I hope they love our children too

Todos ouvimos, na entrevista de há uns dias, Passos Coelho afirmar que Portugal poderia beneficiar das vantagens concedidas à Grécia e que até tinha sido ele que, há um ano, reivindicara e conseguira, num Conselho Europeu, que as condições concedidas a um país sob assistência fossem extensíveis aos outros. Já antes, Gaspar, no final do debate do orçamento, declarara preto no branco que Portugal beneficiaria das vantagens concedidas à Grécia. Pois bem, Herr Schäuble disse que não, justificando essa posição com uma brejeirice de mau gosto que explora o facto, que não lhe escapou, de nenhum país jamais ter querido ser comparado à Grécia nesta crise. Como não podia deixar de ser, Passos Coelho imediatamente voltou ao modo “vamos sempre mais além” (que engloba o ir mais além da normal estupidez) e diz agora que Portugal não quer as mesmas condições da Grécia. Mas que bando de idiotas!

Bom, tirando as vergonhosas cambalhotas ditadas pela subserviência e pela incompetência a que infelizmente nos vamos habituando da parte dos nossos canhestros governantes, eu espero, do lado dos alemães, que saibam realmente o que estão a fazer com a zona euro e com a Europa em geral, já que são eles que controlam, ou pelo menos condicionam, o BCE. Olhando para o que se vai passando no Eurogrupo, dá ideia que não há ali ninguém com uma ideia global clara sobre o que se passa ou passará graças às medidas aplicadas e muito menos dos condicionalismos e o garrote que a moeda única sem banco central impõe aos diversos países membros. Os problemas continuam a ser tratados como se cada um tivesse a sua própria moeda. Mas a situação é ainda mais patética quando compreendemos que, perante o descalabro do caso português, o do bom aluno, a estratégia é a de disfarçar e passar a mensagem de que está tudo a correr com grande sucesso. E quem assim se comporta são, meus caros amigos, os alemães, esses paradigmas do rigor e da frontalidade. Encenação semelhante, e com a colaboração de alemães, levou à entrada da Grécia no euro, se bem nos lembramos. Repugna, no entanto, ver que a miséria das pessoas é assim, e entretanto, varrida para debaixo do tapete para a casa parecer limpa.

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