O saite do Instituto de Meteorologia é feio, mas útil. Nele se desmonta o cepticismo popular relativo às previsões meteorológicas; bizarra crendice que persiste por causa da complexidade e instabilidade dos sistemas climáticos. Porém, quando o cidadão larga com um sorriso agasalhado a decisiva sentença – “eles nunca acertam!” – algo de ancestral arregaçou as mangas: é uma pequena vingança da racionalidade mágica, acossada pela racionalidade científica.
Na secção de mapas por satélite é possível visualizar animações variadas, sendo a minha preferida a da visão sobre o Atlântico. O filme constrói-se com imagens de infravermelhos, uma por hora. Ali assisto aos movimentos das massas de ar, acompanho os seus rodopios, faço apostas quanto à sua direcção, comovo-me com o desaparecimento das frentes frias, antecipo a chegada de gloriosas formações de cumulunimbus. E quando as nuvens aparecem na barra do Tejo, tenho ganas de as ir receber e oferecer-lhes um poiso para descansarem.