
Berlusconi foi entrevistado por uma jornalista. Uma das poucas que ainda sobrevive nas televisões italianas. Não por acaso, a antiga presidente da televisão pública trabalha no canal menos visto da RAI, que foi esquecido pelo Cavalieri. Lucia Annunziata fez o que fazem, por todo o mundo democrático, os jornalistas. Fez perguntas difíceis, insistiu nelas quando o primeiro-ministro não respondeu e não deixou os insultos sem resposta. Habituado a longos e delirantes monólogos com os seus empregados das televisões privadas e dos dois principais canais estatais, Berlusconi levantou-se ao fim de 17 minutos. A decência e a coragem incomoda os cobardes. Annunziata afirmou, com ele já de pé: «não está habituado a ser entrevistado por jornalistas». Não por acaso, Annunziata não contou, como seria normal, com o apoio do Presidente da RAI. De alguns que, de vez em vez, se lembram que a liberdade de imprensa é a base de qualquer democracia, espero há anos por uma palavrinha sobre Itália, que fica aqui mesmo, na Europa. Mas bem posso esperar sentado.









