O principal argumento dos que defendem que contra Relvas vale tudo, até suspender a democracia, é que ele é um traste. Pois é, mas já era um grande traste bem antes ter chegado ao poder e de se saber em que condições obteve a licenciatura, ou de se saber do que é capaz quando um jornalista se atravessa no seu caminho, ou não? É que se é verdade que o Governo mentiu descaradamente e tem feito exactamente o contrário do que prometeu, também é verdade que há coisas que não foram surpresa nenhuma. O Relvas nunca disfarçou o que é, para quem tivesse dúvidas, a forma como fez campanha contra Sócrates foi mais do que reveladora, mas, nessa altura, as pessoas da esquerda pura e verdadeira não se indignaram com aquela forma de fazer ‘política’, pelo contrário, o Relvas era um aliado precioso na luta contra o demoníaco Sócrates. Claro que o resultado dessa luta seria exactamente dar o poder a Relvas e aos amigos. Mas, aparentemente, os apoiantes da esquerda pura e verdadeira só conseguem pensar numa coisa de cada vez e por isso não conseguem antecipar as consequências das suas acções. Agora apoiam o movimento “Que se lixe a troika”, esquecidos de que Sócrates, aquele que ajudaram a derrubar, foi o primeiro a mandar lixar a troika e a alertar para as graves consequências da sua vinda. Alguém o ouviu? Não. O Relvas e os amigos diziam coisas muito mais interessantes, o que terá justificado a última coligação negativa, a responsável por termos de levar com o traste do Relvas como ministro.
Passados dois anos, finalmente, fartaram-se de os ouvir, e como é óbvio têm todo o direito a protestar. Mas de caminho, perguntem ao Jerónimo e à dupla do BE por que razão não conseguem calar o Governo, mas por falta de argumentos. Questionem o que se passa nos debates quinzenais, por exemplo, onde o Relvas costuma estar presente e de onde pode sair sempre sorridente, pois nunca de lá sai verdadeiramente derrotado.
Ah, esqueci-me que só conseguem fazer uma coisa de cada vez e agora têm um ministro para silenciar.