Todos os artigos de susana

¡HOLA!

Primeira página num jornal de distribuição gratuita, uma menina espanhola desaparecida. Exemplar da crença popular, partilhada por todos, que vê em vulgares coincidências influência vinda do cosmos, Mari Luz emociona Espanha. A parcela do nome da criança coincidente com parte do nome da localidade onde Madeleine McCaan desapareceu, conta o texto, permite de imediato as associações habituais, marcadas pela superstição (conto eu). Concorrem também para a onda dramática a contiguidade geográfica e a idade aproximada na altura de cada ocorrência. Uma réplica do caso Maddie à escala ibérica (vários graus abaixo na escala de Richter), porque a escala é também medida pela nacionalidade e pela língua dos personagens.
O que suscita particular interesse são as discrepâncias nos comportamentos dos pais das vítimas, porventura merecedoras de uma atenção analítica, com incursões pela antropologia, por parte de quem a queira fazer. Os pais da criança inglesa ligaram para um canal televiso britânico e mantiveram-se calmos. A mãe de Mari Luz desfaleceu em público. O pai, emocionado, agradeceu antecipadamente aos raptores a libertação próxima da filha. Apoiado na sua retaguarda religiosa, exibe a esperança de haver do outro lado uma mistura de bem e mal. Enfim, que haja uma pessoa. Como alguém que esteja mais perto da miséria humana pode presumir que ainda haja redenção.
Milagre dos milagres abençoados seria se calhasse estarem mesmo os dois casos relaccionados. E um dia destes aparecerem as duas meninas de mãos dadas num lugar público. Num jardim, na primavera.

ainda os apeadeiros

O encerramento de serviços de urgência em centros de saúde continua a dar que falar, agora com a morte de dois bebés no seu primeiro trimestre de vida. Ainda há pouco tempo me pareceu conclusivo que seria bem mais eficaz um sistema que tratasse do transporte dos doentes para o hospital mais próximo, em tempo útil. Porque os serviços de urgência dos centros de saúde raramente ofereciam mais do que uma triagem. E esta, por vezes, era caracterizada pela incompetência, tanto na demissão de casos graves e efectivamente urgentes, como no empolamento de situações triviais por médicos que não dominavam uma qualquer especialidade.
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bola ao alto, coração ao ar

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No meu coração há dois clubes, que hoje vi empatarem*. Empatar, podemos ver com clareza no futebol, pode ter muitos significados. A Académica mereceu o golo marcado rés vés do final do jogo: minutos antes tinha perdido, por um azar formidável (como diria a minha avó), um belo quase. O Sporting (ai…), disseram, deu a pele. Só não se exige o escalpe a Paulo Bento porque ele dá bons sketches aos gatos fedorentos.

*Passe a estranheza de se assistir, no Aspirina B, a uma ligação entre o Sporting e Coimbra, suprema heresia para o mais fanático adepto doméstico do primeiro.

a minha rua está salpicada de cocós de várias cores

Para não destoar e, de caminho, cumprir as quotas femininas do Aspirina, deixo aqui um um post feito à conta dos outros. Desta vez vou aproveitar-me de talento alheio que é prata da casa – da minha. A Catarina, numa série de eufemismos fumarentos, saúda a nova lei do tabaco e as melhorias genéricas que esta nova resolução trará por arrasto. Aplaudo uma delas, antevendo o fim da minhas gincanas diárias:
Suponho também que, se ainda não aumentaram, deverá estar para sair um aumento das coimas aplicadas aos donos dos cães que enchem as ruas todas de, literalmente, a merda deles. E que qualquer vizinho imediatamente chamará a polícia para multar o bicho (porque o cão não tem culpa).
Agradeço-te, mana. Ajudaste-me a despachar serviço. E logo com um tema de tão premente actualidade. A merda do costume. Perdão, dos costumes.

ponto de encontro

Pequeno anúncio, porque um blog também pode servir para isto:

Amiga, perdi o registo do teu número, porque quando me ligaste estava com o cartão num telefone emprestado. Já deixei mensagem no teu número de lá, mas tenho receio de que o tenhas desligado durante as férias. Se me leres, diz qualquer coisa. Fica já confirmado o almoço para o dia previsto, mas terá que ser entre o meio-dia e as duas, única disponibilidade da outra conviva.

Beijos

Silly me, não percebo nada do lifestyle

À gaja que se preze já não basta vestir bem: tem que ser fashion. Sem guarda-roupa anglófono não vai lá. Para um look adequado há obrigatoriedades que são um must.
Nesta saison, perdão!, season, que o espaço das tradicionais franco fonias se cinge à couture, as calças são skinny, os camisolões chunky, as saias pencil. Nas malhas, impera o cardigan (de sotaque inglês, presumo). E ainda não passei das primeiras páginas. Compreendo que a compra de revistas fenininas seja actualmente pautada pelo jeito que der o saco, o cinto, ou as sabrinas do brinde.

o pai natal da abundância

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As coisas estão ao contrário. Dantes pedia-se uma prenda ao menino Jesus, uma só. Se ela aparecesse no sapatinho a gratidão era toda. Agora faz-se listas e dá-se cabo da cabeça sem saber o que dar a quem.
O Pai Natal também mudou, como constatou o meu filho pequeno. Até ao ano passado ainda trazia alguns presentes. Já não lhe escapava a azáfama em volta dos embrulhos, pelo que concluiu que o velhinho trazia só alguns, há sempre uns presentes que ninguém sabe quem deu, mãe, devem ser esses os do Pai Natal….
Mas, há dias, apontou para a parede de um prédio, onde proliferavam os enfeites natalícios de exterior mais em voga. Percebeu, de imediato, afinal ao que vem o biltre, com a conversa de entrar em nossas casas. Olha, mãe, lá está outro! Mais um Pai Natal Ladrão!

coisas que me irritam

A propósito de operadoras de telecomunicações móveis, a TMN tem desenvolvido uma campanha vergonhosa no sentido de extorquir dinheiro às camadas mais jovens (e às outras, mas estas são mais ingénuas), actualmente detentoras de uma boa fatia do mercado. Sob o pretexto de uma qualquer comemoração, começaram por enviar um sms informando acerca de uma promoção, com vários prémios diários e outro final. Para o cliente se habilitar deve enviar um sms para um determinado número, operação que custa a módica quantia de 99 cêntimos. Enviado o dito sms, inicia-se uma conversa: perguntam o nome, oferecem pontos em troca de outras mensagens e, neste para cá e para lá, o cliente já esgotou o carregamento que tinha feito minutos antes. A informação sobre o preço das mensagens consta apenas de algumas, podendo o cliente presumir, erradamente, que as restantes serão cobradas segundo o valor corrente, previamente estipulado por contrato.
A estratégia de engano é tão transparente que chegaram a enviar uma mensagem com o seguinte texto «TMN INFO: Nesta mega-promoção os SMS que recebes são gratuitos. (…)» Os sms que recebes?! Qual a novidade? Pois, mas o meu filho só viu gratuito e veio a correr avisar-me que já podia voltar a entrar no jogo. Posteriormente passaram a um pseudo-concurso, com perguntas difíceis tais como «Filho de peixe sabe 1-Nadar; 2-Cantar» ou «Vê lá se sabes esta: quem traz as prendas de Natal? 1-Pai Natal ou 2-Aladino».
Nem um nem outro, digo eu. Quem traz os presentes de Natal são aqueles mesmos que, agora mais depauperados pela campanha da TMN, vão ter alguma dificuldade em pôr prendas no sapatinho.

texto de Natal

O nevoeiro da véspera à noite fez-nos desistir da viagem. Chegámos à hora do almoço, já o sol se tinha tolhido e assomava debaixo do chumbo das nuvens. Ela chegou e avisou que, se fôssemos logo, apanharíamos a procissão e a banda, dali a nada, a passar na casa lá de cima.
Devidamente agasalhados subimos à aldeia, mesmo a tempo. Os miúdos estranham e interessam-se, fazem perguntas. Uma ignorância que me surpreende. Geração alheada dos rituais religiosos, familiares mesmo aos não-crentes da nossa. Como se chamam aqueles homens das igrejas, mãe? Os padres? Isso. Aponta o pálio. Então aquele deve ser um, pelas roupas. Tia, porque estão eles a falar todos ao mesmo tempo? Estão a rezar. Três santos pré-púberes em terilene muito branco, com cordões na cintura, um anjo com asas de peluche e duas nossas senhoras, miniaturas da que vai sobre o andor, concentram as atenções.
Há qualquer coisa nas bandas filarmónicas que me enche os olhos de lágrimas. Nunca percebi se é comoção pela música que une pessoas tão diversas de uma comunidade, oferecida aos estranhos na rua, ou se é porque todas me trazem a esta, que conheci sempre. O meu grande observa os músicos, sorri-me, e propõe que sigamos atrás da procissão.

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nido franco na neve

Finda, encrave no nó
Forno encena vinda
Vendo cana, inferno
Forno na neve cinda
Ninfa cor de novena
Dança fé no inverno

Cone, nervo, fornada
Vença nona ferindo
E CNN fode nirvana
Rança veneno findo
Vendo fino na carne
Rane, fane convindo

Neva, condeno finar
Venci nora, nefando
Na nave conferindo
Neve fina cornando
Vinca fenda no Reno
E finca nervo, Nando

A maravilha do cesto

Chamo desvario a tal
Servia toda, acho mal
Olmo, hera, diva casta
Halo doce, rima vasta
Ela chama vida, rosto
A acha vil, ar de mosto
Olha-me, vasa torcida
Vê amor, atas colhida

Ah, vadias, mole troça
Talha vida, só remoça,
Chamo revolta sadia
Dava malho, cortesia
Mesa, cilha, trovoada
Olho, Sé, mitra cavada
Tasco melhora vadia
Lá choves toda, Maria

Haste malvada, rocio
Tacha-me, valsa do rio
Caralho teso, má vida
Volta (ah!) a ser comida
Vá, sai, matreco, dá-lho
Dá, avia, torces malho
Hecto-amora validas
E o talho marca vidas

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para TTi

O nosso amigo Z enviou-me imagens produzidas por desejo e matemática. Segundo a explicação a acompanhar as imagens, trata-se de uma sucessão de frames de curvas parametrizadas em 3D, em convolução, afinadas para fazer lembrar vôos de pássaros. O processo foi numa parte dirigido, noutra corrigido pelas surpresas do resultado.
Cada pássaro é um segmento de uma curva parametrizada em 3D da forma {x=at, y=bt^3, z=ct^2}, sendo este o núcleo gráfico do tema.
 
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