The biggest paradox about the Church is that she is at the same time essentially traditional and essentially revolutionary. But that is not as much of a paradox as it seems, because Christian tradition, unlike all others, is a living and perpetual revolution.
Thomas Merton, New Seeds of Contemplation
A tradição mística do cristianismo é desconhecida de quase todos, crentes e descrentes. Os crentes passam bem sem ela, por ser trilho demasiado exigente e até perigoso. Os descrentes ficam sem compreender o espírito do Espírito, apenas julgando as aparências. Para complicar, o entendimento mediático da mística está contaminado pelo mercado da “espiritualidade”, onde entra qualquer trafulha ou manipulador de vigésima categoria. Para complicar? Para simplificar, que a mística sempre pediu silêncio e segredo. Para melhor se descobrir.
Uma das notas imprescindíveis no acesso à mística cristã diz respeito à sua importância política. Começa nas raízes judaicas, como tudo o que é cristão, onde o papel do profeta interfere directamente no rumo político da nação. E ainda antes, na primeva busca de um território para morrer. Mais tarde, já em regime católico, os místicos são vistos como ameaças à ortodoxia da doutrina (e por muitas, e excelentes, razões). Dar a César o que é de César não significa que César esgote a dimensão política, pode até ser precisamente ao contrário. Hoje, num Ocidente que se vai despedindo dos crucifixos, a experiência mística cristã continua igual a si mesma (ou seja, genesíaca) e cria bolsas onde se pode respirar a Tradição.
Qual tradição? A da liberdade. Qual liberdade? A da disciplina. Qual disciplina? A da obediência. Qual obediência? A da vocação. Qual vocação? A da virtude. Qual virtude?… Alto! Ou melhor, sursum corda.
Não precisamos de ser cristãos para sermos cristãos. Basta sermos rebeldes.