Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão. Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.
Frequentemente (a natureza humana é cruel), os que são cevados com gostosa carniça, ora pelos poderosos na política ora pelos poderosos do Capital (etcétera), dedicam-se a metafisicar sobre a existência humana, mas arredando para longínquas distâncias, à biqueirada, as verdadeiras contradições nas sociedades, que o homem e a mulher, a cada cagagésimo de segundo do seu presente em imparável mutação, procuram ultrapassar, eliminando umas, privilegiando as secundárias e, assim, sucessivamente……, a muito, muito, custo – nunca saberemos o que nos vai acontecer.
Aqueles, os bem cevados….., os que se arvoram portadores de soluções salvadoras dos oprimidos e explorados, mas sempre na pele de cachorros, cachorrinhos, dos que fazem ão-ão e dos que fazem béu-bé. Os tais Fiéis Amigos.
Fico por aqui, senão ainda escrevo o estupor do livro. O mais certo era ser editado post mortem.
————————-
Deixo aqui o link sobre o desespero de um grande democrata dos states, Robert Reich, que tem a particularidade de tocar em alguns aspetos de mobilização do povo que estão completamente arredios da luta política em Portugal. E que urge ressuscitar para travar a canalha. Os partidos que se dizem defensores do povo deviam ler este escrito de R.Reich, quando ele apela à organização e mobilização da sociedade civil. Lembro, mais uma vez, um exemplo paradigmático. Um partido, o PS, numa freguesia com cerca de 100 mil habitantes na área metropolitana de Lisboa, há muito que deixou de ter casa para os militantes e simpatizantes se reunirem e debaterem. Está tudo entregue aos media e, sobre isso, Robert diz:
“….the mainstream media can’t abide a love fest for long. They have to sell advertising and eyeballs, so they’ll soon turn contrarian — reporting Republican-generated opposition research about Harris.”
A do vídeo do Post diz: “Tentei uma coisa nova … Olhem o que saiu”.
Arte é «tentar uma coisa nova, e contemplar o resultado»?
Post-Scriptum para o Reich:
O actual PS (do incapaz PNS e respectiva direção e comissão política) estão a ser derrotados pelo Montenegro e acólitos sem apelo nem agravo.
Onde o PS foi buscar tamanhos e tamanhas aselhas?
não Imp , isto não é arte , são trabalhos manuais , algo completamente diferente.
Esse “diferente” deixa-me a pensar, Yo.
Em que consistirá essa «diferença»…?
a diferença é que eu , pessoa sem talento e muito menos génio artístico ou de qualquer outra categoria , posso aprender a fazer isso -:) -:)
Arte é uma obra feita por um indivíduo da espécie humana que os outros não conseguiram fazer até ao momento em que foi feita (Yo)
talvez , mas só penso em rubens , bernini e assim . podia passar a vida a aprender e a tentar que aposto que morria sem conseguir imitar uma única pincelada ou cinzelada deles. não é artista quem quer , é quem pode.
O que se mostra no vídeo é Dada, Dadaísmo. É antiarte. É um deixa cá ver o que é que isto dá. É como pontapear latas de tinta de cor diferente para um painel. Pode ficar giro. Trabalhos manuais, não. Cada um passa o tempo como quer. Desde que não prejudique os outros, porreiro. É Dada.
engraçado , nos entretantos com o Imp pensei no dadaísmo , que modernos que eles eram , esses artistas sem génio e talento , como uma fonte de donde não jorra água ( huxley)
mas continuo a pensar que são trabalhos manuais , tal e qual como o dada o era ( uma colagem de letras e palavras ao acaso ) , imitáveis por qualquer um.
não é preciso ter talento para fazer um vitral vulgar , uma peça de cerâmica vulgar , um tapete de arraiolos vulgar , uma camisola , uma serigrafia vulgar , etc . fiz isso tudo em miúda ,nas aulas de trabalhos manuais. e estavam bem giros. agora , arte ? não. não se ficava extasiado olhando para as minhas obras -:) -:) talvez os meus pais e acho que nem isso porque eram os dois artistas. a minha mãe com 3 traços desenhava a cara de qualquer um , não aprendeu nasceu assim…
Ao ler um dos milhões de artigos sobre a inteligência artificial (ou o que passa por IA, neste tempo ainda tão atrasado) e a tenebrosa possibilidade de passar a produzir os nossos livros, música, filmes, arte, dei comigo a pensar se não terá algo de bom. Não será mais… igualitário?
A yo, tal como eu e toda a gente, ficará sempre aquém de Rubens, Bernini e assim. E qual a justiça disso? Não é uma questão de interesse, de esforço ou mérito; apenas de talento. Que fizeram eles para merecê-lo, que são a mais do que v. ou do que eu? É como no desporto: podíamos treinar toda a vida e jamais corríamos tanto como Bolt. Sim, o mundo não é justo. Mas devia ser.
As máquinas podem, mais que reduzir estas diferenças naturais, torná-las inúteis: manias esquecidas dum passado competitivo, desigual, primitivo. Um chip pode tornar-nos todos Rubens, Bolts, o que quisermos. Isto arrepia muita gente, possivelmente também a si. Mas é isto evoluir.
Arte será, porque decidimos que é? E deixa de ser, porque decidimos que, não é?
O Impronuncialismo define Arte do seguinte modo:
— “ARTE, define-se como sendo aquilo que a afirmação de quem o afirma é. Logo, ARTE é aquilo que, de si, é considerado por alguém como sendo Arte. ARTISTA é quem intencionalmente se autodenomina «autor de Arte». O inverso, é aquilo que nem é Arte nem é Artista (mesmo que seja o mesmo ‘aquilo’)“ (Impronunciável)
A penúltima Exposição pública que o Impronuncialismo fez (com 24 objectos matéricos, que os seres-humanos puderam sensoriar e agarrar), de autoria do Impronunciável, decorreu em Lisboa, em 2012, na LxFactory e no exterior do Museu da Electricidade (Fundação EDP), intitulada “24 objetos impronunciáveis”.
Adiante, no comentário que farei, faço o ponto-de-situação das principais opiniões de aquilo que até hoje é considerado Arte.
Ao longo do percurso etno-histórico foram surgindo obras-de-Arte às quais se deram os seguintes nomes:
— Arte lítica, arte rupestre, românico, gótico, renascimento, barroco, rocócó, romantismo, impressionismo (1872), pós- e neo-impressionismo (1885), cubismo, futurismo, surrealismo, dadaísmo, suprematismo, expressionismo, expressionismo abstracto, video art, realismo, minimal art/minimalismo, neo-plasticismo, abstraction-création, espacialismo, nova escola de Paris, arte cinética, grupo zero, diferentes perspetivas da figuração, figuração existencialista, presentness is grace, colour field, descolagismo, neo-realismo/nouveau-réalisme, neodadaísmo, pop art, arte conceptual/conceptualismo, arte naif, new media art, pintura sistémica, abstracionismo, pós-minimalismo, corpo revolucionado, support-surface e bmpt, land art, arte povera, reincidência do género, apropriacionismo, fotografia-arte alemã, arte interativa, arte do objeto, arte auto-referenciada, body-art, ecletismo, happening, high and low (Hi «N» Lo), mixed media, neo-geo, new age, op-art, post human art, trash art, young british artists art (YBA), realismo traumático, discursos de alteridade, arte nómada (Kewara’s postcards 1965, R. Long, A. Cadere, R. Smithson), arte anti-estética (1983, Hal Foster, Craig Owens, Douglas Crimp, Benjamin Buchloh), arte digital, arte atual, «art brut», «arte adventícia», «arte ansiosa», «geek art», «street art», «pós-pop», «energismo» (S.R. Pansera, 2011), ‘impronuncialismo’ (‘Impronunciável’, 2012, “24 objetos impronunciáveis”, ‘LxFactory’, Lisboa), acasionismo (Kevin Nguyen e T.J Khayatan, 2016, “óculos no chão para observar a reacção dos outros visitantes”, Museu de Arte Moderna de São Francisco), deepFake art (“This Person Does Not Exist”, Phillip Wang, 2018), imaterialismo/intencionalismo (Salvatore Garau, “Eu Sou”, 29/5/2021).
E o mais que vier.
Todas as escolas e estilos de Arte foram acusados de não-Arte. No entanto, não é por isso que, na História da Arte, não deixaram de ser, hoje, consideradas Arte.
Quais são as definições e conceitos de objeto-de-arte que foram surgindo no decurso da História da Arte?
1 – A Arte é uma “forma estética” (C. Bell)?
2 – A Arte é uma “expressão e sentimento estético” (R.G. Collingwood)?
3 – A Arte é uma “essência ou estrutura do invisível estético-artístico” (Nietzsche, Adorno, Heidegger, W. Benjamin, M. Mandelbaum, J. Lichtenstein)?
4 – A Arte é “uma forma de conhecimento derivada da intuição”, algo divino ou numinoso (Rudolf Otto. K. Pomian)?
5 – A Arte é «uma expressão com uma utilidade e função, concretamente, a capacidade de comunicar sentimentos que contribuam para a união das pessoas e para o aperfeiçoamento moral de toda a comunidade» (Tolstoi)?
6 – A Arte não é nenhuma dessas definições baseadas na “essência”, “impulso estético”, ou “propriedade universal”; é, diferentemente disso, uma relação de semelhança e analogia com o real (Wittgenstein, Weitz)?
7 – A Arte é aquilo que os “mundos-da-arte” e os “contextos institucionais” dizem que ela é (Beardsley, Dickie, Danto, Stolnitz, Goodman)?
8 – A Arte é uma «transgressão sistemática das normas da Tradição ou do status quo»?
9 – A Arte, e a sua originalidade, devem ser «definidas pelo grau de indignação causado no recetor/consumidor/destinatário»?
10 – A Arte é um «jogo de comunicação entre o autor e o receptor, e entre a coisa e a sociedade»?
11 – A Arte será o Belo, o Sublime, o Transcendente, o Indefinido, o Inenarrável-Inumerável?
12 – A Arte será o estético, como afirmou Kant em “Crítica da Faculdade do Juízo Estético”, concretamente, “uma experiência estética baseada no exercício da fantasia criativa, em que a liberdade de imaginação e de compreensão conduz a um jogo de identificação e des-identificação, uma ambiguidade semântica que produz um deleite estético universal” (Kant)?
13 – A Arte será o «anti-estético» (1983, Hal Foster, Craig Owens, Douglas Crimp, Benjamin Buchloh)?
14 – A Arte será um impulso humano universal, para preencher o sentimento de vazio e absurdo existencial (horror vacui), e uma forma de proteção contra isso? A Arte será o resultado de uma mentalidade colectiva (“Kunstwollen”, “art drive”) no sentido de Willhelm von Humbolt, uma espécie de psicologia colectiva (Alois Riegel)?
15 – A Arte será a «Alteridade em si mesma», apenas uma sucessão de ‘diferenças’ (ou ‘margens’) em relação ao que foi feito, e ao que será possível fazer (Hal Foster, Alois Riegl)?
16 – A Arte será «imaginar qualquer coisa que ainda não existe» (C.Esche)?
17 – A Arte será um «comportamento cognitivo» (Nicolas Journet)?
18 – A Arte poderá ser reduzida fenomenologicamente a uma ‘visualidade’ e à “Visual Culture”, em que a opacidade do observador é a condição necessária para o aparecimento de fenómenos, como afirmou Goethe (T. Carlyle, J. Crary, J. Rancière, James Elkins, N. Mirzoeff, R. Grusin, W. Ong, Robert Ryman)?
19 – A Arte será uma transição do tacto para a visão? Haverá no acto de fazer Arte uma relação corporal e gestual com o resultado desse fazer, impossível de captar pela racionalidade e pela descrição objectiva, matemática e positivista (August Schmarsow)?
20 – A Arte será uma «etnografia» de aquilo que o ‘humano’ é (Hal Foster, 1996, “The Artist as Ethnographer”; Mark Dion, Jimmie Durham, Fred Wilson, James Luna, Renée Green)?
21 – A Arte será uma «antropologia» (Aby Warburg, Heinrich Wölfflin, Willhelm Worringer, Susan Hiller)?
22 – A Arte será um meio de se passar da natureza à cultura, da animalidade à humanidade, em que a «propensão para o ornamento» e o «impulso decorativo» servem de mediadores (Hegel, F.Schiller, Carl Boetticher, Karl Rosenkranz, Eduard Hanslick, Robert Zimmermann, Gottfried Semper, Owen Jones)?
23 – Arte, seremos Nós (Heidegger)?
24 – A Arte será impossível de historiar, pois provem de um impulso universal comum a todos os seres da espécie humana desde o início (Donald Prezioni, Victor Burgin, Hans Belting, Hans Haacke, Marcel Broodthaers)? Como a «instantaneidade desse sentimento estético» pode ter história se é comum a todos os seres-humanos desde o seu início? A ‘história da Arte’ não passa de uma ideia influenciada pela ideia de ‘evolução’ e da procura das ‘origens’ (Hegel, Matthew Rampley)?
25 – A Arte será «um modo de investigar e experimentar as ‘coisas’»?
26 – Arte será, porque decidimos que é? E deixa de ser, porque decidimos que não é?
27 – A Arte é algo independente da ‘humanidade’ (da actual espécie dita ‘humana’), ou está encarcerada nela?
28 – Arte é uma obra feita por um indivíduo da espécie humana que os outros não conseguiram fazer até ao momento em que foi feita (Yo, 5/08/2024)
TERÃO RAZÃO, TODAS ESTAS RAZÕES?
o Filipe…santa paciência , a massificação da arte já é o que é , isso então era acabar completamente com a possibilidade de nos maravilharmos dado passar a ser uma coisa corriqueira. eu convivo bem com as diferenças naturais , são fonte de uma divertida diversidade.
De facto, ao percorrer as definições e conceitos de Arte, constactamos que YO introduziu uma nova perspectiva.
O que prova que é possível criar «O QUE HÁ-DE VIR» no Presente. E que, nada está estabelecido de modo definitivo e absoluto. A capacidade de criar o «novo» está disponível para o actual ser-humano.
A única diferença é, que, agora, ao termos transferido muito do que fazíamos para a ‘máquina’ (neste caso, para sintetizarmos as teorias e conceitos de Arte teríamos que ler, interpretar e resumir mais de 500 livros; coisa que a ‘máquina’ faz em poucos minutos) o nosso cérebro passa a gastar a energia a discernir os ‘tipos lógicos e os níveis de complexidade’, em vez de ‘memorizar’. Ou seja, estamos a pressionar o cérebro para uma outra ‘especialização’.
«eu convivo bem com as diferenças naturais , são fonte de uma divertida diversidade.»
Sim, yo, vive la différence e tudo isso. Mas é uma questão de prioridades; nem toda a diversidade é útil, justa ou sequer divertida. É como a desigualdade: quem a defende geralmente não tem grande razão de queixa. Também consigo achar certa piada às dores de dentes, quando as não tenho.
A natureza é, do nosso ponto de vista, intrinsecamente injusta, competitiva, impiedosa. A distribuição do talento é um de muitos exemplos disso. Durante muito tempo nada pudemos fazer a respeito; mas cada vez podemos – e, a meu ver, devemos – fazer mais. É isso evoluir; é isso ser humano.
Frequentemente (a natureza humana é cruel), os que são cevados com gostosa carniça, ora pelos poderosos na política ora pelos poderosos do Capital (etcétera), dedicam-se a metafisicar sobre a existência humana, mas arredando para longínquas distâncias, à biqueirada, as verdadeiras contradições nas sociedades, que o homem e a mulher, a cada cagagésimo de segundo do seu presente em imparável mutação, procuram ultrapassar, eliminando umas, privilegiando as secundárias e, assim, sucessivamente……, a muito, muito, custo – nunca saberemos o que nos vai acontecer.
Aqueles, os bem cevados….., os que se arvoram portadores de soluções salvadoras dos oprimidos e explorados, mas sempre na pele de cachorros, cachorrinhos, dos que fazem ão-ão e dos que fazem béu-bé. Os tais Fiéis Amigos.
Fico por aqui, senão ainda escrevo o estupor do livro. O mais certo era ser editado post mortem.
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Deixo aqui o link sobre o desespero de um grande democrata dos states, Robert Reich, que tem a particularidade de tocar em alguns aspetos de mobilização do povo que estão completamente arredios da luta política em Portugal. E que urge ressuscitar para travar a canalha. Os partidos que se dizem defensores do povo deviam ler este escrito de R.Reich, quando ele apela à organização e mobilização da sociedade civil. Lembro, mais uma vez, um exemplo paradigmático. Um partido, o PS, numa freguesia com cerca de 100 mil habitantes na área metropolitana de Lisboa, há muito que deixou de ter casa para os militantes e simpatizantes se reunirem e debaterem. Está tudo entregue aos media e, sobre isso, Robert diz:
“….the mainstream media can’t abide a love fest for long. They have to sell advertising and eyeballs, so they’ll soon turn contrarian — reporting Republican-generated opposition research about Harris.”
https://www.msn.com/en-us/news/opinion/robert-b-reich-why-we-need-nauseous-optimism/ar-AA1ogpdu?ocid=BingNewsSerp
Será este?
https://robertreich.substack.com/p/bliss
Será Arte?
O que é a Arte?
A do vídeo do Post diz: “Tentei uma coisa nova … Olhem o que saiu”.
Arte é «tentar uma coisa nova, e contemplar o resultado»?
Post-Scriptum para o Reich:
O actual PS (do incapaz PNS e respectiva direção e comissão política) estão a ser derrotados pelo Montenegro e acólitos sem apelo nem agravo.
Onde o PS foi buscar tamanhos e tamanhas aselhas?
não Imp , isto não é arte , são trabalhos manuais , algo completamente diferente.
Esse “diferente” deixa-me a pensar, Yo.
Em que consistirá essa «diferença»…?
a diferença é que eu , pessoa sem talento e muito menos génio artístico ou de qualquer outra categoria , posso aprender a fazer isso -:) -:)
Arte é uma obra feita por um indivíduo da espécie humana que os outros não conseguiram fazer até ao momento em que foi feita (Yo)
talvez , mas só penso em rubens , bernini e assim . podia passar a vida a aprender e a tentar que aposto que morria sem conseguir imitar uma única pincelada ou cinzelada deles. não é artista quem quer , é quem pode.
O que se mostra no vídeo é Dada, Dadaísmo. É antiarte. É um deixa cá ver o que é que isto dá. É como pontapear latas de tinta de cor diferente para um painel. Pode ficar giro. Trabalhos manuais, não. Cada um passa o tempo como quer. Desde que não prejudique os outros, porreiro. É Dada.
engraçado , nos entretantos com o Imp pensei no dadaísmo , que modernos que eles eram , esses artistas sem génio e talento , como uma fonte de donde não jorra água ( huxley)
mas continuo a pensar que são trabalhos manuais , tal e qual como o dada o era ( uma colagem de letras e palavras ao acaso ) , imitáveis por qualquer um.
não é preciso ter talento para fazer um vitral vulgar , uma peça de cerâmica vulgar , um tapete de arraiolos vulgar , uma camisola , uma serigrafia vulgar , etc . fiz isso tudo em miúda ,nas aulas de trabalhos manuais. e estavam bem giros. agora , arte ? não. não se ficava extasiado olhando para as minhas obras -:) -:) talvez os meus pais e acho que nem isso porque eram os dois artistas. a minha mãe com 3 traços desenhava a cara de qualquer um , não aprendeu nasceu assim…
experiência estética . sente alguma coisa vendo isso? aposto que não.
«não é artista quem quer , é quem pode.»
Ao ler um dos milhões de artigos sobre a inteligência artificial (ou o que passa por IA, neste tempo ainda tão atrasado) e a tenebrosa possibilidade de passar a produzir os nossos livros, música, filmes, arte, dei comigo a pensar se não terá algo de bom. Não será mais… igualitário?
A yo, tal como eu e toda a gente, ficará sempre aquém de Rubens, Bernini e assim. E qual a justiça disso? Não é uma questão de interesse, de esforço ou mérito; apenas de talento. Que fizeram eles para merecê-lo, que são a mais do que v. ou do que eu? É como no desporto: podíamos treinar toda a vida e jamais corríamos tanto como Bolt. Sim, o mundo não é justo. Mas devia ser.
As máquinas podem, mais que reduzir estas diferenças naturais, torná-las inúteis: manias esquecidas dum passado competitivo, desigual, primitivo. Um chip pode tornar-nos todos Rubens, Bolts, o que quisermos. Isto arrepia muita gente, possivelmente também a si. Mas é isto evoluir.
Arte será, porque decidimos que é? E deixa de ser, porque decidimos que, não é?
O Impronuncialismo define Arte do seguinte modo:
— “ARTE, define-se como sendo aquilo que a afirmação de quem o afirma é. Logo, ARTE é aquilo que, de si, é considerado por alguém como sendo Arte. ARTISTA é quem intencionalmente se autodenomina «autor de Arte». O inverso, é aquilo que nem é Arte nem é Artista (mesmo que seja o mesmo ‘aquilo’)“ (Impronunciável)
A penúltima Exposição pública que o Impronuncialismo fez (com 24 objectos matéricos, que os seres-humanos puderam sensoriar e agarrar), de autoria do Impronunciável, decorreu em Lisboa, em 2012, na LxFactory e no exterior do Museu da Electricidade (Fundação EDP), intitulada “24 objetos impronunciáveis”.
Adiante, no comentário que farei, faço o ponto-de-situação das principais opiniões de aquilo que até hoje é considerado Arte.
Ao longo do percurso etno-histórico foram surgindo obras-de-Arte às quais se deram os seguintes nomes:
— Arte lítica, arte rupestre, românico, gótico, renascimento, barroco, rocócó, romantismo, impressionismo (1872), pós- e neo-impressionismo (1885), cubismo, futurismo, surrealismo, dadaísmo, suprematismo, expressionismo, expressionismo abstracto, video art, realismo, minimal art/minimalismo, neo-plasticismo, abstraction-création, espacialismo, nova escola de Paris, arte cinética, grupo zero, diferentes perspetivas da figuração, figuração existencialista, presentness is grace, colour field, descolagismo, neo-realismo/nouveau-réalisme, neodadaísmo, pop art, arte conceptual/conceptualismo, arte naif, new media art, pintura sistémica, abstracionismo, pós-minimalismo, corpo revolucionado, support-surface e bmpt, land art, arte povera, reincidência do género, apropriacionismo, fotografia-arte alemã, arte interativa, arte do objeto, arte auto-referenciada, body-art, ecletismo, happening, high and low (Hi «N» Lo), mixed media, neo-geo, new age, op-art, post human art, trash art, young british artists art (YBA), realismo traumático, discursos de alteridade, arte nómada (Kewara’s postcards 1965, R. Long, A. Cadere, R. Smithson), arte anti-estética (1983, Hal Foster, Craig Owens, Douglas Crimp, Benjamin Buchloh), arte digital, arte atual, «art brut», «arte adventícia», «arte ansiosa», «geek art», «street art», «pós-pop», «energismo» (S.R. Pansera, 2011), ‘impronuncialismo’ (‘Impronunciável’, 2012, “24 objetos impronunciáveis”, ‘LxFactory’, Lisboa), acasionismo (Kevin Nguyen e T.J Khayatan, 2016, “óculos no chão para observar a reacção dos outros visitantes”, Museu de Arte Moderna de São Francisco), deepFake art (“This Person Does Not Exist”, Phillip Wang, 2018), imaterialismo/intencionalismo (Salvatore Garau, “Eu Sou”, 29/5/2021).
E o mais que vier.
Todas as escolas e estilos de Arte foram acusados de não-Arte. No entanto, não é por isso que, na História da Arte, não deixaram de ser, hoje, consideradas Arte.
Quais são as definições e conceitos de objeto-de-arte que foram surgindo no decurso da História da Arte?
1 – A Arte é uma “forma estética” (C. Bell)?
2 – A Arte é uma “expressão e sentimento estético” (R.G. Collingwood)?
3 – A Arte é uma “essência ou estrutura do invisível estético-artístico” (Nietzsche, Adorno, Heidegger, W. Benjamin, M. Mandelbaum, J. Lichtenstein)?
4 – A Arte é “uma forma de conhecimento derivada da intuição”, algo divino ou numinoso (Rudolf Otto. K. Pomian)?
5 – A Arte é «uma expressão com uma utilidade e função, concretamente, a capacidade de comunicar sentimentos que contribuam para a união das pessoas e para o aperfeiçoamento moral de toda a comunidade» (Tolstoi)?
6 – A Arte não é nenhuma dessas definições baseadas na “essência”, “impulso estético”, ou “propriedade universal”; é, diferentemente disso, uma relação de semelhança e analogia com o real (Wittgenstein, Weitz)?
7 – A Arte é aquilo que os “mundos-da-arte” e os “contextos institucionais” dizem que ela é (Beardsley, Dickie, Danto, Stolnitz, Goodman)?
8 – A Arte é uma «transgressão sistemática das normas da Tradição ou do status quo»?
9 – A Arte, e a sua originalidade, devem ser «definidas pelo grau de indignação causado no recetor/consumidor/destinatário»?
10 – A Arte é um «jogo de comunicação entre o autor e o receptor, e entre a coisa e a sociedade»?
11 – A Arte será o Belo, o Sublime, o Transcendente, o Indefinido, o Inenarrável-Inumerável?
12 – A Arte será o estético, como afirmou Kant em “Crítica da Faculdade do Juízo Estético”, concretamente, “uma experiência estética baseada no exercício da fantasia criativa, em que a liberdade de imaginação e de compreensão conduz a um jogo de identificação e des-identificação, uma ambiguidade semântica que produz um deleite estético universal” (Kant)?
13 – A Arte será o «anti-estético» (1983, Hal Foster, Craig Owens, Douglas Crimp, Benjamin Buchloh)?
14 – A Arte será um impulso humano universal, para preencher o sentimento de vazio e absurdo existencial (horror vacui), e uma forma de proteção contra isso? A Arte será o resultado de uma mentalidade colectiva (“Kunstwollen”, “art drive”) no sentido de Willhelm von Humbolt, uma espécie de psicologia colectiva (Alois Riegel)?
15 – A Arte será a «Alteridade em si mesma», apenas uma sucessão de ‘diferenças’ (ou ‘margens’) em relação ao que foi feito, e ao que será possível fazer (Hal Foster, Alois Riegl)?
16 – A Arte será «imaginar qualquer coisa que ainda não existe» (C.Esche)?
17 – A Arte será um «comportamento cognitivo» (Nicolas Journet)?
18 – A Arte poderá ser reduzida fenomenologicamente a uma ‘visualidade’ e à “Visual Culture”, em que a opacidade do observador é a condição necessária para o aparecimento de fenómenos, como afirmou Goethe (T. Carlyle, J. Crary, J. Rancière, James Elkins, N. Mirzoeff, R. Grusin, W. Ong, Robert Ryman)?
19 – A Arte será uma transição do tacto para a visão? Haverá no acto de fazer Arte uma relação corporal e gestual com o resultado desse fazer, impossível de captar pela racionalidade e pela descrição objectiva, matemática e positivista (August Schmarsow)?
20 – A Arte será uma «etnografia» de aquilo que o ‘humano’ é (Hal Foster, 1996, “The Artist as Ethnographer”; Mark Dion, Jimmie Durham, Fred Wilson, James Luna, Renée Green)?
21 – A Arte será uma «antropologia» (Aby Warburg, Heinrich Wölfflin, Willhelm Worringer, Susan Hiller)?
22 – A Arte será um meio de se passar da natureza à cultura, da animalidade à humanidade, em que a «propensão para o ornamento» e o «impulso decorativo» servem de mediadores (Hegel, F.Schiller, Carl Boetticher, Karl Rosenkranz, Eduard Hanslick, Robert Zimmermann, Gottfried Semper, Owen Jones)?
23 – Arte, seremos Nós (Heidegger)?
24 – A Arte será impossível de historiar, pois provem de um impulso universal comum a todos os seres da espécie humana desde o início (Donald Prezioni, Victor Burgin, Hans Belting, Hans Haacke, Marcel Broodthaers)? Como a «instantaneidade desse sentimento estético» pode ter história se é comum a todos os seres-humanos desde o seu início? A ‘história da Arte’ não passa de uma ideia influenciada pela ideia de ‘evolução’ e da procura das ‘origens’ (Hegel, Matthew Rampley)?
25 – A Arte será «um modo de investigar e experimentar as ‘coisas’»?
26 – Arte será, porque decidimos que é? E deixa de ser, porque decidimos que não é?
27 – A Arte é algo independente da ‘humanidade’ (da actual espécie dita ‘humana’), ou está encarcerada nela?
28 – Arte é uma obra feita por um indivíduo da espécie humana que os outros não conseguiram fazer até ao momento em que foi feita (Yo, 5/08/2024)
TERÃO RAZÃO, TODAS ESTAS RAZÕES?
o Filipe…santa paciência , a massificação da arte já é o que é , isso então era acabar completamente com a possibilidade de nos maravilharmos dado passar a ser uma coisa corriqueira. eu convivo bem com as diferenças naturais , são fonte de uma divertida diversidade.
De facto, ao percorrer as definições e conceitos de Arte, constactamos que YO introduziu uma nova perspectiva.
O que prova que é possível criar «O QUE HÁ-DE VIR» no Presente. E que, nada está estabelecido de modo definitivo e absoluto. A capacidade de criar o «novo» está disponível para o actual ser-humano.
A única diferença é, que, agora, ao termos transferido muito do que fazíamos para a ‘máquina’ (neste caso, para sintetizarmos as teorias e conceitos de Arte teríamos que ler, interpretar e resumir mais de 500 livros; coisa que a ‘máquina’ faz em poucos minutos) o nosso cérebro passa a gastar a energia a discernir os ‘tipos lógicos e os níveis de complexidade’, em vez de ‘memorizar’. Ou seja, estamos a pressionar o cérebro para uma outra ‘especialização’.
«eu convivo bem com as diferenças naturais , são fonte de uma divertida diversidade.»
Sim, yo, vive la différence e tudo isso. Mas é uma questão de prioridades; nem toda a diversidade é útil, justa ou sequer divertida. É como a desigualdade: quem a defende geralmente não tem grande razão de queixa. Também consigo achar certa piada às dores de dentes, quando as não tenho.
A natureza é, do nosso ponto de vista, intrinsecamente injusta, competitiva, impiedosa. A distribuição do talento é um de muitos exemplos disso. Durante muito tempo nada pudemos fazer a respeito; mas cada vez podemos – e, a meu ver, devemos – fazer mais. É isso evoluir; é isso ser humano.