A alegria do Rui Tavares

Nunca me ri tanto numa entrevista política como nesta de Manuel Alegre na Sic Notícias ontem. Mas, a abrir, uma palavra para Augusto Santos Silva, entrevistado por Mário Crespo no Jornal das 9 meia-hora antes: cromo. Tão cromo que Crespo se foi derretendo aos poucos, tendo começado tonto e acabado rendido. Porque Santos Silva é um excelente comunicador: poder de síntese, descontracção, acutilância, veneno, humor. Voltando ao Alegre, foi um fartote: o PS é ele, a esquerda é ele, a nova esquerda é ele, a antiga esquerda é ele, a actual maioria do PS é dele, o futuro do País é com ele. A pobre da Ana Lourenço cometeu a imprudência de se ter referido à sua votação nas presidenciais como tendo sido de 1 milhão de votos só para ser de imediato corrigida e admoestada: Mais de 1 milhão!, com direito a gesto de mão e sorriso triunfal. Ficámos a saber que Sócrates já está avisado quanto aos poderes demiúrgicos desta força da Natureza. Não há nada que ele não consiga fazer, basta que se lhe meta na cabeça uma qualquer intuição poética [sic e sick]. Também se pronunciou sobre certos militantes do PS que entraram para o partido mas que não têm os mínimos: não conhecem a História nem têm cultura. Que o mesmo é dizer: não têm respeito pela gerontocracia nem aparecem nas reuniões com os seus livros na mão. Eis a esquerda ideal para Alegre: organizada por ordem de entrada, fundadores no topo da cadeia alimentar. O resto é indiferente, pois, basta lembrar o seu percurso.


Todavia, esta entrevista teve grandes momentos destinados a não serem referidos por mais ninguém que este vosso criado (sim, estou em modo megalómano por contágio). Primeiro, voltou a mostrar admiração por Sócrates, avançando na contextualização do seu papel. Por exemplo, deixou claro que a falta de debate no interior do PS é só o resultado da cobardia, ou calculismo, das oposições internas. E depois, e muito importante, falou de Cravinho e desconstruiu o mesquinho boato de ter sido afastado para Inglaterra. Disse que essa decisão foi do próprio, e que o Governo até colaborou no desiderato. Disse que a decisão antecedeu o desfecho partidário quanto ao seu projecto anti-corrupção. E terminou a referir que a questão era juridicamente complexa, e até controversa, mas que ambas as partes em disputa, Cravinho e Grupo Parlamentar do PS, tinham agido de forma eticamente irrepreensível. Estas são declarações de um homem bom, e ajudam a compreender o psicodrama das suas posições políticas. Obviamente, como a sua ingenuidade não é voluntária, não é consciente, ele presta-se a todas as manipulações. Neste momento, os abutres já se juntaram para o festim, Louçã e Rui Tavares estão com as garras enfiadas na carniça e debicam desenfreados.

Do Louçã, nada de novo, mas no Tavares há novidade. Depois da entrevista, vieram 3 comentadores: Luís Delgado, Ricardo Costa e o Rui. To make the boring story short, Tavares chegou-se à frente com o primeiro acto de campanha para as eleições de 2009. Actualizou este texto de Julho de 2007 e descreveu um possível desenlace da reflexão de Alegre: o MIC passar a partido e unir-se ao BE. As contas já estavam feitas, a manobra poderia dar 30 deputados – o dobro dos do PC, metade dos do PSD e garantia de retirar a maioria ao PS. Entusiasmado com a visionada quadratura do hemiciclo, chegou ao ponto de revelar a estratégia: escolher como targets [sic e so sick] os professores e os trabalhadores precários. E para que se soubesse como a sua cabecinha é mais poderosa do que o Magalhães, explicou que cada professor vale dois ou três votos, aquilo é uma mina. Quando Ricardo Costa lhe apontou o absurdo de escolher categorias profissionais como alvos eleitorais, o nosso historiador deu sinais de forte contrariedade. Por sorte, não havia mais tempo para conversas, pois é sabido que não se deve contrariar os malucos.

Rui Tavares foi citado por Manuel Alegre com especial ênfase no discurso do Fórum das Esquerdas, a tal iniciativa que passou o tempo todo a maldizer a avaliação dos professores e outras perfídias do Governo fascista que temos. As peças encaixam. O Tavares, por agora, não passa de um filósofo musiliano, general sem exércitos. Mas ele sonha com batalhões de professores, braço dado com a malta dos recibos verdes, avançando até ao Parlamento para lá depositarem 30 deputados. Manifestamente, o homem tem razões para estar alegre.

39 thoughts on “A alegria do Rui Tavares”

  1. Valupi, incisivo como sempre num debate que não vi. É giro porque fazes-me ver com os teus olhos de escrita, sem eu ter de passar a chatice de estar pregado ao ecrã. Mas de vez em quando hei-de ver alguma coisa para calibrar.

    É normal Valupi, depois da crise derivada do embuste da invasão do Iraque incluindo o subprime como financiamento e a ganância dos esquemas de Ponzi vai haver um reforço e recomposição à esquerda, a confiança no modus liberalismo ficou toda estralhaçada e ainda vamos a meio.

    parece-me que a cúspide é um bom esquema canónico para reduzir a percepção da coisa, está a atingir-se o ponto de cúspide, aliás o solstício de Inverno é uma cúspide, e depois vira para cima, esperemos, crescem os dias. No mínimo cresce a radiação disponível.

    Só amenizas a revolução, que está latente, e mesmo em brasa, se conseguires regar a base da pirâmide, ou as raízes da árvore, com água e nutrientes, mutatis mutandis, dinheiro e conhecimentos. Quando não dá cavitação, embolia generalizada, morrem ramos, até a árvore pode morrer.

    o Cravinho foi derrotado por causa da inversão do ónus da prova, o problema da prova é dos problemas maiores da nossa cultura contemporânea da Justiça, os juízes não sabem concluir por absurdo, não sabem concluir que não pode deixar de ser assim, exigem prova positiva, e então desvirtuam o acerto da própria justiça e o princípio da proporcionalidade.

    —–

    Passei por isso num caso insignificante mas que é ilustrativo: o testamento de um tio bisavô, feito em mil novecentos e vinte e poucos, (o senhor morreu vinte anos depois), deixava condicionalmente tudo para as sobrinhas caso a filha não tivesse descendentes legítimos, expressamente escrito: na proporção dos filhos das sobrinhas na hora da morte dele.

    Entretanto a filha morreu sem filhos mas já com oitenta e tal anos, nos anos oitenta, e as sobrinhas já tinham morrido, e os filhos das sobrinhas intentaram acção, e os juízes concluíram que embora o espirito da deixa testamentária fosse esta chegar aos filhos das sobrinhas (caso se verificasse a condição da filha morrer sem descendência) não estava lá escrito tal e qual assim e exigiram prova extrínseca sobre a real vvontade do testador.

    Ora fazer prova extrínseca sobre um texto escrito 80 anos antes, dum homem que morrera há 60 anos não funciona: havia uns testemunhos mas os ‘outros’ arranjaram testemunhos de sentido contrário e criaram a dúvida.

    E assim ficou: não provado,
    não provado: improcede,

    e o STJ confirmou

    conclusão: ficou tudo para a afilhada da filha e o seu advogado, desvirtuando-se completamente a deixa testamentária e a vontade do testador, tida como critério maxime, afinal irrisória face aos mecanismos processuais vigentes.

    ——

    E portanto em relação à corrupção, por opção do PS, não se pode intentar acção contra quem declarou durante anos e anos 1000 ou 1500 euros por mês e adquiriu cinco casas, além das que deu aos filhos. Tinha que se arranjar um papel qualquer suspeito, que claro que não há, ou é muito difícil haver.

    Acho muito bem que a esquerda dê alguma contribuição contra esta história do ónus da prova tal como está ofender a própria concepção da Justiça.

    Valupi: deixo-te uma que li ontem na Republica (VI e VII):

    (…)Gaucon retoma a metáfora falando da ária que é preciso aprender: a dialéctica

    PS: M, se andares por aqui, dedico-te aqueles trabalhos supra, araraste-me mais umas teclas inbetween :), mariquices de que eu antes estava liberto…

  2. Estamos com medo de Alegre? Pelos vistos causa incómodo, é que poderão ser muitos a largar este PS? Daí tanto desprimor pela figura
    “Alegre, foi um fartote” ou “têm respeito pela gerontocracia nem aparecem nas reuniões com os seus livros na mão”
    Agitam-se as águas e Sócrates dá ordens para que na Blogoesfera se inicie o contrataque, pesem os adjectivos apenas fica fumo

  3. Z, o mundo jurídico é fascinante, pois está na intendência da sintaxe e semântica da linguagem natural. A sua promessa é matemática, mas o seu fundamento é literário. Daí as injustiças que nascem da própria existência de um qualquer sistema de Justiça. Nisso, imita muito bem a vida.
    __

    Exsocialista, é isso mesmo: Sócrates mandou e cá está a Blogoesfera ao serviço.

  4. eu também acho a linguagem jurídica fascinante Valupi, tem uma poética quase matemática, mas tenho que te chamar a atenção que esta crise de confiança que anda aí tem uma das traves maiores na questão da Justiça, Diké, que não é de todo irrelevante.

    quanto à herança deixa pra lá, se me tivesse saído na rifa era agora um gordo proprietário, todo preocupado com o que andava a acontecer a não-sei-quê na bolsa e nos bancos, e não podia filosofar, mas não deixa de ser interessante ver como a máquina denegou a vontade do testador de fazer suceder a herança por estirpes, como se os juízes não conhecessem o conceito ou não respondessem perante as suas consciências, em face da lei.

  5. A “Esquerda festiva” no seu melhor…

    O problema é que, quanto maior for a festa, pá, mais grave será depois a ressaca, isto é, o regresso em força da Direita com as suas ideias de sempre a “regenerar o País” das maleitas causadas pelas festividades, ou seja, a forçar outra vez o Tempo a voltar para trás…

    Vocês aí, pá, que estão a ler isto, já não se lembram do que foram os tempos da “A. D.”, em que as “maiorias silenciosas” voltaram a recuperar quase tudo o que haviam perdido com o 25 de Abril, por causa dos desmandos “festivos” desta Esquerda alegre de todos os tempos?

    Só que os tempos hoje já não são os mesmos. Já não há “amanhãs que cantam” para arrastar a “malta” embevecida, animada, ou enraivecida. Só há a crise e as consequentes oportinidades de dar alguns passos em frente para compensar o atraso em que estamos.

    Venha pois o Alegre e a Festa, pá, mas que não acalentem demasiadas ilusões, que a plateia verdadeiramente progressista de hoje já não come qualquer espectáculo, como comeu noutros tempos, e já sabe muito bem o que custa pagar, no final, as facturas da desbunda…

  6. tens toda a razão Marco Alberto, vai-nos lembrando disso, embora contempla algo de mudança, eu lembro-me que até disse que achava saudável em nome do princípio da alternância, depois de a coisa com o Guterres estar toda encravada, ter ido parar ao PSD, depois PSD CDS, que doença, e lixei-me logo depois para aprender, e aprender a não esquecer, mas agradeço ajudas à memória.

  7. mas portanto quer se queira quer não, é verdade que agora os Estados mandam mais nos bancos, basta tirar-lhes a garantia e flop porque isto está tudo contaminado a la ponzi,

    logo os Governos respondem perante o povo numa maior amplitude, é uma necessidade lógica

  8. Meu Caro Aspirina, lamento, (saiu e é melhor assim) Valupi, dá gosto acompanhar a sua escrita. Na forma e no estilo e por vezes na substância, umas livram as outras de serem estúpidas, a soma é em regra positiva.
    È fácil concordar com a caricatura que faz do Rui Tavares, só não especula porque é que o homem está em todas, o resultado dessa pesquisa talvez o levasse onde teima em não querer ir. Ou seja, este senhor está ao serviço de quem e de quê? Do Bloco? Frio. Das suas convicções? Onde estão?
    È um problema seu efectivamente, concorrentemente fala de aparências, é pena que não conheça o Santos Silva, todos os predicados que lhe atribui encontra-os em todos os “banhas da cobra” que andam por aí e são muitos, já tem idade para não ser tão básico, este cavalheiro é um bom cínico e um salta-pocinhas, mas se quiser uma definição clássica, das que estão nos manuais de ciência politica é um valentão mercenário, para um professor de filosofia até nem está nada mal.
    Era um dos do auto-carro “alegrista” como devia saber, e só embarcou com o Alegre porque o Sócrates não precisou dele e do resto da companhia que ia lá dentro. Porque é que foram “aproveitados”? É simples, constituíam uma seita de peso relativo que poderia ficar perigosa. Foi fácil moldá-los ao chefe. Hoje é o ministro mais brigão que o Parlamento já conheceu.
    O não haver debate no PS é um falho problema, nunca houve. Havia outra coisa que não deve entender, cada um tinha o sentimento de pertença bem vivo, a consideração de partilha era bom. Os partidos, meu caro Valupi, devem ter alma, povo. Cultura e identidade pelo que afirma SÃO COISINHAS DE VELHOS.
    O que estes cav´s. tipo anúncio pequeno do Correio da Manhã estão fazendo é transformar aquilo em qualquer coisa que não é boa, em especial para o jogo democrático interno ou nacional.
    Faça uma visita http://ramalhoconfiar.blogspot.com
    Já tinha saudades, o tempo é pouco, se quiser pode sempre meter as mãos na “massa”, salvo seja meu caro.

  9. O sonho comanda a vida, deixa-os sonhar, Val. É escapismo, mas é de borla. Com a crise que aí vem, é bom que se dê asas à fantasia.

    Se alguém há uns anos me dissese que o poeta Alegre acabaria aos beijos na boca do Louçã, eu dificilmente acreditaria. Apesar de saber que um vaidoso ferido narcisicamente é capaz de tudo, até de se travestir politicamente.

    Portugal tem, aparentemente, o maior eleitorado de esquerda da Europa. Não vem maior mal ao mundo que a esquerda da esquerda sonhe com trinta deputados. Mesmo que isso fosse possível, nunca teríamos Louçã nas Finanças, nem Alegre na Educação, nem Roseta na Saúde, nem Fazenda na Administração Interna, nem Rosas na Economia, nem Rúben na Cultura, nem Bernardino Soares na Defesa, nem Odete no Trabalho. Podemos ficar descansados.

    O grande objectivo dessa gente infeliz e despeitada é tirar a maioria ao PS, supondo que com isso conseguirão alguma coisa. O quê, pode-se saber? Se forem muito bem sucedidos, terão um governo PSD-CDS. Se forem só parcialmente bem sucedidos, empurrarão o PS para novo Bloco Central. Se não forem bem sucedidos, continuarão a ter Sócrates. O único ganho podem ser uns lugares no hemiciclo. Não será mesmo só isso o que querem?

  10. mas também não percebo porque seria tão mau um governo minoritário do PS com controlo a jusante do Bloco, não falo do PC porque esse vota sempre contra, conheço-os bem, mas o Bloco perante a responsabilidade de vir a dar o governo à direita como fez a UDP há milénio e como fez o Miguel Portas em relação à teria que se poratra à altura, espera-se candidatura do flopes.

    Não acho saudável que se afirme que só se consigue governar Portugal com maioria absoluta, num sistema parlamentar regido pelo método de Hondt, que se fez para promover maiorias relativas e não absolutas.

    Será mais uma vez a retórica da amplificação a jogar em vez da da atenuação que teria permitido aliviar muito isto. Enfim, opções.

  11. grrr, ou isto troca-se de vez em quando ou não percebo:

    «em relação à teria que se poratra à altura, espera-se candidatura do flopes.» ->

    em relação à candidatura do flopes, teria que se portar à altura, espera-se .

  12. valupi, podes escrever o que bem ter der na real gana, podes usar de toda a hipocrisia semântica que isso em nada vai alterar o futuro politico do país.
    O que tiver que ser será, e se o Alegre vos levar 300.000 votos ides parar à oposição, repara bastam 300.000 votos ou até menos. Poder ser que em Novembro de 2009 se ainda te aturarem no Aspirina o teu discurso mude. Até lá vais sendo caixa de ressonância.

    Eu sou um daqueles que votarei Alegre caso ele avance! Sim, por muito que te custe ainda ainda há socialistas românticos, que tanto te incomodam. Porque será?

  13. Z, essa é outra dimensão fascinante dos sistemas de Justiça, o estarem dependentes das interpretações e volições dos juízes. É um reino selvagem, de infindas espécies psicológicas, intelectuais, morais e espirituais.
    __

    Marco Alberto Alves, nem mais: os tempo são outros. A demagogia da esquerda radical, e a sua violência latente, já não conseguem passar por superioridade revolucionária em nome do povo.
    __

    ramalho santos, desejo-te as maiores felicidades. Admiro o teu gesto e espero que sirva de exemplo. Que outros ousem dedicar-se à política com total disponibilidade para assumir as responsabilidades. É por aí que se vai – e é por aí que Sócrates tem ido.

    O que dizes do Santos Silva e restantes apoiantes de Alegre hoje a contribuir para as políticas do Governo é, no entanto, perigoso. Acaso não pode alguém aderir a um projecto e dar o melhor por ele convictamente? Claro que pode, senão também tu e eu não poderíamos. Vê lá isso, falar das intenções dos outros, ao teu nível, pede um especial cuidado.
    __

    Nik, essa é, de facto, a pergunta a fazer: que querem estes marmelos? Um Governo com quem? O PC odeia o Bloco, qualquer coligação seria um inferno de conspirações e boicotes permanentes. O Bloco e o PC odeiam o PS, nenhum PS responsável levaria víboras para casa. É completamente irresponsável o que estes palhaços andam a fazer porque ninguém sabe o que querem, o que defendem, que raio pensam sobre qualquer assunto de alcance governativo. Bom, estou a mentir: sabemos que querem deixar tudo igual na educação! Enfim, já é um começo de programa…
    __

    Ibn, larga o vinho.

  14. Se tu largasses os barbitúricos talvez conseguisses enxergar 1 palmo à frente dos olhos.

    Não se quer imaginar o que te pode acontecer? Isso deixa-te petrificado? Deixa lá não será o fim do mundo e a agência de comunicação não te despedirá só por causa disso, logo te arranjará outro objectivo a defender. Olha quem sabe se não será o PSL! Assim, podias emparelhar com o Luís Delgado.

  15. Abraço Valupi

    a seguir às varias bolhas,

    do subprime, imobiliaria, financeira,

    eis que surge aqui

    nossa bolha politica partidaria

    depois de obama e medidas anticrise

    com uma serie de (contra)movimentações

    dignas de um jogo de xadrez

    é cavaco, estatuto, veto, santana

    sempre marcelo

    tinha que aparecer um adaggio alegre

    penso finalisticamente que em outubro 09

    tudo isto será uma mera recordação

    efémera

    da nossa tradição guerreira

    e das bravatas em que somos peritos

    como se comprova nos comentarios avulsos

    abraço

  16. Caro Valupi obrigado pela foto, um bonito gesto de reparação.
    Entrei de férias e estes tempos são sempre vividos com a mesma sensação de liberdade, (das obrigações) melhor dito, descompressão.
    As tuas considerações são benevolentes, sou tudo menos exemplo para alguém. O assumir responsabilidades, só quem não sabe o prazer que isso implica, é soberanamente gratificante, melhor do que ganhar fortuna.
    O conhecimento liberta, ter consciência do nosso papel neste mundo conforta, saber o como e o porque é que as coisas são o que são por antecipação, é um deleite dos sentidos.
    É como ter dez jogadas possíveis previstas no tabuleiro de xadrez.
    Caro Valupi, a natureza humana é capaz de verdadeiras maravilhas e das mais negras acções que nem nas bestas mais famintas é dado observar.
    No meio há latitudes diversas, ou são nobres ou são outra coisa qualquer.
    É essa outra coisa qualquer que me revolta as tripas, pode ser tudo, saber os limites destes comportamentos ou se há mesmo limites que se auto-imponham.
    É a questão nuclear, é aqui meu caro, é neste lugar que a besta nasce.
    Só param em nome da táctica, se só param em nome não sabe do quê, isso sim é muito mais perigoso.
    Acções e intenções são objectos primos como diria o Grego são o diabo sem a razão. Ou a Lei, se der para melhor entender.
    Mais uma vez tenho a certeza que opinas sem conhecimento e sem a reserva que esta impõe, no que a mim me diz respeito, não me determino por imitar o que desejo ser, como recomendava o nosso amigo Cícero, e sou livre dentro da Lei como diria o outro nosso amigo Rousseau.
    O actual SG do PS é fruto do actual senhor da Mota Engil, uma terceira escolha como deves estar lembrado, (1º Jaime, 2ºVitorino) e de outro pessoal menor, sendo hoje louvado pelo Dias Loureiro e o despedido Guedes do CDS.
    Um ser magnânimo é o oposto desta realidade.
    A minha formação é de uma Escola que ainda está de pé. Não estou zangado com o mundo. Considero que esta forma de ser me custou uma média final mais elevada.
    Boas Festas para todos, se te der na gana podes sempre conhecer a realidade que julgo desconheces, ao dispor.

  17. Ibn, para além de teres de largar o vinho, está na altura de começares a tomar o xarope.
    __

    Exsocialista, acertas. Tu deves ser de Olhão e jogas no Boavista.
    __

    Aires, muito obrigado pela prosa poética. Toma lá outro.
    __

    ramalho santos, dizes uma superior verdade: eu não conheço a realidade. Pois venha ela. Que te impede de a dar a conhecer? Meios de comunicação social, militantes do PS e cidadãos é o que não falta com interesse em conhecer a realidade. Fico é preocupado com essa ideia de que o conhecimento impõe uma “reserva”. É que tal limitação cria um paradoxo: o conhecimento retira liberdade, a ignorância confere ou aumenta a liberdade. Tens de me/nos ajudar a resolver o imbróglio, pois também afirmas que o conhecimento liberta.

    Força!

  18. Eh pá essa foi um acto falhado, ou terá sido antes uma profecia auto confirmada?

    Valupi, agora que tu nos disseste já sabemos, desconfiávamos que tu mentias, mas agora temos a certeza.

  19. Viva Z, o “Jaime” é o Gama.
    Valupi, na frase é a falta de conhecimento que impõe a obrigação de não considerar o absoluto.O que eu faço está longe do que faz o Sócrates.
    É a este nível que se impõe comedimento e “reserva”.
    Em absoluto o conhecimento responsabiliza a nossa consciência. Por norma liberta, por vezes atormenta.
    A ignorância da Lei não desresponsabiliza ninguém.
    Se existe paradoxo é este o que mais penaliza.
    Fazer simples, a realidade não é metafísica, no caso, é da malha humana em concreto que gostaria de te fazer visitar. O que determina o ser comum, os seus medos, é nesta dimensão, que dos “palácios” não é permitido conhecer, julgo eu.
    Quem acredita que são os melhores que governam, que a comunicação social está de porta aberta ao que primeiro chega, que os inscritos em todos os partidos são “militantes” na procura do melhor governo, está para a política como o Pai Natal está para os netos com dois anos. Com mais idade já não vão nessa cantiga.
    Como Santo António que acabou falando para os peixes? Então o meu caro não leu tudo o que havia para ler. Conhecer os personagens em contexto é como dar cheiro ao hiper-realismo dos filmes italianos.
    Não tens com que ficar preocupado. Vem ver como a lama das trincheiras se cola aos pés, no fim, confirmas o que todos sabem, mas ficas feliz por teres visto a “realidade”

  20. ah!, também deve ser acto falhado, agora até já me lembrei que ficou doente e tudo.

    Bem, a prosa é interessante, mas o meu caro está preparado para as perdas de inocência que envolverão até os seus mais próximos? É que a palavra de ordem quando alguém afronta o chefe é esmagar nos votos, cumprida pelos aparelhos pela razão muito simples de que o chefe é que dá tachos. Mas desejo-lhe boa sorte, claro.

  21. Caro Ramalho Santos,
    julgo que será desnecessário aconselhar o valupi a conhecer a relidade, estou convencido que uma parte ele conhecerá, mas o papel dele aqui não é esse. O seu papel é fazer um discurso por um lado laudatório por outro cobarde. Cobarde, porque ao jeito do Bloco de Esquerda lança anátemas sobre pessoas de bem sem contudo concretizar o que quer que seja, porque sabe que se concretizasse poderia ter que assumir as consequências de falsas acusações.
    Ou seja, como não consegue refutar os argumentos faz acusações rasteiras. Mas quando convocado a concretizar começa com rodriguinhos para fugir a questão.

    Veja como ele foge à questão que o Ramalho lhe coloca e começa com a palermice que o conhecimento retira liberdade. Estou convencido que está ciente do contrário, mas o que lhe interessa é criar manobras de diversão para desviar o discurso do que é importante mas que ele provavelmente não tem competências para discutir.

  22. Ó Z, chamaste-me, cá vim a correr. Andava longe, isso andava, foi telepatia.

    As mariquices são uma coisa muito séria, o calor que dão à vida!
    Qualquer dia conto-te as minhas.

    E já que aqui estou vou aproveitar para deixar uma notinha acerca do que li aqui e ali e que é uma afirmação de uma precisão suiça:

    este cavalheiro é um bom cínico

    O Santos Silva. Do pior.

  23. Exsocialista, ok.
    __

    Ibn, ok.
    __

    ramalho santos, é isso mesmo, estás cada vez mais perto de um renascimento: a “realidade”, com as aspazinhas que tiveste o cuidado de colocar. Porque não há só uma, há uma para cada um de nós, e ainda outra onde fazemos a política, soma destas todas e não só.

    Tu não gostas do Pai Natal porque o achas enganador. Mas talvez ganhes em saber que há grande poder nos netos com dois anos. É uma idade de desenvolvimento neuronal crucial e aceleradíssimo. E é por aí que vamos, também na política.

    Quando não são os melhores que governam, compete aos melhores tentarem governar através das suas propostas. A esse sistema chama-se democracia, e é aquele onde estás a exercer os teus direitos. Ninguém te censura as ideias, as propostas e as iniciativas. Venham elas!

  24. caro Ramalho Santos, vê do que falo, o valupi quando afrontado e lhe respondem no mesmo tom, acobarda-se, foge!

    faz como aqueles “canitos” que ladram muito, mas quando se bate com os pés no chão é vê-los caim, caim, caim e fogem de rabito entre as pernas. Enfim….

  25. está certo M, mas fiquei mais mariquinhas do que gosto na escrita, mas concordo que para afinar uma bomba semântica pode dar jeito,

    tem que se passar a fazer referendos na internet para se pôr lá quem se gosta, ou pelo menos aceita, e tirar quem não se gosta, embora tenha de ter regras e periodicidade,

    então a democracia digital não será isto?

    quem garante a fiabilidade das plataformas digitais é que não sei, esse assunto escapa-me completamente, e a única solução confiável é estar ao alcance de qualquer um,

    portanto se calhar é a fundação do Asimov, versão Sakharov, ou sucedânea, esta última aprendi com o Nik lá em baixo

  26. Z, perder inocência? Nunca, não vale tanto.
    Bem observado essa dos meus mais próximos. Nem imagina a valorização que obtêm só de serem próximos, é um pouco como o capital tóxico. Se escrevo num jornal da terra este é comprado, se é num blog tipo comunitário é o animador que é contratado. O mais grave é ser com o nosso dinheiro, o dinheiro público. Aqui são trocos, mas o vício é o mesmo.
    Desbravar esta selva, sem atender ao “ambiente” é um risco sério de facto. O prémio também é alto. Opções que ainda é permitido fazer. Não a todos lamentavelmente.
    “Esmagados”? Claro que estamos, todos nós, uns sabem, outros não, creio que ainda tenho um braço livre.
    Ainda ontem olhos nos olhos com a Judite da RTP 1, o Alegre afirmava que não havia candidatura alternativa a SG do PS, fica sabendo que no Domingo à conversa com o “nosso herói” falámos sobre o tema, se podíamos conversar, que não, tinha uma vida muito complicada. É a esquerda no seu melhor, envergonhada e triste. Possivelmente temos uma segunda Segolene Royal à portuguesa. É uma questão de tempo. Preserva a inocência que vejo em ti. É salutar se é reserva de pureza.

    Caro Valupi como podes afirmar que não gosto do Pai Natal? O mais importante é que não existissem enganados neste mundo. Só é bom ser enganado por construções irreais quando daí o mistério vem em forma de prenda. Como isto vai, creio que enganados são todos, e que afinal não havia mistério algum. Só lorpas.
    É estimulante a proposta de parceria. Li bem?

    Por ordem, Ibn, meu caro, o que dizes do Valupi é tua opinião, certo? O que me move é ele não ser exclusivo, que é o que mais se vê por aí. Também estou convencido que o Valupi testa bem a “competência” alheia, as próprias desbarata-as aqui, não vem mal ao mundo. Bem pelo contrário. Julgo eu. Será um amor ódio à esquerda “fandanga” que o coloca ao lado do J Sócrates?
    O problema deste “mundo” é o de ninguém querer potenciar os seus dons, sociedade de auto-castrados, desnatados, conformistas e dependentes sem determinação própria. São altruístas no voto, votam com gosto se sabem que os amigos votam no mesmo.
    Deixei de ter próximos, aprendi com o Júlio, o César, aquele que ficou um passador por ter gente muito próxima.

  27. Caro ramalho santos, como saberás melhor do que eu, a natureza humana sempre deu problemas, não é defeito recente. As bibliotecas, e os cemitérios, estão cheios de eloquentes testemunhos quanto à dificuldade de vivermos juntos em paz e com justiça. Daí a importância da democracia, ideia ainda tão recente na História da Humanidade. É uma ideia cuja força reside na sua maior fraqueza: a natureza humana, lá está. A democracia depende de nós, da comunidade. É connosco e para nós que ela se realiza.

    Assim, o problema não são os lorpas. O problema está sempre do lado daqueles que são capazes de identificar lorpas, porque esses assumem uma especial responsabilidade: pensar e agir em nome do bem comum. Venham daí as tuas propostas, pois, estamos cá para as receber de braços abertos e cheios de esperança.

  28. confesso que não percebi este regresso ao passado!para se ser lider de um partido,é preciso ganhar eleiçoes,e jaime gama foi derrotado dentro do seu proprio partido.não precisamos de inteletuais a governar-nos, mas de homens com ideias para o pais,carisma,coragem e inteligencia.de covardes e vigaros está céu cheio…..

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