Algumas observações colaterais ao post abaixo do Val, que subscrevo inteiramente.
1) Não foi até hoje revelada a identidade do herói que, arriscando um processo criminal, passou à comunicação social os emails trocados entre Luciano Alvarez e Tolentino Nóbrega e, desse modo, desmascarou a sórdida moscambilha armada em Belém e no jornal Público, com alegado conhecimento do PR, contra o governo de José Sócrates e o partido que ele liderou nas eleições legislativas de 2009. Por contraste, tomámos há dias conhecimento da vil e vergonhosa declaração de Henrique Monteiro, que, como director à época do Expresso, recusou cobardemente a publicação daqueles emails e, agora, pretende tomar-nos a todos por estúpidos, alegando desconhecimento da inventona.
2) A história da espionagem do governo a Belém, de que o sr. Cavaco e os seus colaboradores nunca apresentaram a mais mínima prova, configura realmente, em minha opinião, dado o alegado envolvimento do PR (como consta do email de Alvarez) e do seu próximo colaborador Lima na operação marada do Público, um gravíssimo atentado ao Estado de Direito democrático que esse mesmo sr. Cavaco jurou defender até ao limite das suas competências, se não mesmo das suas forças.
3) Como acto revelador de um atentado dessa magnitude e gravidade, a suposta ilegalidade cometida pelo herói que revelou os emails ao DN adquire plena legitimidade e alto valor cívico e patriótico. É sintomático que nem o PR nem o Público tenham jamais processado o presumível autor desse “crime” ou o DN, que o acolheu. Era tanta e tão mal-cheirosa a porcaria que o eventual julgamento desse processo traria à tona em tribunal, que os cobardes meteram o rabo entre as pernas e a viola no saco.
4) Para a história da miséria intelectual e cívica de um ex-jornalista por quem já tive admiração e respeito, deixo adiante a transcrição da entrevista que ele deu ao Correio da Manhã de 19 de Setembro de 2009:
Correio da Manhã – Como comenta a divulgação da troca de e-mails entre dois jornalistas do ‘Público’?
Vicente Jorge Silva – Primeiro devo dizer que quando o ‘Público’ escreveu sobre o caso das escutas, achei aquilo inconcebível e disse-o. Não se faz uma coisa daquelas baseada em fontes anónimas e sem contraditório. Mas nunca pensei que um jornal em Portugal publicasse e-mails internos de outro. Fere os princípios mais básicos da relação entre órgãos de comunicação social. Acho um crime o que o ‘DN’ fez.
– Se fosse director do ‘Público’ o que faria ?
– Eu processava o ‘DN’. Estamos perante um comportamento pidesco. Espero que, por uma questão de seriedade pública, o jornal seja processado.
– A nota de direcção do jornal alega interesse nacional para a divulgação do assunto. Então, não concorda?
– Gostava de perguntar ao director do ‘DN’ qual é o seu conceito de deontologia e ética profissional. Vale tudo? É assim que se resolve as fracas tiragens?
– Chegou-se a falar na possibilidade de o SIS estar envolvido na divulgação dos e-mails. Como comenta?
– Já vi de tudo. Tudo é possível. Mas seria ridículo os Serviços Secretos servirem para isto.
