A ideia de que impedindo a leitura livre dos jornais e revistas, entretanto transformados em conteúdos digitais, se iria salvar a imprensa como negócio é quimérica. A frustração da curiosidade não leva ninguém a comprar esses produtos, primeiro, nem leva ninguém a anunciar nesses meios, depois. É uma decisão irracional equivalente à do afogado que agride o salvador na confusão e desespero em que se encontra. Pura e simplesmente, o próprio conceito de jornal e revista deixaram de ter eficácia comunicacional num ecossistema saturado de informação e ofertas lúdicas gratuitas. Isto é óbvio, por que raio insistem em fingir que ainda estamos em 1994?
Para dar dinheiro a um jornal como se dá à Netflix, a um ginásio e num restaurante é preciso que o produto seja apetecível em 2024 e seguintes. O jornalismo português não o é, o comentariado idem. Não são as notícias enquanto notícias que interessam ao ponto de querer pagar, é o que cada um pode fazer com elas. Tem de se inventar um novo serviço onde o jornalismo seja personalizável, pá.
O COMENTARIADO contribuiu para destruir a credibilidade dos JORNALISTAS, enquanto mediadores da informação para as pessoas comuns e anónimas (ditas, «consumidores que costumavam pagar as notícias e jornais»). Por ser feito, sempre, por figurões e matrafonas bem-instalados no status quo, que escrevem bem e têm uma carreira no institucionalismo intelectual, literário e científico.
Logo, a crise está na MEDIAÇÃO. Na mudança de credibilidade por parte dos leitores em relação aos Jornalistas. Actualmente, nenhum leitor aceita como «mediador e interpretador das notícias e factos do mundo» outra pessoa que não seja ele próprio; ou, cujo resultado final da notícia não seja parte da sua intervenção. É por isso que, actualmente, os Media abrem uma «caixa de comentários» para a turbamulta anónima. Se não os abrissem, os leitores mudavam imediatamente de Media, e iam à procura do sítio onde podiam participar no «resultado final da notícia».
Assim sendo, a configuração de um Media, para ter êxito junto dos leitores, terá actualmente de incluir esta parte da participação dos leitores. Uma ‘Ágora’, como no tempo da Hélade.
POR OUTRO LADO, a crise, não está na mudança de suporte (de ‘papel’ para a ‘quântica digital’). Porque os conteúdos são sempre os mesmos, e têm de ser sempre os mesmos. Já que, têem sempre de responder àquilo que está nas entranhas da natureza humana e da saga da Vida. Que é sempre a mesma coisa. Uma tragicomédia entre: amor/ódio, paz/guerra, bem/mal, profundo/supérfluo, banal/essencial, raiva/perdão, destruir/sonhar, lixo/pureza, futebol/religião, conhecimento/sofisma, dúvida/certeza, belo/hediondo, sangue/cicatriz, tudo/nada, certo/errado, etc.).
Os CONTEÚDOS terão sempre de construir, ‘a priori’, esse cenário-contexto humano, tragicómico, seja no papel ou no digital. Essa é a condição para terem compradores (leitores).
Os JORNALISTAS, de ‘autores’, terão de passar a ser ‘encenadores’ (de conspirações, de mistérios insondáveis, de maravilhas irrealizáveis, e outras destas coisas irresistíveis para os leitores). Perdendo com isso a posse do «resultado final das notícias» (um pouco como acontece aqui no ‘Aspirinas B’).
Os Jornalistas não podem ser sempre um dos lados da saga humana (a da sua preferência ideológica, política ou intelectual), têm, na actualidade, de ser promotores desse cenário a priori, de uma tragicomédia dual entre os opostos em permanente conflito.
Os Jornalistas não podem continuar a ‘não ser’ ou a ‘ser’. De modo diferente, têm de passar a estar num patamar lógico acima dessa tragicomédia. Na qual, no primeiro Acto, tem de ser «faca na liga e sangue no alguidar»; no segundo Acto, ser «arrependimento e culpa»; e no Acto final, «dizer que a história segue nos episódios que em breve hão-de vir».
Ou seja, um jogo sem fim, entre o mesmo e o mesmo.
Valupi,
De onde vem essa ideia peregrina de que o negocio dos jornais e vender noticias?
A comunicação social Portuguesa é controlada pelos liberais/maçonaria, revistas e jornais em Portugal são veículos de mentiras, desinformação, fabricação de factos, e de propaganda liberal/maçónica, onde impera a mediocridade.
O Jornalismo livre, independente, variado, com conteúdos de interesse e imparcial – como existiu durante o Estado Novo e até ao fim do Século XX – foi completamente destruído, assim como a profissão de Jornalista que também já não existe, foi feita extinguir e substituída por “licenciaturas” em “jornalismo” ou “ciências” da “comunicação”, quando bastaria somente e como sempre foi saber ler e escrever correctamente e ter perfil para a profissão de Jornalista para obter a Carteira e começar a trabalhar e aprender.
Quem comprava jornais e revistas era Classe-Média Portuguesa que desde 2012 se vê submetida ao desemprego, pobreza, e miséria, pelas más políticas intencionais praticadas pelos Governos do dr. Pedro Coelho e que tiveram e têm continuidade nos Governos do dr. António Costa e dr. Luís Esteves, com o objectivo de a destruir.
“Um pouco como acontece aqui no Aspirina B”, quase todo preenchido pela incontinência verbal do Impronunciavel, tornando a página tão desinteressante, que conseguiu afastar dela quase toda a gente de qualidade.
Ao Valupi também só lhe resta fugir!
o preenchimento de Husserl
O preenchimento nunca está preenchido.
Há sempre espaço para todos que o queiram preencher.
Isso, de que uma coisa está preenchida, é uma mentira (ou um erro) de quem não tem nada para pôr no preenchimento.
A culpa, no preenchimento, não é de quem preenche. É de quem não preenche.
Neste caso a loquacidade do IMP complementa bem os truísmos do postal do volupi: sim, o modelo dos jornais e revistas esgotou-se (não o do jornalismo, que já há muito não existia), mas o IMP enfatiza bem que isso se deve não só à ubiquidade e gratuitidade da internet como também à falência – deontológica, intelectual, moral – dos gatekeepers: os jornalistas e os comentadeiros.
Porque hei-de pagar para ler avençados, tachistas, spin doctors e capachos de mamões cujo ‘trabalho’ é pensar por mim e impingir-me tudo mastigado e pronto a engolir? Tirando um ou outro, como o direitalha Alberto Gonçalves, já nem escrevem bem; é tudo palha vinda do chatGTP.
Não sei o que será o “jornalismo personalizável” de que fala o volupi, ele não explica, mas o IMP diz algo que os donos dos blogs – tal como os dos jornais – nunca admitem: se a plebe que eles tanto odeiam não puder comentar, interagir, a coisa não funciona. Já ninguém está para isso.
Quem fecha comentários perde sempre. O génio já não volta para a garrafa.
Informar, que Real, por quem?
Como ‘informar’, num mundo onde o ‘receptor’ (leitor, consumidor de notícias) passou a ter a consciência de que o Real é «uma representação mediada por uma interpretação»? E a ‘interpretação’ é sempre uma ‘decisão’, entre inúmeras possíveis, escolhida por alguém?
Como ‘informar’, num mundo em que todos têm consciência de que o Real (os factos, as coisas, a objectividade) é uma decisão, a um tempo, com toda a informação disponível até esse momento, para além da dúvida razoável derivada do limite e intenção de cada ‘pronunciador’ (informador, jornalista, cientista, político, padre, rico, pobre, ideólogo, faccioso, deste ou de aquele partido ou facção, puro, impuro, mentiroso, justo, manipulador, egoísta, altruísta, malandro, oportunista, mau, bom, etc.)?
Pensam que o povo é estupido! Dizem os figueiredos e os impronunciaveis.Claro que não porque bocezes sende iguales. Querem é futebois,copo 3 e cozido á tugalesa com muita morcela e xogizo de sangre e faginheira que nem sabem o que está dentro dessas merdas mas sabe bem e o que nao mata engorda e ainda sabe melhor quando feitos na aldeia enchidos por gajas que acabaram de mijar e cagar e limparam o cú e a cona á saia por falta de papel e inté se esqueceram ó despois de lavar as manapolas,sim o que é nacional é bom,viva a tugolandia xuxa! O figueiredo mistura liberalismo com mazonaria e o caralho…espliqa lá o que é o liberalismo…liberalismo pra ti são os parolos xuxas da iniziativa liberal certo? Já aviaste uma gamelada de dobrada e mão de vaca e uma litrada de carrascão como fazem os beatos parolos monarquicús do corta-fitas nas suas reuniões monarquienses a paparem as 5 doses de vacina covideira como sobremesa. Assustadores….o que interessa quem foram os reis,principes,camoezes,pessoas etc…da tugolandia,tudo isso é pó pázinhos…viva a radio observador,TSF,antena 1 e 2,cabo verde,angola,mozambique,s.tomé,guiné,brazil,senegal,marrocos,kebab,cáxupa,morna,sara tavares,fado bicha,rtp africa,catavento,isabel moreira,jornadas mundiais da juventude,genero coiso e tal,padralhada,monhas,louie Montexuxa,santos silva,ministerio da juventude e modernizacao,mortagua fabian,pan,taberna,arruaça,pimbalhada total,prisoes preventivas,bofia,identidade e residencia,prisao de inocentes santos,difamação,mamadu bite,certificado vacinal,etezetra…interminavel pazinhos…Viva a tugolandia terreola de finesse,samos os maiores da Óropa e muitos de nozes samos os maiores do munde com um baú cheio de medalhas de lata nos jogos oxuxas zogalheiros. Já xega ? Valupus espertalhão assalariado xuxa brm adormeces os figueiredos e impronunciaveis desta terrola, parabens ! Abrazos a tutti e hasta la vista ! No passarão los tintelhão !
Basilio el xuxalhote
Fugitivo do Impronunciável;
Subscrevo.
Grande parte dos “escribas” que por aqui nos deixavam algum produto de qualidade, deram à sola. Não tarda o Valupi vai ter que trespassar o palheiro ao Impronunciável, que passará a escrever para ele próprio.
«o preenchimento nunca está preenchido»
Desta vez vens com um argumento de um filósofo da chamada “Filosofia Continental” o qual deu origem à “fenomenologia que segundo ele teria de ser uma forma de ‘idealismo transcendental’.
Os filósofos analíticos, seus principais críticos, consideraram tal idealismo como:
“ab/usus e con/fusões de palavras que com neologismos inexplicáveis, ambiguidade deliberada e sobrecarga, atenuação ou esvaziamento de significados parece impressionista e escorregadio, a falta de clareza parece uma máscara da falta de clareza mental ou pior, uma pretensão de profundidade. Alguns autores continentais defenderão que o ‘problema é a linguagem e que estes truques pretendem atingir esse facto’.
E continuam:
“Se os enquadramentos conceptuais são enganadores devido a motivos secretos ou devido a raízes ou pressupostos secretos – secretos até para quem procura criticá-los, talvez – que promovem o tendenciosismo, isto é um facto de grande importância que exige clarificação e correção”.
E:
“Se tudo o que estivesse disponível como retificação fosse provocações e brincadeiras, jogos de palavras e simulacros, estaríamos muitíssimo mal”.
O filósofo analista, matemático Gottlob Frege como B.Russel, criticou-o por:
“tratar palavras, conceitos e objetos indiferentemente como ‘ideias’, mas com diferentes definições de ”ideia’ em diferentes contextos; por tratar ‘objetos’ por vezes como subjetivos e outra vezes não; por afirmar que os conceitos abstratos têm uma origem psicológica; e por afirmar que dois pensamentos podem ser numericamente distintos depois de todas as propriedades que os diferenciam terem sido eliminados.”
E:
“Husserl considerava que o projeto da (sua) ‘fenomenologia transcendental’ era uma nova ciência, e tinha a esperança de que os seus estudantes se lhe juntariam para a estabelecer; nenhum o fez, incluindo o seu estudante e assistente Heidegger, cuja deserção (do ponto de vista de Husserl) dessa tarefa foi um desapontamento para ele ”
Portanto, Husserl foi mais um idealista transcendental que jogou mão de conceitos-truques feitos de jogos de palavras, ambiguidades e obscuridades para atingir os seus pressupostos filosóficos para entendimento do mundo.
Não admira a leitura enlevada de Husserl pelo impronuncionalismo, pois, tal como este a “falta de clareza parece uma máscara da falta de clareza mental ou pior, uma pretensão de profundidade”
O Post é sobre o Jornalismo e os Media.
Não é sobre quem opina sobre o Post.
O que seria de esperar, era o preenchimento dos comentários com opiniões e contributos sobre o Post.
E depois, vêm para aqui gastar letras, a chamar aos outros aquilo que não fazem e são.
Contribuam. Escrevam sobre aquilo que o Post sugeriu a debate.
Por exemplo, a Informação é uma coisa (notícia) ou uma relação (um resultado inexistente sem a ligação entre um emissor e um receptor)? Dependendo da resposta à pergunta anterior, então, Informar exigirá actualmente ser mais «transmitir» ou ser mais «comunicar»? Em que medida estas escolhas influenciam o estado actual do Jornalismo e dos Media?
Questões concretas, e assuntos relacionados com o Post? Nada (excepto, duas excelente excepções). Os maldizentes do costume não dizem nada, não imanam mensagens, apenas quererem matar os mensageiros. Isto é, queriam ficar na banheira, uns com os outros, a tomarem sempre o mesmo banhinho morno.
É caso para dizer: Tristes tigres de papel, que vos esfumais nas pronuncias fátuas…
“Estado compra ações da Global Media e fica com 95,9% da Agência Lusa
Estado fica detentor de 95,9% da Agência Lusa num acordo que foi assinado nas instalações da própria Lusa, em Lisboa. Luís Montenegro retomou negócio que António Costa pretendia fechar.”
https://observador.pt/2024/07/31/estado-compra-acoes-da-global-media-e-fica-com-959-da-agencia-lusa/
vamos comprar jornais para ???? mini resgate destes merdas e os políticos a mandar na lusa.
vendem a edp e compram a lusa , só visto.
O Montenegro apresentou-se às eleições com a promessa de que ia fazer uma «alteração estratégica» (nos impostos, nos rendimentos, na saúde, na educação, na habitação, etc.).
Mas, tal como fez Passos Coelho ao que disse após as eleições, não faz o que disse.
Montenegro copia e prossegue exactamente o mesmo que o PS de António Costa fez (finge diferir em pequenas minudências, para dar a imagem que é diferente).
O PedroNuno Santos não sabe o que há-de fazer, anda perdido, pois criticar Montenegro é criticar Costa, e isso divide o PS.
Quanto à compra do Estado de ‘Media’s, é o que fazem todos, desde a China até aos EUA, da Alemanha à Namíbia. Já na Monarquia os compravam… O Poder, desde o início da humanidade, não abdica de impedir o Povo a quatro substâncias: militar, judicial, economia, media.
O declínio dos jornais e televisões tradicionais acompanha o crescimento de produtos como o substack, onde os cidadãos pagam muito mais por texto lido. Os jornais tradicionais estão em declínio porque são cada vez menos pluralistas e cada vez mais instrumentos de propaganda. Acho melhor empregue o dinheiro de uma contribuição para o Estátua de Sal ou para o Public, de Michael Shellenberger, do que uma assinatura do Expresso ou do New York Times
“Quanto à compra do Estado de ‘Media’s, é o que fazem todos, desde a China até aos EUA, da Alemanha à Namíbia.”
a rússia, coreia do norte, cuba, venezuela e similares não servem de referência, porque os que realmente chateiam a liberdade de informar são os usa e a rfa.
qual o critério para as bacoradas pseudo científicas que aqui deixas diariamente? sabes ao menos quantos jornalistas foram presos, mortos ou perseguidos por motivos políticos na rússia e china comparativamente aos usa e rfa?
” Estátua de Sal ou para o Public, de Michael Shellenberger ”
o primeiro suporta o tio petingas e os interesses russos em portugal, o segundo é forte crítico diário da kamala e defensor de trump, a maior parte das vezes por omissão
o que vos chateia é a democracia, estamos fartos de saber.
“o que vos chateia é a democracia”
Diz o palerma que bate palmas à censura de canais de televisão e jornais.
imprensa ao serviço do povo, só em países comunistas
nesses sítios não sei ao certo , mas não devem chegar , no total deles e numas dezenas de anos , a metade dos que foram mortos em israel de outubro a junho : 108 jornalistas .
“Diz o palerma que bate palmas à censura de canais de televisão e jornais.”
onde é que foi isso, oh pascácio?
a ilegalidade é punida por lei ou achas que é para meter na conta do outro que está acima da lei.
o yoyo tem os elásticos para lá de frouxos estão completamente abandalhados, morreram 108 jornalistas na nazicracia. na palestina as crianças levam noticias a moisés.
«O Post é sobre o Jornalismo e os Media.
Não é sobre quem opina sobre o Post.»
Tu, ó de seita religioso-esotérico dita “impronuncialismo”, tu que não fazes outra coisa senão propagandear aqui permanentemente neste espaço, acerca de todo e qualquer assunto postado, o teu ‘jogo de palavras’ tiradas de Husserl ou de esoterismos, místicos e alquimistas que a cultura ocidental desde o séc. XXVI rejeitou completamente em favor do científico e matematicamente provado vens, agora queixar-te de que devemos ater-nos, apenas, diretamente sobre o assunto do post proposto aos comentadores.
Dizes que não há ‘realidade’ mas tão somente um mundo de ‘ideias transcendentais’. Pois é evidente, para quem entende e sabe tresler as subjetividades ideológicas inerentes ao teu pensamento transcendentalista, que já não funcionas neste mundo.
O que é que o ‘preenchimento de Husserl’ tem a ver com a falta de consideração dos leitores pelo jornalismo que se faz por cá? O que é que jogos de palavras como ‘o preenchimento nunca está preenchido’ ou o inverso ‘o preenchido nunca é o preenchimento’ que poso usar trocando o verbo estar pelo verbo ser, seu equivalente de sentido, têm a ver com o estado do jornalismo caseiro?
Contudo, se queres saber uma minha opinião das muitas que, possivelmente, existem sobre o nosso decadente jornalismo, eu revelo-ta.
O mal do nosso jornalismo é, em grande parte, o mesmo do que se passa aqui no “Aspirina B” e de que alguns antigos comentadores já se queixam; isto é, a atitude deliberada de ‘preencher’ ideologicamente a caixa de comentários na tentativa como sempre foi, historicamente, de ‘alienar’ (na gíria política, fazer uma ‘lavagem cerebral’) aos simples e honestos cidadãos desentendidos de leituras subtis subjetivas ou esoterismos.
Desde cerca de 1985 que deixei de comprar o “Expresso” e de seguida, uns dois anos após, deixei completamente de comprar ou ler qualquer ‘Jornal’ ou ‘Revista’ de ‘comunicação’. Porque já nenhum ‘meio de comunicação’ era de informação mas sobretudo de ‘interpretação ideológica’ para-informação conivente e conveniente a interesses materiais venais por interposto ‘jornalismo’.
Contudo, se nesse tempo já deixara de ser ‘informação’ para ser ‘alienação’ deliberada hoje em dia a situação piorou até ao céu. Apesar de tudo há ainda jornais, no mundo ocidental, que publicam gente séria estudiosa de questões sociais e outras que dão a sua opinião sem camuflagem ideológica em quem podemos concordar ou não, pensando logicamente.
Qualquer notícia dada pela nossa ‘comunicação’ é logo brutal e ideologicamente submetida e abafada pelo mensageiro que a transforma de imediato numa opinião própria, individual, ideológica até, por vezes, tornada incompreensível deliberadamente se ‘ não há volta a dar-lhe’. Ora, chegado a um estado destes tão elevado quando a iliteracia é cada vez menor a nossa ‘comunicação’ só poderia tomar o caminho da degradação e rejeição quase total da população.
A repetição do mesmo método sempre acaba por salta à vista do mais ingénuo e a sua rejeição é uma questão de tempo; porque a ‘alienação’ perpretada para efeitos de ‘sujeição’ dos povos imposta quer pelo ‘céu’ quer pelo ‘príncipe’, mais tarde ou mais cedo exige a revolta ou revolução.
Ainda sobre o preenchimento, mas agora referido ao tema do Post: «Jornalistas, Imprensa, Media»
O preenchimento serve também para se pensar o estatuto da «palavra» (do signo) nos Media.
Concretamente, como na actualidade esse estatuto se alterou em relação ao passado. E como, através dessa alteração, percebemos que esse estatuto deriva de uma tradição cultural essencialmente ‘ocidental’ e ‘europeia’, que já não serve como referência única (unipolar, monopolista, colonialista) para o actual mundo globalizado.
Há uns anos, em 2016 a Universidade de Lisboa, convidou-me para um júri de validação científica dos artigos e palestras enviados para um colóquio que tratava exactamente dessa questão, que tinha o seguinte nome: “POST SCREEN: International Colloquium of Art, New Media and CyberCultures”.
Ou seja, em que a comunicação passava a ser ‘mediada’ por outra coisa diferente do que pela «palavra», e até, já não mediada por «écrans» (tv’s, smartphones, cinema, vídeo, etc). Em que a visualidade e a imagem substituem ou entram em complementaridade, para lá da diferença de suportes, com a «palavra».
Sobre esta questão, da alteração do estatuto da «palavra» nos Media, e para se perceber a inércia que a cultura ocidental provoca nela, cito a seguinte opinião:
(….) “Nada é menos Evidente do que a Evidência. Graças a que poder uma proposição, um ritual, uma profecia, certas instituições do direito arcaico afirmam, sem mais preocupações de prova, a sua verdade?
(….) A questão «cartesiana» do signo – o índex sui et veri – e a questão «husserliana» do preenchimento procedem de um fundo comum.
(….) Tentou-se uma dedução da Evidência a partir da experiência sensorial e da língua que a descreve. A Evidência remete para uma esfera arcaica da representação, o seu operador é uma «alucinação» que tem mais que ver com o registo simbólico do que com a figura clínica. Este estudo situa-se na linha de Freud e de Husserl: a alucinação originária está em consonância com um pensamento da Evidência que tem por modelo «o existente absoluto».
(….) Uma epistemologia da Evidência deverá mostrar de que modo ela joga nos saberes científicos (….) Eis o ponto de partida desta investigação. O discurso da Evidência constitui um corpus que, de Ockham a Husserl, revela uma unidade.
(….) A Evidência do raciocínio – versão fraca do em pessoa-aí no modo de uma identidade que a demonstração transfere de um termo para o termo seguinte – pertence a uma epistemologia. É pela sua própria singularidade que o existente individual contribui para a Evidência, a apodicticidade exclui o ser-de-outra-maneira, Husserl explicou-o, tal como Wittgenstein, que reúne adequação e apodicticidade no preenchimento da expectativa. O seu modelo é o ajustamento – contínuo – de um cilindro a uma câmara cilíndrica, a sua figura simétrica o espaço vazio, o jogo não determinado, arquétipo (Urbild) da insatisfação (Unbefriedigung). Wittgenstein emprega as mesmas palavras que Husserl e Kant, o Ideal da razão pura é a linguagem da Evidência. A relação entre a expectativa e a satisfação é interna, existe apenas um tipo de satisfação para cada expectativa: «que um acontecimento reduza ao silencia o meu desejo, não significa que o satisfaça (erfüllt)». Wittgenstein joga no mesmo registo que Husserl. O Urbild (arquétipo) da satisfação reencontra a Urdoxa, o preenchimento sempre adquirido da alucinação existente. Adequação e contentamento, realização e expectativa, apodicticidade da determinação única aí se encontram preconstituídos.” (p.264) (Fernando GIL, 1996, “Tratado da Evidência”, col. Séries Universitárias – Estudos Gerais, Lisboa: IN-CM).
De onde vem esta sucessiva alteração do estatuto da palavra?
Porém, essa alteração do estatuto da palavra não ocorreu apenas no passado recente, quando foi introduzido o digital em relação ao papel impresso (imprensa, jornais). Nem apenas na actualidade, quando a imagem, o vídeo e o écran passaram a mediar a comunicação. E não ocorrerá apenas no futuro, num tempo «pós-écran» mediado pelas propriedades quânticas da intrincação e superposição.
Essa alteração do estatuto da palavra ocorreu também no passado longínquo, há mais de 3500 anos, quando a escrita foi inventada e impressa em papiros e outros suportes não-papel. E mais acentuadamente, há cerca de 574 anos, quando Gutenberg iniciou a impressão em papel (até às «rotativas» do séc. XX).
Essa alteração do estatuto da palavra por efeito da escrita em Portugal, por obrigar a um sistema educacional que promova o ensino do «saber ler e escrever», pode ser resumido nesta opinião do historiador Vitorino Magalhães Godinho: “Vamos dirigir-nos a um povo cujas formas de criação passam quase sempre mais pela oralidade e pela gestualidade do que pela mensagem escrita e pela leitura” (1985).
Razão pela qual, em 1993, fundámos o «Museu da Gestualidade» (concretamente, lavrada a escritura notarial em 24/09/1993, após o RNPC em 26/07/1993, e publicado no Diário da República, III.ª série, n.º 68, de 22/03/1994). Gestualidade, definida como: “Visible bodily action that plays a role in explicit communication” (C. Muller, Freie Universitat Berlin, 2004). Um «Museu» que estabeleceu, logo de início, uma relação científica com a Universidade de Paris, através do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique) e de Bernard Koechelin.
Mas podíamos ir mais longe no passado. Ir até «antes da palavra», pois a palavra é já uma codificação. Tal como a música é uma codificação do som; e, depois, numa codificação posterior, apareceu a «escrita musical» através da pauta e de signos representativos dos sons.
No contexto humano tudo aquilo que se designa por ‘Real’ sofreu um processo de codificação. Tudo o que rodeia o ser-humano foi «posto em código». Numa equivalência de «como se». Como se a Existência, que lhe chega à percepção e cognição, fosse aquilo que designa por ‘Real’ (a representação mediada por uma codificação).
Por esse motivo, «Pôr em Código» foi, o nome da Exposição que em 2006 concebemos e partilhámos com o ‘Museu Nacional de História Natural’ da Universidade de Lisboa, na Rua da Escola Politécnica. “O Departamento de Zoologia e Antropologia do Museu Nacional de História Natural, vem por este meio manifestar o seu elevado interesse em acolher a exposição “Pôr em Código”, a ter lugar na Sala Bocage no decorrer de 2007 (assinado: a Diretora do Museu, Maria da Graça Ramalhinho)”.
E antes dos humanos, o ADN também não é um suporte bioquímico, também sujeito a uma codificação (molecular e proteica) onde se escreveram as letras, frases e textos da Vida?
Quem foram os jornalistas que escreveram o ADN?
Que processo de Media é este que vem de tão longínquo até aos dias de hoje?
Responder às questões do Post
Para responder às questões deste Post, sobre o Jornalismo e os Media, incluindo o «como ser jornalista», diria que um «jornalista», em qualquer tempo (seja no passado, no presente, ou no futuro) tem de se elevar acima da lógica do momento histórico ou conjuntural. Acima daquilo, que, aqui designei por ‘tragicomédia humana da dualidade dos opostos em permanente conflito».
O foco do raciocínio e do discernimento terá de encontrar, em cada notícia a comunicar, «o vector de onde se pode traçar a derivada do fractal, possível de ser expresso em grafos» (usando uma linguagem matemática).