Pedro Correia, alguém que participa em dois blogues colectivos (pelo menos), descreveu o Aspirina B como o mais fervoroso blogue pró-governamental. Contudo, não o nomeou, nem sequer ao autor de quem aproveitou um texto para escrever o seu. Foi uma deselegância nascida do acinte, claro, a qual atinge os meus actuais colegas, José do Carmo Francisco e Confúcio Costa, subitamente transformados em apoiantes de quem nunca apoiaram (e que até, provavelmente, repudiam).
Pedro Correia sabe o que é um blogue colectivo, e seria o primeiro a defender a independência de todos os autores com quem partilha os blogues, aposto, mas esse respeito mínimo por terceiros em condições iguais não está reservado para os inimigos. Se lhe cheira a Sócrates, vê assessores, anónimos, bando. É ele que define quem são os livres e os inteligentes – por coincidência os seus amigos e preferidos, ui, ui.
Acontece que o homem está certo, desde que seja mais zeloso na atribuição. Eu sou pró-governamental, com um fervor que transcende a cor política. Caso os Verdes façam uma coligação eleitoral com o que ainda restar do MIRN, e ganhem, continuarei a minha gloriosa campanha a favor do Governo. A ideia de ser contra um Governo democraticamente eleito, e que respeite o Estado de direito, é um luxo que não posso pagar. A minha segurança, bem-estar e realização cívica estão dependentes da governação, o bacanal anarquista pode esperar mais uns séculos.
Resta só acrescentar que ser pró-governamental implica ser pró-oposição; isto é, também desejar a melhor oposição possível. Um Governo com uma oposição que se limite ao boicote, que não seja alternativa, que calunie de forma maníaca, terá uma governação necessariamente inferior visto as condições políticas serem disfuncionais. Já o inverso não acontece, pois quando a oposição é superior ao Governo o resultado é benéfico: os opositores ganham as eleições seguintes e substituem quem não deu conta do recado.
Isto é simples, Pedro. Talvez seja é demasiado simples para ti.