Moedas assume que vai gastar rios de dinheiro com a Jornada Mundial da Juventude católica. Tudo bem, ou tudo mal, porque o que é certo é que o evento já fora agendado antes do início do seu mandato e, com a pressão e o entusiasmo do Presidente da República, já se tinham previsto gastos de milhões desta forma incompreensível. Mas esses rios de dinheiro, sabemos agora, deverão muito do seu caudal, seguramente aumentado, a um palco-altar cravejado de diamantes (ou assim parece), este sim, da exclusiva responsabilidade do Moedas, que, apertado, diz agora que é o preço a pagar para sermos “o centro do mundo” numa semana de Agosto.
Alto lá! O centro do mundo? – pergunto eu e perguntar-se-iam, se ouvissem, os atónitos asiáticos, indianos e africanos que nem sabem do que se trata.
Convém esclarecer este autarca por acidente que dos milhares de milhões de habitantes deste planeta Terra (7.667.136.000 de pessoas no final de 2020), apenas 1.359.612.000 são considerados católicos, isto segundo contas da própria ICAR, que deve tomar por base o número de baptizados. A este número há naturalmente que subtrair os que, apesar de baptizados (numa idade em que não tinham escolha) nada têm que ver com a Igreja ou o catolicismo ou sequer qualquer religião. Suponhamos então que serão, com uma boa dose de generosidade, um milhar de milhão de almas. Se considerarmos que neste número se inclui toda a hierarquia da Igreja, os “pastores” e equiparados, ou seja, os funcionários da máquina, não há qualquer hipótese de as Jornadas da Juventude católica fazerem da cidade onde se realizam “o centro do mundo”. Apenas entusiasmarão e interessarão, eventualmente, a menos de 15% da população mundial. Eu, baptizada em bebé, nunca jamais em tempo algum ouvira falar destas jornadas, estou zero entusiasmada com elas, a bem dizer estou indignada com o desconhecido contributo da Igreja portuguesa para as despesas, e, se possível, estarei longe daqui nessa altura.
Tomemo-las, pois, pelo que são: eventos da Igreja (em todos os casos chamados “celebrações”) para angariação de adeptos jovens (como Fátima é para angariação de fundos e propaganda), dada a escassez de sacerdotes e também de fiéis, estes sobretudo na Europa civilizada (a par de embrionariamente islamizada, dirão alguns). Não há, pois, razão para serem todos os cidadãos contribuintes a pagar isto, nem centro do mundo nenhum que justifique tal coisa carérrima em forma de rampas a que chamam altar e palco.
Ficará para a cidade? Como? As Misses Mundo, uma possibilidade em tudo profana e talvez escandalosa para se rentabilizar de futuro o investimento de 5 000 000 € num altar religioso, não costumam desfilar em planos inclinados. Não há uma boa justificação para este gasto. Só pode haver uma má, portanto.
ele referia-se certamente ao centro do mundo “ocidental”.
pergunta ao valupi que ele explica-te
eu acho que ficar para a cidade pode significar servir para as jornadas tuppeware ou herbalife ou avante. !ai! que riso
Moedinhas: “Eu assumo as responsabilidades que tiver que assumir, mas é claro que não tenho responsabilidades nenhumas. Eu só cá vim ver a bola… e, mais claro ainda, apontar responsabilidades aos outros.”
Magic fingers.
https://youtu.be/u1Ucl1ZtW2Y
https://youtu.be/jDhFM_rCk4w
Portugal é supostamente um Estado laico (art. 41 da constituição : “As igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado e são livres na sua organização e no exercício das suas funções e do culto”). Portanto em principio, verbas publicas não deveriam ser usadas para subsidiar este tipo de acontecimentos. A lei de 1911 poibia-o expressamente, inspirando-se na lei francesa de 1905 (lei que ainda vigora hoje em França). Não vejo como é que o Moedas se pode justificar em relação a isto. Note-se que existem outros regimes tolerantes para além do regime de separação, mas neste caso, por uma obvia questão de igualdade, é necessario assegurar que as verbas publicas não são usadas em beneficio de uma comunidade em detrimento das outras. Duma maneira ou doutra, subscrevo a indignação da Penélope. E também com a alarvidade retorica e provinciana do “custo a pagar para estarmos no centro do mundo”…
Boas