Tempo de antena do PSD feito em fanicos
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Aqui, seguir a ligação ao texto imperdível do Carlos Fiolhais.
Tempo de antena do PSD feito em fanicos
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Aqui, seguir a ligação ao texto imperdível do Carlos Fiolhais.
Pode não ter havido intencionalidade política no calendário escolhido para a “Operação Labirinto”, sendo que a sua complexidade logística tende a invalidar essa hipótese. Ou pode ter havido e ser impossível de descobrir. Onde não há qualquer dúvida é nos benefícios para Paula Teixeira da Cruz da data para o caso se tornar manchete. E mesmo admitindo sem esforço que as datas policiais são benévolas e só tiveram em conta os interesses da investigação e da Justiça, a ministra tratou de explorar politicamente a ocasião:
Sucinto e sem grandes rodeios: "ninguém está acima da Lei, não há impunidades, independentemente do cargo que se ocupa e seja quem for". O Ministério da Justiça reagiu assim às buscas realizadas pela Polícia Judiciária - e consequentes 11 detenções - por suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influência e peculato, no âmbito de uma investigação sobre atribuição de vistos gold.
A palavra fetiche aqui é “impunidade”. Como é sabido, antes de Paula Teixeira da Cruz ser ministra e ter decidido queimar caluniosamente os nomes, as carreiras e as vidas de dois técnicos da Judiciária para tentar escapar às suas responsabilidades reinava a impunidade. Havia gabirus acima da Lei, geralmente em trânsito para a Venezuela carregados de computadores Magalhães. Era o grande regabofe, tudo a sacar bastando mostrar o cartão rosa.
O povo sabe bem que a impunidade acabou, tamanho o castigo que está a pagar.
Desapareceram as notícias sobre Kobani. De relatos diários, até horários, sobre os avanços e recuos, os voos e bombardeamentos, os feridos e mortos, passámos para o silêncio total após as notícias da chegada de guerrilheiros sírios e curdos do Iraque e também da cooperação da Turquia com os EUA, no final de Outubro.
Pede-se aos maluquinhos das teorias da conspiração para se chegarem à frente e aproveitarem a oportunidade de ocupar o vazio enquanto ele dura.
Finalmente, um órgão de comunicação social disponibilizou-se a discutir o tropo “Sócrates” com racionalidade. Foi a TSF, no Fórum de hoje, assim quebrando um tabu que tem servido tanto os interesses da direita decadente como os da esquerda sectária. Voltarei a esse programa na sua integralidade posteriormente. Por agora, quero só pegar na primeira intervenção opinativa que nele ocorreu.
O meu problema com o Paulo Baldaia não resulta de ele ser jornalista nem de ser director da TSF. Ainda menos de ele adorar Cavaco e de não suportar Sócrates. O problema consiste no facto de ser apresentado como director da TSF para efeitos da sua manifestação mediática do amor a Cavaco e do ódio a Sócrates. É uma promiscuidade que afecta a opinião pública porque procura esconder a sua desonestidade intelectual num canal de enorme influência.
Isso levanta questões acerca do jornalismo de opinião, o qual pode ser uma função crucial na promoção da participação cívica e do esclarecimento político ou, caso seja pervertido, acaba por estar ao serviço de agendas particulares e, dessa forma, ser uma arma de combate político ilegítima quando não assumida. Ora, e salvo melhor raciocínio que estou disposto a acolher, não é suposto que o director da TSF tenha um papel activo no revisionismo da História recente de Portugal. Já a pessoa que dá corpo ao director da TSF pode acumular esse cargo com outras tarefas sem ser necessário originar um conflito de estatutos e de interesses. Bastaria que fosse apresentado como “comentador” quando aquilo que vai fazer é dar a sua opinião em vez de estar a dirigir a TSF.
Repare-se no que voltou a despejar:
– Sócrates foi responsável pela vinda da Troika.
– Sócrates foi responsável pelo Memorando.
– Sócrates foi responsável pela austeridade imposta por este Governo.
– Uma parte significativa do eleitorado vê em Sócrates o responsável pela crise.
– Com Seguro, não havia ataques do PSD e do CDS contra Sócrates.
– Os ataques a Sócrates retiram votos ao PS.
– Foram os ataques a Sócrates que levaram à vitória do PS por pouca margem nas europeias.
– Quando os eleitores se lembram do que aconteceu há 4 anos temem que, com Costa por causa de Sócrates, venha aí mais do mesmo.
– Sócrates tem muitos anticorpos no eleitorado flutuante.
Falar de ódio a Sócrates pode parecer completamente desajustado perante o modo como Baldaia oraliza ou escreve. Contudo, a sua intenção é sempre a de contribuir para o discurso da culpa. Ele descontextualiza os acontecimentos, não é equânimo na análise e pretende espalhar e reforçar uma certa imagem negativa de Sócrates e de qualquer figura que identifique como “socrático”. Nesse sentido, Baldaia usa o seu estatuto como director da TSF para reforçar o impacto dos seus ataques. Quão mais isenta parecer a sua opinião, mais tóxica ela ficará no espaço público.
2011 ainda não passou para este grupo largo de jornalistas que foram também decisivos para o desfecho das eleições nesse ano.
Baptista-Bastos tem a idade dos meus pais. É uma figura que representa um jornalismo de compromisso político idealista e estilo romântico. É também um escritor com vasta obra. Faz parte do folclore das celebridades castiças, inócuas e identitárias com que muitos cresceram em corpo e alma.
Diz que foi despachado do DN como se manda fora um trapo velho, sem piedade nem paciência. A sua prosa gongórica, pelos vistos, não cabe no novo posicionamento do jornal. Muitos estranharam a decisão. Eu, pelo menos. Que pena não haver o hábito, ou a frontalidade, de ter o responsável, ou responsáveis, a dar conta das suas razões para a contratação ou exoneração de colunistas. O caso não levou ninguém a perder duas calorias públicas com ele (que eu saiba).
Como revela nesta crónica – Agora, aqui – não esteve muito tempo no desemprego como publicista, nem um dia. O Correio da Manhã tinha espaço e dinheiro para ele. E ele voou para lá sem hesitar, conformado ou feliz.
As razões que levam alguém a querer colaborar com o CM de forma a que o seu trabalho contribua para as vendas do jornal e que das vendas venha uma qualquer remuneração para si podem ser, e serão, as mais variadas. Eduardo Cabrita, Rui Pereira, Maria de Belém e António Costa já o fizeram recentemente. Não consta que estas pessoas tenham uma carreira política onde o sensacionalismo e o populismo, os assassinatos de carácter e as perseguições de ódio, tenham sido explorados por si ou a seu favor. Camaradas e (presumo) amigos seus foram e são vítimas delas nesse jornal, tal não impede, ou impediu, o seu contributo autoral para o sucesso dessa máquina de emporcalhamento da comunidade ao serviço de uma agenda política precisa e sistemática. Por que raio tinha o Baptista-Bastos de ser diferente?
Velho não é ter 80 anos. Agostinho da Silva tinha 84 anos quando gravou as Conversas Vadias. O que lá ficou registado mostra que ele foi o mais jovem de todos os participantes no programa, incluindo dois chavalos do Secundário. Adriano Moreira tem 92 anos e é a voz mais fresca e refrescante da direita e da cidadania portuguesas. Ser velho é desistir. Ser velho é já só se ter a si para dar importância a alguém.
Tu que sempre falaste do alto da montanha, reclamando essa pureza de ar e de vistas, agitando a bandeira da lucidez implacável, foste para o meio da porqueira a troco de uma manjedoura só com restos putrefactos. Estás velho, pá.
Olha, Carrilho, é assim:
Para indignação chega a nossa. Relê esta peça, sim? Foste o homenzinho que violou os mais elementares direitos à privacidade e à dignidade de uma mulher. Isso é indigno, e o mestre Ferreira Fernandes explicou-o com excelência. Mas tu não te cansas. E achas que estando um ou dois ou mil processos em tribunal o Governo está a tramar-te porque no dia 4 de Novembro a CIG contou com várias pessoas que deram a cara nas jornadas contra a violência doméstica. Parece que o Governo quer tramar-te porque tutela a CIG e a CIG juntou caras conhecidas para darem visibilidade a uma luta persistente. Parece que o Governo tramou-te porque uma das caras conhecidas é a Bárbara Guimarães.
O mesmo é dizer, homenzinho, que no teu habitual desconhecimento do que seja um direito, tens a liberdade de uma mulher por restringida vá-se a ver por ti, porque pela lei não é.
A mulher em causa, que já participara em inúmeras causas públicas, dando a cara, precisamente, não está inibida de fazer o que lhe apetecer, como isto: participar nas III jornadas nacionais contra a violência doméstica.
Por que o fez é irrelevante. O poder fazê-lo é determinante.
Não tendo na ocasião dado conta de nenhum relato pessoal, de nenhuma acusação, de nenhuma revelação acerca de eventuais operações plásticas a que te tenhas submetido, mas apenas de uma participação num coletivo de gente por uma causa, estás, Carrilho, indignado com o quê?
Será indignação, a palavra?
É que para indignação basta a nossa.
Estava encostado à bilheteira. A não-sei-quantas viria entregar-me o bilhete. Que era só um bocadinho. As luzes alaranjadas da estação, embrulhadas na humidade negra, reclamavam o protagonismo na paisagem. Ao seu lado, as rulotes descansavam. Eram cada vez menos os que corriam de um lado para o outro, sobravam os que tinham como fatalidade sofrer à porta do templo. Súbito, recordei-me daquela vez em que escolhi passar de ano sozinho. A meia-noite explodiu no perímetro da minha solidão. E desabou implacável. Gritos, urros, foguetes, tachos, músicas inclassificáveis sucederam-se durante longos minutos de morte e ressurreição. Eis o que o cliché queria dizer, estar sozinho no meio da multidão era aquilo. E aquilo era a derrelicção, seja lá o que este palavrão signifique. Também ali, enquanto a não-sei-quantas andava a fazer não sei o quê em vez de me vir entregar o bilhete, enquanto se jogava há mais de 7 minutos, enquanto o estádio resfolegava e guinchava a toque de espora e chibata, virado para um campo grande e encostado a um campo enorme, se podia sentir essa solidão acompanhada donde se contempla a verdade. A verdade era a de que me podia ter enganado na bilheteira.
“Entregue isto ao vosso presidente de merda!” – berrou o pequeno homem que entrou em cena pela direita. Fiquei a olhar para ele ao se afastar e ir ter com um grupo de 3 ou 4 que assistiam impávidos. Por pudor, evitei olhar para o postigo ao lado onde foi entregue certa coisa cujo destinatário era o meu presidente. Não vi o que era, mas não poderia ser grande. Esse era o único dado sobre o qual as dúvidas eram nenhumas perante o tamanho da abertura na vidraça. Que seria? Um bilhete para o jogo? E, nesse caso, tratar-se-ia do meu bilhete? Ou seria o cartão de sócio? Ou o cartão de cidadão? O boletim de vacinas? Uma colecção de selos? Um exemplar da Análise Social que escapou à censura do José Luís Cardoso? Irei carregar o enigma até ao fim dos tempos. Felizmente, para meu alívio mental, pouco depois apareceu uma figura que rivalizava em heterodoxia com o sujeito que envia coisas ao presidente via bilheteira. Este era um rapagão alto, nos seus vinte e muitos ou trintas, devidamente fardado para a ocasião, que conseguiu passar a barreira dos seguranças recorrendo a um ousado argumento: queria fazer-se sócio e ir ao jogo. Ou seja, a sua esperança era a de ainda conseguir entrar no estádio antes do nascer do sol. Alegava que lhe tinham dito ser possível fazer a magia na “loja Stromp”. Fiquei a pensar que tamanha manifestação de fervor leonino é que merecia um prémio Stromp. E ele devia estar a pensar exactamente como eu, porque mesmo depois de lhe explicarem que os bebés não vêm de Paris no bico de uma cegonha, menos ainda por TGV agora que o Sócrates foi corrido, ele continuava na zona da bilheteira, imóvel, olhando para um ponto no horizonte que não devia estar longe posto que na direcção do seu olhar apenas se vislumbravam prédios muito feios e camionetas horríveis. Nisto, materializou-se a não-sei-quantas. Não tinha bilhete algum para mim, nem sequer meio bilhete. Era na outra bilheteira que me conheciam e estimavam.
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"Os depositantes têm razões para ter toda a confiança quanto à segurança que o Banco Espirito Santo oferece às suas poupanças", disse Pedro Passos Coelho.
"Uma coisa são os negócios que a família Espirito Santo tem e outra coisa é o banco. É muito importante que os agentes portugueses e os investidores externos consigam, não apenas perceber bem esta diferença, mas estar tranquilos relativamente à situação do banco", sublinhou.
"Não tenho nenhuma razão para pôr minimamente em dúvida a tranquilidade, que deve ser preservada ao nível do nosso sistema financeiro e bancário", acrescentou Passos Coelho.
“Eu preferia a solução do Partido Comunista, que era a nacionalização do banco [BES], essa tinha sido melhor para nós”, declarou ontem Fernando Ulrich na Quadratura do Círculo.
De facto, se o BES tivesse sido nacionalizado, o Estado é que ia lá meter os sete ou oito mil milhões. Assim é uma grande chatice: o BPI teve que arriscar 700 milhões no Novo Banco e o negócio pode dar prejuízo, que é o mais certo. (Se der prejuízo, o Ulrich diz que vai processar o Estado e o Banco de Portugal, pois então! Trapézio, para ele, só com rede.)
Claro que o PCP não pensa que a sua solução seja a melhor para os banqueiros. O Ulrich, que é danado para o pagode, estava a brincar, como sempre.
A solução do PCP tanto para o BES como para o sector financeiro, incluindo o BPI, é o célebre “três em um”: não pagar a quem emprestou dinheiro a Portugal, saída do Euro e controlo público dos bancos (eufemismo para nacionalização do sector financeiro e estatização da economia, como em 1975).
Assim, os banqueiros, incluindo o Ulrich, tinham que fazer as malas e ceder os seus lugares ao Octávio Teixeira, ao Eugénio Rosa e a outros eu-génios da finança soviética. Se se portasse bem, o Ulrich poderia ir fazer de palhaço no Circo do Estado, onde a progressão na carreira seria automática. Não lhe confiariam a bilheteira, mas, dada a sua experiência, sempre podia dar uma mãozinha no trapézio. Com o Coelho a fazer de rede.
É a maior praga da estupidificação nacional através da fala. A repetição da expressão “por defeito” como tradução do inglês “default“.
Ao contrário do que se escreve no Ciberdúvidas, e sendo suficiente para desconfiar de tudo o resto que lá esteja escarrapachado tal a gravidade da calinada, não estamos perante uma tradução literal por aquela que devia ser uma óbvia razão: “defeito” não é sinónimo de “falta” – “falta” é que pode ser sinónimo de “defeito”.
Quando se começou a usar “default” no contexto informático de língua inglesa, a situação descrita remetia para uma ausência de alteração num dado estado de um dado sistema, geralmente considerado inicial do ponto de vista da utilização. Não consta que a definição tenha mudado entretanto. Essa “falta” não tem nada de errado, pelo contrário. É apenas a circunstancial privação da mudança. Logo, carimbar uma condição bondosa, nascida da alta inteligência dos magníficos engenheiros informáticos, com o selo de “defeito” é uma prática curiosa, até exótica, mas a qual devia preocupar os que ainda não desistiram de falar português.
Claro, para falar português é preciso pensar. Para traduzir “default” apenas de ouvido, acabando por usar uma palavra que transmite o seu oposto, já não é preciso nem é recomendável. Mas talvez a explicação do fenómeno seja a de que, por defeito de origem, os portugueses estão demasiado ocupados com os seus problemas e não conseguem arranjar tempo para pensar.