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CUIDADO, MENINOS!

Língua e História Pátria (Primeiro Ano do Ensino Liceal – 1952)

PARA VIVER EM PAZ

Ouve, vê e cala,
e viverás vida folgada:
tua porta cerrarás,
teu vizinho louvarás;
quando podes não farás,
quando sabes não dirás,
quando vês não julgarás,
quando ouves não crerás,
se quizeres viver em paz.
Seis coisas sempre vê,
quando falares, te mando:
de quem falas, onde e quê,
e a quem, como e quando.

D. JOÃO MANUEL (Séc. XV)

HISTORIOGRAFIA SEM FIOS

E de que História é que me estão a falar? Da escrita, da cantada ou da que passa de pais para filhos pela via oral entre dois bafos de aguardente de aliviar empachos? Ou será da que tem a ver com eventos reais, da bem limpa? Não me queiram meter em trabalhos. Reparem que só aconteceu há dois dias, mas já temos várias versões em papeis magros e amarelos do 25 de Abril turbulento e os versos do Zeca não nos ajudam nada ao seu deslindamento.

A Pavorosa, ou o crer na sua existência, não anula a História – confirma-a, dá-lhe o paladar da dúvida intrigueira e incita-nos a provocar rubores aos que a torcem e desfocam. A História das verdades verdadinhas, das Assírias aos Tuntankamuns (denial is not a river in Egypt, have you noticed that?) e das Grécias às Revoluções Francesas e das Comunas aos comunas, poderá existir como narração, sim senhor e sim senhoras, mas só comprimida ou espalmada direitinha em tubinhos de pepino ressequido sob as ruinas de qualquer convento ou igreja algures na Europa tricolor continental e insular.

Esses edificios e templos, aliás, continuam a apontar aos nossos narizes chatos ou de cavalete restos de representações pagãs em pedra que põem em questão não só a idade de Deus organizado na terra, na versão de Pai, de Filho, ou Espirito Santo, como também a veracidade das hagiografias cristãs pintadas à mão em scriptoria com távolas com tampos de carvalhos gretados e as relações comerciais dos seus tementes com os judeus, manos nossos na alegria do impingir nessa única e verdadeira Idade Média do conhecimento da história natural das pessoas e dos grupos. Da Revolução Francesa para cá, sabe-se um pouco mais e por isso mostramos o sorriso de termos menos medo de estarmos enganados sobre as garantias que os nossos avoengos nos deixaram em legado.E nos últimos 150 anos fomos aprendendo só aquilo que decidimos não esquecer, mas ainda não sabemos muito bem quem, de facto, inventou a rádio. Foi um russo fiquem sabendo que não foi um italiano.Não, perdão, foi um homem muito humano e cristão que acreditava nas inúmeras viagens do espírito para cá e para lá entre a vida e a morte e céus mal definidos.

Temos todos a Razão, aquela que procede e ao mesmo tempo se insurge contra a anarquia bem ordenada do corpo pensante. Quando a malbaratamos ou subutilizamos, temos os delírios purificadores automáticos, excreções dos sons a mais que nos empurraram pelos ouvidos dentro durante tantos anos – aliás, esta excreção é o estado de comunicação simultâneamente forçado e desejado. Nem se quer outro porque não há alternativa nem remédio se nos queremos alimpar. São inseparáveis, a máquina e o serviço que a mantém.

Aqui para nós, pessoalmente, direi que no delírio delirante não há dolor, per se. Só taquilalia febril e desordenada. Normalmente, se é a História que me anda a moer por dentro, cerro os olhos sem chonar, e logo vejo que Nápoles se chama Troia e que Bizâncio é o irmão mais velho de Britanicus, uma boa diferença de idades mas germanos, notai bem e ainda bem; que equus e aqueus não se podem confundir, mas são quase iguais na comparação dos detalhes da escrita passada a limpo. Cavalo na água, ou cavalo marinho, que estupidez sem pés nem cabeça, mesmo em estado de delírio! E que suor quente! Vou já enxotar os súcubos maus e acordar da modorra.

Espero sem impaciência. E quando o quente na testa se esfria um pouco mais, miro cuidadosamente a representação pintural duma cena velha com Sócrates e outros muchachos sem guitarras andaluzas e reparo que quase todos vestem anacronisticamente na moda imposta nos tempos da Rainha Dona Isabel das rosas e do milagre. Estranhas pinceladas ainda sem perspectivas revolucionárias…a enganarem-me, as putas, putas, putas. Decido por fim sacudir-me para ver se me livro dessas visões distorcidas do tempo e do terrivel mau gosto na boca e vou à janela e vejo bichas e bichas enormes, paralelas, de milhões à espera de serem vacinados contra um virus inventado no mês anterior para pôr cobro ao desemprego no serviço de saúde. E depois apareces tu, maldita, a contrariar-me. Só me resta chorar desconsolado: afinal não há ninguém na Torre do Tombo para me apertar a mão e chorar que concorda comigo.

TT

COGUMELOS E CAPICOMUN ISMO

No meu post de há dias, A Pavorosa, aludi a um “boato”, já velho e enfeitador de dezenas de livros e milhares de sites na Internet, segundo o qual os americanos teriam oferecido aos russos, de bandeja, o segredito da nojentíssima invenção chamada bomba atómica. O Fernando estranhou, não sei se no gozo. Vou arrancar mais umas quantas pétalas a essa flor da intriga. Desculpem-me os que sofrem de alergias.

Do ponto de vista conspiracionista, que é o meu, e portanto sem peso político nenhum, a prova de que os segredos da bomba atómica foram passados aos russos por certos americanos nos poleiros e corredores do Poder dessa altura, possivelmente antes do clarão experimental, é até uma das que oferece menos problemas com a venda a retalho ao público curioso. Baseia-se nuns diários pessoais publicados por um oficial do exército americano, um tal major Gordon, encarregado de abrir e despachar caixotes, durante a guerra, via Alasca, para a União Soviética, no âmbito dum programa de ajuda então chamado Land Lease. Segundo o senhor, o segredo ter-se-ia feito acompanhar de todos os ingredientes necessários à produção do maravilhoso cogumelo de exterminação de inocentes. Aquilo, pràticamente, era só montar e carregar no gatilho. Nada de matemáticas nem dores de cabeça.

Há dois caminhos por onde se pode encaminhar a lógica disso ter acontecido. Por um lado, os USA e a URSS eram duas nações òbviamente interessadas, nessa altura, em derrotar a máquina de guerra da Alemanha, ela própria a trabalhar esforçadamente para conseguir a sua bomba, e do Japão. E por outro – dependendo daquilo que tenha sido acordado em Ialta pelas três cabeças grandes aliadas, e que não deve ter sido pouco em matéria da divisão do bolo que já estava no forno em Stalinegrado – uma planeada Guerra Fria depois da vitória, seria muito mais plausível e credível se ambas as partes possuissem as mesmas armas de dissuasão. Bem dito e bem feito. Em princípio.

Claro que durante muitos anos o major George Racey Gordon foi apodado de maluco e mentiroso tanto pelo “establishment” americano como pelos comunistas locais, uma dupla que também funcionou muito bem durante o chamado Mcarthyism, a tal caça às bruxas que em Portugal ensejou muitos discursos em cinematecas introdutórios de projecções de obras-primas da suposta sétima arte. Foi nessa altura que ficámos todos a saber que o Humphrey Boggart, Truman Capote e Richard Comte eram progressistas e John Wayne e Robert Taylor eram reaccionários.

Até aí tudo bem, normal e esperado nas reacções à indiscrição do nosso major – chama-se queima das papeladas e testemunhos de certos soldados curiosos que podem contrariar ou impedir o desdenrolar calmo da História de acordo com as agendas secretas. O pior é que, um belo dia, o próprio filho de Roosevelt, de seu nome James, resolveu sair-se com um “romance” que intitulou A Family Matter. Não obstante tratar-se de um trabalho “ficcional”, o enredo, contam-nos os que leram a obra, anda à volta da “decisão audaciosa do Presidente (Roosevelt) em partilhar com os russos os resultados das pesquisas do Projecto Manhattan”. E, claro, Bingo! Mas nunca ninguem explicou por que razão Holywood dos anos 80 não fez um filmeco sobre esse pedacito importante da história da guerra, de acordo com os relatos de Gordon e James. Que raio, a Joan Fontaine e o Gregory Peck ainda estavam em idades de aparecerem no papel do casal Rosenberg e o que não faltava era sub-estrelas gordas e matulonas, com ou sem bigode, para fazerem de Churchill e Staline. Talvez o Valupi, que é muito dado a andar pelas tecas do cinema, tenha uma explicação para isso.

O capítulo 29 do livro The Unseen Hand, de Ralph Epperson (corram que talvez ainda consigam apanhar um exemplar dele esquecido no armazém dalguma editora macaca de Lisboa ou na Feira da Ladra) descreve, baseado em numerosíssimas fontes e autores, esse passo da intriga atómica e muitos outros, mormente sobre as ajudas tecnológicas e económicas do Capitalismo, antes, durante e depois do New Deal e do Land Lease, ao Comunismo de Lenine e Staline e por ai fora, com a construção de refinarias e siderurgias, e duma famosa fábrica Gorki construida por Henry Ford nos anos trinta, etc., etc., tudo 100 por cento tecnologia americana, com os cumprimentos desse e também dos Rockfellers, da Standard Oil e da ubíqua Shell, a das libras e tulipas. Que não é vergonha nenhuma num mundo ideal e transparente, diga-se de passagem, pois somos todos do mesmo planeta e devemos entreajudar-nos. O que é vergonha, altamente suspeito e inegàvelmente conspirativo, é não se ter contado isso aos operários e intelectuais da esquerda crédula e babosa, pois teria-se-ia evitado muito trabalho e especulação por parte dos teóricos marxistas remendões que mais tarde vieram imputar ao “revisionismo” as culpas pela queda estrondosa do edifício soviético no fim da década de 80. O mal vinha de longe e nem era “mal”, afinal. Era agenda por encomenda. Agenda que continua, viçosa e criativa, a enganar outros com os truques embasbacantes dos novos ilusionistas. Que rico circo!

TT

A PAVOROSA

“O Mundo é feito de histórias, não de átomos” – Muriel Rukeyser

Só um bruxo dos bons, mas não necessàriamente diplomado em artes cabalísticas, poderá saber exactamente que ideias malvadas andarão nas cabeças dos criadores e utilizadores da Grande Pavorosa. E passemos à definição. Por Pavorosa entenda-se: no geral, a organização coberta e inteligente responsável pela divulgação, no melhor estilo da Intriga Histórica, da pseudo-notícia que nos mete medo e nos deixa tontos ao ponto de não sabermos para que lado fica S. Bento; e no particular, que agora interessa porque aparece nos jornais constantemente, o noticioso quotidiano, a concentração do tiro propagandistico num alvo favorito e central; o martelar constante, o hábito e mania dos títeres do verbo e da imagem nos informarem, sem que lhes encomendemos, de como vai o progressso tecnológico do Irão no que respeita à sua capacidade para pôr o carimbo de “pronto” numa bombita atómica.

Jornais e televisões de ontem e de vários ontens contam-nos, em repetição nauseante e convencida de que é possível vender impunemente peixe moído ou pão duro como corno, que os cientistas do Irão estão a seis meses de conseguirem pôr a funcionar engenhos atómicos capazes de destruirem a civilização Ocidental – e Israel como contrapeso, incluindo Gaza e redondezas, e peixes cristãos que por lá nadam no mar da Galileia e um ou outro gafanhoto distraído. Já nos andam a dizer isso, ou algo parecido com isso, há quanto tempo? Ponham as cabecitas a trabalhar os cidadãos menos confusos e digam-nos se já não é, pelo menos, desde o dia em que a Pavorosa se compenetrou de que o Iraque e o Afeganistão provaram ser ossos duríssimos de roer e que os petróleos roubados nem dão para encher os depósitos às máquinas de guerra. Na precipitação de nos venderem o Programa, até se têm esquecido de nos actualizar sobre a Coreia do Norte, uma gaja mais perigosa porque fica mesmo ao lado da China – a tal que o capitalismo anda a cortejar depois da queda propositada do Império Soviético do Oriente.

Reparem os menos preparados em Fisica Nuclear que aqui há cerca de dez anos, ou talvez mais, já os mesmos gajos dos mesmos jornais e das mesmas televisões e das mesmas agências noticiosas tipo “andamos-todos-a-trabalhar-para-os-mesmos-barões-endinheirados-mas-não-se-nota-muito” – directamente controlados pelos mesmos cérebros da Pavorosa oficial, nos andavam a querer convencer, enchendo-nos de cagaço e terror, de que a Internet albergava entre as suas páginas negras informação científica, pormenorizada em planos bem desenhados, que permitiria a dois ou três badamecos com umas luzes de física, e ajudas dum serralheiro e dum soldador, construirem uma bomba atómica rudimentar. Quantos milhões teriam bebido desse cálice e depois arrotado em agradecimento é coisa que ninguém sabe ao certo.

E agora somos informados pelos mesmos operadores da máquina do susto colectivo e da propaganda que os molengões cientistas do Irão precisam de mais seis meses, em cima dos anos todos que já perderam nessa estafante procura do poder atómico destrutivo. Parvalhões, essa persalhada, é o que apetece dizer. Tudo isso poderia ter sido conseguido com uma perna às costas em três ou quatro semanas se tivessem ido à Internet, conforme a Pavorosa diligentemente nos contou para manter o cagaço à temperatura ideal. Onde é que estes fundamentalistas do diabo aprenderam a usar com eficiência as suas inteligências de físicos-nucleares? E depois, reparamos, não há solidariedade alcorânica de espécie nenhuma. Porque poderia haver. Da parte dos generais paquistaneses de muito boas relações com as ciaieis, por exemplo. E porque não? Os próprios americanos (Roosevelt e companhia) têm a fama de ter passado esse segredo aos russos antes do fim da Segunda Mundial! Incrível? Bom, tiveram que condenar os Rosenbergs à morte – tradicionais mártires do bode-expiatorismo e da espionagem por amor à causa – mas isso deve ter sido para compor o ramalhete, para dar um arzito de grande avanço científico aos camaradas da União das Repúblicas Proletárias. Guerra Fria, a quanto obrigaste, grande rameira enganadora!

Entre o nervosismo de papagaios atómicos muitos agressivos para ajudar a manter as fervuras nos mercados colaterais da opinião,sobressaiem as duas preocupações que mais afligem aqueles que necessitam de convencer-nos de que existe ameaça e perigo real de invasão das terras santíssimas, cristianíssimas e filistiníssimas pelos infidelíssimos Maometanos. A primeira dessas preocupações, sempre vital para a sobrevivência da Intriga, geradora e mantenedora dos enormes lucros políticos, é a de não acordarem de sonos profundos as princesas mamalhudas das imprensas e canais da informação super-anedótica e estercorosa; e a segunda, ainda mais importante, é a de encontrarem a melhor maneira de fazer frente militar a esse perigo com que nos apavoram sem causarem grande estrago às suas reputações que já andam pelas ruas da amargura mesmo que só acreditemos nas versões autorizadas da história recente. .O operático dilema posto aos falcões apologistas da futura guerra, que já tem guernicas preparatórias de sobejo, é de reduzir qualquer general de cinco estrelas a uma enorme pilha de nervos: bombardear o Irão com mini-bombas atómicas de fazer buraco de vinte metros e com fallout de nem sequer causar eczemas superficiais; ou, alternativamente, usar bojardas megatónicas, tipo Grão-Rabino Mark II, de arrasar burgos e agriculturas e empestar ecologias mas sem fazer grande mossa nas cavernas (vinte, eles até já sabem que são vinte!) reforçadas com betões armados da espessura de cinco elefantes?.

Ninguem gostaria de ter a responsabilidade duma decisão dessas no seu livrinho de deveres distribuídos, nem mesmo os homens com os peitos militares cheios de medalhas ganhas em campanhas heroicas da Pavorosa e muito menos os vários generais e almirantes americanos que ameaçam demitir-se se o Presidente decidir não acatar os conselhos do Departamento de Psiquiatria do Mount Sinai.

Quando esta crise do Irão finalmente passar à história, porque passará, depois das bombas ou frases bombásticas, outras conversas e sustos virão para delícia e entretenimento dos sindicatos obreiros, das manuelas do aborto libertador e das josefinas Verdes da Natureza que trabalham para o príncipe Carlos da Albiónia, que por coincidência também é amante de focas e baleias e gosta de falar com as plantas. Aliás, já andam por aí uns assobios inquietantes sobre misseis e radares europeus que muito irritam os russos pela ameaça que representam para o seu vastíssimo território. E que bom sinal que isso é, esse reavivar das zaragatas entre os imperialismos manipulados, a doce garantia de que não iremos ter escassez de caganeira jornalistica para mais um ou dois anos até os 8 Grandes se encontrarem novamente num palácio qualquer e limarem todas as diferenças entre si mais as dificuldades com a concessão de dois quilos de mandioca e um par de sandálias a cada habitante descalço e esfomeado do continente Africano.

Como um bomerangue, os temas queridos e as querelas favoritas estão a regressar à velha Europa – a Mãe natural de filósofos incompreensíveis e santos maquiavélicos, parideira de holocaustos falsos e verdadeiros, teatro triste e orgulhoso das enormes guerras de sempre, ùltimamente muito agitada, de alto a baixo das suas camadas sociais e duma ponta à outra das suas cambadas políticas, pela invasão das burkas em escolas e lugares públicos. Foi nela que se inventou a politicamente correcta e utilíssima Pavorosa e é nela que a Intriga tem o seu quartel-general. O resto é conversa enganosa ou enganada muito bem baratinada pela baronada iluminada..

“O Mundo é feito de histórias, não de átomos”. Foi a Muriel que o disse. Mas não se se ficou por aí a poeta comunista, feminista e activista americana, amante de homens e mulheres, forma muito prática de amar a Humanidade sem dar nas vistas. Também achava que não basta sermos “contra a guerra”, é preciso sermos também contra as suas fontes. Tudo muito bonito de se dizer, mas infelizmente, todos estes anos depois, ainda se anda a investigar isso pelos cantos escuros das bibliotecas, às cabeçadas, empurrados pelas opiniões históricas dos editores encobridores. E outra coisa: como é que ela, já nessa altura, sabia que o átomo não passa de mero produto das nossas imaginações?

TT

O MAL QUE DIVIDE AS ALDEIAS (4)

Em termos do grande encontro, ou recontro, chamem-lhe embate se quizerem, entre o Mal e a Humanidade, há que ser amigo da verdade de todos os tempos e há que ser realista até ao desconforto doloroso, mesmo que esse seja o preço que cada um terá de pagar para permanecer acordado ou simplesmente diferente. Dói admitir, mas repare-se no triunfo, ainda que passageiro porque descaradamente desumano, do Mal sobre o Bem, exuberantemente inegável a toda a largura do espectro das cores do engano apresentado panoramicamente na frente de qualquer observador atento. Só um despeito sumamente irrealista ou ingénuo se lembrará de menosprezar ou ignorar as aptidões do Mal e a grande perícia que demonstra nas suas actividades de endrominação, ou de ver defeito geométrico no desenho, ou funcional na organização e distribuição estrutural ou de instabilidade na construção do grande edificio que alberga o cérebro central da índole malfazente.

Que ninguem perca um segundo sequer a duvidar da suprema organização e astuta inteligência que presidiram à obra maldosa levantada a poder de ouro mitológico vindo não se sabe donde, ano após ano, década sobre década, século após século, e depois depositado como aposta no pano verde de escombros renováveis da politica e da intriga sob o olhar impávido e comprometido das quintas-colunas com ninho nos antros da grande finança e nos grandes palácios da religião ou mosteiros de alquimistas.. O Mal está de parabéns como sempre esteve desde que se organizou em partido encapotado, sem dúvida nenhuma, a usufruir lucros capitalizados, vivendo alegremente à grande e à latina nas grandes capitais, senhor do seu nariz arrogante, corroendo memórias confusas e manipuláveis ou mantendo sob prisão o subconsciente do ente que ainda consegue respirar, ou permanecendo confortavelmente longe das recordações dos que por cá já passaram e que agora apenas são capazes de pensar ou criticar com corações de perdão e sem azedumes. E não é de há pouco esta teia e organização. Foi sempre assim desde que a História deixou de ser escrita em linhas direitas.

Mas a Humanidade é um monstro sagrado respeitável e praticamente indestrutivel, uma senhora enorme com bilhões de filhos de todas as idades, com um destino colectivo que não pode ser mantido eternamente longe da capacidade de percepção do individuo que dela é parte integrante, e até se pode dar ao luxo de dormir plàcidamente a dois passos de soldados e generais do Mal que não fecham os olhos, meio-acagaçads com receio de morrerem sem deixarem saldos anímicos visíveis, ou de serem reduzidos a pó biologicamente intransmutável, ou chorosos porque ninguem lhes dá garantias nenhumas de que não serão reencarnados na forma de filhos de gente pobre duma tribo da Somália, em vez de o serem nas mais apetitosas posições de vantagem que agora desfrutam. Problemas que as consultas de oráculos e rezas a Isis e Osiris ainda não conseguiram resolver.

Alguns dirão que o Mal nem é assim tão mau. Pois não. Só é (se traduzirmos para miudos e linguagem simples as politicas concretas dos seus representantes em governos por esse mundo fora) contra a Família, unidade fundamental e natural de resistência a uma planeada sociedade robotizada e robotizante modelada a partir de organizações secretas piramidais onde não se pergunta com indiscrição, onde impera o dogma e onde 95 por cento das infantarias patetas não têm a mínima ideia donde vêm nem onde assentam os valores que dizem perseguir e abraçar. É contra Deus, seja qual for a definição, variedade da interpretação ou intensidade da crença. É contra a sobrevivência depois da morte sem o tal regresso reencarnável ou bilhete de ida e volta, porque aceitar isso arrastaria consequências políticas incalculáveis numa transformação da atitude do individuo em relação ao poder que abalaria os alicerces onde se apoiam as várias ordens fundadas na ronha e na pouca-vergonha. É pela guerra, pois claro, se necessária, conveniente, lucrativa e estratégica e como instrumento imprescindível à sua continuação no poder ou alargamento do mesmo. É pelo estrangulamento da ciência, não só através da imposição de deuses já ultrapassados dessa ciência que permite, mas tambem através do encobrimento de verdadeiras descobertas cuja natureza põe em risco esse mesmo poder, e é, em remate importantíssimo, pela falsificação da História, derradeira acusação e corpo de delito.

Tudo somado não monta a grande coisa, passe a ironia ou intenção de levar isto para o lado do gozo. Outros dirão que não há provas de que este Mal existe e se existe é só nalgumas cabecinhas. Ou, alternativamente, que este Mal é um mal necessário, à prova de bala e sindicância. Enfim, em terra de Perpétuas não há Englantina que não tenha opinião tambem à prova convenientíssima de arranhar os rabos a gente importante. Por mim, poderiamos muito bem passar sem ele – sem Ele, ficaria melhor, ao lado da auréola, coroa, tridente e pêra de bode.

TT

O SOL QUANDO BRILHA È PARA TODOS

Ontem, assim que me levantei, vi logo que se iria ter um bonito dia de sol na Londónia Blairo-trabalhosa, uma coisa que cada vez surpreende menos mesmo em fevereiros pós-dickensianos. Global (war)mings, pois então, para assustar as pessoas e arranjar uns quantos tachos a ecologistas desempregados.

Dei uma olhadela rápida ao que tinha agendado para o dia e notei que me seria possivel levar a cabo três salutares actividades, se o solinho se mantivesse: a) apanhar uma banho de vitamina D através das vidraças; b) ir ao newsagent e comprar um jornal às cegas e lê-lo sem sequer me incomodar em saber quem é o seu dono porque já sei disso há muito tempo, e c) ir aviar-me ao supermercado duma cadeia deles que abarbata a bagatela de um terço do dinheiro que se gasta em comida neste país. Os nomes dos donos não são para aqui chamados.

E assim fiz. Com o sol a bater-me no peito e o adjunto da hormona a entrar-me na pele, fui lendo as notícias. Mas só duas me espicaçaram a atenção. O resto era o merdismo jornaleiro do costume. Numa delas dizia-se que o Tony Trabalhista comprou a sua quinta propriedade residencial que juntou às que já tinha para tudo ficar a valer cinco milhões de estrelinas. Pensei: a sua clique de amigos irá certamente lamentar a dificuldade que agora terá em pagar as amortizações dos cinco empréstimos – um encargo mensal da ordem das 20 mil mocas. Eu fico com pena dele porque sei que o seu amigo Berlusconi costuma dar isso de gorgeta em restaurantes em Roma ou Milão.. Se não dá é porque não quer (50 bilhões de eurodemocráticos bruxelenses de fortuna). Estas disparidades injustas entre antigos e presentes cabeças de governo da Comunidade Europeia não se admitem. Um dia destes ainda vai haver por aí uma revolução, se os comunistas venderem a patente. Mais que não seja nas lojas pequenas porque as grandes estão-se cagando.

A outra notícia que me fez piscar o olho da indignação foi uma à volta dum juiz que condenou um pedófilo a dar uma bicicleta ao rapazinho que molestou. Estas coisas têm que progredir aos poucos. Que ninguem se admire que daqui a uns anos as penas baixem para um triciclo com cromados ou um pacote com duas dúzias de fraldas.

Depois fui ao tal supermercado, e quando de lá voltei carrregado com vários quilos de bananas sul-americanas que tenciono transformar numa sopa potássica para me fortalecer os nervos até o comandante Sócrates decidir voltar ao seio dos homens normais, fui ao computador e carreguei no botão do Aspirina, levando de seguida com várias coisas na tromba, entre elas os 25 tostões de prosa tavariana de coçar na pila ao Sim e no grelo à Nova Ordem Mundial – outra surpresa que contribuiu para animar um dia cheio de sol que não foi para brincadeiras, graças a Deus.

TT

O MAL QUE DIVIDE AS ALDEIAS (3)

Que ninguem se canse demais a procurar as causas primeiras das decisões politicas na História recente entre as leituras oficiais de manutenção do statu quo ou nemésicas contra os vários figurinos da opressão. Uma e outra são desenhadas para nos confundir ou cegar. Melhor será, com um pouco de boa vontade e espírito aberto a actualizações, tentar isolar o ingrediente favorito e remoldável, o método elástico e maleável da Maldade organizada. Depois duma certa prática na maneira de se olhar nesse jeito, uma nova visão do conjunto e das conjunturas entrará pelos olhos de qualquer um disposto a ultrapassar as velocidades minimas de educação politica permitidas nas auto-estradas democráticas.

Neste período de paz prolongada na velha Europa do bom senso e de guerras ferozes e animalescas, Europa da alquimia e da cabala importada, das descobertas e invenções de tantas coisas boas, no meio delas a Intriga activíssima que continua a influenciar o resto do mundo e a ditar a maior parte do que nele hoje se passa, o objectivo primeiro do Mal organizado é o de manter as classes trabalhadoras de calo ou computador em coma ressuscitável ou em reserva para utilização em eventuais situações de emergência.

Foi realmente trabalho árduo chegar a esta fase, lá isso foi, ter domado a besta pobre e agangada depois da última Guerra Grande de muitos mortos, fomes e racionamentos, tudo aos poucos debelado com a ajuda das farturas marshalianas dos gringos a varrerem os pós da destruição. No âmbito da filosofia inconfessada de que é possivel haver lucro em tempo de guerra ou de paz e em vários tipos de mercado, a Secção do Capital da Organização do Mal depressa se mobilizou e arregaçou mangas e, apesar duma Guerra Fria que se meteu propositadamente pelo meio para assustar cágados e arvelas e umas quantas outras quentes e mornas em várias áreas do globo para se provar que o Homem nunca mais deixa de ser um animal de fácial persuasão política, cresceu e fez crescer tanto à sua volta com a magia e os dedos de ouro que lhe conhecemos que até se deu ao luxo e ao trabalho de fornecer pópó e casa própria a muitos dos até ai destituidos labregos. Passada essa fase, lei capital dos crescimentos económicos impossíveis de se manterem por mais de trinta anos, tratou o Mal de proceder a revisões e preparar a Força de Trabalho para a luta morna do fado-chanson-rock contra o outrora desalmado (hoje contratualmente civilizado, responsável e compreensivo) capitalista ou burocrata. Vestiu-a, para isso, das gangas caras de Nimes, gravatas e saltos altos como requere a chucha capitalista dos Contratos de Desemprego Cíclico e Harmonioso. Depois foi só deixá-la especada frente ao televisor a comer pipocas ou a beber a propaganda-entretenimento, sem que montes dessa gente extraordinàriamente inteligente e politicamente lúcidíssima ainda hoje se aperceba que não é dontem que o Mal anda de braço dado com o Trabalho e o Capital com olho de ourives e mão de artista, escondendo a sua natureza de amante secreto.

E não será agora neste tempo de cruzadas que ao Mal lhe interessará acordar gritos de guerra sociais nos peitos das velhas guardas de irem tradicionalmente nas suas fitas. Melhor será ir aguentando o barco, retocando as pinturas alegóricas, desfraldando bandeiras menos agressivas ou ofensivas nos desfiles e procissões, distribuindo às bocas aguantes os elixirs eternos de manutenção de energias dormentes. Conservar a chama um pouco acesa, sim, mas não ao ponto de a deixar apagar completamente, impedindo-a de continuar a ser a distracção alumiante capaz de criar o atrito e espírito de bulha tão convenientes para quem aposta na arteirice de manter o rabo de fora. Par o Mal, agora, aqui e em todo o lado, o importante é manter as boas relações entre o negativo e positivo, em equilibrio não faiscante; suster quanto possivel ou moderar os apetites por visões de futuros demasiado materiais; nada de excentricidades ou esbanjamentos; nada que exceda o imprescindível simples em matéria de coreografia nos bailados de classe ou transtorne demais o novo grande espectáculo das academias dramáticas da politica. A Promessa do Aquário prepara-se para se instalar em força, com sedes e fomes programadas para horas certas, de acordo com os planos de fundição das ideias e sincronização das respirações, tudo cuidadosamente monitorizado pelos operadores do computador central.

Trabalhadores versus Patronato, fitas antigas de punhos cerrados, teatros do engano com participação de plateias-claques perigosamente volúveis e incontroláveis , ameaças de greves gerais – tudo isso passou temporàriamente à história porque indecente, ilegal ou ultrapassado, ou mesmo politicamente incorrecto; porque impeditivo e atrapalhador doutras tarefas mais urgentes, mais globalizantes, mais preocupadas com a robotização geral e subordinação total do cidadão a esquadras de policia em ponto grande a que seremos convidados no futuro a chamar de governos regionais ou administrações de áreas geográficas com ligação directa à cabeça de polvo que as controlará.

O processo engorda e insinua-se a olhos vistos, sobe às cabeças dos primatas já meio-esquecidos de que nada é definitivo e tudo se transforma mesmo quando se fala em planos de maldade. Teòricamente, pelo menos metade já antegosta o futuro pesadelo dum Estado Geral que promete olhar pelas nossas tesões e ambições, enquanto o resto vacila na dúvida perante os encantos da promessa que irá causar dissabores e desilusões tanto aos que agora descrêm por princípio ou tipo de sangue, como aos que ainda vêem sentido e razão em militarem em partidos de Esquerda ou Direita. E, para o Mal, que ainda funciona com o mesmo e inalterado cérebro de sabedorias velhas, nada é definitivamente definitivo. Como qualquer igreja que se preza, provisoriedade e improvisação são armas do seu arsenal de resposta e reacção e desempenham um papel importante nas tácticas diárias. Hoje pode ser sexta de bombásticas declarações parlamentares em nome da Paz com inicial maiúscula, amanhã sábado de bombas nucleares.

Não que esse desenho do Mal para empurrar a Humanidade para o fundo do barranco onde se lança lixo, sobras de civilização e vómito não esteja condenado ao fracasso último quando pensamos em termos de cosmologia e consciência colectiva universal. Está, e disso há provas de sobejo. Mas que existe plano para feri-la mortalmente ou inani-la neste local e fase da existência, ou pelo menos para roubar-lhe a consciência e o intelecto que a capacita a compreender o seu papel transcendental numa visão do cosmos não subordinada a decretos ou pressões, disso também não há dúvidas nenhumas…

(I Lóv-you-baby, tururu-ru, tururu-rá….)

Direi mais, quando a febre me passsar.

TT

O MAL QUE DIVIDE AS ALDEIAS (2)

Por este andar, disse-me há dias um velhinho reformado, na mais feliz das hipóteses e sem dramatizar excessivamente a teatrada, as lutas por aumento de salários ou contra o desemprego, por melhores condições de trabalho, impostos mais baixos e outras bagatelas menores penduradas nas barracas da grande feira da reivindicação ainda serão daqui a mil anos a norma permitida e oficialmente encorajada pela assembleia dos justos, a isca e engodo que nos impedem de começar a considerar a verdade primeira dum planeta que cada vez mais nos parece ser, em todos os aspectos e sentidos, resultado do esforço dessintonizado duma mente colectiva influenciável, compulsòriamente afastada das áreas fundamentais do conhecimento, pescando apenas o que lhe ensinaram a pescar, para gáudio dos inescrupulosos detentores dos arcanos milenários.

E continuou, o velhote : já são horas de se tocar alguns sinos de rebate, já é tempo para os menos parvos ou iludidos começarem a interrogar-se sobre se não haverá infantilismo político a mais na ideia de se pensar que as anseios da Humanidade podem ser eternamente acalmados com mais um ou dois euros por hora de vez em quando para alegrar o olho ao papá e habilitar o menino a mais um ou dois gelados por altura dos banhos, ou com uma greve-geral de vinte em vinte anos. Concordei plenamente.

Mas, que fazer? Isso também eu gostaria de saber ao certo, eu e o velhote do lar de esperar pela morte. Todavia, sugestões merecedoras de alguma consideração não faltam por aí, a pingarem de bocas ou a bailarem em cabeças com boas intenções. Que tal, por exemplo, a proposta honesta dum tal Eurico da Labareda para se ultrapassar com urgência a mentalidade reivindicadora e materialística dos pobres e remediados, cujo resultado imediato, e esperado porque premeditado por quem a tolera e cultiva, é o de sancionar, justificar e assegurar aos ricos a enorme fatia que lhes cabe? Ou a ideia nada má de que seria aconselhável fugirmos para bem longe, e quanto mais cedo melhor, das gratuitas e bolorentas explicações oficiais para “o que somos?” e “donde viemos?” que nos vendem ou impõem com a ajuda de ciências a soldo de políticas que se estão, no fundo, marimbando para nós? Que tal aceitar que há, no desafio que se apresenta no futuro a toda a gente de carne e osso, vantagem em incluir a participação activa da Alma e do Espírito que fomos ensinados a desprezar, única forma de nos reposicionarmos harmoniosamente em relação ao cosmos, de nos limparmos das lamas de mentira, de revogarmos decretos inspirados em filosofias de atrito entre classes, de negarmos direitos de arbitragem às administrações centrais que nasceram da iniciativa de dúzia e meia de abutres políticos a quem ninguém encomendou o sermão?

Até que alguém nos ilumine sobre essas ou outras sugestões mais capazes ou menos chocantes para o pusilânime mas satisfeito troglodita, uma simples passagem da nossa mão pela crista do galo politico que nos acorda todos os dias às seis da manhã com ordens para continuarmos o trabalho da Repetição servirá, no mínimo, para nos lembrar que o segredo supremo do Mal – a Manutenção e Congelamento da História Que Nos Ensinaram– continua a não dar mostras de querer revelar-se ou abrir-se voluntàriamente, apesar de tanta testa franzida, de tanto reparo por parte dos curiosos e preocupados inquiridores. Vê-se que o Senhor Mal ainda sabe a força que tem, provavelmente soma controlada das energias de todos os seus aliados

Mas há um obstáculo de difícil transposição atravessado no caminho do Mal e dos seus vassalos. É que a História, se bem que com tendência a coincidir nalguns aspectos do seu desenrolar não confirmado e por confirmar, só se repete nos sonhos e nas imaginações optimistas dos que pretendem falsificá-la ou escrevê-la a seu bel-prazer. A essa gente escapa-lhes a importante necessidade de não se esquecer que tudo tem um prazo para se consumir, sob pena de se causar enjoo ou repulsa ao consumidor. As coisas ou são frescas para poderem enganar ou espirituais para poderem perdurar.. O uso prolongado dum método de convencimento expressamente criado para criar ignorância torna evidente o caracter perecível e degradante da política que o utiliza. Tais métodos, quando batidos e gastos, são passiveis de promoção a lixo, senão redundam em desastre. E os desfechos últimos de registo histórico, mesmo se isso fosse, que não é, considerado fundamental e importante para uma solução final com base no Amor e Compreensão, dependerão sobretudo das reacções avisadas ou naturais do duplo elemento Humano-Espiritual. E é por isso que já começa a notar-se que esta não é das melhores épocas para se fazerem prognósticos fáceis usando as réguas e compassos do sistema antigo – uma enorme dor de cabeça para a irredutível, enganosa e enganada filosofia do Poder, para os Planeadores Gerais e para as Elites a soldo do Mal.

INTRODUÇÃO AO MAL QUE DIVIDE AS ALDEIAS

Aqui há dias, deixei pendurada no meu post “Sim ou Não” uma pergunta à qual ninguém respondeu própriamente, como, de resto, tive o cuidado de prever. Houve reacções, sim, e resolvo destacar sem favoritismos a muito curiosa vinda dum fulano que insinuou, para quem o quiz ler, que já não deve haver Amor dentro de mim. Tocou-me fundo, do coração às gónadas, partes sensíveis e mal defendidas. Que o homem saiba que a sua opinião conta bastante, aqui e lá fora nas ruelas da Democracia ao Deus Dará, mas que difere, evidentemente, da que tenho e que passo a explicar defendendo-me com o argumento de que há Amor do grande e do pequeno dentro de toda a gente sem excepção no género humano desde Cromagnon, inclusive dentro do carrasco por vocação, moderno ou antigo. Um pouco de Amor aqui e ali, nada de farturas desperdiçadoras, dará sempre para encher vazios importantes, por vezes espaços usados por gotas de suor que emigram na única direcção permitida. Todavia, agravamentos em casos específicos que envolvem carrascos e outra gente má como eu podem surgir de vez em quando, sobretudo quando a estupidez que se mistura com o ar que respiramos aproveita as portas deixadas abertas pelas transpirações e nos invade os corpos como uma besta incontrolável, pondo fim a equilibrios que já são, por si sós e sem ajudas de mais nada ou de ninguém, nitidamente precários.

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APELO

Há uma miuda internada, com doença grave, que precisa urgentemente de sangue B- (negativo). Malta, vamos lá ajudar a miuda! Divulguem este pedido pela blogosfera, nacional e internacional.

Contactos: Luis Carvalho 93 108 5403
Pedro Ribeiro 22 204 1893

SIM OU NÃO

Há (haveria se isto fosse conversa telefónica directa e não-fiada) várias opções na resposta a uma pergunta que gostaria de fazer aos consumidores de gasosa democrática que por aqui tropeçam. Sempre é melhor que o “sim ou não” – “Deus ou Diabo” que se anda a oferecer às pessoas sobre o problema das terminações artificiais das gravidezes. Mas, estou mesmo a ver, serei eu que no fim terei de ser o respondente, e depois o respondão, porque não posso ficar para sempre à espera que me escrevam ou que a pele se erice a alguem.

Confusos e já a mergulharem no aborrimento? Há cura para isso. Basta olhar para 2006, e pensar que 2007 só pode ser mais um Ano de confirmação, um ano neo-quase-tudo-mau (fascista, negociador, conservador, disfarçador, intriguista, etc., etc), isto é, Ano que será certamente do Lacrau e possivelmente da Osga, ou da Hiena e do Papagaio, com highlights previstos no comércio de dragões em Xangai e deterioração também certa da indústria do hambúrguer humano no Iraque, e muita conversa de bruxas políticas ocidentais à volta de mesas redondas para decidirem o que já está decidido há muito tempo. Enfim, segue o misterioso quesito:

Se merecesse a pena, por onde é que acham que eu deveria começar para dar uma opinião muito pessoal de como vai o mundo – com as boas novas ou as novas pesarosas; com o sal necessário à vida ou com o podre dos cheiros enxofrentos e amoniacais; com o fel ou com o mel; com o anúncio tardio e incrível da salvação cientificamente provada e garantida para todos depois da morte física ou com o veneno persistente e teimoso que ao longo dos séculos tem preterido a verdade e postergado os direitos das maiorias sãs mas combalidas de corpo e espírito?

Pensem nisto os meninos que ainda não capitularam ao poder de aturdimento dos elixires destilados para consumo pelo cidadão maior e vacinado. O resto pode ir pensando na melhor forma de organizar a versão lisboeta da Maratona Masturbatória de Londres, um sinal de indesmentível progresso que, curiosamente, poderá revelar-se como a solução simples para evitar as despesas previstas com o aborto livre e subsidiado, muito embora nada resolva sobre o importante aspecto da falta de respeito, não direi ao feto, mas à alma eterna e voluntária que é forçada a re-planear a partir do ventre doutra mulher.

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ADAPTAÇÃO AO MAL…

Não há bem que sempre dure nem mal que se ature … Sim, mas a enormíssima porra é que gerações sucessivas não perderam as paciências e, logo, não se livraram do Mal. De concluir, portanto: ou há paciência a mais ou o Mal já nos entrou no sangue. Merda, então, para o rifão. “Há males que vêm por bem”, outro dito com aplicção em momentos raros de surpresa contente, também aos poucos se vai insinuando como o aceitável e corriqueiro prato do dia .

Um avisozito anti-Mal antes que ele resolva acampar por aqui definitivamente entre os fotógrafos bem intencionados: é preciso muito cuidado com os funcionários ideológicos ou de sangue da Biltres, Birbantes, & Cia que orbitam esta e outras paróquias materialistas do espírito, seguindo os nossos rastos e sombras, espreitando, medindo o tamanho das críticas e a gravidade dos ditos e apartes, o comprimento, a curteza ou os defeitos das nossas línguas; moldando as nossas opiniões; passando as mãos termométricas pelas testas dos mais revoltados ou excitados; gravando os sons dissonantes e inquietantes; procurando febres e suores suspeitos e contagiosos; cheirando riscos reais e potenciais para os amigos e irmãos encapotados que lhes incumbiram tarefas conspirativas e de vigilância e exigiram deles lealdades presas a juramentos com mãos sobre livros e objectos estranhos de anti-sacristias invioláveis.

Claro que nem um cèguinho na reforma, com gota e problemas duplos de circulação porque também anda tolhidito das gâmbias, acredita em perigos imaginários criados por desconfianças do mesmo tipo. Portanto, que ninguem se assuste com a advertência acima ou ceda a nervosismos precipitados e irracionais porque tudo vai bem a oeste de Belem e Jerusalem, e que ninguem, já agora, ligue demais ao que vier a pingar desta pena-martelo também é algo que gostaria ficasse expresso para atender a todos os gostos. Eu, apesar do pé que ponho atrás mais por segurança que por desejo de dançar o bolero ou o chachachá, cá vou quando posso abrindo uma excepção descuidada para acrescentar a tantas outras que deixei nos pretéritos de ter andado a falar para o boneco, desprezando o importante aspecto mini-conspirativo, delicioso de se viver mas muito a jeito do arauto imprevidente em cuja farpela sempre gostei de me ver. Que ninguem, por isso, me imite no vestir sem primeiro se aconselhar com um bom alfaiate (há alguns à escolha no elenco desmobilizado aqui ao lado) é conselho que gostaria de deixar ficar a boiar nestas águas turvas de registo. Fala a idade, que nem sempre corresponde a calo, dum animal incompreendido.

E estou como o Valupi e outros optimistas: o ano promete tanta feeria de qualidade que até já comecei a contar as favas que irei semear quando o tempo começar a esquentar. Portanto, vamos a isto, evaristo, que anda por aí muita gente a provocar-nos a legitima vontade de criticar, a investir-nos do direito de julgar, a convidar-nos a sentenciar, mas ao mesmo tempo, e isto é que é triste, descarada e òbviamente a borrifar-se para aquilo que se disser contra eless, porque são eles que controlam o cacau político e a banha económica, e porque são eles que accionam as máquinas que preparam os molhos de cultura-progresso que depois temos de pagar com suores esforçados noutros lados . Mundo cão que tão bem organizado está.

TT

SOCORRO! – The director’s cut

Eu não vi absolutamente nada de “movediço” na exumação valupiana de posts e comentários ( Socorro!) sobre a arte de bem-falar e pronunciar com olho crítico ou diacrítico. O JPC manteve o frio para poupar o coração e fez muito bem porque “movediço” nem sequer é sinónimo de “provocatório”. E nem merece a pena citar frases lapidares de linguistas respeitáveis que acham que “o correcto é aquilo que as comunidades linguísticas esperam”, senão ainda nos embaralhamos mais.

É que no fundo, se nos lembrarmos bem, a tempestade original até nem passara de mera aragem (quem discordará da hipotética explicação de que “carapau” há trezentos anos ou ontem à hora do almoço, no telejornal do Cadaval, se dizia “cara de pau”?) muito embora tivesse brevemente servido para se entrar na guerrilha do detalhe lingo-gramatical que esconde muitas vezes pequenas vaidades sob as capas dos argumentos farpantes. Onde o Valupi perdeu um pouco nessa discussão sobre os nevoeiros dos falares regionais foi quando insistiu escravizar-se ao regulamento, mostrando a toda a gente como é que se monta a égua branca da língua bem dita. A ele far-lhe-ia bem sentar-se numa poltrona em Londres a ouvir o correspondente da BBC em Belfast.

Sem ir muito longe, dou-vos um exemplo fresquíssimo e natural de corrupção, evolução e dinamização da língua: o Valupi, mal lhe virei as costas aqui há dias, transformou em “Delbert” o Delbet de que lhe falei com tanto entusiasmo. Nada de mal nisso, um simples descuido, se descuido foi, que nunca se sabe nesta freguesia. De temer, no entanto, é que esta tendência para acrescentar erres e erros possa levar daqui a 50 ou 100 anos, por acumulação e extrema ignorância, algum estudioso mal-informado de blogues vetustos a referir-se à pessoa de JPC chamando-o de Soão Cedro da Bosta, homem de grande ventosidade, cultura e capacidade intelectual que costumava desperdiçar muito do seu precioso tempo atrás de borboletas fanhosas ou barifónicas para arrancar sorrisos aos tolos e tolas das tolas.

TT

L’HISTOIRE A BESOIN DE SOINS MÉDICAUX

Permitam-me abusar da hospitalidade desta casa, metendo aqui a minha resposta a um comentário do Valupi ao meu post sobre o Cloreto de Magnésio e o Professor Pierre Delbet. Matei as lêndeas gramaticais que mais feriam os olhos aos puristas amadores que passeiam nesta freguesia e deixei o resto na mesma. Estou convencido que os que estranham a ausência das ricas penas da maioria dos nossos colaboradores compreenderão esta espécie de impertinência que é ao mesmo uma forma simples e airosa de manter o jornal em movimento.

Desculpa a retirada à pressa, mas não podia deixar arrefecer a limonada. O que acontece em casos destes (quando por exemplo eu e outros nos pomos a dizer que andamos a ser mal servidos por uma classe que tem a obrigação de zelar pela nossa saúde ou, se não tem, que o diga com toda a franqueza para ficarmos descansados) é que quase sempre se esbarra contras as paredes do costume. Isto é, se citamos um médico honesto – ou uma dúzia deles, tanto faz – que nos pareceu “revolucionário” ou diferente e a destoar dos poderes estabelecidos nessa área, o argumento predilecto e muito comum é o de que essas ideias diferentes não foram confirmadas pelos maiorais da época nem sujeitas ao escrutínio de estudos científicos. E quanto mais velhas vão ficando essas opiniões discordantes, tanto melhor para aqueles que nunca as aceitarem por razões que só eles sabem. Repara, por exemplo, que só foi há meia dúzia de anos que se tornou pública a oposição muito válida dum dos contemporâneos de Pasteur às ideias sacrossantas deste. Até ai, ninguem ousava arrebitar a cauda ou pôr em questão as suas teorias microbianas.No caso de Pierre Delbet, e de muitos outros médicos franceses que confirmaram na prática que ele estava correcto naquilo que defendia e bastante avançado em relação à escola tradicional, foi utilizada uma outra arma do costume: deixar andar, não fazer muitas ondas, que no fim o pagode vai esquecer e até nem os médicos novos ficarão com porra de ideia de quem foi esse fulano muito respeitado no seu tempo.

Quanto ao aspecto da revitalização, vê se esta passagem dum outro livro sobre a matéria encoraja os curiosos da medicina, porventura distraídos: “Comme le professeur Delbet l’a établi par nombres d’experiences et d’observations faites avec des doses plus faibles, le Chlorure de Magnésie “exalte la VITALITÉ des cellules et leur permettre de triompher, par elles-mêmes, des microbes”. C”est ce qu”il a appelé Cytophylaxie”. O problema agora é entre o que Delbet deixou escrito, que não é sacrossanto, bem entendido, e esses médicos-cientistas de que me falas.

Agora perde um pouco de tempo, se quizeres, e vê se me encontras algum dos vários livros escritos por Delbet ou pelos seus seguidores à venda na Internet ou nalgum alfarrabista ai no teu bairro ou no resto dos bairros. Se encontrares, diz-me, que terei muito gosto em comprá-los e oferecer-te um charuto. Nos últimos anos tenho aprendido que a maior parte do papel impresso ainda a cheirar a tinta fresca raramente nos conta a verdade. Quem quizer saber dessa rapariga terá que procurá-la em sótãos e atrás de móveis. O único inconveniente é o de nos enfarruscarmos a sacudir-lhe o pó. Muito obrigado pelo interesse e um abraço. TT

NO IRAQUE TUDO PODE ACONTECER

Para aqueles para quem o “enforcamento” de Saddam Hussein possa servir de tópico em conversações à volta das caras de bacalhau com couve esta noite, segue este conselho: não acreditem, por enquanto, no que os vossos olhos viram, nessa fotografia dum corpo inerte pronto para mortalha e enterro.Eu pelo menos tenho as minhas dúvidas de que o homem fosse o mesmo que colaborou activamente com a Central durante umas dezenas de anos. Porquê? Pelo seguinte.

Primeiro, porque a ridícula saga dum Bin Laden, que só aparece em videos mas nunca a mostrar-nos como é que se amanha com relimpezas ao sangue, necessárias devido a insuficiência renal, é uma montagem que pode ser duplicada com pequenas alterações e com a ajuda do departmento de props da Central; segundo, porque não me lembro de ter lido em quatro anos uma única verdade sobre a guerra do Iraque saída das bocas dos governos americano ou inglês ou dos xiitas do governo responsáveis por grande parte do terrorismo que dizem andar a combater; terceiro, porque tanto a amante como a mulher de Sadam Hussein desmentiram que o homem que temos visto nas noticias é o mesmo que costumava dormir com elas; quarto, porque não vi a tradicional queda no alçapão, como costumamos ver nos filmes de cowboys do Clint Eastwood; quinto porque um dos chorosos acompanhantes no funeral the Saddam declarou: “He did not die. I can hear him speaking to me” (querem melhor prova do que esta?); e sexto, porque adoro teorias da conspiração e esta apresenta-se tão verosímil como outra qualquer.

Portanto, abaixo a intriga imperialista muito espertalhona e vão enfiar o garruço a outro.

TT

AU REVOIR, MONSIEUR PASTEUR

Acabei há dias de ler um livrito que importei de França, escrito por uma psicóloga e naturopata daquele país muito interessada nos problemas da alimentação e com um respeito muito grande pela Liberdade de ser o cidadão a decidir que tipo de tratamento lhe convém quando a doença lhe invade o organismo. No livrito intitulado Chlorure de Magnésie – un remède-miracle inconnu – Marie-France Muller introduz-nos nos conhecimentos duma substância de poderes curativos quase milagrosos, ou mitigantes, indirectamente conhecido por quase todos nós, não fosse a sua fonte mais importante a água do mar, onde o encontramos como composto natural – Cloreto de Magnésio.

A descoberta deste sal-pão-alimento, que é curativo por ser precisamente isso e muito natural, não é dessa senhora. A honra coube a um brilhante médico francês, Pierre Delbet, membro da Academia Francesa, que se ajudou da colaboração de muitos seguidores da mesma profissão que provaram e re-provaram e tornaram a provar as virtudes da substância vital num período que se estendeu do fim da Primeira Guerra Mundial aos anos cinquenta, quando a Big Pharma começou a mostrar os dentes da maravilha anti-biótica (cujas consequências agora carregamos como um fardo mórbido) e a estender tentáculos, revelando harmonia e consonância com os planos de certos grupos politicos apostados em conservarem o resto das tertúlias parlamentares em completa e vergonhosa ignorância dos avanços genuinos da ciência médica. Pierre Delbet foi dos primeiros, se não o primeiro, a apontar a relação inversa de magnésio dos solos e o cancro. Quanto mais magnésio menos cancro e vice versa.

A lista de doenças sobre as quais o Cloreto de Magnésio exerce uma influência antagonista ou de travão, e por isso salutar, frequentemente curativa e quase sempre redutora dos piores aspectos dos sintomas das doenças, ainda não foi completada porque é enorme. E tal seria de esperar porque o sal halogênico não é dirigido a nenhum órgão específico. A célula, que revitaliza, é o objectivo e quando se diz isso é do completo organismo que se está a falar.

Agora digam-me em que farmácias em Portugal é que se vende esse pó branco que parece açucar pilé, mas de gosto amaríssimo, para que todos possamos experimentar quando tivermos falta de tesão ou cabelos brancos, que também é, alegadamente, bom para isso, não se esqueçam os entradotes com problemas nessas áreas. Nota (triste): não há praticamente nada na blogosfera portuguesa sobre esta matéria, mas os nossos irmãos do Brasil estão, felizmente, muito mais bem informados que nós. O Chlorure de Magnésium é ainda obtenível em farmácias em França (seria uma vergonha que o não fosse) em “sachets” de vinte gramas que se adicionam a um litro de água que se bebe às pinguinhas conforme a gravidade das maleitas e a urgência dos casos.. Pesquise-se em francês para se ter uma ideia da sua re-descoberta e popularidade entre gente atacada por gripes, acnes, alergias, crises do feno, etc., etc., etc. Em Inglaterra, tadinhos que nunca ouviram falar disso em farmácias. I wonder why. Correction: I do not wonder at all.

E não se esqueçam de se aconselharem com o sô doutô, antes de tomarem qualquer decisão “precipitada” em relação ao naturalíssimo e muito terapêutico Cloreto de Magnésio cujas virtudes têm andado encapotadas há tantos anos. Felizmente ainda há memória, mas pelo andar da carruagem não é por muito tempo, que os livros já se andam a queimar mesmo sem labaredas.

TT

PROCESSO ARQUIVADO POR FALTA DE PROVAS

Não são um ou dois comentários tansos ao post do Afixe sobre férias judiciais que me impedem de registar aqui o meu louvor à maneira profissional como ele expôs o problema que já o incomoda, tudo indica, há algum tempo. Escrita limpa, diria até que de juiz militante, em prol da sua classe. Mais difícil é saber se a Quitéria Barbuda, mesmo com um sobrinho agravista na comarca de Paço d’Arcos, gostou tanto como eu. Mas sei da pergunta que inevitavelmente assomou aos lábios daqueles que já sabem o que a casa do tra-lá-lá gasta. Se a bagunça do não-te-rales é geral de norte a sul em todos os departamentos do trabalhador público disfuncional de passar atestados, diplomas e receitas, por que não, já agora, nos serviços que em princípio deveriam zelar pelo bom funcionamento de tribunais mesmo quando a maior parte dos juízes anda a beber pinas coladas e bloody marys pelos estaminés de Albufeira?

Confesso que nunca me passou pela cabeça haver necessidade de rotatividades nesse sector para harmonizar escalas de férias que não entupam o sistema. Caramba, gente tão acima do resto do pobre vulgo! Isto deve ser um belo exemplo de democracia ao vivo e em acelerado ou a toque da corneta bruxelloise! E eu que andava a pensar que férias judiciais eram só os fins-de-semana de acampar há muitos anos com os meus amigos na praia do Júdice, perto das Alforrencas — mas só quando encontrava algum magala que fizesse por mim o serviço de faxina à padaria do quartel, a troco de vinte paus.

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FOOD FOR BODY AND MIND (Part one)

Ask any conspiracy theorist worried about nutrition and he will tell you (with more conviction than is needed to write this) that the surest way of keeping the mind strong, healthy and under control is giving our bodies some well measured, preferably uncontaminated food – the food that allows that mind to function to perfection and in freedom. And he will probably let you know, just for the record, that keeping our mucosae in daily contact with all important micro-nutrients is part of the secret which helps us to see the world in a way far beyond the reach of those who fill their supermarket trolleys with two-litre bottles of coke and three-for-two giant pizzas not baked by our grandmothers in Italy. If in good mood, our conspiracy theorist will also tell you about mineral transmutations inside plants and animals in complete disagreement with official scientific beliefs.

Let’s just say our nutrition-fixed conspiracy theorist friend is making a very important point. However, we have the right to wonder how much this nutrition-for-perfect-health culture is already showing signs of incautiousness and ineffectualness. Or perhaps showing something even more serious: that the whole thing is becoming a tool in the hands of the very same masters of those governmental bodies and agencies all the time feigning to be, in the name of science and common sense, very concerned about our “ridiculous” fad of ingesting a plethora of lab manufactured nutrients. From a pessimist’s point of view, a future for US is being planned by THEM, using our own hurriedly chosen weapons from THEIR carefully elaborated catalogues. Visions of well organized vitamin C and B-complex mafias, with all the usual government/police connections, or of alpha-lipoic acid pushers at work in the dark corners of the big cities, are not farfetched. Be sceptical and look inside your tablet, while you have time.

If we are learning anything from those bits of historical truth and maverick science reaching us every day, apparently without the consent of the powers which have been ruling the world for many centuries, we can bet without much fear of losing, that every major social fad (from nutrition awareness to regenerated/modernized beliefs in the “democratic” process, or God, Pop Music or Sport, all requiring some sort of widespread robotic dedication and involvement) is bound, sooner or later, to become another clever political toy in the hands of extremely intelligent bully boys.

With historical persistence and cunning and power for observation and plan, the master-manipulators will do their best to reform, redirect, reshape or reconstruct our fervours and love for new ideas and products. THEY will always be prepared to provide us with the required chemistry, the salt and pepper standing next to every pre-written menu, and nothing will be left to chance when it comes to matters of feeding our illusions or stomachs. The cooks of history will always keep an eye on our preferences and changes of taste. They will, if they have not already been waiting for it, carefully observe our growing passions or diminished interest for anything that pops up naturally. Fancy some Viagra or olive oil? No problem, sir. They will keep your fake orgasmic juices flowing with one “manusaturated” hand while the other grabs all the virgin olive groves in the world.

Those among us who know that there are large chunks of information unashamedly and criminally kept away from shelves in public libraries and food stores (call it “organic” or uncontaminated History if you like) will have no problem with telling who in fact has been gaining most and more regularly from social salads with a pinch of intrigue; from coups d’état, popular revolutions, patriotic orgasms, local wars, general strikes, international wars and wars of independence, all masked as desirable, necessary and inevitable social upheavals for the benefit of variable portions of the human race; they will have no problem with pointing almost exactly who has truly gained most from working-class chanting and flag-waving masked as effective and genuine trade-unionism; who has profited most from perversion of our minds and feelings dressed as epoch-making artistic and literary movements; from medical wizardry and technological feats with the intent of concealing and distracting us from the real discoveries.

Political master-manipulators may not have been many at any time in History. Nonetheless, in spite of their small numbers, they have always been able, from the heights of their positions of direct or indirect power, to be one step ahead of everybody else, particularly ahead of hard-working, honest people on this planet, using religious and political cunning, selling, buying, renting ideas or perverting them, falsifying History, patronising the sort of philosophical outburst which better served their plans – all made possible by loads of corrupting and corruptive gold to fulfil the selfish dreams and expectations of many and concurrently and designedly providing Humanity with the hard-to-die belief that every single important event in History was and is the unplanned result of chaotic forces in society. A load of “academic” bull, and they know that.

O QUE ESTA MALTA ANDA A PRECISAR É DE SER METIDA NA PRISÃO…

Depois duma pesquisa aturada na Internet, aflito com males de intestinos preguiçosos e uma pressão arterial bastante elevada, deparei com este conselho dum homem oriental na Wonder-Cures.com, que aqui transcrevo, com uma certa liberalidade no tom e no respeito ao texto.

“A excessiva participação em actividades sexuais causa prisão de ventre (“constipação” como se dizia no tempo da Dona Carlota Joaquina e ainda se diz por essa Europa fora) e outros problemas relacionados em homens. Inversamente, quanto mais um homem se abstiver dessas (deliciosas e naturais) actividades, maior será a sua tendência para sofrer ataques de diarreia. Evitar sexo durante periodos longos, causando a retenção de grandes quantidades de sémen em homens sexualmente normais, poderá conduzir a caganeira persistente, desidratação, perda de peso, baixa pressão arterial, insónia e fadiga crónica em muitos deles”.

Malta nova, quarentona ou ainda capaz der bater meias-solas como eu, fará bem em atentar na sabedoria que exsuda, ou ejacula, desse conselho. No aspecto prático, se conhecerem algum tio com problemas diarreicos, ou hipotenso, já sabem que palavras ressabidas devem juntar à palmada nas costas. As raparigas também podem contar aos seus maridos e namorados, ou a um de cada vez, conforme as circunstâncias. Mas cuidado com os exageros e não se esqueçam de pedir a opinião ao vosso médico muito respeitado. Eu, como sempre, digo: I love you lots, darling Internet.

TT

DO QUE FORAM AS ASPIRAÇÕES DO ASPIRINA

Este apontamento do TT é – e assim deverá ser lido – anterior à morna chuva de Verão que o Zé Mário fez cair aí em baixo.

Passem a vista (estou a dirigir-me àqueles que têm participado destas leituras desde o princípio do mundo) por essa relação de nomes de Enfermeiros aí à vossa direita e depois digam-me com franqueza se ficaram desiludidos com as contribuições que alguns deles deram ao longo destes quase dois anos de vida deste blogue. Dos cinco fundadores que ainda por cá andam a escrever com uma certa assiduidade, salva-se o Luís Rainha, cabeça do movimento, vaso de guerra que aqui vem dar bordadas de seis postas a fio quando as coisas aquecem lá pelas províncias da jornalada paga sobre determinados temas ou sustos que galvanizam e polarizam as opiniões; e o Fernando Venâncio, o único que neste preciso momento ainda se nega a calar-se por mais de quatro dias consecutivos. Dos restantes três do grupo permanente, o Valupi foi o último a entrar no Clube das Ausências Prolongadas, o que prenuncia afastamento total ou planos sebastianistas sem nevoeiros. Os outros dois andam a rezar mantras noutras tabernas, provavelmente pesarosos porque ninguém os compreendeu ou simplesmente porque não há nada neste mundo que mereça a pena ser compreendido. Dos convidados, o Carvalheira também me parece já não ter tantos contos para nos contar e eu, estranha alma incompreendida e de casca grossa, estou quase a ir pelo mesmo caminho se não me salvarem.

Ninguém pode acusar o fundador / os fundadores deste blogue de não terem feito um esforço razoável para apresentarem um prato diverso e bem decorado, representativo dos (e atento aos) gostos queridos do público ledor que anda por aí convencido de que sabe e que o sabe muito bem. Aqui, deste o princípio, havia de tudo para agradar, convencer e excitar, desde o marxista, denunciador cauteloso das violências de totalitarismos sovietistas, a homens da direita civilizada, uns a descartarem-se de revoluções permanentes ou ditaduras proletárias sem abandonarem o filosoficamente inviolável marxismo, e outros críticos do salazarismo para garantirem a permanência e sobrevivência da direita conveniente. E não nos faltava nem arte nem artistas, críticos literários, jornalistas consumados e escritores reconhecidos. Arquitectos, caricaturistas, publicitários, gente metida na indústria do livro, homens de reinterpretar Deus para consumos modernos e para nos ler a nova Mensagem. Enfim, de tudo como na loja dos linimentos para as comichões.

Mas que ninguém faça um drama de tintas consumidas destes dias sem postas, sem sinal de vida, sem peito a arfar com mais uma posta de tiro aos papas. Tudo isto é normal, democrático, previsto e já visto. Não é a primeira vez que as brigadas internacionais da informação, cultura e opinião política alternativa andam às cabeçadas surdas umas com as outras. Por favor, aprendam, senhores, treinem-se a captar os ultra-sons. A Intriga sabe disso melhor que ninguém. Ademais, há tanta coisa a considerar quando se desiste ou se perde o calor para continuar a escrever balancetes opiniáticos – vaidade, orgulho ferido, alergia, ou pouca capacidade de resistência, a críticas merecidas ou não, escassez de encómio, altaneirices não justificadas, partidarismos reais ou com efeito retroactivo, e um sempre à mão, quando não nos ligam nenhum porque a culpa é nossa, “já estou farto desta merda”. Abençoados recursos que não nos faltam.

Mas eu continuo na minha sobre em quem também deve recair a responsabilidade destas deserções ou mudanças de ares profiláticas dos nossos blogadores. A maior parte da malta que aqui vem ler é uma cambada de ursos ainda maior que a enfermeirada que foi tocar castanholas ou ganhar carcanhóis para outras paragens. E não percebem nada de política, são uns ranhosos de primeira que não têm a mínima ideia do que é o Imperialismo nu e cru, não sabem que a BP é a petrolífera que mais dinheiro faz em petróleo nos USA, entre as duzentas que por lá andam, e continuam a dar vivas à Europa chiraca que meteu os segredos atómicos nas mãos de Israel e agora anda armada em boa e civilizada a fingir que não tem nada a ver com o americano malvado. Who says I am not diplomatic?

TT