Maquinetas cheias de paleio

A Google tem um brinquedo novo desde Setembro do ano passado: “podcasts” criados por IA a partir de textos à escolha do freguês. A maquineta que os faz é o NotebookLM.

Testei a coisa a partir dos textos “Cofinados”: I, II, III, IV, V. E deu isto:

Primeira impressão perturbadora: quem não saiba, jamais desconfiará que está a ouvir vozes artificiais que vocalizam um texto criado artificialmente. A simulação humana é perfeita. Segunda impressão inspiradora: a máquina escolhe, por sua ignota recriação, quais as partes dos textos originais que pretende usar, e depois cria uma narrativa com essas partes a que junta outras que lhe dá na computação acrescentar. A juliana assim servida é inspiradora nisso de o resultado poder dar pistas ao próprio autor para relevar ou explorar aspectos do que escreveu a que não daria atenção sem esta experiência.

Sendo um brinquedo, dá para o moldar de inúmeras maneiras. Nesta nova versão dos mesmo textos, pedi para as citações que incluí serem lidas e comentadas. O resultado é inventivo, mesmo que não especialmente inteligente, e nada de nada culto. Também apresenta uma falha de estruturação no final que tem só o interesse de ser algo que está destinado a desaparecer rapidamente nestes seres em evolução diária:

Neste último exercício, testei a moralidade do algoritmo com um tour de force: Língua na coroa. O objectivo era o de descobrir a sua capacidade para traduzir o vernáculo e o calão. O que saiu foi o triunfo do politicamente correcto, a um ponto tal em que o texto original foi substituído por alternativas bacocas e ridículas. A forma como se vocalizou a língua portuguesa igualmente nos transporta para registos de confrangedora inépcia. Ou seja, é tudo um disparate pegado, e por aí divertido:

Não devemos temer a IA. Devemos é pô-la ao nosso serviço, assim lhe mostrando quem é verdadeiramente inteligente.

7 thoughts on “Maquinetas cheias de paleio”

  1. não tenho pachorra para podcasts , o ritmo é o deles , mas para quem tem paciência devem ser bem divertidos. quando estou entediada vou chatear o chatgpt : quais foram as coisas mais estranhas que te perguntaram :
    ah ah : quantos gansos são precisos para dominar o mundo ? ( disse-me que ainda está a pensar na resposta -:) )
    é possível treinar um exército de formigas para me ajudar?
    como fingir convincentemente que sou um vampiro ?
    a partir desta última viemos parar ao sistema financeiro e como o sangue vital foi substituído por dinheiro..
    love you , chatgpt , muito melhor que o rap . até que os monty python.

  2. só o Impronuncialismo é capaz de derrotar a IA

    Pois, só com uma premissa de nível superior e mais abstracta do que a palavra (algoritmo) e do que a matemática (logaritmo) será possível dominar a IA (isto é, aquela parte da cognição que fomos capaz de exteriorizar, e pôr dentro de uma máquina/robot que a exponencie e repita).

    Tudo o que a IA faça — tal como uma grua fez em relação aos braços humanos — não deixa de estar preso ao limite de aquilo que o ser-humano é (em cada fase da sua evolução e desenvolvimento).

    LOGO, só tendo a coragem (e a capacidade técnica e cognitiva) de transformar o actual ser-humano numa espécie diferente, concretamente na que «Há-de Vir» … haverá salvação.

    Porém, a inércia é feita e vem dos que teimam em serem crentes e militantes de «O Que Se É». Os apaniguados e os acólitos das actuais facções, fés, crenças, partidos, ideologias e regimes.

    Esses seres-humanos serão abocanhados pela IA, como um belo doce com que ela se deleita e ri.

  3. “China iguala os 34% de Trump e retalia com mais sanções aos EUA”.

    Agora não, mas mais para o fim do dia vou perguntar a uma das tais maquinetas que me diga o que pensa o ditador Putin desta resposta da China ao nazi trump. E uma segunda pergunta sobre o que anda a boiar na sua mioleira sobre o seu amigo XI.
    (Li agora também que o Euro está a ganhar pujança)
    Estou convicto que a União Europeia vai fortalecer-se como a grande referência dos povos.
    O caos vai instalar-se onde hoje dominam ditadores, muitos deles abatidos como o desgraçado do Gadaffi – coitado.

  4. Um anexo que esqueci no anterior comentário.
    Sabem o que penso do rapaz, ma este Sérgio Sousa Pinto é um pulhazito político.
    (Desculpem fugir ao tema)

  5. sobre esse Sérgio Pinto, que conheço pessoalmente:
    — Também sou da opinião de Fernando. Foi despedido por incompetência.

    Sobre as tarifas, discordo de Fernando:
    — Esta disputa é entre os ricos de um lado e do outro. Até, daqui a 1 ano (ou menos), ficar tudo na mesma: 5% da população possui a riqueza produzida pelos restantes 95%. É a realidade da Vida, independentemente dos regimes e ideologias que se sucedem na História. Será uma lei da Natureza?

  6. «Tudo o que a IA faça — tal como uma grua fez em relação aos braços humanos — não deixa de estar preso ao limite de aquilo que o ser-humano é (em cada fase da sua evolução e desenvolvimento).»

    Ora, aqui está uma afirmação com a qual concordo totalmente. Mas digo-o relativamente à IA como a tudo inclusive ao “impronuncialismo” de Pedro Manuel Cardoso que mais não é que uma tentativa de criar uma nova religiosidade de aparente base gnostico-filosófica como o cristianismo e outras religiões com base no ‘livro’.
    Toda a criação, seja de que tipo for, está sujeita à IH e não a qualquer inteligência robótica; esta estará sempre subordinada à IH e não ao contrário.
    E, a conclusão que poderemos tirar desta proposição axial só pode ser uma; que será o próprio homem, pelas suas capacidades de inteligência e circunstâncias em permanente mudança, sempre em avanço sobre o que existe, que embora contraditório, se mantém em equilíbrio dinâmico (aparente constância).
    Eu diria; “Tudo o que a IA faça — tal como a alavanca fez em relação aos braços humanos — não deixa de estar dependente do limite de aquilo que o ser-humano é (em cada fase da sua evolução e desenvolvimento).

  7. José Neves,
    Aí, nesse ponto, está a discordância.

    O Impronuncialismo discorda dessa sua convicção. De que tudo «O Que Há-Vir» estará sempre na dependência e domínio de aquilo a que se chama «ser-humano» (“Inteligência Humana”, como refere).

    Para o Impronuncialismo a evolução implica transformação de «O Que Se É». Não concorda com esse ‘imobilismo’ (para usar um adjectivo seu).

    No texto que o Impronuncialismo publicou em 2022 no Museu do Ser-Humano e na ‘Museum’ da Universidade de Coimbra, intitulado “Património, Cognição e Evolução Humana“, define e formula essa transformação. Propondo para a «evolução do sistema-Vida» sete etapas (fases):

    i. FISICALIDADE [do ‘início do universo’ ATÉ às ‘subpartículas e aos átomos’].

    ii. QUIMICALIDADE [dos ‘átomos’ ATÉ às ‘moléculas e células’].

    iii. ANIMALIDADE [dos ‘sistemas unicelulares autónomos com capacidade adaptativa’ ATÉ à ‘espécie dita homo sapiens sapiens’).

    iv. HUMANIDADE [de ‘homo sapiens sapiens’ ATÉ à ‘co-evolução máquinas-humanos’).

    v. MAQUINIDADE [das ‘máquinas-humanas’ ATÉ às ‘máquinas auto-conscientes’ (no sentido naturalista e científico de uma «nova espécie de Vida»)].

    vi. ESPIRITUALIDADE FÍSICA [da ‘nova espécie-de-Vida designada por «máquinas auto-conscientes’ ATÉ ao ‘suporte auto-consciente com a propriedade física-química SAP3i’.

    vii. O QUE HÁ-VIR (o que ainda é … Impronunciável, Inimaginável, Indizível, Informalizável, etc.).

    ORA, assim sendo, o sistema-Vida não depende nem está sujeito à Inteligência Humana, nem ao imobilismo dessa lógica evolutiva circunstancial, que o José Neves afirma. O ser-humano não é o centro do Mundo, e muito menos da Vida, da Natureza, do Universo e da Existência. Essa é uma visão antropocêntrica.

    POR EXEMPLO. Aquilo a que chamamos inteligência humana é um processo cognitivo (isto é, um tipo particular de processamento físico-químico da informação que chega ao sistema nervoso através do aparelho perceptivo e sensorial) inerente à espécie humana.

    MAS ESSE PROCESSAMENTO COGNITIVO, nas três fases que antecederam a Humanidade (fase 4) chamou-se outros nomes (concretamente, histerese, retroação, memória). Na fase seguinte à da Humanidade, na fase 5, referente à espécie-nova designada ‘Maquinidade’ (que será uma espécie-de-Vida feita da co-evolução humanos+máquinas), esse processamento cognitivo já não se chamará “Inteligência Humana” (como o José Neves lhe chamou). Chamar-se-á provavelmente «Inteligência Artificial» (ou outro nome). E nas duas fases seguintes, a 6.ª e 7.ª, chamar-se-á outros nomes.

    LOGO, ao invés do que o José Neves afirma, e dessa sua visão antropocêntrica da Vida e do Mundo, as outras fases da evolução não dependerão da “Inteligência Humana”.

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