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Do teatro à farsa

O líder do PSD disse hoje que “a peça de teatro chegou ao fim” e pediu ao Governo para não “fingir mais” e deixar outros fazer o trabalho, caso não o queira fazer.

Antes de rasteirar o Governo

Se o Governo achar que, por qualquer razão, é preciso contrair um empréstimo especial para evitar incumprimento de Portugal no exterior, o Governo tem todas as condições para o poder fazer, e não é o PSD que vai pôr isso em causa. O PSD apoiará isso.

Depois de rasteirar o Governo

Democracia radical

É preferível ter um cidadão a dizer que os políticos são todos corruptos do que ter esse mesmo cidadão calado sem nunca ter verbalizado uma opinião política. É preferível ter uma multidão a ofender Sócrates, manipulados pelas campanhas de assassinato de carácter, do que ter essa mesma multidão alheada dos acontecimentos políticos. Havendo tempo e vontade nos partidos existentes ou a inventar, estes cidadãos poderiam ser educados. Serem educados não consistiria na tentativa de os levar a trocar uma opinião por outra qualquer considerada lógica ou moralmente correcta por algum prócere do regime, antes no processo de os dotar com os meios intelectuais que lhes permitissem fundamentar as suas opiniões autonomamente – dado que não o estão a conseguir fazer sem ajuda, daí as distorções emocionais e fragilidades cognitivas do vox populi ruidoso.

Um partido que tenha como ideal absoluto a democracia, não fará só proselitismo ideológico e programático, também aumentará a possibilidade de ser preterido através do esclarecimento alargado do eleitorado com vista a aumentar a amplitude e profundidade da sua escolha. Nesse acrescento de inteligência e liberdade, estaria a sua razão de ser. A sua realização.

Um partido assim, seria de uma radicalidade como nunca se viu: a cidadania apareceria como meta superior à conquista do Poder.

Idos de Março

Este é o tempo das grandes decisões, a hora em que o sentido de responsabilidade dos Portugueses, de cada português, irá ser posto à prova. Juntos, conseguiremos ultrapassar as adversidades do presente e dar aos nossos filhos um melhor futuro.

Diz que é uma espécie de Presidente da República

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Em qual das eleições passadas é que não passámos por um tempo de grandes decisões, onde o sentido de responsabilidade dos portugueses, e de cada português, não tenha sido posto à prova? Em qual das outras eleições passadas é que não esteve em causa ultrapassar as adversidades do presente e dar aos nossos filhos um destino melhor? Assim de repente, só me lembro de uma: as últimas presidenciais. Para as restantes, estes clichés encaixam mais perfeitamente do que um bloco de calcário na pirâmide de Gizé.

Quando o eleitorado escolheu o PS para Governar, em Setembro de 2009, ainda não havia Grécia, especuladores internacionais, desnorte europeu e FMI no horizonte. Não foi para esse cenário que algum dos partidos elaborou o seu programa, por isso todos se igualam na desadequação dos mandatos eleitorais recebidos então face à sucessão de acontecimentos a partir de Janeiro de 2010. Que era suposto ter acontecido no contexto pré-crise das dívidas soberanas e perante a recusa da oposição em colaborar com o PS? Uma de três alternativas, e só três: ou o PS governava em minoria, ou o Presidente declarava querer um Governo de salvação nacional ou se repetiam as eleições. Como é para lá de óbvio, não faria sentido, naquela situação nacional e internacional, estar a impedir o PS de governar em minoria. Assim, o Presidente legitimou essa solução. Quer isto dizer: tudo o que o Executivo foi fazendo na gestão da crise da dívida, incluindo os variados ajustes às decisões dos seus pares europeus que foram sempre exigindo mais austeridade, teve o aval do Presidente. Caso não o tivesse recebido, teríamos tido eleições logo que o Presidente considerasse estar o interesse nacional a ser desrespeitado. O Presidente continuou a legitimar o Governo até ao dia da votação para as presidenciais, apesar de conhecer plena e directamente qualquer dos meandros da governação e das contas públicas. Nessa mesma noite em que celebrou a vitória, e ao arrepio do que as suas promessas eleitorais assumiram, declarou que estava na altura de afastar o PS da governação.

Cavaco, o mais nefando agente político dos últimos 30 anos, nunca iludiu os portugueses nem lhes escondeu a verdade [sick]. Foi por isso que permitiu a Sócrates chegar a Março de 2011, dado não haver razões que justificassem a sua substituição ou relegitimação em votos. E não fosse esta crise que derrubou o Governo ter-se desenrolado a uma velocidade que ele já não consegue acompanhar, continuaria a deixar os portugueses sem ilusões e face a face com a luminosa verdade: Cavaco pretendia correr com Sócrates mesmo sem ter qualquer razão válida para o fazer.

Organizem-se, cambada de imbecis

Uma das melhores alterações que podiam acontecer na política nacional era a concretização da desejada – por um número de eleitores que talvez seja expressivo, pedem-se estudos – coligação entre o BE e o PCP (estou a recorrer ao critério alfabético para ordenar a sequência, calma, mas também podia ser pelo último resultado eleitoral). Se estes dois partidos conseguissem acordar num projecto comum, quer concorressem coligados ou separados, algo de novo talvez aparecesse no regime pós-25 de Novembro: as pazes da esquerda fanática com a democracia.

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O farsola*

Eu nunca estive no Governo. Portanto, qualquer português hoje percebe que, se a verdade da situação portuguesa é menos agradável do que desejaríamos, não foi por o PSD ter faltado em apoio a este Governo. Eu direi até que o PSD esperou demasiado tempo e deu demasiadas oportunidades ao Governo para que ele cumprisse com uma política económica que estivesse ao nível daquilo que eram as necessidades do país. Mas isso acabou.

Passos Coelho

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Pela boca do seu presidente, ficámos a saber que o PSD foi irresponsável quando esperou demasiado tempo para derrubar um Governo que não servia os interesses do País, tendo-se finalmente decidido a fazer o que entretanto tinha deixado de ter sentido ser feito, por causa dos sucessivos apoios dados ao Governo, logo na pior altura imaginável para os interesses desse mesmo país e da Europa.

Mais desmiolado do que isto, tanto o aparvalhado partido como o seu atarantado presidente, não é possível. É que nem o Luís Filipe Menezes seria tão farsola.

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* Direitos de autor para Miguel Portas

Amicus Gil, sed magis amica sapientia

José Gil tem direito ao sofrimento. Nesta entrevista, volta a mostrar-se fragilizado e perdido. Para descrever as ocorrências da política nacional, oferta uma explicação que o expõe a ele, não à realidade supostamente reflectida: o psicologismo das relações de casal. A matriz da conjugalidade, no seu glorioso simplismo, será o que enforma a dinâmica partidária, diz-nos o estimado professor.

Os afectos são a dimensão mais importante na política, mais importante do que a economia. E como supremo exemplo desta nobelizável ideia, José Gil despeja o seu ódio contra Sócrates. Ele quer o PS sem esse tirano à frente, pois a sociedade está toda asfixiada pela sua presença. Ai Jesus se volta a ganhar eleições, será o fim da pouca liberdade que resta. O professor pode não ter medo de existir, mas a existência aparece-lhe agora envolta no manto da catástrofe.

Por três vezes José Gil quantificou o número de indivíduos na manifestação de 12 de Março, a qual, numa afectuosa estimativa, reuniu entre 300 mil a ignotas centenas de milhares de pessoas. O seu exaltado gosto pela ficção deve ser tido especialmente em conta quando precisarmos de confundir este emocionado professor com um filósofo.

Iniciação ao estudo da Cultura Clássica

Almocei ao lado de três universitários. 20 anos. Falavam de política. Um deles dizia que gostava do Sócrates. Por uma razão qualquer que já esqueci. Outro dizia que não gostava do Passos Coelho, por uma razão qualquer que nem fixei. Os três estavam de acordo em que uma carreira política de topo implica ficar sujeito aos mais baixos ataques, parecendo-lhes absurdo que alguém aceitasse tal funesto destino.

Este diálogo remete, por contraposição, para aquelas ocasiões em que Sócrates declara sentir-se honrado com a possibilidade de servir o País, particularmente em tempos tão gravosos e desafiantes. Os cínicos, fatalmente broncos, não entendem a linguagem da honra, por isso rebolam-se na indiferença ou no escárnio quando ouvem esses testemunhos.

Se o exercício da governação numa democracia é penosamente desgastante e provavelmente ingrato, a gestão das crises exige capacidades que poucos terão. Se perguntássemos a todos os portugueses maiores de 18 anos pelo seu interesse em fazer parte do Governo, a resposta seria baixíssima face ao total da população. E desses que se afoitassem, a maior parte desistiria assim que percebesse no que se estava a meter. Finalmente, raros seriam os que aguentariam a constante pressão e a dificuldade nas decisões.

Muito mal estaríamos se apenas Sócrates tivesse talento para chefiar um Governo em terríveis apuros, mas muito mal estamos ao não admitir que precisamos daquilo que ele já provou ter numa abundância sem rival conhecido até agora.

Menos moralismo, mais judo

A Revista da Ordem dos Médicos de Março inclui dois textos de crítica aos disparates do improvável William H. Clode – cortesia da Shyznogud. Um deles é da Ana Matos Pires, já anteriormente publicado.

Ora, estamos perante um exemplo da indubitável vantagem de se ter permitido um erro. O erro é a publicação na dita revista de um texto de péssima literatura. E a vantagem consiste na resposta que gerou, os dois protestos indignados que foram publicado no local do crime. Esta lógica pode aplicar-se a muitos outros meios, canais e situações em que alguns sentem a tentação de impedir os erros a todo o custo, o que os leva a apelar à censura ou à limitação da liberdade de expressão, quando o que nos faz falta é a correcção do erro e/ou o castigo do seu autor.

Nesta episódio, os homossexuais saíram dignificados em consequência da ridicularização do ataque a que foram sujeitos numa prosa maluca. E não se trata de supor que eles precisavam desta história para alguma coisa, trata-se é de reconhecer que qualquer cidadão precisa do exemplo dado pela intervenção da Ana e do João Ribeiro.

PSD e FENPROF, o que ainda falta destruir

Mário Nogueira alertou que “caiu o Governo, mas não caíram” todas as medidas do executivo, pelo que a luta dos professores prossegue, havendo muita preocupação com aquilo que em Setembro poderá provocar desemprego com a redução de docentes nas escolas.

Quanto às eleições que se antevêm para finais de maio ou princípios de junho, o secretário-geral da FENPROF salientou que estas devem ser vistas como uma “janela de oportunidade” para alterar a política que está a ser seguida.

Questionado sobre se estava surpreendido com o sentido de voto do PSD sexta-feira no Assembleia da República, Mário Nogueira considerou que os sociais-democratas tiveram nos últimos três meses tempo para se aperceberem da inutilidade do atual regime de avaliação, apontando também o trabalho que a estrutura sindical fez junto dos grupos parlamentares acerca desta questão.

Fonte

Perguntas simples

O facto de ter aparecido no website da Presidência a notícia do pedido de demissão do Primeiro-Ministro ainda antes deste o ter anunciado ao País, significa que em breve Cavaco poderá publicar outros furos jornalísticos, incluindo o nome do próximo treinador do Sporting?

Sábias palavras

Anthropological and sociological research on the nature of hope shows again and again that hope cannot be reduced to either action or non-action. It is neither active nor passive. In confronting uncertainty, hope demands that we at least temporarily give up our constant quest for information, knowledge and certainty. It then gives us a moment of rest that our mind desperately needs for further thought and action.

Fonte

De caretas

Existirá uma rosto típico dos portugueses, que nos distinguisse dos espanhóis e italianos ou de outras nacionalidades latinas? Se existir, e não existe, pode bem ser este. Estou a ver um documentário acerca dele, Pete Souza. É o fotógrafo oficial de Obama, neto de açorianos. Retintamente português ou galego. E mais uma curiosidade lusitana na Casa Branca, ainda antes do cachorro.

A estrada da Beira e a beira da estrada

Se houvesse alguma dúvida de que não era mais possível suportar uma “situação” sustentada apenas na chantagem e no desprezo pelas mais elementares regras da democracia, o gesto final deste tiranete vindo das Beiras encarregou-se de a desfazer.

Zé Manel

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Em sintonia com a Fernanda, também eu me deslumbro com a decadência do PSD. É um partido que não produz pensamento e é alérgico à inteligência, mas cujos quadros e conselheiros habitam no topo da pirâmide social, tendo acesso às melhores fontes onde se poderão informar e instruir. A sua ocupação, ubíqua, da comunicação social implica que tenham à mesma de produzir um qualquer discurso. Sem surpresa, é o discurso da hipocrisia mais obscena e do ódio. A surpresa vem da longa duração deste miserável registo, que incrivelmente – depois de uma violenta e opressiva campanha de assassinato de carácter contra Sócrates, como nunca tinha sido feita em Portugal contra um político – lhes custou as eleições em 2009, e ameaça as de 2011, sem que retirem as devidas ilações. Só que eles não aprendem, nem quando todas as sondagens valorizam uma postura responsável e a favor da governação. A gula e prepotência dos oligarcas precisa das injecções de dopamina que só a instabilidade política oferece quando estão afastados do pote – os interesses dos mais frágeis nunca incomodaram os abastados, não seria agora que tal anestesia iria desaparecer.

A suposta direita nacional (tão estúpida que me recuso acreditar corresponda à verdadeira direita), assim que Ferreira Leite foi eleita presidente do PSD entrou em campanha eleitoral sem outro projecto que não fosse o de vencer pela destruição moral do adversário. Foi um plano concertado com Cavaco Silva, cujos discursos e acções o confirmam para além de qualquer dúvida. Resultou desta indigência política um absurdo intelectual: o grotesco dirigido contra Sócrates – fazendo dele alguém que seria capaz dos esquemas mais sofisticadamente malévolos e criminosos e, simultaneamente, alguém destituído das mais básicas competências governativas – espalhou-se de forma tóxica contra todo e qualquer um que tivesse ligação política, administrativa ou opinativa com o Primeiro-Ministro. Milhares e milhares de cidadãos eram, de repente, agentes e cúmplices de ilegalidades, incúrias e gestão danosa, segundo os publicistas do PSD. Este caldo esquizóide, de acordo com as previsíveis dinâmicas da psicopatologia, gerou fenómenos paranóides, onde quem se atrevesse a manifestar o seu apoio ao Governo era acusado de ser assessor do mefistofélico gabinete, e também fenómenos delirantes, em que se começou a pedir ao PS para decapitar a sua liderança e entregarem a cabeça de Sócrates ao PSD, já que eles tinham chegado ao limite do desespero com tanta derrota e humilhação seguidas às mãos daquele… daquele… monstro!

O Zé Manel, nesta incarnação em que já não precisa fingir ser jornalista, tem sido de uma transparência ofuscante. Ei-lo aqui a desabafar o quanto lhe custa ver um tipo chegado das Beiras a ganhar eleições democráticas. É uma “situação” insuportável, diz-nos febril. Ele, logo ele, o pau para todo o serviço de Belém, que conhece como poucos o que significa o desprezo pelas mais elementares regras da democracia. Dificilmente encontraremos melhor retrato do que é o actual PSD do que o dado por estas infelizes criaturas a ladrar a quem passa na estrada.

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