Corrupção em sessões contínuas

A TSF e o DN entrevistaram Fernanda de Almeida Pinheiro, a nova bastonária da Ordem dos Advogados, e puseram o mesmo título à notícia publicada em cada meio:

Portugal “tem um problema de corrupção grave”

Quer isso dizer, de acordo com a mais básica noção do que seja um título, que a nova bastonária deu uma entrevista onde se alongou no tema da corrupção, ou dele ofereceu uma análise especialmente relevante, ou que terá elencado casos incontornáveis da julgada e transitada em julgado corrupção portuguesa, factos esses a merecerem destaque em parangona, né? Népias. O vocábulo “corrupção” é usado uma única vez por apenas um dos três participantes. Nessa única vez, cai de pára-quedas numa resposta relativa à notícia de existirem advogados que foram constituídos arguidos, sendo que a pergunta era dirigida à imagem dos advogados na opinião pública, não ao tema da corrupção, muito menos à sua problemática nacional. Donde, a referência à corrupção em Portugal nessa parte da entrevista não tem qualquer valor sequer informativo para o leitor ou ouvinte do trecho. Foi uma contextualização improvisada cujo propósito na economia do seu argumento era tão-somente o de defender a classe dos advogados.

Assim, por que caralho Rosália Amorim e Pedro Cruz resolveram enganar as suas audiências? Foi porque a bastonária só disse inanidades para além dessa oração de oito palavras? Ou terá sido porque à Rosália Amorim e/ou ao Pedro Cruz interessa manter o tema da corrupção no espaço público, desta forma bisonhamente sensacionalista, para que gere alarmismo, desânimo, revolta e extremismo político? Que lógica jornalística pode ter criar um título que se esgota em si mesmo, que se transforma em slogan? Porque será que até os caluniadores profissionais, os quais enchem o bolso à pala dos “corrrruuuuptos”, nunca apresentam dados registados, números estimados, tipologias agregadas, comparações internacionais?

Uma coisa é certa, o fenómeno da corrupção na imprensa — onde se viola o código deontológico da Carteira, se fazem assassinatos de carácter, se lançam campanhas negras e se cometem crimes — é um espectáculo de sessões contínuas.

13 thoughts on “Corrupção em sessões contínuas”

  1. parece que também há muita corrupção na ucrânia. ou será tudo desinformação dos russos? quando puderes, diz qq coisa acerca.
    beijinhos

  2. Dinheiro Sujo: Uma História Real Sobre Corrupção, Branqueamento de Capitais e Homicídio na Rússia de Putin…

  3. bem lembrado, sabes por acaso como está a contabilidade da catástrofe do lado ucraniano? é que há números que por mais que se procure…

  4. adoro quando os nazis que ainda esperam mandar os filhos pra morte nesta guerra respondem às acusações de corrupção no lado ucraniano com acusações de corrupção no lado russo de que nunca ninguém duvidou, assim confirmando as primeiras.
    é que não consta que estejamos a enviar dinheiro e armas pros russos, mas como isto anda já nem digo nada. se calhar era melhor acrescentar essa pergunta no questionário.

  5. segundo isto , tanto dá falar de corrupção de advogados como de políticos… está tudo ligado -:)

    – Nas maiores sociedades de advogados, cada advogado ganha cerca de 115 mil euros/ano.
    – Encontramos, entre estes advogados, figuras de topo dos partidos políticos integrantes da «troika vende-Pátria»
    – Possuem ligação, presente ou passada, à Assembleia da República, ao Governo, a assembleias e executivos municipais.
    – Os advogados com nomes sonantes têm sido nomeados para o Sector Público Administrativo e para o Sector Empresarial do Estado.
    – São ainda eles que recebem por encomenda governamental, a elaboração de legislação e a preparação de concursos públicos (grandes negócios e grandes despesas onde o estado sai quase sempre lesado).
    – Enquanto docentes universitários, conferencistas e comentadores tem poder sobre a opinião pública.
    – Possuem ainda ligações aos grandes grupos económicos capitalistas.
    – Funcionam como elos de ligação e instrumentos de expansão dos grupos económicos capitalistas, sejam eles internos ou externos ao País.
    – Conclui-se que têm contribuído para a subordinação do poder político ao poder económico.

  6. E quem é o Alfredo Barroso?!
    Quanto à escola primária tens de rever algumas matérias… ou investir nas falácias informais!

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