Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão.
Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.

Passeio bloguítico

Não sei se este «Perguntar não ofende» é o mesmo blogue que procurei durante tempos, e que suponho era (será ainda?) brasileiro. Mas este é português e é de partir o coco. Veja-se isto.

Mais selecto, mas igualmente fino, é um blogue que (julgo) acaba de surgir, «Não li nem quero ler», e que lembra o JPG (Recordam-se? O Leone dá boa conta da loja, mas que é feito, George?), conseguindo ser ainda mais feroz. Por exemplo, este apontamento, que não aumenta a glória de José Luís Peixoto – o autor, de resto, de algumas (outras, não li essa) rutilantes crónicas no JL.

Coisa já mais antiga, de Abril, mas com que só hoje dei, esta deliciosa história no blogue «Destaques a Amarelo». E não é, o blogue ele mesmo, uma festa para os olhos? Perguntar não ofende.

A tempo e horas:

Descubro que o autor de «Destaques a Amarelo» é o Sérgio (Aires) a quem Francisco José Viegas deve (e agradece) a «ordem» conseguida no seu blogue de textos. Ainda por cima, um tipo ordenado.

Vâjam lá!

Existem pronúncias feias? Os linguistas, gente pragmática, precatada, afirmam que não. Que – isto pelo menos – ‘feio’ não é uma categoria linguística. Mas o cidadão em mim vive num desconforto. Veja-se, por exemplo… Isso, não vamos mais longe. «Veja-se» serve bem. E para simplificar, «veja».

No Alentejo, pronunciamos «vêja». Coisa normal, já que reduzimos o ditongo para «ê». Ditongo? Qual ditongo? Pois, o de «vejo», que o padrão português pronuncia «veijo», e que se opõe a «beijo» só pela consoante inicial. Coerentemente, no Minho, ou mais alargadamente em Entre-Douro-e-Minho, o som da forma verbal «vejo» e o do substantivo «beijo» são indistinguíveis.

Mas a classe média-alta de Lisboa e Coimbra passou (possivelmente já no século XIX) a pronunciar «vâijo», tal como «cadâira». E as modificações não pararam aí, estando a citada classe na fase do «vâja». E, se bem ouço, também da «cadâra» (portanto, da «câdârâ»). Trata-se, importa lembrá-lo, de uma pronúncia originada, um dia, em bairros populares lisboetas, e que – o fenómeno é conhecido – as classes superiores recuperaram.

É feia, essa pronúncia? Tenho de confessar que não a consigo achar maviosa. Eu sei, daqui a cem anos (olá, futuro!), estamos todos a falar assim, e feias serão já outras coisas. Mas, de momento, isso cria alguns novos homófonos. E é bizarro lermos António Lobo Antunes (e os seus revisores…) a mostrar, no dedo de um fulano, um «lenho», quando, vendo bem, aí não se consegue mais que um «lanho».

Sendo assim, não é improvável que, numa repartição pública, alguém acabe por escrever (se é que não sucedeu já) «LEVANTE AQUI A SANHA». Mas, se o vir, não se assanhe você, por tão pouco.

Actualizado graças ao comentário de «sdm», que se agradece.

Aquém e além do Minho

FozDoMinho.jpg

A Foz do Minho, vista da Galiza. Ao fundo, as praias do nosso Norte, a costa de Portugal, o Mundo.

O blogue galego O Levantador de Minas, que regularmente se vem ocupando das relações culturais entre a Galiza e Portugal, faz larga referência ao nosso post sobre «Floribella», a actual novela da Sic, e as pronúncias portuguesas de «ei» e de «ou».

No fórum do Portal Galego da Língua, onde o nosso amigo Luís Magarinhos colocou o aludido post, trava-se um debate, mais ou menos esclarecido, entre galegos, brasileiros e portugueses a pretexto dele.

A sul do Minho, directa ao assunto, a Geração Rasca transcreve o post, e submete-o a comentários.

Nem de propósito: a meados de Outubro, haverá na Universidade do Porto um Encontro Luso-Galaico de Weblogs. Toda a informação aqui.

Voltaremos ao tema. Entretanto, se ficou curioso com o que diz O Levantador sobre a entrevista dada por um blogueiro do Aspirina a «La Voz de Galicia», encontra a conversa aqui em PDF.

Quem as não tem?

“Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.”

F.P. (A.C.)

Sobre o tema, e para além de poder asseverar que tem razão o heterónimo, cujo criador, de resto, era perito no magnífico rídiculo das ditas (pobre Ophelinha, “Meu amorzinho, meu Bébé querido”), dei hoje por mim a tresler o D’este viver aqui neste papel descripto.

Entre as já usuais “minha gazelinha adorada, meu diamante querido, minha pérola e minha estrela”, dei com esta, à laia de despedida.

“Coloco o meu pénis na forquilha do teu corpo.
António”

PENIS_RED_CLOSE.jpg

(Todas as cartas de amor são
Ridículas)

Esta malta (que escreve de escrever) também fode.

“Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.”

F.P. (A.C.)

PS – Por falar em cartas de amor, recebi esta agora mesmo.

Sapo reloaded

Aos 44 anos, o João era já um homem.
(pelo menos, ao sentido da visão assim se demonstrava)
E, como todos os homens, tinha uma ideia para a vida – não ter nenhuma ideia basta.
Dizia-se um panteísta puro.
(Sou daqueles, dizia, que empurra para a terra as folhas caídas no passeio de cimento – não vá perder-se a unidade e a substância)
O João acreditava (também) que a morte é um princípio e, no caso de algumas pessoas, um bom princípio.
Passa agora a Adão, o João.
(é cá comigo)
Avançava Adão pela rua (ainda não o tinha dito), pode ser a da Saudade, quando tropeçou num sapo (macho) que lhe interpelou o andar e o pensar.
(nesta história, os sapos falam, e com sotaque de quem a língua mãe deve ser o espanhol platense)

CHLOROPLASTS TEM.jpg
(cloroplasto gentilmente “googlado” por py)

Puta que pariu, que me magoaste. Porque vais tão desatento?
Porque me apetece!
Se vais sem motivo, sabeis ao menos porque não tens motivo?
Ó criatura de circo, por que me incomodas? De resto, sapos a falar já vi muitos, mas que merda de sotaque é esse? E não me venhas com a conversa de que és um príncipe, que não levas beijo. Pernas de rã são boas, que tal serão as de sapo?
Tantas perguntas. É próprio de ti, Adão.
Conheces-me, espécie de lagarto anafado?
Se te conheço?
Foi isso que perguntei, se me conheces!
(retorcer de olhos, como quem indica o óbvio)
Conta-me lá então a tua história, mas entremos neste centro comercial (vamos àquele café), que de doido já vou tendo fama e seriam penosas as consequências de me verem a falar, em plena rua, com um sapo.
(dois cafés, um é pingado)
É curta e simples, a fábula que te cabe, Adão. Não nasci girino. Outrora, fui homem como tu. E apaixonado por uma mulher. Apostei com uma bruxa, por cujos encantos me devo ter perdido (vejo-o agora com clareza), que jamais amaria uma mulher que não fosse a minha. E que, pela bruxa e outras mulheres, não nutriria mais do que desejos de ocasião.
E então?
A bruxa picou-me o dedo no fuso, rectius (estou a brincar), disse-me que em sapo me transformaria se por ela viesse a sofrer de amores.
Em sapo te transformaria ou transformar-te-ia em sapo?
(semicerrar de olhos)
E aqui estou eu: obeso anuro, sem nunca ter sido girino!
E que porra tenho eu a ver com isso?
Pensei que, como caminhavas, tão desatento, pela Rua da Saudade (sabias ao menos o nome da rua?), tivesses visto o raio da bruxa. Daí querer saber porque seguias assim, aos pontapés aos sapos!
Deixa-me, então, que te conte a minha história. Nasci girino, um dia perdi-me de encantos por um sapo (fêmea, que não sou maricas), mas apostei que jamais a amaria. Que, se assim não fosse, disse ela, desinchava-me e punha-me em homem. Eis porque, nascendo girino, sou hoje filho de Eva.
Isso é mesmo verdade?
O quê? Eva? Darwin diz que não. Não, sapo filho da puta, `tou só a gozar contigo! Não acredito em sapos!

Era assim o Adão, um tipo sem pitada de magia. E olhem que nem todos merecemos que um sapo nos dirija a palavra. É coisa de predestinados. Não acontece todos os dias.
Sem apelo nem agravo, não deixou lembrança, o João (afinal, vai ser João).
De actos valorosos, o único que deixou marca (sem chegar para o libertar da morte) foi ter caído de um 4º andar, com a cornadura no cimento do passeio (faltaram-lhe folhas que lhe amparassem a queda) e não ter morrido (pelo menos no mesmo dia).
Disse mais tarde, à senhora da limpeza (enquanto esta se esforçava por apagar a marca – de sangue no passeio), que ripostava a um pombo quando perdeu o equilíbrio.
Morreu de velho, com um cancro de fumador passivo. Solitário, entrevado (da queda desfolhada), sem mulher, nem primos afastados.
Eis, pois, a história do João que foi girino.
Baseia-se em factos reais, mas os nomes foram alterados.
Não tem moral, esta que vos conto.
E este é o meu receio.

Floribella estraga-se

floribella_hist_gr.jpg

Quando me apercebi de que «Floribella» era uma série de sucesso, o linguista em mim entrou em êxtase. Portugal inteiro poderia transformar-se num grande laboratório linguístico. Muito concretamente, podia dar-se o caso de a pronúncia nortenha de Flor levar a desacelerar processos activos na nossa fala. Quem sabe se, mesmo, inverter um ou outro.

Luciana Abreu dizia «primêiro», não «primâiro». Dizia «dôu», não «dô». Isso era um novidade em ficção televisiva nacional, decerto em personagem de relevo. Os dois ditongos «êi» e «ôu» vêm da Alta Idade Média, tendo-se formado no Noroeste peninsular acima do Douro (do «Dôuro», claro). Para sermos mais exactos: são invenções galegas puro-sangue. Foram, mais tarde, levados assim para o Brasil, onde se mantêm.

Em Portugal, os dois ditongos sofreram, em séculos recentes, transformações no Sul. Assim, «ôu» deixou de ser ditongo para passar a simples vogal, «ô». (Uma interessante hipercorrecção a Sul – as hipercorrecções são sempre reveladoras – é grafar-se «poude» para reproduzir a pronúncia «pôde»). O ditongo é ainda hoje audível acima do Mondego, mas isso cada vez menos, e aceleradamente.

O caso de «êi» foi diferente. Poderia ter-se vocalizado em «ê» (e, na realidade, nós, os alentejanos, fizemo-lo), mas o eixo Coimbra-Lisboa resolveu a coisa diferentemente, modificando o ditongo para «âi». E o processo continua, aproximando-se da pronúncia «ái». Por vezes, numa série portuguesa, não percebemos se a personagem diz «Sei», ou «Sai!». E em alguns locutores é difícil saber se os trabalhadores apresentaram «queixas», ou «caixas».

Ora, que aconteceu a Floribella, a linda mocinha de Gaia? O «êi» mantém-se-lhe. Veremos por quanto tempo ainda. (Tempo, decerto, haverá, já que os autores do script vêem jeito de, a cada episódio, evitarem cinco vezes, in extremis, o final da série. Isso diverte imenso a pequenada, que adora quiproquós, e que lhe contem, cem vezes que seja, as mesmas histórias). Mas o «ôu» de Luciana, ao fim de uns meses de ambiente meridional, já se perdeu na maioria dos casos.

É isso. Do empolgante laboratório nacional, resta o deprimente condicionamento de Luciana Abreu. A norma de Lisboa soma vitórias, e uma delas está em ecrã todas as noites.

Restam-nos os miminhos. Esses, vá lá, parecem garantidos.

Aos do alecrim e da manjerona – um remake feito recado

Para os do normal-em-blogue-que-se-quer-político, os da sintonia recorrente na modorra e na chatice.

weibel-palade1.jpg

Continuem, pois, a discutir a que banda pertencem, a dizer que Abel é que matou Caim, a inventar demais frases bombásticas, sonoras mas sem sentido, para alimentar os vossos saracoteios, continuem a reagir não em face da substância das acções, mas dos sujeitos das mesmas, e, quando menos esperarem, a serem sinceros com o vosso reflexo, hão-de verificar que a serpente da vossa tão amada (e gasta) dialéctica esquerda-direita vos está a morder o rabo.

De resto, sensíveis como parecem ser, já o hão-de ter sentido amiúde.

A cartilha por onde aprenderam a pensar, leva-vos, de uma forma geral, a discernir (apenas) o despiciendo, na vã esperança de que a brasa feita cinza se chegue mais rapidamente à vossa sempre crua sardinha.

Para além de, dessa forma, o mundo não pular, deve ser triste e cansativo viver assim.

“Sempre de bibe amarelo”.

Facturas por pagar

Os direitistas andam preocupados, não encontram a direita. Não entendem o que lhe aconteceu.
A direita, que nos dirigiu durante séculos, fez um país inviável. E um dia desapareceu do mapa. Morreu da morte dos mitos que a serviram, dos espantalhos com que nos adormeceu. Morreu de caducidade e de vergonha.
A direita que ficou é um produto de refugo. Vai fazendo pela vida, em casos junta fortuna. O país da vassalagem que aprendeu a governar já não existe. E um país modernizado, capaz de matar a fome aos filhos, não se improvisa numa geração nem lhe cabe na cabeça. Ela só recebeu como herança o horror da populaça.
A esquerda não sabe o que fazer, tantas são as facturas por pagar.

Jorge Carvalheira

lapso de linguagem

Não há jogador de futebol que não dê o seu melhor. Invariavelmente. É já uma bandeira da classe.
Mas há casos em suspeita de lapso de linguagem, sob um tão elevado pensamento.
Ao que se ouve dizer, o seu melhor é o salário que recebem. E o que dão é pontapés na bola, nem sempre muito certeiros.

Jorge Carvalheira

PROCESSO ARQUIVADO POR FALTA DE PROVAS

Não são um ou dois comentários tansos ao post do Afixe sobre férias judiciais que me impedem de registar aqui o meu louvor à maneira profissional como ele expôs o problema que já o incomoda, tudo indica, há algum tempo. Escrita limpa, diria até que de juiz militante, em prol da sua classe. Mais difícil é saber se a Quitéria Barbuda, mesmo com um sobrinho agravista na comarca de Paço d’Arcos, gostou tanto como eu. Mas sei da pergunta que inevitavelmente assomou aos lábios daqueles que já sabem o que a casa do tra-lá-lá gasta. Se a bagunça do não-te-rales é geral de norte a sul em todos os departamentos do trabalhador público disfuncional de passar atestados, diplomas e receitas, por que não, já agora, nos serviços que em princípio deveriam zelar pelo bom funcionamento de tribunais mesmo quando a maior parte dos juízes anda a beber pinas coladas e bloody marys pelos estaminés de Albufeira?

Confesso que nunca me passou pela cabeça haver necessidade de rotatividades nesse sector para harmonizar escalas de férias que não entupam o sistema. Caramba, gente tão acima do resto do pobre vulgo! Isto deve ser um belo exemplo de democracia ao vivo e em acelerado ou a toque da corneta bruxelloise! E eu que andava a pensar que férias judiciais eram só os fins-de-semana de acampar há muitos anos com os meus amigos na praia do Júdice, perto das Alforrencas — mas só quando encontrava algum magala que fizesse por mim o serviço de faxina à padaria do quartel, a troco de vinte paus.

Continuar a lerPROCESSO ARQUIVADO POR FALTA DE PROVAS

FOOD FOR BODY AND MIND (Part one)

Ask any conspiracy theorist worried about nutrition and he will tell you (with more conviction than is needed to write this) that the surest way of keeping the mind strong, healthy and under control is giving our bodies some well measured, preferably uncontaminated food – the food that allows that mind to function to perfection and in freedom. And he will probably let you know, just for the record, that keeping our mucosae in daily contact with all important micro-nutrients is part of the secret which helps us to see the world in a way far beyond the reach of those who fill their supermarket trolleys with two-litre bottles of coke and three-for-two giant pizzas not baked by our grandmothers in Italy. If in good mood, our conspiracy theorist will also tell you about mineral transmutations inside plants and animals in complete disagreement with official scientific beliefs.

Let’s just say our nutrition-fixed conspiracy theorist friend is making a very important point. However, we have the right to wonder how much this nutrition-for-perfect-health culture is already showing signs of incautiousness and ineffectualness. Or perhaps showing something even more serious: that the whole thing is becoming a tool in the hands of the very same masters of those governmental bodies and agencies all the time feigning to be, in the name of science and common sense, very concerned about our “ridiculous” fad of ingesting a plethora of lab manufactured nutrients. From a pessimist’s point of view, a future for US is being planned by THEM, using our own hurriedly chosen weapons from THEIR carefully elaborated catalogues. Visions of well organized vitamin C and B-complex mafias, with all the usual government/police connections, or of alpha-lipoic acid pushers at work in the dark corners of the big cities, are not farfetched. Be sceptical and look inside your tablet, while you have time.

If we are learning anything from those bits of historical truth and maverick science reaching us every day, apparently without the consent of the powers which have been ruling the world for many centuries, we can bet without much fear of losing, that every major social fad (from nutrition awareness to regenerated/modernized beliefs in the “democratic” process, or God, Pop Music or Sport, all requiring some sort of widespread robotic dedication and involvement) is bound, sooner or later, to become another clever political toy in the hands of extremely intelligent bully boys.

With historical persistence and cunning and power for observation and plan, the master-manipulators will do their best to reform, redirect, reshape or reconstruct our fervours and love for new ideas and products. THEY will always be prepared to provide us with the required chemistry, the salt and pepper standing next to every pre-written menu, and nothing will be left to chance when it comes to matters of feeding our illusions or stomachs. The cooks of history will always keep an eye on our preferences and changes of taste. They will, if they have not already been waiting for it, carefully observe our growing passions or diminished interest for anything that pops up naturally. Fancy some Viagra or olive oil? No problem, sir. They will keep your fake orgasmic juices flowing with one “manusaturated” hand while the other grabs all the virgin olive groves in the world.

Those among us who know that there are large chunks of information unashamedly and criminally kept away from shelves in public libraries and food stores (call it “organic” or uncontaminated History if you like) will have no problem with telling who in fact has been gaining most and more regularly from social salads with a pinch of intrigue; from coups d’état, popular revolutions, patriotic orgasms, local wars, general strikes, international wars and wars of independence, all masked as desirable, necessary and inevitable social upheavals for the benefit of variable portions of the human race; they will have no problem with pointing almost exactly who has truly gained most from working-class chanting and flag-waving masked as effective and genuine trade-unionism; who has profited most from perversion of our minds and feelings dressed as epoch-making artistic and literary movements; from medical wizardry and technological feats with the intent of concealing and distracting us from the real discoveries.

Political master-manipulators may not have been many at any time in History. Nonetheless, in spite of their small numbers, they have always been able, from the heights of their positions of direct or indirect power, to be one step ahead of everybody else, particularly ahead of hard-working, honest people on this planet, using religious and political cunning, selling, buying, renting ideas or perverting them, falsifying History, patronising the sort of philosophical outburst which better served their plans – all made possible by loads of corrupting and corruptive gold to fulfil the selfish dreams and expectations of many and concurrently and designedly providing Humanity with the hard-to-die belief that every single important event in History was and is the unplanned result of chaotic forces in society. A load of “academic” bull, and they know that.

Uma Aspirina para os pobres refugiados

Dos destroços do De Vagares, acabámos de resgatar duas pobres criaturas, oferecendo-lhes pernoita, uma sopita quente e exemplares do último disco da Marina Mota.
Fica assim explicada a ruidosa presença deste senhor por aqui. E ainda aguardamos que o outro refugiado se manifeste, assim lhe passe o trauma do naufrágio.
Peço desculpa por não ter anunciado a coisa com as trombetas exigidas pelo protocolo deste blogue (que, segundo um comentador, “ainda cheira a Daniel Oliveira” e de acordo com outro goza da supina glória de ser um dos “blogues emblemáticos de Daniel Oliveira”) mas estava em reunião com o camarada Guterres a negociar as contrapartidas.
Novos amiguinhos de folguedos: portem-se bem, não exibam as partes pudendas em público e não atirem cocó aos visitantes. De resto, estejam à vontade.

Mestre Yoda encontra Mr. Spock

Não percam, pelas alminhas, a crónica de hoje do inultrapassável João César das Neves. Ali, o nosso profeta preferido entretém-se a perorar sobre as obsessões dos fãs da série Star Trek. Tudo para nos explicar, bem devagarinho, como é triste entregarmos as nossas vidas, os nossos anseios e desideratos a ficções patentemente mal amanhadas. Ideia com que concordo, aliás.
O problema é que ele escreve coisas como “erigir um mundo de ficção como orientação para a vida, que muitos consideram alienação ou manipulação de massas, está longe de ser exclusivo do Star Trek” e “em vez de entregarem a vida a um princípio abstracto ou um propósito pragmático, dedicam-se ao que sabem ser mentira, um mundo de ficção em que realmente não acreditam”, sem reparar na acuradíssima descrição que está a fazer da religião em geral e da sua em particular.
Só por exemplo, se tivesse de escolher entre o Império Klingon e Fátima, elegendo a trama mais bem urdida e a ficção mais convincente, não hesitaria em optar pelos domínios do Chanceler Martok. E entre o corrente Papa e Mr. Spock, como fonte de sabedoria e bom senso, ficaria na dúvida.
Mas tudo bem; live long and prosper, como dizem os meus amigos vulcanos, entre outros. A cada um a sua ficção preferida. Mesmo que inclua disparates patentemente absurdos como “liberdade, justiça, humanidade, raça, classe, ciência, progresso, natureza, prazer”, algumas das “propostas de filosofias, partidos e movimentos para substituir as religiões”, segundo o visionário colunista do DN.
Pelo caminho, César das Neves ainda refere um divertido e famoso sketch com William Shatner, embora não fique claro se percebeu que se trata de uma ficção humorística. Nada de surpreendente, afinal.

Este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório