Esta tarde, pelas 18h30, o ciclo de debates É a Cultura, Estúpido! contará com a presença de Mário Soares. O ex-presidente falará sobre “O futuro dos partidos políticos e as novas formas de organização partidária”. A conversa será moderada por Anabela Mota Ribeiro, com Pedro Mexia e Daniel Oliveira no papel de “agentes provocadores”. Nuno Artur Silva e José Mário Silva dirão o que andam a ler, ver e ouvir.
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As lampreias danificadas
Que pena que o nosso blogue, ou o programa de edição do nosso blogue ou lá o que é, seja versão 3.2.
É que adorava saber como é que estes nos iam “ajudar a minimizar o dano”.
Imaginei o seguinte e-mail para o bom do Carlos Rodrigues:
“Caro Carlos,
Soube agora do vosso percalço com a cena dos posts perdidos. Sucede que, no período a que aludem, escrevi oito posts sobre a lampreia. Lamentavelmente, escrevi-os directamente no blogue, pelo que não tenho forma de os recuperar. Por isso, como podem imaginar, respirei de alívio quando li o vosso simpático memorando. Assim, e para que me possam reescrever os posts, única forma de o meu dano ser minimizado (a reparação integral implicaria uma sempre intrincada viagem no tempo), envio-vos, com a esperança que vos seja útil, a única coisa que conservei em lembrança: os títulos.
– Lampreia: peixe ou felino?;
– A língua raspadora da lampreia e o artigo 6º do Código Civil;
– Lampreia, quo vadis?;
– Petromyzontida ou Cephalaspidomorphi?;
– A minha lampreia é maior que a tua;
– A importância da lampreia no cinema polaco;
– De olho pineal em ti;
– A câmara branquial das lampreias: feitio ou defeito?;
– Lampreia e o domínio do mundo: do auge do Carbonífero ao declínio do Devoniano;
Antecipadamente grato, aproveito para lhe apresentar os meus cumprimentos que trago a uso (os meus melhores tenho-os guardados para os Domingos de sol, em que depois da missa vou de passeio com a senhora),”
Um épico demora 113 minutos a fazer-se
TAÇA DE PORTUGAL, 4.ª ELIMINATÓRIA
I
FC PORTO-ATLÉTICO
Estádio do Dragão, Porto
Hora: 15:00
Árbitro: Paulo Pereira (Viana do Castelo)
II
59′ – GOLO DO ATLÉTICO por DAVID. Cruzamento do lado direito para a área, mas ninguém se entende na defesa portista, surgindo David a empurrar para o fundo da baliza de Vítor Baía.
III
90’+5′ – Grande oportunidade falhada pelo FC Porto. Na execução de uma grande penalidade, Ricardo Quaresma acerta no poste direito da baliza defendida por Marco.
16:53 – TERMINA A PARTIDA.
Angústia da influência
«Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que o seu pai o levou para conhecer o gelo.»
Primeira frase do romance Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez
«Devo à subtil persistência da minha mãe a conversão ao ski.»
Primeira frase da crónica O horror capital, de Paulo Portas, na edição de hoje da revista Tabu, inclusa no semanário Sol
Da etiqueta ou outros desmandos…
Tendo em conta que recebi um postal de Natal em meados de Novembro, quando é que é socialmente recomendável deixar de desejar “bom ano novo” ao pessoal?
Para já, constato que o “BOM ANO NOVO” de boca cheia dos dias 1, 2 e 3 descambou, no dia 4, em “baAnove” dito entre dentes, e hoje, dia 5, já se nota um perigoso constrangimento na malta, tipo “bnove” dito com uma espécie de raiva, ainda que sem baba.
Dia 8, por este caminho, vão-se os resto das vogais. E vem um murro no focinho!
horóscopos e projectos
Após descobrir que as teclas CTRL+F5 servem para actualizar horóscopos que parecem desactualizados, passei divertidos minutos a ler o projecto de Lei do Bloco de Esquerda que pretende introduzir o ensino multilingue nos estabelecimentos públicos de educação e de ensino. Lamentavelmente, e neste último caso, as teclas CTRL+F5 não se aplicam, uma vez que “parecer desactualizado” não é exactamente o caso do tal projecto.
Talvez a tecla Delete…
Dão-se alvíssaras…
… a quem me faculte mnemónica que me auxilie a distinguir estes dois.
Já tentei de tudo, mas a verdade é que não distingo o Dores do Góis (ou será o Góis do Dores?). Os tipos, para além da insana insistência em mudar de roupa de aparição para aparição, nada têm que os distinga. O sinal do da esquerda costuma saltar para o da direita; o da esquerda nem sempre tem aqueles três deditos no ombro direito (o que seria muito útil); raramente aparecem os dois sozinhos no mesmo sketch e quando tal acontece voltamos ao problema da roupa. Tudo como se inconscientes do problema que os atenta.
Em suma, este é um dos problemas que eu gostaria de resolver ainda em 2007. Daí as alvíssaras!
O Estado da Nação
A economia portuguesa é naturalmente próspera, graças aos recursos naturais do país, designadamente, ao petróleo, à energia hidroeléctrica, ao gás natural e, mais que tudo, à classe trabalhadora, com natural destaque para os funcionários públicos (a nossa força de trabalho é altamente qualificada, especializada e interessada – trabalhadora na verdadeira acepção da palavra, portanto).
Portugal é o país que apresenta a maior igualdade entre sexos, menos pobreza e desigualdades sociais. 99 por cento da população pertence à classe média.
O nosso país possui também a única economia mundial que não atravessou uma recessão e continua a viver praticamente em pleno emprego.
Somos o primeiro maior exportador mundial de petróleo e de gás natural, com reservas conhecidas para cerca de 1000 anos.
O Estado português, graças aos recursos naturais acima referidos, dá lucros fenomenais. O excedente estatal vai nos 90 por cento, equivalente a mais de um terço do Orçamento de Estado norueguês (apenas para fazer alusão a um dos menos afortunados).
Para além do mais, e consequência de quase tudo o que acima ficou dito, somos o único país do hemisfério ocidental sem dívida externa.
Por tudo isto, não se percebe que raio passou pela cabeça de Rui Rio quando se lembrou de negar a tolerância de ponto aos trabalhadores da Câmara do Porto no dia de hoje (ainda cheira a Natal, caramba!), com as fracas desculpas de que se trata de “um dia normal de trabalho para o sector privado que até precisa dos serviços da autarquia” e de que, pasme-se, tal medida, ajudará à “construção de um país solidário, mais justo e competitivo”. Ainda mais, caramba?
Cá eu entendo que não será um dia de trabalho a mais que marcará a diferença. De resto, o que é que o homem quer dizer com “país mais competitivo”? Que raio está ele a insinuar? Que não estamos assim tão bem?
Desvarios inexplicáveis, isso sim, mesmo porque, da forma como por cá se trabalha, e atendendo à pujança da economia, urge, isso sim, pugnar pela semana de trabalho de dois dias – e intercalados que é para possibilitar aos esforçados trabalhadores portugueses a possibilidade de fazerem ponte.
Felizmente, restam os esclarecidos que, pondo de parte qualquer tipo de demagogia, não hesitam em defender os reais interesses do nosso afortunado país. Ainda que isso não seja popular e lhes possa vir a custar votos.
Mandar uma pela paz
“O objectivo da Global Orgasm é conseguir que no próximo dia 22 de Dezembro o maior número de pessoas tenha um orgasmo ao mesmo tempo, concentrando (durante e depois) a sua energia para pensamentos positivos a favor da Paz e do fim dos conflitos mundiais.”
[kaminhos]
Por falar em caldo sociológico
Encher farinheiras
Não aprecio particularmente a blogagem do tipo “voz de continuidade”, mas a verdade é que até parece mal este blog estar três dias sem ser alimentado. O outro motivo que me leva a este post é poder escrever, com as minhas próprias teclas, melhor, com as teclas do meu próprio teclado, a expressão “caldo sociológico”.
O guarda costas, o homem da tábua no colchão, o adorador solícito, um caso de amizade muito especial e “Ah, não sei, não faço ideia”
“Trabalhei muito com o doutor Sá Carneiro. (…) O doutor Sá Carneiro, lembro-me, na altura dispensou a segurança e zangou-se com a polícia. E eu andei a fazer de guarda-costas dele; ele não aguentava, por causa da coluna, levar pancadas nas costas quando estava no meio das pessoas e eu, como era mais alto, lá andava sempre com os braços à volta, e adorava fazer o que ele me pedisse. Lembro-me que à noite – nunca escrevi isto; um dia hei-de escrever, tenho já muita história para contar, com quase 34 anos -, à noite ia ver o colchão dele, se ele tinha a tábua para as costas, e ia pôr-lhe um bocadinho de whisky que ele gostava e nunca me caíram os parentes na lama, pelo contrário. “
“(…) o Marcelo, como sabe, é um caso de amizade muito especial. Com toda a gente, não é só comigo. Eu acho que ele sabe ser amigo das pessoas, mas não é um amigo de todos os dias”
“K – O que é que quer? Quer ser Primeiro Ministro? Acha que vai ser Primeiro Ministro?
PSL – Ah, não sei, não faço ideia.”
Pedro Santana Lopes, entrevista à K (n.º 1), Outubro de 1990
11 de que mês?
O último confronto
Borat
dedos brancos, pensamento transparente
Via 31 da Armada.
A orelha que adivinha reloaded
Sentia a orelha direita gelada, o que me obrigou a um doloroso coitus interruptus. E logo naquele dia, que tinha engatado a Jolie. Acordei. Estranhei que tivesse acontecido com aquela orelha, porque a outra (a esquerda!) é que estava ao léu, mas vá lá um gajo travar-se de razões com uma orelha – é parte do corpo que não nos encara de frente. Podia dizer que são só garganta, não fora cair-se um bocado no non sense – e logo num post que se quer sério, afinal trata-se de uma estória verídica! Eram seis da manhã. Raisparta a minha vida, o sonho já não o apanho outra vez, qu’isto dos sonhos é malta que não espera por ninguém. Encostei-me mais dez minutinhos (não confundir com dez minutos). Meio-dia! Acordei como se tivesse sido atropelado por um cowboy – resultado, muito provavelmente, da carga de porrada que levei do Brad Pitt (afinal, alguém esperou por mim) e das trinta e seis vezes que calquei no snooze do despertador. Foram por trinta e seis vezes só mais dez minutinhos. Deviam pôr pernas no cabrão do despertador assim que se carrega a primeira vez. Isto dá cabo dum homem. Tomei o pequeno-almoço e almocei – não gosto de quebrar rotinas. Uma taça de cereais, meio litro d’água, uma sopinha, um bife grelhado com batatas fritas e ovo a cavalo. No bife. Uma laranja. Cheguei à repartição a tempo da abertura da tarde, com ar de quem estava em paz. ‘Tão, pá? Kékspassou, meu? O chefe nem vai acreditar. Faltou a luz na minha área e o despertador não tocou / tive um acidente / a minha tia morreu / o meu cão passou mal a noite / estou muito triste. Optei pela última (hás-de pagá-las caro). Tinha faltado de manhã porque estava muito triste. Era oficial. Já não podia voltar atrás. Esperei pela desova. Vai-te sentar que já lá vou falar contigo. ‘Tou fodido. A minha mesa estava um verdadeiro caos. Resolvi arrumá-la para que o chefe não pegasse também por aí. No meio do labor deixei-me dormir – tal era. Voltei à Angelina.
O chefe acordou-me com um beijinho na orelha direita. Eram sete da tarde. Não havia mais ninguém na Repartição.
fugiu-lhe a boca…?
Bem haja, Pedro!
“Podem confirmar com a segurança!”
Santana Lopes, ontem, em entrevista à RTP (a propósito do livro que escreveu para o bisneto e para que este se possa defender dos coleguinhas que possam vir a ofender a memória do bisavô – foi mais ou menos isto, se bem percebi a mecânica da coisa), após afiançar que não tinha estado mais de 15 minutos num desfile de moda e que apenas lá tinha ido para cumprimentar a organização, porque tinha sido Presidente da Câmara de Lisboa, como, aliás, João Soares já tinha sido, e que, portanto, não muda de personalidade quando muda de funções e que patati-patatá.
Ontem, meus caros, tive muita saudades do nosso Guerreiro Menino. O homem, caramba, continua a chorar, a desejar colo e palavras amenas, carinho e ternura. E eu, caramba, que estou bem longe de ser a própria candura, tive vontade de saltar para dentro do ecrã e de lhe dar um abraço bem apertado (não gozem, que estou muito comovido) por todos os bons momentos que ele me proporcionou e, se Deus Nosso Senhor Quiser (o verbo a seguir ao Senhor também tem que ser em maiúsculas, atento a proximidade), continuará a proporcionar.
Conforme original
Recebeu-o das minhas mãos e acariciou-lhe, por duas vezes, o “Ne varietur” da capa, como que para o fazer seu (pois naquele nunca tinha tocado) e para se certificar (e a mim) que nada tinha mudado desde que o havia passado para as folhas do Bombarda (receio inusitado, que uma edição “Ne varietur” serve para isso mesmo – atesta que ninguém lhe foi, à sorrelfa, mudar as palavras e os sentires).
Depois de, à segunda vez, ter percebido o nome de quem o interpelava, passou-o para o papel, precedendo-o de um “Para” e preenchendo os espaços vazios, e assinou.
Sem acento no “o” de António.
E, de novo, passou por duas vezes o polegar da mão esquerda no “Ne varietur” da capa.
Descansado, entregou-mo – “o Barrigana continua lá”, disse-me (em azul e sem abrir a boca).
Apontando com os olhos para o “Para” dela, Para Maria Eugénia, a senhora da caixa, ao reparar que também eu levava um “Para”, atirou-me: “É um malandreco, aquele! Não fazia ideia!”.
Depois, sem mos pedir, disse-me que eram vinte e cinco euros.
Aceitando o eufemismo (é uma Bertrand, caramba), entreguei-lhe as duas notas que tinha.