Escrevo o que quero e quando quero: é para isso que me serve um blog.
O post que publiquei ontem acumulava diferentes intenções, falhando redondamente no seu propósito. Havia a oportunidade de assinalar a derrota do Sporting, mas essa era a camada superficial. Na primeira versão tinha uma diferença que eu esperei fosse assinalada por alguém, o dedo acusatório. Rebuscado, sim, numa estratégia sofisticada de atirar o barro à parede. Esperava poder tergiversar a partir daí, mas tal não aconteceu. Razão de ser do presente.
Quando vi a peça televisiva na sexta à noite, fragmento de passagem, não pensei escrever sobre o assunto. Pensei nas questões intrínsecas e depois fui levada por diferentes linhas de reflexão. Havia, então, essas primeiras, as que vêm afloradas de modo literal no texto: a autoridade e a educação, a miséria de um povo, a esperança de redenção. Sobretudo a criatividade como forma de luta – na história do Pedrito e também nas evasivas do cantor sénior, tentativas de explicar que restringia o seu esforço de construção a uma mensagem, veiculada pela música e por uma actuação como representante de Angola.
Quando Bonga escapa às críticas directas procuradas pela entrevistadora, comenta que ainda há cinco meses lá esteve. Visita o seu país regularmente, conhece a realidade actual e compara-a com as outras, anteriores, e um possível futuro. Neste ponto eu penso claro, ele vai lá, não pode correr o risco de criticar abertamente. Também eu não o faria, está quieto ó preto. O pensamento levou-me para um salto: as expressões de origem racista que já perderam para nós esse contexto, mas pedem um cuidado no uso quando se cruzam com a possibilidade da temática, como aqui. Era esta expressão (uma sua variante, está quieto ó Bonga) que constava da primeira versão, no lugar de «só pelo contorno». Não servia, é óbvio, o meu propósito, mas recorri à piada íntima e esperei, debalde, que alguém tivesse dado por ela, repondo a fórmula inicial uma hora e tal após a publicação.
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