Seguro finalmente falou. Para mobilizar os socialistas e mostrar que é o líder de que o partido precisa? Não. Falou para se fazer de vítima. Veio acusar Costa de ter transformado a vitória socialista numa derrota. Mas pergunto eu, se de facto o PS tivesse tido uma grande vitória seria assim tão fácil a um único homem transformá-la numa derrota? Na opinião de Seguro, sim. Mas se calhar não é bem assim. Se o PS tivesse atingido a meta que Seguro traçou para estas eleições, levar os portugueses a mostrarem um cartão vermelho ao Governo, se tivesse esmagado a direita, como se exigia, nem Costa nem ninguém conseguiria transformar a vitória em derrota. Os resultados eleitorais falariam por si.
Na verdade, o António Costa até está a fazer um grande favor a Seguro. É que quem começou a festejar assim que os resultados foram conhecidos foi a direita. Passos e Portas ficaram radiantes e não o disfarçaram. E tinham motivo. Tirando Seguro que viu nos resultados uma grande vitória, em todas as televisões rádios e jornais se falava numa vitória escassa do PS. No dia seguinte, Pires de Lima afirmava convicto que “o Governo está em condições de vencer as próximas eleições legislativas”. Quem pôs um travão a esta euforia foi o António Costa com o seu anúncio. Se não tivesse acontecido, a direita estaria até hoje a rebolar a rir com a “grande vitória” do PS. Portanto, Seguro e os seus apoiantes em vez de se fazerem de vítimas e de fazerem acusações idiotas deviam meditar no que terá levado a direita a ficar eufórica, apesar de ter sofrido uma derrota histórica.