
Foto enviada por anónimo perfeitamente identificado como tal, a propósito de 27ª Convenção dos Pseudónimos, Heterónimos e Homónimos de Portugal, reunião que teve lugar numa piscina de paradeiro incerto, algures no Algarve.
Já com o cognome de Swimmer’s Digest, dado por quem o sabe dar, o novíssimo blogue de Soledade Martinho Costa, minha prima, está fadado para os mergulhos de cabeça. Ou não tivesse a autora, efusiva e repetidamente, reclamado a posse de uma piscina grande, relvada, com árvores, com flores. É precisamente nessa piscina que costuma alinhavar linhas. Porquê? Porque não gosta de escrever directamente no computador. Assim, opta pela piscina, logicamente. Se tem vontade de escrever, vai até à piscina. Isto é lógico, repito. Ademais, é a sua imperial piscina um local muito calmo e aprazível, ambiente ideal para escrever indirectamente no computador. Dúvidas ou duvidas? Continuemos, então.
SARRABAL é o distinto vocábulo elegido no baptismo. Nome bonito para um blogue, informa-nos a autora. E aqui convém ilustrar os ignaros, os néscios, os decadentes, lembrando que são poucas as pessoas do Mundo que sabem serem poucas as pessoas no Mundo a dominar o significado destas 8 letras. Empáfia, dirão alguns, confrontados de supetão com estética de antanho. Por mim, apenas quero deixar um louvor a tão sofisticada e classissante tradução de blog. Mas mais: anoto o acerto lexical. Aos leitores da terceira entrada, de título AGOSTO, é servido um poema de fino e aromático recorte bucólico, logo seguido daquilo que, na falta de rigorosa definição, terá de ser chamado de sarrabulho. Isto é não só familiaridade e coerência fonética, é também estilo, donaire.
Das plurais e dilacerantes questões que o sarrabulho do Sarrabal picha nas laterais deste Agosto, ressalta uma CARTA ABERTA dirigida ao meu primo, a qual me convoca e interpela. É um texto notável, herdeiro singular do espírito bulhento de Maria Amália Vaz de Carvalho, e que ainda alcança o feito de estar pejadinho de verdades, do princípio ao fim. Todavia, desairosamente passo por cima do seu valor artístico e sociológico para me concentrar numa confissão que, se o Jorge Carvalheira autorizar, rotularei de pungente. É que a autora esclarece aparecerem algumas palavras no texto que nunca antes tinham sido usadas por si; e esta nota só ganha a sua verdadeira dimensão, o seu profundo sentido, o seu altíssimo valor, se contemplarmos essa longa, abarrotada de sucessos, carreira literária de todos sobejamente conhecida e por todos desvairadamente admirada. No parágrafo em causa, irrompem a negrito, sobre o lívido fundo da página electrónica, os vocábulos fumegam e cagalhão. Esta destrinça gráfica admite a tese de serem esses os termos virginais. E vem daí a minha perplexidade, a qual vou expressar sob a forma de repto: ó Soledade, quanto a fumegam, estamos de acordo: é agregado de caracteres que nenhum autor, se for sério, deverá sequer simular escrever no teclado de um telemóvel sem bateria — mas, Soledade, porque raio esperaste até agora para revelar o cagalhão da tua escrita?!…