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Exactissimamente

«A misoginia e o machismo tóxico não nasceram agora, no século XXI e nas redes sociais; estão cheios deles a literatura, as coletâneas de jurisprudência, os códigos penais e civis. Estão cheios deles as famílias nas quais ainda se espera que sejam as meninas a “ajudar” a mãe — que é, ainda, na maioria das casas e casais heterossexuais, e por mais que trabalhe fora, quem se ocupa das chamadas “tarefas domésticas”. Estão cheios deles a música pop e o rap (ui, esse então) e o humor dos humoristas. Estão cheios deles as prédicas religiosas e os programas dos partidos e governos que escolhem a disciplina de Cidadania e a igualdade de género como alvos preferenciais (para depois se afligirem muito com a violência doméstica e as mulheres mortas, claro).»


Adolescência, Loures e “coisas de rapazes”

Montenegro, escuta

A propósito de promessas eleitorais
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NOTA

Montenegro — e o PSD, e a direita decadente em geral — continua a querer explorar o filão do chumbo do PEV IV e da Operação Marquês. Para esta escumalha, os valores que fundamentam o Estado de direito só são fundamentais se os protegerem a eles. Tratando-se de adversários políticos, a lógica consiste em tratá-los como inimigos. Daí a cultura da calúnia, os apelos à violência política, a desumanização rapace a que se dedicam pulsional e inveteradamente.

Montenegro não pode caluniar Pedro Nuno Santos, sequer difamá-lo, mas não resistiu a usar Sócrates para o atacar através de uma aldrabice de feira para uso em infantários.

Montenegro é isto. Só isto.

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Dominguice

Imaginemos que existem dois tipos de escola. Numa, o seu dinheiro vem dos impostos. Na outra, o seu dinheiro vem dos proprietários e do mercado. Só uma delas, portanto, tem um modelo de negócio. Nesse contexto, precisa de preencher o máximo de vagas que conseguir, tanto para ser sustentável como para dar lucro. A forma mais rápida, mais fácil e mais barata para isso acontecer é a promessa, a publicidade calada, de dar boas notas. Encarregados de educação e alunos procuram isso mesmo, boas notas. Assim, o acesso a essas boas notas passa a ser uma questão financeira, principalmente. E com isso — o nível económico e recursos familiares e sociais dos que podem pagar — vem uma objectiva vantagem que antecede a entrada na escola. E que depois continua a gerar vantagens por comparação com alunos doutro nível económico e sem esses recursos familiares e sociais dos que podem comprar boas notas. A desigualdade aumenta e legitima-se, passa no exame e ascende às posições superiores no mercado de trabalho e na fruição do estatuto privilegiado. Enquanto isso, na escola paga pelos impostos, podem ocorrer milagres. Como o de levar um aluno a não desistir de acabar a escolaridade obrigatória, ou outro a ganhar confiança para entrar na universidade mesmo que com uma média modesta ou apenas suficiente. Ou o milagre de transformar um aluno mau num aluno sofrível. O milagre de ajudar o adolescente perdido a tomar consciência de que poderá vir a ser o adulto autónomo.

Para esses milagres não há “rankings”. E ainda bem, esse anglicismo horroroso deve continuar lá longe, nas escolas das “boas notas”. Sem contaminar as escolas dos milagres secretos.

Saberá?

Pedro Nuno Santos tem tudo para exercer melhor a função de primeiro-ministro do que Montenegro. Porque é um idealista pragmático, enquanto o outro não passa de um cínico inveterado. E porque não tem um passado de desrespeito e degradação deontológica, bem pelo contrário, enquanto o outro misturou sem pestanejar a política com os negócios, os negócios com a política.

Só que o Sr. Santos tem sido uma desilusão como secretário-geral do PS. Andou anos armado em vedeta rebelde para desgastar Costa, cheio de testosterona na pose, para depois, enquanto líder da oposição, surgir encostado às tábuas e a marrar contra socialistas. A forma como lidou com a problemática da imigração foi chocante pela inépcia política e pela impulsividade agressiva na resposta às críticas.

Dito isto, tem uma clara oportunidade para vencer estas eleições. Só que não parece saber como.

Maquinetas cheias de paleio

A Google tem um brinquedo novo desde Setembro do ano passado: “podcasts” criados por IA a partir de textos à escolha do freguês. A maquineta que os faz é o NotebookLM.

Testei a coisa a partir dos textos “Cofinados”: I, II, III, IV, V. E deu isto:

Primeira impressão perturbadora: quem não saiba, jamais desconfiará que está a ouvir vozes artificiais que vocalizam um texto criado artificialmente. A simulação humana é perfeita. Segunda impressão inspiradora: a máquina escolhe, por sua ignota recriação, quais as partes dos textos originais que pretende usar, e depois cria uma narrativa com essas partes a que junta outras que lhe dá na computação acrescentar. A juliana assim servida é inspiradora nisso de o resultado poder dar pistas ao próprio autor para relevar ou explorar aspectos do que escreveu a que não daria atenção sem esta experiência.

Sendo um brinquedo, dá para o moldar de inúmeras maneiras. Nesta nova versão dos mesmo textos, pedi para as citações que incluí serem lidas e comentadas. O resultado é inventivo, mesmo que não especialmente inteligente, e nada de nada culto. Também apresenta uma falha de estruturação no final que tem só o interesse de ser algo que está destinado a desaparecer rapidamente nestes seres em evolução diária:

Neste último exercício, testei a moralidade do algoritmo com um tour de force: Língua na coroa. O objectivo era o de descobrir a sua capacidade para traduzir o vernáculo e o calão. O que saiu foi o triunfo do politicamente correcto, a um ponto tal em que o texto original foi substituído por alternativas bacocas e ridículas. A forma como se vocalizou a língua portuguesa igualmente nos transporta para registos de confrangedora inépcia. Ou seja, é tudo um disparate pegado, e por aí divertido:

Não devemos temer a IA. Devemos é pô-la ao nosso serviço, assim lhe mostrando quem é verdadeiramente inteligente.

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Dominguice

Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares, afirmou que o problema de saúde que levou Montenegro de urgência para o Santa Maria não passou de um “percalço”, tamanho “pequeno”, que ficou no “passado”. Acrescentou um diagnóstico holístico da sua lavra: “Acho que temos um primeiro-ministro com uma saúde rija“. A escolha do adjectivo, vinda do uso popular, não causa dificuldades de interpretação. O que é rijo tem mais saúde, é melhor, do que aquilo que está mole, garante o folclore. Mas há aqui uma ironia involuntária. É que tratando-se de patologias cardíacas, e ainda mais nas vasculares, e até nas neurológicas, a rigidez não tem essa boa fama que o Pedro ministro e facultativo achou por bem propagar. Vai, exactamente, ao contrário da metáfora o efeito resultante da falta de elasticidade, maleabilidade, plasticidade.

Mais auspiciosa teria sido uma declaração a respeito da sua saúde estar aí para o que der e vier. E até poderia rematar: “Tal como a sua lata. Ele é muito flexível quanto aos princípios éticos, um autêntico ginasta olímpico!”

Garoupa na claque do Estado de direito

Nuno Garoupa é uma curiosa figura que se apresenta como intelectual, para épater les burgessos, mas onde a chinela lhe escorrega para a sua gana de mandar nisto sem ter a paciência para fazer o circuito da sujeição partidária. Isso resulta em muita ambiguidade embrulhada em vacuidades para consumo mediático. Quando foi claro a respeito de alguma coisa, mostrou a sua filiação ao pior do pior do laranjal: Garoupa na claque da Joana

O tempo passa, e achou que já podia dar um contributo inequívoco em prol do Estado de direito, do bem-comum e da mera decência humanista:

Só que perdeu uma excelente oportunidade para também mostrar coragem, traço de carácter com os seus riscos certos e glórias incertas. Em 2009 e 2014, datas que convoca, ter dito que Sócrates era inocente (como hoje continua a ser) faria dele um exemplo cívico admirável. Em 2025, na ressaca do festival de hipocrisia montenegrino, fica apenas como mais uma pulsão narcísica para mostrar que é superior à canalha.

Vamos aos pulhas

Micael Pereira é um reputado jornalista de investigação, um “grande repórter” pago pelo Balsemão. Acerca da Operação Marquês e suas peripécias, será uma das 100 pessoas em Portugal que mais informação a respeito possui ou já tratou, talvez mesmo uma das 50, ou até menos. Fez bem o Polígrafo, na parceria com a TSF, em chamá-lo para comentar a denúncia de Sócrates contra os jornalistas portugueses por estes, na sua tese, estarem a normalizar o que é um escândalo. E que ocorreu a este prestigiado membro do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação dizer na ocasião?

Isto: que Sócrates tem uma narrativa desmentida pelo que “veio a público”, e pelo que “nós sabemos”; que Sócrates contribui para a desinformação a respeito da sua situação judicial ao insistir na sua narrativa; que Sócrates e Trump são siameses nestas andanças judiciais; e que é óbvio nada haver de influência, motivação, exploração ou abuso de natureza política na Operação Marquês, estamos antes no reino da pureza institucional e da exemplaridade na conduta, tanto de magistrados como de jornalistas.

Ora, não conheço o Sr. Pereira pessoalmente, nem conheço ninguém, que saiba, que o conheça pessoalmente. Pelo que estou bastante disponível, e até confiante, para admitir que seja uma das melhores pessoas que já se passearam neste planeta, não fazendo mal a meia mosca. Por aí, pelo lado em que é um cidadão, esta sua opinião gravada para os arquivos do Polígrafo/TSF é de uma legitimidade absoluta. Por ser o que ele pensa com os seus botões, tendo tido a generosidade de partilhar com eventuais interessados.

Mas fica do episódio um lamento. É que desconhecemos o que o Micael craque das investigações aos políticos quase corruptos, especialmente a este na berlinda, tem a dizer sobre o que esteve na origem da sua ida ao programa: O Grande Normalizador. Neste artigo, Sócrates organiza, detalha e em parte repete o que tinha dito na entrevista à SIC que deixou a jornalista agastada e impertinente, em parte repete o que tem repetido noutros artigos sobre o seu caso judicial. Sobre isso, que é um conjunto de factos, de inferências necessárias e de ilações lógicas, fica um silêncio tumular. Dele e de toda a classe jornalística. De todo o comentariado. De todo o sistema partidário.

É por isso que o Micael Pereira entra nesta edição do Polígrafo como vedeta da imprensa e sai como mais um pulha que não merece a mínima consideração profissional. Concluimos factualmente.

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