‘Vacation’: Similar language leads to more cooperation
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What if the ‘Market Economy’ always existed?
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Feeling judged by your doctor? You might be right
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Dominguice

Se nos fosse dado o poder de mudar algo no nosso passado ou no nosso futuro, mas só uma das opções, qual escolher? Qualquer das decisões implica um risco dilacerante: o do arrependimento. Mudar o passado parece mais seguro, porque o conhecemos. Mudar o futuro parece mais promissor, porque o imaginamos. O arrependimento na escolha do passado poderia vir da constatação de que ficou tudo na mesma. O arrependimento na escolha do futuro poderia vir da consciência de que poderia ser melhor.

A pensar morreu um burro.

Exactissimamente

«Talvez esteja na hora de a Assembleia da República parar para pensar. Fazer uma avaliação das comissões de inquérito realizadas nos últimos anos e avaliar se, com elas, foi efetivamente realizado um escrutínio da atividade governativa ou se serviram sobretudo para alimentar espetáculos mediáticos que criam reputações individuais muitas vezes à custa da judicialização populista da vida política.»


Maria de Lurdes Rodrigues

Pergunta para queijinho

A Hungria, um país com uma população idêntica à de Portugal, já leva 4 medalhas* nestes Jogos Olímpicos, 1 das quais de ouro. Qual a razão ou razões para Portugal ter tão poucos atletas, e ainda menos atletas de alto nível, e ainda ainda menos atletas medalhados nos Jogos Olímpicos?

 

  1. Falta de investimento/patrocínios
  2. Uma política de educação que não valoriza a prática de desportos
  3. Políticas autárquicas não voltadas para essas actividades
  4. Famílias que preferem frequentar os centros comerciais aos domingos a ir praticar desporto com os filhos
  5. A falta de instalações desportivas
  6. Ideia de que os outros são malucos e nós não
  7. Nós (99,9%) os tugas não gostarmos de testar limites
  8. A excessiva qualidade das nossas televisões
  9. O clima
  10. O excesso de imigrantes
  11. O preço das casas
  12. O imperialismo americano

*Na primeira versão deste artigo indiquei erradamente, com base numa informação mal confirmada, um número de medalhas muito superior (27), obviamente impossível nesta fase. Fica a correcção.

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