Se os membros deste Governo fossem tão criativos a arranjar soluções para resolver os problemas do País como são para arranjar desculpas esfarrapadas para o desastre das suas políticas, o PIB disparava. A última, e candidata a ser a desculpa mais disparatada de sempre, foi a do ministro das Finanças que culpou a chuva pela queda do investimento nos primeiros meses do ano. Teve o desplante de afirmar em pleno Parlamento que a chuva terá prejudicado o sector da construção. E logo o sector da construção, um dos mais afectados desde o início da crise de 2008, bem antes da chuva deste Inverno. O programa de recuperação das escolas, levado a cabo pelo Governo de Sócrates, e tão odiado pela direita, já teve como objectivo minorar os efeitos da crise neste sector. Odiaram esse programa e nestes dois anos de Governo, com chuva ou com sol, nada fizeram pelo sector, pelo contrário, diabolizam-no, já que o acusam de ser responsável pelo endividamento público e privado.
Foi pena ninguém lhe ter perguntado o que teria acontecido se não tivesse chovido no Inverno. Será que o Governo teria investido em obras públicas? Bem, para resolver a falta de investimento, e fazer com que as suas contas batessem certo, teriam de ser obras muito, mas mesmo muito, faraónicas. Ou será que o ministro estava a pensar no investimento privado? Vai na volta, se o Sol tivesse brilhado, e apesar da austeridade, do desemprego e da falta de crédito, os portugueses não teriam resistido a comprar casa nova ou, pelo menos, a fazer umas obras na casa velha.
Das duas uma, ou disse-o para ser levado a sério, o que é grave e revela que o ministro não está bem. Ou estava a gozar com a nossa cara, ou seja, a gozar com a tragédia dos outros e devia ser demitido. Afinal, contar uma anedota ou fazer uns corninhos talvez não seja tão grave e já deu direito a demissões.