Vítor Gaspar, o Educador da Maioria

Depois de já ter decretado que não existem gorduras no Estado e que isto das previsões em Economia é uma lotaria, Gaspar continua o processo de reeducação dos partidos, políticos e comentadores da maioria que lhe ofereceu a pasta:

A simplificação excessiva de assuntos complexos conduz, inevitavelmente, a mal-entendidos que, infelizmente, tendem a persistir ao ponto de serem considerados verdades demonstradas.

Fonte

Good food for good thought

Judgments we make with a moral underpinning are made more quickly and are more extreme than those same judgments based on practical considerations, a new set of studies finds. Little work has been done on how attaching morality to a particular judgment or decision may affect that outcome. Our findings show that we make and see decisions quite differently if they are made with a morality frame.

“Our findings suggest that deciding to frame any issue as moral or not may have important consequences,” said co-author Ingrid Haas, an assistant professor of political science at the University of Nebraska-Lincoln. “Once an issue is declared moral, people’s judgments about that issue become more extreme, and they are more likely to apply those judgments to others.”

New Studies Show Moral Judgments Quicker, More Extreme than Practical Ones—But Also Flexible

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Tradução:

PCP e BE já eram sistemáticos na substituição da política pela moral, e isto desde que há memória. Esse estratagema permite-lhes a duplicidade de usufruírem dos direitos constitucionais e das benesses do regime democrático sem terem de assumir qualquer responsabilidade pela sua defesa ou melhoria. Diziam, e continuam a dizer, que não estão disponíveis para dialogar com partidos da “direita”, e metem o PS nesse saco para fugirem de qualquer negociação que levasse a uma solução negociada de compromisso. A esquerda do PS quer estar no Parlamento, receber o dinheiro dos votos, dar entrevistas e fazer comentários nos principais canais mediáticos. E chega-lhes. Caso o poder venha parar-lhe inteirinho às mãos, e só a uma delas porque as duas igualmente se detestam, então sim, concederão esse grande favor ao povo e formam um Governo puro e para puros. O racismo ideológico desta espécie de esquerda deleita-se na denúncia impotente do “centrão” e diz que Portugal tem estado entregue desde o fim do PREC a cidadãos moralmente indignos. Um discurso para desmiolados que tem imediatas vantagens, pois aumenta pela irracionalidade a coesão dos seus grupos, mas que é a antítese da democracia, o desperdício da liberdade.

A novidade dos últimos 5 anos foi a transformação do PSD num partido populista, indo ao encontro da retórica do CDS e ao espírito de um tempo de crises gigantescas e sem fim à vista. Enquanto Barroso ensaiou aparecer como o “Cavaco novo”, e Marques Mendes simulou estar disposto a morigerar levemente a S. Caetano, a partir de Menezes foi o fartar vilanagem da substituição da política pela moral. Para os sociais-democratas a situação era simples: eles não tinham ninguém à altura de Sócrates e da sua equipa, se o combate fosse travado no terreno do projecto social e do debate teórico, pelo que havia de recorrer às armas ancestrais da baixa-política, da calúnia, das campanhas negras e das conspirações. Foi isso que fizeram até conseguirem o que queriam: o pote. Contaram com o apoio do PCP e do BE que, permanecendo iguais a si próprios apesar de ser obscena a estratégia desta direita decadente, assim contribuíram para um ambiente generalizado e indomável de ódio e demência.

Num certo sentido acabando por ser algo ainda pior do que as disfunções atrás expostas, o PS elegeu um secretário-geral que igualmente abdicou da política e apostou tudo em jogadas moralistas. Isso significa que, e literalmente, não existe neste momento nenhum partido com representação parlamentar onde se pratique a política. Para a encontrarmos, temos de procurar no exemplo de integridade e coragem de alguns deputados. É neles que está refugiada a cidade.

A crise europeia vista e explicada de Espanha

Aperitivo para o resto do artigo de Manuel Ballbé, professor catedrático da Universidade Autónoma de Barcelona, no El País:

La burbuja ha sido hipotecaria: de titulizar y revender hipotecas tóxicas en el mercado. Precisamente, el Deutsche Bank fue uno de los mayores implicados, según reveló el Senado americano. Este banco ha colocado productos a sus clientes a sabiendas de que perderían dinero, tanto en Norteamérica (paquete “Gemstone VII”) como en Alemania, donde el Tribunal Supremo le condenó en 2011. Los ciudadanos alemanes fueron las primeras víctimas de la voracidad de sus bancos.

Alemania, además, es quien promovió las apuestas contra la deuda del sur. El Deutsche Bank fue uno de los artífices de este nuevo Merkado de deuda soberana —y de su índice de precios Markit— que disparó los ataques especulativos. Goldman Sachs asesoró a Grecia para ocultar su deuda y así logró entrar en el euro, después, con esta información privilegiada, apostó junto con Deutsche Bank que Grecia se hundiría. Atacar a países del sur fue la fórmula del Gobierno y bancos alemanes para recuperar las pérdidas de sus bancos ludópatas.

Semejante giro depredador contra la propia zona euro lo motivó la filtración del informe confidencial del supervisor financiero alemán, el BaFIN (confirmado por otro de Merrill Lynch), que valoraba en 800.000 millones los activos tóxicos del país en 2009. Dichos datos delatarían que una Alemania especulativa había reemplazado a su reputado capitalismo industrial. En vez de procesar a los responsables, cerraron filas e iniciaron el descrédito del sur para desviar la atención y sojuzgarlos.

Las Bankias alemanas han sido muchas: Hypo Real Estate fue rescatado con más de 100.000 millones de euros y en 2009 fue nacionalizado en un 90%; el Industriebank (IKB), con 10.000 millones de euros; los Landesbank (cajas autonómicas), como el Baden-Württemberg, el West o el Sachsen, recibieron unos 150.000 millones de euros; el Dresdner Bank, segunda entidad del país, quebró y fue absorbido por el Commerzbank,(…)

I hope they love our children too

Todos ouvimos, na entrevista de há uns dias, Passos Coelho afirmar que Portugal poderia beneficiar das vantagens concedidas à Grécia e que até tinha sido ele que, há um ano, reivindicara e conseguira, num Conselho Europeu, que as condições concedidas a um país sob assistência fossem extensíveis aos outros. Já antes, Gaspar, no final do debate do orçamento, declarara preto no branco que Portugal beneficiaria das vantagens concedidas à Grécia. Pois bem, Herr Schäuble disse que não, justificando essa posição com uma brejeirice de mau gosto que explora o facto, que não lhe escapou, de nenhum país jamais ter querido ser comparado à Grécia nesta crise. Como não podia deixar de ser, Passos Coelho imediatamente voltou ao modo “vamos sempre mais além” (que engloba o ir mais além da normal estupidez) e diz agora que Portugal não quer as mesmas condições da Grécia. Mas que bando de idiotas!

Bom, tirando as vergonhosas cambalhotas ditadas pela subserviência e pela incompetência a que infelizmente nos vamos habituando da parte dos nossos canhestros governantes, eu espero, do lado dos alemães, que saibam realmente o que estão a fazer com a zona euro e com a Europa em geral, já que são eles que controlam, ou pelo menos condicionam, o BCE. Olhando para o que se vai passando no Eurogrupo, dá ideia que não há ali ninguém com uma ideia global clara sobre o que se passa ou passará graças às medidas aplicadas e muito menos dos condicionalismos e o garrote que a moeda única sem banco central impõe aos diversos países membros. Os problemas continuam a ser tratados como se cada um tivesse a sua própria moeda. Mas a situação é ainda mais patética quando compreendemos que, perante o descalabro do caso português, o do bom aluno, a estratégia é a de disfarçar e passar a mensagem de que está tudo a correr com grande sucesso. E quem assim se comporta são, meus caros amigos, os alemães, esses paradigmas do rigor e da frontalidade. Encenação semelhante, e com a colaboração de alemães, levou à entrada da Grécia no euro, se bem nos lembramos. Repugna, no entanto, ver que a miséria das pessoas é assim, e entretanto, varrida para debaixo do tapete para a casa parecer limpa.

Savita levou-nos à Embaixada da República da Irlanda

Como se pode ler nesta notícia, hoje, uma delegação de Deputadas representando as 28 signatárias de uma carta dirigida ao Embaixador da República da Irlanda foi recebida pelo próprio.

A carta naturalmente condena a morte de Savita, expressa a nossa total solidariedade para com a sua vida e a sua famíla, mas faz mais.

Pode ler-se no escrito como temos memória de um Portugal sem legislação alguma, da sua evolução deficiente, do calvário do aborto clandestino, das suas consequências, e da situação presente.

O texto mostra um caminho para uma solução enquadrada no espírito que nos rodeia e revela o consenso social que felizmente vivemos.

Não temos saudades de um Portugal violento para com as mulheres, de um Portugal que as perseguia e que com isso conseguia a sua morte em números assustadores.

Escrevemos uma carta de empatia e de testemunho útil, não nos resignando a que um caso de direitos humanos como o sucedido em Irlanda ficasse em conversas de corredor sem qualquer iniciativa.

Assinaram a carta Deputadas de todas as bancadas.

Fiz parte das quatro Deputadas que se deslocaram hoje à Embaixada.

O Embaixador mostrou-se extremamente interessado no caso, quis conversar detalhadamente sobre a evolução legislativa em matéria de IVG em Portugal, e fez questão de se manter em contacto com as Deputadas portuguesas, nomeadamente para nos dar conta pela sua voz dos resultados de dois inquéritos que nos disse terem sido abertos.

Morreu uma mulher. A carta foi, por empatia e por simbolismo, assinada por mulheres.

 Aqui, podem ler a carta e ver quem assinou

Óleo, e do grosso, na engrenagem

O XIX Congresso do PCP foi, involuntariamente, a consagração última do fracasso de Louçã. As vozes comunistas que passaram o fim-de-semana a separar as águas em relação ao BE não acrescentaram nenhuma novidade à política nacional, mas anunciaram formalmente, porque publicamente, que terão de ser os bloquistas a assumirem a sua grande culpa e a voltarem à casa do pai caso queiram participar na vitória sobre a História que o PCP se sabe mandatado pela ciência marxista e pela Natureza para realizar mais tarde ou mais cedo (mas talvez seja avisado apostar que será mais tarde, e lá bem para o final da tarde quase à noitinha).

Esta posição deixa o BE reduzido à imagem de um grupelho de baratas tontas, as quais andaram frenéticas a tentar dar lições de táctica ao PCP através da grande contratação do candidato presidencial Alegre, depois a ultrapassarem os comunistas no photo finish para a moção de censura ao Governo PS em 2011, e por fim a pedirem a esmolinha de uma reunião com Jerónimo para efeitos de simulação de procura de unidade à esquerda e retratos a distribuir pela imprensa – pelo meio, desperdiçando celeradamente a incrível ultrapassagem dos comunistas nas eleições de 2009. Como seria hilariante aparecer um vídeo desse encontro que durou à volta de uma hora. Uma hora. Uma hora para debater a crise do País e a junção de esforços para encontrar uma solução assinada pelos que mandam na esquerda pura e verdadeira. Uma hora. Trinta minutinhos para cada lado. Talvez vinte, com a conversa do tempo e da bola. Talvez quinze, com os cumprimentos e as despedidas, o sentar-se na cadeira, o isto e o aquilo. E ainda imaginamos a possibilidade dessa meia hora útil de converseta ter sido gastada apenas pelo prolixo e agitado Louçã enquando Jerónimo e restantes heróis soviéticos iam ouvindo num silêncio displicente pontuado pelos sorrisos siberianos face ao perigoso contra-revolucionário que tinham de suportar durante um bocadinho.

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PSD – Negócios com Passos Coelho, eu?!

Excertos de uma investigação de J. A. Cerejo publicada hoje no Público (sem link) sobre uma ONG criada por Passos e a sua Tecnoforma (sendo Relvas o canalizador dos fundos europeus, na sua qualidade de secretário de Estado) e cujas realizações concretas ninguém que tenha sido questionado sabe identificar ou localizar.

Ângelo Correia:

“Ai que engraçado! Então, sem querer, ou por querer, eu estou ligado à Tecnoforma. Olhe que engraçado. Não tem graça nenhuma, mas é a vida!” Foi nestes termos que o antigo dirigente do PSD Ângelo Correia comentou o facto de ter sido admitido em 1996, por proposta de Pedro Passos Coelho, como fundador do Centro Português para a Cooperação (CPPC), que tinha sede nas instalações da Tecnoforma. Pouco antes, tinha afirmado, depois de questionado sobre a sua participação numa organização não-governamental (ONG) com aquele nome e com ligações a uma empresa em que Passos Coelho trabalhou: “Dou-lhe a minha palavra de honra que não sei o que isso é.”

Marques Mendes:

“Tem a certeza de que eu fui membro disso?” Informado de que foi mesmo um dos outorgantes da escritura que a constituiu, adiantou: “Com franqueza, nem me lembrava disso e não faço ideia de quais eram os seus objectivos.” Sobre as relações entre o CPPC e a Tecnoforma também nada sabe. “Nunca conheci essa empresa, embora soubesse das relações profissionais do dr. Passos Coelho com ela.”

E o presidente do conselho fiscal, Luís Carvalho, “Em concreto, não se lembra de nenhum projecto concretizado nem sequer de que havia uma ligação entre a Tecnoforma e o CPPC. Tal como todos os outros fundadores ouvidos pelo PÚBLICO, afirma não se recordar dos projectos da organização que o Fundo Social Europeu financiou em Portugal, com cerca de 137 mil euros, até ao ano 2000, muito depois da data em que diz ter sido suspensa a actividade da ONG.”

No mesmo jornal, pode ainda ler-se a notícia da decisão do Supremo de vedar o acesso à avaliação da casa de Cavaco Silva no Algarve, adquirida por troca pela sua anterior casa, de muito menor valor e área.

Não foi por falta de avisos que os portugueses escolheram a degradação e a ruína

Ao dizer que se recusava a governar com o FMI, José Sócrates lembrou que com ajuda externa o país teria de «suportar programas que põem em causa o Estado Social».

O primeiro-ministro disse não estar disponível para governar com a ajuda do Fundo Monetário Internacional e reiterou a ideia de que Portugal não precisa de ajuda externa.

No Porto, na apresentação da moção de recandidatura como secretário-geral do PS, José Sócrates disse que esta era das características que o distinguia do líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que já se mostrou disponível para governar com o FMI.

«Não é a primeira vez que o diz. Se a memória não me falha, é pelo menos a segunda vez que o diz. Aqui está todo um programa político. Pois, quero dizer-vos da minha parte, que não estou disponível para governar com o FMI», sublinhou.

Para Sócrates, «a agenda do FMI e da ajuda externa levaria o país a suportar programas que põem em causa não só o Estado Social, mas também o que é a qualidade de vida de muitos portugueses».

«Sei o que significa pedir ajuda externa. Vejo isso todos os meses e em todos os conselhos europeus. Sei a situação em que está a Grécia e a Irlanda. Não desejo isso para o meu país. É dever de todas as lideranças políticas empenharem-se para que isso não venha a acontecer em Portugal», frisou.

Sócrates perguntou-se ainda porque será o «único a ter consciência do que seriam as consequências da abertura de uma crise política».

Fonte

Revolution through evolution

People who score higher on negative personality traits know how to look hotter
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Brief Exercise Immediately Enhances Memory: Results Apply to Older Adults Both With and Without Cognitive Deficits
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Family’s Economic Situation Influences Brain Function in Children
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Reasoning Is Sharper in a Foreign Language
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Reducing Sibling Rivalry in Youth Improves Later Health and Well-Being
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Negative Thoughts Bothering You? Just Toss Them In The Trash
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Take the Money: Why We Make Better Financial Decisions for Strangers Than Family
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Men and Women Explore the Visual World Differently
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Employers Often More Interested in Hiring Potential Playmates Than the Very Best Candidates

Mais uma campanha intolerável da CIG contra a violência doméstica

Aqui pode ver-se o vídeo da campanha “dê um murro na mesa”, essa coisa que a vítima tem certamente e sem margem para dúvidas a possibilidade de fazer.

Pelos jornais e revistas circula a fotografia da mulher marcada de nódoas negras, e – imagine-se, de culpa, porque a campanha põe o foco nas consequências que o silêncio da esmurrada tem no seu filho: cada vez que “você” apanha o “seu filho também apanha”, é a mensagem. ´

A vítima, nesta campanha, é confrontada com as “feridas” que a violência do seu companheiro deixam na criança, logo é bom que ela deixe de ser conivente com o agressor e que, se não for por ela, que seja pelo seu filho, mas que se mexa, que “dê um murro na mesa”.

Faço parte da Comissão Parlamentar para a igualdade. Tomarei medidas como outros o farão. Isto é irrealista, irresponsável e altamente culpabilizante da vítima.

Cineterapia


Costa do Castelo_Arthur Duarte

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JanuárioÓ Rita, deixa vir daí a aguardente…

RitaAguardente? Onde é que ela já vai! Olha, e é bom que te desabitues desses luxos porque ela está cara e é preciso poupar. Bebam água do pote.

Simplício CostaMorfina, benzina…

JanuárioBenzina, beba-a você!

Simplício CostaNão é isso, homem. Cristalina… Ah, cá está! Achei… Ganhei o dia. Pago eu a aguardente!

RitaNão faça isso… Compre antes um bocadinho de queijo que é coisa que não entra cá há muito tempo em casa.

Simplício CostaPrefiro aguardente que para mim é queijo.

JanuárioE duques!

RitaO senhor Daniel não diz nada?

DanielAh, eu? Sim, eu sou da mesma opinião. Até vou mais longe: queijo e aguardente!

Simplício CostaBem, quer dizer que adere ao movimento. Bravo, é cá dos meus.

RitaAs duas coisas? Mas estão malucos! São capazes de imaginar que nos saiu a sorte grande…

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Dia 29 de Novembro de 2012. Sete da tarde. Uma dúzia de bípedes implumes reuniu-se na Cinemateca para ver este filme. E para rir com ele da primeira à última cena.

À excepção de um miúdo que não devia ter mais de 10 anos, aqueles felizardos estariam a ver a fita pela centésima vez. Na sua grande maioria, a audiência parecia ter nascido no tempo em que se filmaram as cenas. Mas as gargalhadas eram homéricas.

Não se trata da melhor comédia portuguesa, longe disso, sequer uma das três melhores do “ciclo de ouro”, mas é uma jóia que vence o tempo e resgata o espaço. E não fora o disparate argumentativo cometido no último quarto de hora, onde a resolução da narrativa afunda o filme num desfecho musical sem graça, teríamos aqui uma acabada perfeição cinéfila. Para a História, no meio de outras histórias, fica o páreo entre António Silva e Maria Matos numa disputa taco a taco pelo protagonismo supremo, vencido por ela com mérito e distinção.

Em 2013 fará 70 anos que O Costa do Castelo se estreou no S. Luiz. Vai encontrar um país a caminho daquela sociedade sem classe média onde comprar aguardente e queijo ao mesmo tempo só estava ao alcance dos ricos. Por isso, os nossos risos em grupo, na quinta-feira passada, eram também um esgar envergonhado como o de alguém que de repente se descobre apanhado num retrato tirado à socapa.

Marcelino pan y vino

Não existem socráticos positivos, figuras públicas que reclamem alguma herança de Sócrates ou aguardem pelo seu regresso às lides políticas, mas continuamos cheios de socráticos negativos, aqueles que persistem em atacá-lo por genuíno ou utilitário ódio de estimação. O Marcelino é um deles, e caso especialmente engraçado porque o Marcelino é um básico que nunca deveria ter deixado o Correio da Manhã, um espaço à medida das suas capacidades e estilo.

Ora, o Marcelino andou com Passos ao colo já desde o tempo em que ele perdeu as eleições internas contra Ferreira Leite. Esse seu intento levava a que fosse confundido algumas vezes pelos cavaquistas como estando próximo de Sócrates, quando na verdade estava era a trabalhar para o seu menino. De tal forma que durante a campanha para as legislativas de 2011 vimos o DN mais alaranjado do que o Povo Livre. Tamanho entusiasmo com o Pedro só veio a ser rompido em Setembro último, e foi preciso que o Marcelino visse um país inteiro na rua contra uma estupidez colossal. Aí, sentido a mudança da maré, tratou de sair pelos fundos e veio juntar-se ao maralhal indignado.

Eis o contexto que me leva a sugerir um divertimento onde o vemos a branquear Passos recorrendo a um Sócrates que calunia na comparação. Dizer que ambos violaram o contrato eleitoral, sem explicitar quais as faltas de Sócrates e não reconhecendo que Passos fez algo nunca antes visto na democracia portuguesa, e equivaler a situação de um Governo minoritário cercado e bombardeado por toda a oposição, pelo Presidente da República, pela oligarquia, pelas corporações, pela conluio judicial-jornalístico e pela situação internacional com um Governo de maioria, com apoio do Presidente da República, com um Memorando que o protege e com uma comunicação social anémica, é espectacular – ou seja, tamanha desonestidade intelectual e má-fé é um espectáculo.

Ler para crer:

Tão iguais