O que precisávamos em termos estruturais de ganhar em matéria de consolidação da despesa primária, não iremos fazer. Como o Governo continua com a percepção de que daqui a meio ano a oito meses vai poder lançar os concursos todos, voltar à travessia do Tejo, a mais TGV, a mais estradas e por aí e fora, eu julgo que a partir de 2014 ninguém quererá ser Governo em Portugal.
Passos Coelho
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Esta ideia de que não teremos quem nos queira governar, seja em que tempo e circunstância for, não é só uma pateta boutade, é também uma exibição de mundividência. Passos concebe-se oligarca, e transmite os maus fígados dos oligarcas com quem almoça e discute os negócios. Como eles têm de seu, em bastança e fartança, sabem que podem fazer como os dignitários do anterior regime: exilarem-se se a coisa ameaçar os seus privilégios. Afinal, o seu dinheiro já está guardadinho no estrangeiro, é só uma questão de escolherem o poiso.
O PSD de Passos, o beto, demorou menos de 2 meses a ficar igual ao PSD de Menezes, o tonto. Com o visionário da ciência de Gaia, dois meses foi igualmente o período de espera até os sociais-democratas perceberem em que berbicacho estavam metidos. Em Dezembro de 2007, os disparates já eram mais do que muitos, desde o aproveitamento dos crimes no Porto para atacar o Governo até à canhestra intervenção no processo de escolha do presidente da Caixa Geral de Depósitos, passando pelas ameaças de quebrar o Pacto de Justiça e similares espaventos.
Agora, e de rajada, vimos Miguel Relvas fazer declarações a respeito de expressões idiomáticas usadas em discurso espontâneo, entrevista do líder ameaçando moção de censura com base em espionagem política, declaração de ausência estratégica face à realidade e anúncio de futura desistência caso não lhe entreguem o País nas condições que julgar aceitáveis.
É obra; isto é, falta dela. O costume nos betos.