Sempre achei que havia um lado delicioso nos estados gripais, não fosse a falta de saúde propriamente dita. A preguiça terapêutica. Ficar na cama indefinidamente, leituras avulsas, falar com quem e quando apetece. Sopas, torradas e líquidos quentes intercalados com nada fazer e sonos curtíssimos. Abluções lentas pelo meio da tarde para a seguir nos enfiarmos num pijama lavado. Pensar no que dá na gana e não no que tem de ser, porque, convenhamos, não se está em condições de apelar à responsabilidade. O tabuleiro com comidinhas ideais trazido à cama é mordomia que só em casa parental, mas sempre compensa não ter perdido o apetite. Falta-me a febre soporífera, restam-me os delírios febris. Tem sido um dia magnífico.
P.S. No futebol cada vez mais os epílogos têm maior interesse do que a acção. Os jogadores são filósofos. Acabei de ouvir um jogador do Marítimo comentar a derrota por dois a um. Com a tranquilidade reflexiva com que Paulo Bento relata factos prosaicos acrescentou, o jogador, que o resultado poderia ter sido diferente. É profundo.
Contra-capa: ontem houve alguém que resolveu mudar de casa para a A1, cerca do Km 49, sentido sul-norte. Verdade. O pai dos meus filhos apanhou um susto do caneco e desviou-se a tempo, mas ainda partiu o pára-choques com o embate num colchão. Foi uma sorte, porque a cama estava, desmontada, um pouco adiante. Os meus filhos iam no carro. Quando soube lembrei-me de deus, para lhe dar graças.
Ah tás com gripe?! Não sabia! Ao almoço até foi “ah e a Susana? Se calhar ainda está a dormir” As melhoras! Se precisares de alguma coisa, apita.
hahaha, não leste? não estou com gripe. estou só a fingir e a explorar o lado atraente do estado.
ah afinal era tudo “prognósticos” de um post de bola! Logo vi!
O que verdadeiramente me aborrece, Susana, é que o sacana do jogador do Marítimo está na posse de todas as suas faculdades. Em verdade lhe digo, o resultado podia ter sido diferente…
é, mana. a acção inactiva cumulada com umas farfalle com feta, molho de tomate e pesto provoca uma azia só dissolúvel pela reflexão acerca das coisas realmente profundas da nossa insignificante existência. pensar que tudo poderia ser diferente. enfim, o que é a radical liberdade do destino…
comendador, cheira-me que temos aí um adepto leonino.
Foi horrível. O maloio que veio de Setúbal tudo fez para inverter o resultado. Em Julho de 1997 na Nazaré inverteu um jogo de atribuição do título de juniores. O Sporting marcou aos 4 m. mas ele arranjou tantos livres que dois deles deram golo. Hoje quase conseguiu.
Que o Grande Manitou me permita viver o suficiente para saber de um jogo do Sporting em que os lagartos não se queixem do árbitro.
jcf, és uma verdadeira enciclopédia leonina.
zeca diabo, houve um, em 1983, em paços de ferreira.
O mais engraçado é que o treinador do Boavista (Queiró) deabafou para o treinador do Sporting (Palhares), seu ex-colega de equipa no Bessa: «Pensava que eras tu a trazer o árbitro mas fomos a gente!» O árbitro era de Setúbal e o jogo foi na Nazaré. Além dos livres malucos houve um defesa boavisteiro que desviou no relvado com a mão um remate do Simão que tinha batido já o Sérgio Leite. O maloio de Setúbal marcou «canto». Tinha 23 anos e estava a pagar a factura da promoção. Na última fila da bancada o major valentão sorria.