João Proença sente-se talvez inchado com a importância que lhe tem sido atribuída na garantia da paz social. Sem total razão, porque a CGTP ajudou. Ora, tão súbito inchaço, a juntar a outros, só pode causar perturbações e desorientação. Podendo parar para pensar e desinchar, não, permite que tal estado o leve a dizer asneiras entremeadas de ambiguidades. Cada vez mais semelhanças entre Passos e Sócrates, ó Proença? Queres dizer que Passos era até agora um amor (no que andarás de braço dado com Mário Nogueira), mas que se está a aproximar perigosamente do “grande satã”? Já desconfiávamos. Alguém, e uma grande mixórdia de votantes, deve ter içado os estarolas ao pote.
João Proença faria melhor em ser claro naquilo que afirma. A que está a referir-se quando fala na “fuga ao diálogo social” de José Sócrates? Que me lembre, sempre as medidas de caráter laboral e social foram discutidas e negociadas antes de qualquer decisão, sendo que há sempre uma decisão de quem governa. Conhecerá Proença algum caso de decisão à má fila do governo anterior, daquelas que nem a Conselho de Ministros vão, quanto mais à concertação social? Se conhece, vomite, não se contenha.
Depois diz que Sócrates “era um homem para o desenvolvimento económico-social e avançou com medidas que se revelaram negativas”. Mas quais exatamente, João Proença? E qual a sua relação com as que estão a ser tomadas agora? Logo a seguir diz que Sócrates “teve pela frente uma grande crise económica”. Então em que ficamos, a crise rebentou-lhe em cima, o homem reagiu como pôde e, concertado com a UE, procurou atenuar-lhe os efeitos. Se não tivesse reagido, nomeadamente com investimento, teríamos Proença a dizer que teria sido preciso investimento para a economia não morrer e o desemprego não aumentar, que é eventualmente o que diz acerca do atual governo. Ou não? E a partir de uma certa altura, houve ou não que conter os gastos? De todos os ângulos me parece que sim e que sim às duas perguntas. Mas eu não uso óculos. João Proença devia passar um paninho pelos seus de vez em quando.
E finalmente João Proença revela ter memória curta. Com as primeiras chuvas, varreu-se-lhe completamente da cachimónia o quadro de permanente conluio anti-governo vigente na Assembleia da República. Como se dialoga com quem espreita, calcula e conspira para derrubar um governo minoritário em tempo de grande crise económica e, na verdade, quer lá saber do diálogo? Estavam noutra, João Proença!


