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Da normalização da calúnia

Ana Gomes tem nojo do PS, sente ganas de vomitar no Largo do Rato. Como ela diz, não aceita nem reconhece este Partido Socialista, experiência que lhe revolve as entranhas e desperta-lhe uma vontade insana de caluniar. Daí, aos domingos, ir para um canal do Balsemão apelar a que se tire essa gente do poleiro e se meta lá a sua. De preferência, enfiando alguns no chilindró, a começar ou a acabar no odiado Costa. Sem exagero: aquando das notícias relacionadas com um inquérito judicial a Manuel Salgado, a senhora frisou enfaticamente que a investigação devia chegar a Medina mas não parar aí, pois não foi este quem meteu o alvo na CML…

Donde, posto ser uma autoridade moral da Grei, temos de concordar com ela. A ida de Ana Catarina Mendes à convenção do Chega está realmente a normalizar esse partido. É inegável, porque lógico. Só que a lógica em causa não é da responsabilidade do PS, antes da Constituição e do Tribunal Constitucional. O Chega é um partido inserido na legalidade, concorre a eleições legislativas e autárquicas, tem mais deputados do que o PCP e o BE juntos, cresce nas sondagens. Aparecer um membro do Governo na sua Convenção demonstra respeito democrático para com os eleitores desse partido. E ouvirmos as declarações desse membro do Governo à saída do evento, onde avaliou politicamente o conteúdo testemunhado, demonstra o respeito ideológico do Governo e do PS para com os restantes eleitores que não votaram nesse partido.

De facto, este PS não é o de Ana Gomes. Tal como não eram os anteriores, excepção para o de Seguro. Isso não a impediu de ser uma alapadíssima deputada europeia durante o socratismo, acabando a morder na mão de quem a alimentou. Agora, exibe o título de Candidata a PR2021 e dedica-se à vingança contra o partido que não apoiou a sua ambição. Nesse sentido, a chungaria fascistóide do Ventura e sequazes consegue ser mais honesta do que os maus fígados desta profissional da calúnia.

O ódio como motivação

«A presença de Miguel Pinto Luz no encerramento da convenção é a confirmação do que se já percebeu: se o PSD precisar do Chega haverá um acordo. E quanto mais sinais der disso mais utilidade terá o voto no Chega, à direita, e mais precisará dele. Percebendo a centralidade que lhe dão, Ventura subiu a parada: quer ministros. E a sede de poder da direita será tal que os terá.

[...]

Quanto à presença de Ana Catarina Mendes, em representação do governo, é ainda mais significativa. O PS não esteve presente, mas, ao escolher uma das suas principais ministras, Costa quis valorizar o Chega, passando a ideia de que por ele passa qualquer alternativa. O que Macron tem feito, destruindo todo o sistema partidário francês. Só há um problema: as coisas estão a chegar a um ponto em que até o PS parece estar a perder votos para a extrema-direita. Costa está a alimentar um monstro que lhe garantirá a sobrevivência a curto prazo. O problema não são apenas os inimigos da democracia. São os que estão demasiado ocupados consigo mesmos para a defender.»

Daniel Oliveira

🤹‍♂️

O excerto acima pendurado é mais um paradigmático exemplo do que é o “raciocínio motivado”, servido por este especialista no assassinato de carácter de António Costa. Listemos as deturpações crassas:

1. “Quanto à presença de Ana Catarina Mendes, em representação do governo, é ainda mais significativa.” ⇽ Ainda mais significativa do que a presença de Miguel Pinto Luz, vice-presidente do PSD, e pintado como apoiante de um acordo com o Chega, acordo esse que implicará dar ministérios a Ventura? Como é que a presença de alguém que denuncia o Chega como uma força política que apela ao ódio pode ser mais significativa do que a presença daquele para quem esse ódio será instrumental para tomar o poder?

2. “O PS não esteve presente, mas, ao escolher uma das suas principais ministras, Costa quis valorizar o Chega, passando a ideia de que por ele passa qualquer alternativa” ⇽ O PS esteve presente, porque Ana Catarina Mendes, para além de actualmente ser ministra de um Governo socialista, continua a ser uma deputada eleita pelo Partido Socialista e sua secretária nacional. Ana Catarina Mendes pode ser uma das principais ministras mas foi enquanto Ministra dos Assuntos Parlamentares que esteve presente num evento de um partido com representação parlamentar muito relevante, actual terceira força. Que devia o Governo fazer para satisfazer o escriba, enviar o Ministro da Cultura? Costa não quer valorizar o Chega, quer desvalorizá-lo, precisamente porque por ele passa uma qualquer alternativa. E és tu, Daniel, quem garante que passa umas linhas acima no teu texto.

3. “O que Macron tem feito, destruindo todo o sistema partidário francês.” ⇽ A sério que é Macron quem anda a destruir o sistema partidário francês? E o sistema deixa? Temos Napoleão! Não admira que Costa o queira imitar, que sonhe todas as noites com a destruição do sistema partidário português. É que deve dar um gozo do caraças.

4. “Só há um problema: as coisas estão a chegar a um ponto em que até o PS parece estar a perder votos para a extrema-direita. Costa está a alimentar um monstro que lhe garantirá a sobrevivência a curto prazo.” ⇽ Parece ou está? Há muita coisa que parece e não é, né? Parece que o Sol roda à volta da Terra, é o que parece. Será? O mesmo acerca desses nutrientes para o monstro. É mesmo assim ou parece-te? Vê lá isso bem, pá. O ódio nem sempre é o melhor conselheiro.

5. “O problema não são apenas os inimigos da democracia. São os que estão demasiado ocupados consigo mesmos para a defender.” ⇽ A tese é a de que compete ao Governo defender a democracia da ameaça do Chega, não ao PSD disposto a levar a chungaria fascistóide para São Bento nem ao cidadão interessado em viver numa sociedade onde se respeitam os valores da integração e do socorro aos mais desvalidos, dentro das possibilidades geradas pelo apoio à classe média, ao empresariado e às instituições da saúde, educação, ciência, segurança. Esse encargo, a missão de governar, com a sua desvairada complexidade, surge ao comentador profissionalizado como sendo equivalente a “estar ocupado consigo mesmo”. O nível de psicologização e fulanização é folhetinesco, o exercício de usar o Chega para atacar um primeiro-ministro que se tornou um alvo obsessivo desde 2019 é patético.

Combater Ventura passa por mostrar que ele é um vendedor de banha da cobra, na sua cara. E já foi alcançado, pela mais inesperada figura possível, o Tiago Mayan. Este sui generis protagonista fez mais pela defesa da democracia em 35 minutos do que a colecção completa dos tratados antiCosta que o Sr. Oliveira vende semanalmente ao Balsemão.

A civilização não teme os tratantes

O PS, o Governo e Ana Catarina Mendes fizeram muito bem em ter estado institucionalmente presentes no encerramento da V Convenção do Chega. Por duas principais razões: (i) O Chega é um partido com representação parlamentar, correspondendo ao terceiro maior grupo de deputados — ou seja, para além de ser democraticamente legítimo é socialmente relevante; (ii) a democracia pode ser conquistada pelas armas mas a sua defesa reside na palavra, só na palavra.

À saída do antro fascistóide, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares disse: “Aquilo a que aqui assistimos é o que nunca defenderemos: o discurso de ódio, de desrespeito pelos portugueses e de ataque de portugueses contra portugueses. Aquilo que aqui ouvimos foi um incitamento ao ódio.” Depois pediu cooperação na União Europeia, construída para defender a paz, e pediu respeito para os imigrantes. “Todos os que aqui chegam têm direitos e merecem ser tratados com dignidade”, considerou a ministra.

Consequência? Quem quiser, quem se interessar, quem se importar, poderá verificar se há mentira, distorção ou exagero nas suas declarações. Poderá rever o discurso final de André Ventura e tirar as suas conclusões. No caso de não se importar, não se interessar nem querer saber do que disse uma e outro, também está bem. Não poderá é dizer que não foi avisado.

As palavras têm consequências. Foi assim, cuidando das palavras, que se inventou a civilização.

Parece o circo, e é

«Marcelo Rebelo de Sousa acha difícil António Costa recuperar do clique negativo que considera ter acontecido com o caso TAP e, embora continue a dar tempo ao Governo, espera que Luís Montenegro acelere o passo. O que faz falta, disse esta semana, é “que o Governo governe e governe melhor” e que a oposição seja “cada vez mais contundente”. O que significa que, depois de ter aconselhado Luís Montenegro a não ter pressa, Marcelo pede agora ao líder da oposição que carregue no acelerador. Não vá o relógio trocar o ciclo.

Pela sua parte, o Presidente da República não vai deixar que a crise no Governo altere o calendário que há muitos meses definiu na sua cabeça e que coloca nas eleições europeias de 2024 o momento para avaliar se a legislatura tem condições para chegar ao fim.»


por Altifalante de Belém

Revolution through evolution

Lifelong marriage lowers risk of dementia
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More steps, moderate physical activity cuts dementia, cognitive impairment risk
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More thankful, less stressed?
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Dietary nitrate – found in beetroot juice – significantly increases muscle force during exercise
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Traffic pollution impairs brain function
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Modern arms technologies help autocratic rulers stay in power
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Good things happen when leaders reflect on their mistakes
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Dominguice

Se nos fosse dado o poder de voltar a nascer, mudando certos parâmetros, que escolheríamos alterar? O local, preferindo outra localidade ou país? O ano, século ou milénio de nascimento, indo para um qualquer outro passado ou futuro? Os pais e familiares, trocando os nossos por outros que nos agradassem mais por isto ou aquilo? O género e/ou o fenótipo? A espécie, optando por nascer animal ou planta?

Fosse qual fosse a nossa escolha, voltar a nascer seria sempre nascer pela primeira vez.

Corrupção em sessões contínuas

A TSF e o DN entrevistaram Fernanda de Almeida Pinheiro, a nova bastonária da Ordem dos Advogados, e puseram o mesmo título à notícia publicada em cada meio:

Portugal “tem um problema de corrupção grave”

Quer isso dizer, de acordo com a mais básica noção do que seja um título, que a nova bastonária deu uma entrevista onde se alongou no tema da corrupção, ou dele ofereceu uma análise especialmente relevante, ou que terá elencado casos incontornáveis da julgada e transitada em julgado corrupção portuguesa, factos esses a merecerem destaque em parangona, né? Népias. O vocábulo “corrupção” é usado uma única vez por apenas um dos três participantes. Nessa única vez, cai de pára-quedas numa resposta relativa à notícia de existirem advogados que foram constituídos arguidos, sendo que a pergunta era dirigida à imagem dos advogados na opinião pública, não ao tema da corrupção, muito menos à sua problemática nacional. Donde, a referência à corrupção em Portugal nessa parte da entrevista não tem qualquer valor sequer informativo para o leitor ou ouvinte do trecho. Foi uma contextualização improvisada cujo propósito na economia do seu argumento era tão-somente o de defender a classe dos advogados.

Assim, por que caralho Rosália Amorim e Pedro Cruz resolveram enganar as suas audiências? Foi porque a bastonária só disse inanidades para além dessa oração de oito palavras? Ou terá sido porque à Rosália Amorim e/ou ao Pedro Cruz interessa manter o tema da corrupção no espaço público, desta forma bisonhamente sensacionalista, para que gere alarmismo, desânimo, revolta e extremismo político? Que lógica jornalística pode ter criar um título que se esgota em si mesmo, que se transforma em slogan? Porque será que até os caluniadores profissionais, os quais enchem o bolso à pala dos “corrrruuuuptos”, nunca apresentam dados registados, números estimados, tipologias agregadas, comparações internacionais?

Uma coisa é certa, o fenómeno da corrupção na imprensa — onde se viola o código deontológico da Carteira, se fazem assassinatos de carácter, se lançam campanhas negras e se cometem crimes — é um espectáculo de sessões contínuas.

Só se enganou na última frase

«Há alguma mão invisível que o PCP veja que esteja a funcionar em termos de Justiça?
Não sei se é mão invisível, mas uma gestão política destes casos acho que há. É uma evidência. Basta ver que, nas várias sequências de “casos e casinhos” que têm surgido, diferentes uns dos outros, nalguns casos são notícias requentadas com mais de dois anos que voltam a surgir com uma nova dimensão que não têm ou que podem não ter. Há aqui um problema mais de fundo.

Estamos perante uma situação que mina o próprio sistema democrático, mina a democracia e quer arrastar todos para o lamaçal. Essa é que é a questão de fundo com que estamos confrontados. É preciso, primeiro, que a Justiça cumpra o papel que tem — e está a fazê-lo —, que tenha meios para isso, mas simultaneamente, também não procurar desviar a atenção para o centro destes casos que todos os dias vão surgindo, desviando daquilo que é fundamental, que é a situação das pessoas e a situação do país.»

Fonte

“Ser o centro do mundo?” Ó Moedas, não acertas uma

Moedas assume que vai gastar rios de dinheiro com a Jornada Mundial da Juventude católica. Tudo bem, ou tudo mal, porque o que é certo é que o evento já fora agendado antes do início do seu mandato e, com a pressão e o entusiasmo do Presidente da República, já se tinham previsto gastos de milhões desta forma incompreensível. Mas esses rios de dinheiro, sabemos agora, deverão muito do seu caudal, seguramente aumentado, a um palco-altar cravejado de diamantes (ou assim parece), este sim, da exclusiva responsabilidade do Moedas, que, apertado, diz agora que é o preço a pagar para sermos “o centro do mundo” numa semana de Agosto.

 

Alto lá! O centro do mundo? – pergunto eu e perguntar-se-iam, se ouvissem, os atónitos asiáticos, indianos e africanos que nem sabem do que se trata.

Convém esclarecer este autarca por acidente que dos milhares de milhões de habitantes deste planeta Terra (7.667.136.000 de pessoas no final de 2020), apenas 1.359.612.000 são considerados católicos, isto segundo contas da própria ICAR, que deve tomar por base o número de baptizados. A este número há naturalmente que subtrair os que, apesar de baptizados (numa idade em que não tinham escolha) nada têm que ver com a Igreja ou o catolicismo ou sequer qualquer religião.  Suponhamos então que serão, com uma boa dose de generosidade, um milhar de milhão de almas. Se considerarmos que neste número se inclui toda a hierarquia da Igreja, os “pastores” e equiparados, ou seja, os funcionários da máquina, não há qualquer hipótese de as Jornadas da Juventude católica fazerem da cidade onde se realizam “o centro do mundo”. Apenas entusiasmarão e interessarão, eventualmente, a menos de 15% da população mundial. Eu, baptizada em bebé, nunca jamais em tempo algum ouvira falar destas jornadas, estou zero entusiasmada com elas, a bem dizer estou indignada com o desconhecido contributo da Igreja portuguesa para as despesas, e, se possível, estarei longe daqui nessa altura.

 

Tomemo-las, pois, pelo que são: eventos da Igreja (em todos os casos chamados “celebrações”) para angariação de adeptos jovens (como Fátima é para angariação de fundos e propaganda), dada a escassez de sacerdotes e também de fiéis, estes sobretudo na Europa civilizada (a par de embrionariamente islamizada, dirão alguns). Não há, pois, razão para serem todos os cidadãos contribuintes a pagar isto, nem centro do mundo nenhum que justifique tal coisa carérrima em forma de rampas a que chamam altar e palco.

Ficará para a cidade? Como? As Misses Mundo, uma possibilidade em tudo profana e talvez escandalosa para se rentabilizar de futuro o investimento de 5 000 000 € num altar religioso, não costumam desfilar em planos inclinados. Não há uma boa justificação para este gasto. Só pode haver uma má, portanto.

Vamos lá a saber

Como é que a marca “Pedro Nuno Santos” ficou após assumir que no começo do caso — e até à ida de Christine Ourimières-Widener ao Parlamento, onde garantiu ter provas por escrito da concordância do Governo — “não se lembrava” de ter aprovado, por WhatsApp, a indemnização de Alexandra Reis na TAP?

Chegou a este ponto

Chegou ao ponto de Ana Drago, que não gasta uma caloria de simpatia com o PS, sentir que tem de denunciar a politização do Ministério Público, o qual está a interferir conspirativamente contra o regime, contra a democracia, contra a liberdade dos cidadãos: Há perguntas a que o Ministério Público deveria responder

Claro, Ana Drago poderia ter publicitado a mesmíssima denúncia a respeito de tudo o que foi feito contra Sócrates, logo a partir de 2008, em cima da chegada de Ferreira Leite ao PSD e ao lançamento da bandeira da “verdade” por Cavaco e pelo laranjal. Foi esse o contexto político do Face Oculta, uma operação desenhada para perverter as eleições de 2009 através da colocação do então primeiro-ministro como arguido de um crime inventado em Aveiro por um Vidal. Especialmente, é impossível a quem agora regista o óbvio ululante das coincidências dos calendários de certos agentes da Justiça com os actos eleitorais, e a quem denuncia o deboche dos crimes cometidos por magistrados e jornalistas na violação do segredo de justiça, não ter percebido a completa utilização do poder policial e judicial para montar o que é, essencialmente, um linchamento político e uma tentativa de criminalização de um partido.

A Mota-Engil não é católica, pelos vistos

Um palco/altar de diamantes. Assunto por excelência para o Marcelo comentar. Vou estar atenta:

O altar-palco onde o papa irá celebrar uma missa este Verão vai custar mais de 4.2 milhões de euros à Câmara Municipal de Lisboa (a nós, portanto) e não há ingressos nesse evento (de católicos) que o paguem, nem contribuições de empresários católicos. Ao mesmo tempo, lembramo-nos de como o Presidente da República ficou ufano com a realização da chamada Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, que obrigaria a gastar milhões. Agora, só com o palco é que nunca imaginaríamos.

 

A Câmara Municipal de Lisboa já se comprometeu a gastar até 35 milhões de euros em vários custos associados à organização da JMJ 2023.

O valor pago pelo altar-palco é muito superior ao que foi pago em 2010 para a instalação do palco para a missa do então Papa Bento XVI. Na altura, a obra custou entre 200 e 300 mil euros, tendo sido paga através de uma angariação de fundos entre empresários amigos da Igreja.

 

Mais adiante na notícia dizem que o palco ficará para a cidade. Mesmo assim, um novo palco que ninguém pediu por 4.2 milhões? E por ajuste directo?   Onde anda a PJ quando é precisa?

Saberão aquelas pessoas que lá irão estar que não vão para céu nenhum quando morrerem a não ser o dos pardais?

Coitadinha da Joana Marques Vidal

Sinto as dores de Joana Marques Vidal. Foi escolhida por um certo primeiro-ministro e um certo Presidente da República para apanhar um certo homem e cumpriu exemplarmente. Ao sair, em 2018, o homem já tinha sido posto no chilindró durante dez meses e estava política e socialmente destruído. É agora um pária em terras nacionais, à espera que a Justiça enterre o mais fundo que conseguir o trabalhinho feito por Carlos Alexandre a mielas com o mandato da santa Joana.

Mas não só, a missão era extensível a todo o PS. Quando Paula Teixeira da Cruz, então ministra da Justiça (!!), resolveu associar as buscas feitas pela Polícia Judiciária nas casas de Mário Lino, António Mendonça e Paulo Campos — buscas que tiveram cobertura mediática em direto — com a bandeira passista do “fim da impunidade” estava, acto contínuo, a julgar e a condenar sumariamente esses ex-governantes socialistas. Passados 10 anos do início da operação “Buraco no Asfalto”, a única coisa que o Ministério Público conseguiu provar foi que todos os investigados não tiveram qualquer recebimento financeiro ou de vantagem pelas decisões tomadas para a construção das auto-estradas do Norte e Grande Lisboa. O processo ainda não foi fechado nem deu origem a uma acusação porque é útil politicamente, aparecendo notícias dele em períodos eleitorais ou se algum alvo tiver protagonismo que possa ser explorado contra o PS ou um Governo socialista. A Senhora da Cruz fez o que não há memória de mais nenhum governante ter feito em democracia, para mais sendo a responsável da pasta onde ainda menos o poderia fazer em nome do juramento que proferiu na sua tomada de posse, e não sentiu sequer uma leve brisa de escândalo. À sua volta, os impérios de comunicação da direita rejubilavam com a pulhice, espalhavam e amplificavam as calúnias em subtexto, enquanto o PS de Seguro concordava calado e a esquerda pura e verdadeira concordava sorrindo.

Este o ecossistema decadente onde Joana Marques Vidal se tornou uma estrela brilhante das capas do esgoto a céu aberto e restantes imitadores. A Vidal, o Calex, o xerife da bigodaça, qualquer um que mostrasse serviço na caçada aos “socráticos”, foram festejados como heróis de uma luta contra um partido tratado como agremiação criminosa à boca cheia. No final do seu mandato, viu um ex-Presidente da República e um ex-primeiro-ministro a dizerem que só a santa Joana é que conseguia lutar contra o polvo socialista, só ela é que era íntegra e corajosa o suficiente para lidar com tão perigosos agentes do mal. Pelo que devia ficar pelo menos mais seis anos a engaiolar essa bandidagem com covil no Rato, de preferência tornando-se a procuradora-geral da República vitalícia. A campanha não teve sucesso mas foi todo um programa.

Chegados a 2023, o Ventura nascido no e do passismo radical é o herdeiro mais eficaz da aposta no “fim da impunidade”, enquanto Lucília Gago comanda uma máquina de entalar governantes socialistas que ameaça derrubar de um dia para o outro o Governo de maioria absoluta daquela gente tão odiada pela “gente séria” e pelos “portugueses de bem”. Isto enche Joana Marques Vidal de dolorosa inveja. Afinal, ela precisou de uma maioria parlamentar, de um Governo e de um Presidente da República para erguer a sua obra, soltar os cães.

Revolution through evolution

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Dominguice

As coisas mudam. Vemos as coisas a mudar desde que começamos a ver. Mudam à nossa volta, mudam dentro de nós, mudamos. E não temos qualquer garantia de que as coisas estejam a mudar para melhor, nem de que as coisas estejam mesmo a mudar para pior. Claro, o melhor e o pior podem surgir evidentes, fulgurantes. Como quando ou quando. Mas, porque as coisas mudam, o melhor pode levar ao pior, o pior ao melhor. O mais certo é levar a algo que não é o melhor nem o pior. Algo que é apenas o resultado mutável de as coisas mudarem. A mudança em mudança.

Neste sentido, as coisas não mudam.

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