Carlos Moedas, na última campanha eleitoral, e muito provavelmente depois de um almoço bem regado, chegou a dizer que bastaria o PSD chegar ao poder para que as agências de notação fizessem disparar o rating do País. Passados dois anos, e com um Governo que é um mar de credibilidade, o rating não mexe, é que não sobe nem um degrauzinho. Como é que o primeiro-ministro, que ainda hoje no Parlamento enumerou os sucessos do seu Governo, explica isto? Se o ajustamento está a correr tão bem, se Portugal é o melhor aluno da Europa e arredores, se temos um ministro das Finanças que fora do País tem fama de ser um génio, um primeiro-ministro com uma coragem nunca antes vista, uma coligação à prova de tudo, por que raio de carga de água as agências de rating não agem em conformidade?
A propósito do enorme sucesso da ida aos mercados houve quem lembrasse que a maioria dos investidores não pode comprar dívida portuguesa exactamente por causa do rating da República. Se não está à vista um segundo resgate, o que significa que a troika vai embora daqui a um ano, como é que o País vai regressar plenamente aos mercados classificado como lixo? Se calhar é só um pormenor sem importância. Ou então o Governo espera que até Junho do próximo ano, com as novas medidas de austeridade, ou seja, com o agravar da recessão, do desemprego e do desespero dos portugueses, as agências de notação comecem finalmente a ver a beleza que há em tudo isto.