Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão.
Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.

1ª ilação da operação Influencer

Os Governos do PS são os mais seguros para o País. Há sempre alguém do Ministério Público à coca. Vai tudo varrido a escutas, do porteiro ao primeiro-ministro. Depois decide-se o que apenas serve para a indústria da calúnia, o que se partilha com o pessoal do PSD, e o que dá para iniciar a caçada. Com este supremo encanto: a caçada começa quando apetecer ao caçador, porque ele caça no galinheiro.

Donde, diria que é uma questão de segurança nacional continuarmos a ter Governos do PS. É que com a direita no poder as maquinetas das escutas no Ministério Público ficam subitamente avariadas, os agentes secretos deixam de ter ajudas de custo para os transportes, e essa gente séria direitola sente-se livre para ir jantar fora sem pagar. Até chegam a reunir uns com os outros.

Exactissimamente

Declarações do presidente do Supremo sobre corrupção são “de tasca”

NOTA

Atente-se à citação do que está em causa:

«"Seria um bom instrumento para combater o fenómeno da corrupção que está instalada em Portugal e que tem uma expressão muito forte na administração pública. Isto não é uma simples perceção, é uma certeza", referiu o presidente do STJ, continuando: "Sabemos que os casos de corrupção têm aumentado e, apesar de a investigação a este tipo de criminalidade ter aumentado, os resultados ficam muito aquém daquilo que se sabe que existe". <- Fonte

O fulano, Henrique Araújo, tem ou vai ter em breve 69 anos, provecta idade. Está no topo da carreira, montado em cima de quatro décadas como magistrado. Apesar destes predicados, faz declarações públicas acerca da corrupção que não se distinguem das que ouvimos no sensacionalismo mediático, na indústria da calúnia e no populismo de direita. Só que essa afinidade consegue não ser o mais grave nas suas palavras.

Ao declarar que a corrupção está “instalada em Portugal“, o seu discurso não apresenta nem rigor científico, nem factualidade informativa. Nenhuma fonte documental se refere, nenhum estudo ou relatório se indica para sustentar o tremendismo do verbo. Trata-se — precisamente ao contrário da dignidade institucional e responsabilidade deontológica inerentes ao seu estatuto profissional e actual cargo — de uma retórica moralista com a finalidade de difamar e caluniar o poder político em geral; e, em especial, o actual Governo e o PS. Uso “calúnia” no seu sentido jurídico, pois o presidente do STJ atreve-se a soltar esta bojarda: “Isto não é uma simples percepção, é uma certeza.” Ou seja, o cidadão Henrique Araújo, o qual acumula com ser um dos mais poderosos agentes da Justiça em Portugal, tem certezas acerca de pessoas que considera serem corruptas apesar de nenhum tribunal as ter condenado por tal, umas, ou sequer terem sido alvo de investigações judiciais sobre esse tipo de crime, outras.

O ideal da democracia, da República e do Estado de direito parecem ser conceitos estranhos aos neurónios deste senhor.

Clube de fãs da Ângela Silva

«A tragédia em Gaza “ganha com o silêncio, com a diplomacia”, dizia o Presidente da República há 15 dias, antes de se meter na guerra num bazar, que o levou a uma manifestação e o deixou sob um fogo de críticas. Terá sido apenas a dinâmica individual e imparável de Marcelo? Ou quereria o Presidente, perante a tirada de Guterres e o voto do Governo pelo cessar fogo, equilibrar o jogo face a Israel?»

Da nossa Ângela

Há dias, semanas, meses e anos para falar do que origina o pedido de demissão de Costa. Pelo que aproveito a ocasião para ir a um seu aspecto lateral, dando conta deste indescritível número circense que a Ângela publicou. Nele, assume-se tranquilamente que a palavra do actual Presidente vale menos do que o papel onde se embrulham castanhas. É com descontracção que se relata o comportamento insensato e degradante de um Chefe de Estado. E é com despudor que se promove o abuso constitucional que consistiria em termos Presidentes da República com políticas diplomáticas em confronto com as do Governo ou fantasiados de simétricos do secretário-geral da ONU.

Mas a suprema aberração deste naco de prosa está na associação entre as cenas que causaram espanto e censura generalizada inclusive à direita, no que é o momento mais baixo dos mandatos presidenciais de Marcelo (superando em clamor social o episódio da chantagem para a demissão de Galamba), com uma psicadélica e folclórica estratégia para “equilibrar o jogo face a Israel”.

Que jogo é esse, Ângela Silva? A senhora relê o que escreve ou limita-se a teclar o que lhe ditam?

Revolution through evolution

Want to achieve your goals? Get angry
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Intermittent fasting is safe, effective for those with Type 2 diabetes, study suggests
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Chimpanzees use hilltops to conduct reconnaissance on rival groups
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Rats have an imagination, new research suggests
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Cats have 276 different facial expressions, study finds
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Complex data becomes easier to interpret when transformed into music
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Dominguice

Quase tudo imaginável, para ti ou para mim, não é possível. E quase tudo do que é possível, para mim ou para ti, não será sentido, pensado, vivido. Quase tudo do que somos, tu ou eu, não nos chega à consciência. E quase tudo do que nos chega à consciência, a minha ou a tua, não nos chega à atenção.

A humildade criativa consiste em estar atento à atenção.

Dissolução do Presidente da República

Depois da cena abstrusa e indecorosa, patareca, de Marcelo com Nabil Abuznaid, representante da Autoridade Palestiniana, já não é possível continuar a fingir que o actual ocupante de Belém tem condições cognitivas para exercer o cargo. Não tem.

Os episódios sucedem-se, a tipologia do descontrolo está registada, falta só uma autoridade clínica assinar o diagnóstico. O problema de Marcelo não é político nem moral, não se justifica agitando a caricatura da sua personalidade mediática, é neurológico. Vamos ter uma novidade no regime, a renúncia de um Chefe de Estado e a antecipação das eleições presidenciais.

E quanto mais cedo melhor, para o seu próprio bem. Para o bem da República.

O Presidente de todos os quadrilheiros

«Questionado sobre a escolha de João Galamba para intervir em nome do Governo no encerramento do debate orçamental, o Presidente da República referiu que já na Moldova teve oportunidade de dizer que, excetuando a TAP, não costuma pronunciar-se sobre infraestruturas.

"Portanto, uma intervenção que é sobretudo no domínio das infraestruturas é um desconforto, não é para mim, pode ser para quem porventura tenha tratado desse tema no passado mais próximo ou remoto. Eu não", considerou.»


Fonte

Revolution through evolution

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8,000 steps a day to reduce the risk of premature death
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People who communicate more, show expertise are more likely to be seen as essential team members
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Political rhetoric changes views on democratic principles, study finds
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Dominguice

A Natureza não é uma cena onde reine a paz. Começa-se a matar logo ao nível das bactérias. Fomeca, viver tem o seu custo. E daí até aos predadores de toda a forma e feitio, na água, terra e céu, é sempre a aviar. O rei da matança é o Homo sapiens, quão mais inteligente mais capaz de tirar a vida a outros animais e outros humanos. Para além da inteligência, também recorremos aos instintos, à identidade e à irracionalidade para agir violentamente. Assistimos à violência do presente, temos descrições da violência do passado, e sabemos que a violência continuará a fazer parte da experiência humana no futuro. A possibilidade de a raça humana se extinguir através da violência tem crescente verosimilhança desde o início da era atómica e da engenharia genética — mas já poderia ter acontecido no tempo da pedra lascada. Qualquer futuro avanço tecnológico que permita obter armas ainda mais poderosas levará ao aumento dessa probabilidade.

No entanto, porém, contudo, a civilização nasceu da, e por causa, da violência. Consiste no movimento da violência contra si própria.

Marcelo Ângela Silva de Sousa

“Há que manter a confiança e estabilização e o aproveitamento de fatores externos”

Fonte

Marcelo afundou-se na completa irrelevância. Tornou-se, para os impérios mediáticos da direita, num familiar incómodo que só diz disparates e inconveniências de muito mau gosto nas festas. Todos fogem agora dele. Injusto? Justíssimo.

Qual a credibilidade de vir apelar à “confiança e estabilização” depois de ter andado perto de um ano a ameaçar semanalmente abrir uma crise política insana e brutal com a dissolução de uma Assembleia com maioria absoluta do partido do Governo, e estando esse Governo no início do seu mandato, e não havendo qualquer alternativa sequer viável quanto mais desejada pelo eleitorado? É que nem os malucos lhe dão razão.

Resta-lhe a Ângela. Uma artista capaz destes números:

“Não seria bom que num ciclo de potencial estabilidade, se seguisse um ciclo formado por mini-ciclos governativos, com fragmentação”, afirmou Marcelo, sublinhando que a sua "preocupação vem desde 2018” mas “está mais evidente”.

O Presidente não explica porquê, mas nas entrelinhas do discurso que levou à plateia de economistas está um óbvio défice de confiança na capacidade de o PSD conseguir liderar uma alternativa de direita estável. Coisa que aponta como vital, até para que não continuem pendentes e a marcar passo dossiés estruturantes para o país.

O Presidente nem precisa de explicar seja o que for. Manda umas patacoadas para o ar e a Ângela, especialista em entrelinhas, trata de publicar a interpretação oficial — devidamente sublinhada a negrito que é para a malta do PSD saber o que anotar e tomar providências. Estão muito bem um para o outro.

Entrar pela porta pequena

Enquanto que a invasão da Ucrânia pela Rússia não levanta dilemas ou paradoxos morais, o conflito entre Israel e os palestinianos é um nó górdio de responsabilidades mútuas que impede um julgamento moral imediato sobre os acontecimentos de 7 de Outubro e dias seguintes — aliás, sobre toda a história desse conflito desde 14 de Maio de 1948.

No caso da Ucrânia, o invasor é criminoso e todos os seus actos e retórica respectiva são manifestações de intenções e planos criminosos. Aqueles que defendem o direito de Putin a invadir, destruir e matar num país soberano que não atacou a Rússia têm de recorrer a narrativas esquizóides e delírios dementes para manterem a coerência da sua identidade fanática. Aqueles que defendem o direito dos ucranianos a defenderem-se do invasor criminoso, o direito a defenderem a sua vida e propriedade, não precisam de violentar a consciência para relatarem o que testemunham. A invasão é moralmente cristalina, só tem um responsável.

No caso do conflito entre Israel e os palestinianos, qualquer acto de violência remete para uma série de violências anteriores de ambas as partes, cada uma delas e todas ilegítimas por não serem pacíficas — muitas inumanas. Daí a polémica com as palavras de Guterres, onde estamos perante o clássico confronto entre a deontologia e o consequencialismo. Visto pelo primeiro critério, o 7 de Outubro foi uma acção terrorista cujo significado remete para as tentativas de extermínio do povo judeu ocorridas no passado. O mero silêncio perante esses crimes arrisca a ser visto como cumplicidade com o abominável. Visto pelo segundo critério, o 7 de Outubro nasce de um contexto e deve servir para mudar esse contexto. A sua utilização, ou mera referência, como meio para a paz corre igualmente o risco de ser visto como aceitação do abominável para a táctica militar e a estratégia política.

O facto de Guterres ter ousado ser diplomaticamente incorrecto ou até escandaloso, assumindo o dilema que a situação gera em quem for intelectualmente honesto, pode ser visto como um erro crasso e indelével na sua carreira ou, simetricamente, como o pináculo de um mandato na ONU onde, para variar, temos um secretário-geral que honra a natureza humana. Aquela natureza humana que ama a natureza humana.

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