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“Coitado do Montenegro. Só ralações com as individualidades que o vêm apoiar publicamente…”

Frases semelhantes às do título acima têm sido ditas por alguns comentadores, como o Pedro Marques Lopes, ou até o Rui Tavares, que optou por chamar a Montenegro “ingénuo” (ingénuo não será o Tavares?). Isto a propósito de intervenções na campanha da AD, como a de Pedro Passos Coelho, Gonçalo da Câmara Pereira, Paulo Núncio, Durão Barroso ou Eduardo Oliveira e Sousa (ex-líder da CAP e cabeça de lista da AD por Santarém), todas elas assumidamente radicais e assustadoras, mesmo do tipo imperdoáveis em democracias avançadas. Um insurgiu-se contra o excesso de imigrantes atiçando ódios e instintos persecutórios adormecidos, à moda do Ventura, aproveitando para repetir o quão inevitável será uma aliança com o Chega (uma forma de ameaça ao próprio Montenegro); outro não abre a boca a não ser para dizer asneiras, pelo que volta convenientemente a fechá-la; o terceiro quer obrigar as mulheres com menos meios económicos a voltarem aos abortos clandestinos, quando não à prisão (as ricas têm médicos amigos); o Durão fala mal do país dos últimos anos, como se tivesse sido um primeiro-ministro excepcional (!) e com imeeenso prestígio, quando todos sabemos o pouco e mal que fez por cá e o pouco e muito mal ou irrelevante que fez na Comissão Europeia (como prémio por ter sido o anfitrião da cimeira das Lajes) só para depois ganhar um tacho na Goldman Sachs; por fim, o último resolveu falar em distribuir armas aos agricultores, totalmente ao estilo violento e belicoso do Chega.

Pois para esses comentadores cheios de boa vontade, Luís Montenegro, com as aparições e as declarações desses personagens, pode estar a prejudicar os seus louváveis propósitos sociais-democratas e moderados inadvertidamente, por suposta surpresa (para o PML) ou por não saber como são e o que pensam as pessoas que convida e acreditar que são boas pessoas e moderadas (Rui Tavares).

Que dizer disto? Que Luís Montenegro não sabe quem convida para a campanha? Mas ele conhece-os todos e bem! Que não sabe o que vão dizer? Isso não é possível. Que não sabe inclusive que estão a falar em nome da AD e não a título individual, circunstância em que ele, Montenegro, se pode arrogar dizer que discorda?

É óbvio que não é nada disso. A ideia pode ser roubar votos ao Chega “roubando-lhe” a linguagem, por um lado, e, por outro, marcar o carácter “moderado” de Montenegro ao distanciar-se de algumas declarações. Mas Montenegro, nesse caso, só pode estar de acordo com esta estratégia. E o facto é que a tem seguido: uns vêm com discursos que apelam a punições, à violência e à intolerância e logo vem ele acalmar os ânimos como se fosse um social-democrata de gema, dando a entender que se trata de excessos próprios da campanha.

 

Pois para mim, desculpem o meu “francês”, isso é “bullshit”. Tudo estudado. Quem Montenegro terá, no dia 11, se ganhar, para formar um governo serão essas pessoas e não outras. Os ministros serão essas pessoas e não outras. A sua aparência de moderado, dialogante e centrista é estratégia de campanha. Mas, como dizia o outro “se convive com patos, ouve os patos, ri-se do que riem os patos, já falou à pato durante vários anos, vai escolher rodear-se de patos… então é um pato!”.

Inveja bissexta

Tenho inveja de quem nasceu a 29 de Fevereiro. Porque, durante 3 anos seguidos, ficam com a liberdade de escolherem duas outras datas, em dois meses diferentes, para celebrarem o seu aniversário. E também porque podem retirar 3 a cada 4 anos no registo biográfico mental, chegando aos 80 com a convicção secreta de só terem 20 aninhos.

Parece pouco? Pode ser o que mais importa.

Passos criminoso

Num sábado, há duas semanas, andei de Metro em Lisboa. Mais de 70% dos passageiros não eram caucasianos. Desta minoria, uns 10% seriam ostensivamente estrangeiros. Não vi o menor desacato, uma simples discussão. Apenas rostos indecifráveis quanto à sua biografia e variabilidade etnográfica num registo de provável baixa condição social, salvo pontuais excepções.

Subitamente, não só compreendi mas também senti como pode ser altamente eficaz espalhar o medo acerca desta paisagem demográfica. Os mecanismos tribais do racismo e da xenofobia estão antropologicamente enraizados, fazem parte da herança biológica ligada ao instinto de sobrevivência. É muito mais fácil suspeitar de um estranho do que confiar nele, especialmente se esse estranho se apresenta culturalmente exógeno aos nossos grupos sociais onde construímos a identidade.

Passos a imitar Ventura pode não surpreender, posto que criador e criatura se têm declarado aliados desde Loures. Contudo, porém, todavia, ver um ex-primeiro-ministro (ainda com planos de voltar à ribalta política) a acirrar os instintos que podem causar alarme social, pânico colectivo e violência física potencialmente letal é historicamente significativo. O PSD pode mesmo ter deixado de fazer sentido no regime após a algaraviada de Passos a 26 de Fevereiro de 2024. Pela simples razão de ser incompatível com a decência pertencer a um partido onde a irresponsabilidade máxima é recompensada com discursos ao lado do líder e com um messianismo alimentado pela escória da direita portuguesa.

Há crimes cometidos por imigrantes? Sim. Tal será inevitável, estatisticamente necessário. Mas, como a sua percentagem é muitíssimo mais baixa do que a dos crimes cometidos por portugueses, o discurso que diaboliza os estrangeiros — e que aponta as suas tochas e forquilhas na direcção de pessoas com aparência africana e asiática — é uma mentira que procura instigar o ódio. Pretende-se levar para o Parlamento ainda mais incendiários do pior que existe na natureza humana.

A solução dos populistas de direita contra o crime é sempre serem eles a cometer crimes.

Revolution through evolution

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Dominguice

E o Marcelo, pá? Protegido pela comunicação social, poupado pelo sistema político, quando aparece expõe-se cognitivamente friável, moralmente pusilânime. Contraste radical com a postura irresponsável, acintosa, estouvada que, durante quase dois anos, gerou instabilidade política absurda e criou as condições para um golpe de Estado judicial — o qual ele validou e consumou.

Marcelo, no seu segundo mandato, quis brincar aos monarcas absolutistas. Vai acabar decapitado, a guilhotina será o juízo da História.

Geringonça 2.0 seria uma hipótese. Mas o PS deve visar uma maioria folgada

Na antiga Geringonça, começo pelo PCP: em 2015, quando se constituiu a Geringonça, ainda a guerra da Ucrânia, nos moldes violentos e declarados em que hoje se processa, estava longe. Nos últimos anos, o Partido Comunista Português perdeu não só um líder carismático, mas também prestígio, adeptos e votantes a um ritmo nunca visto, chegando a um ponto em que, se obtiver 3% no dia 10 de Março poderá dar-se por contente. Assim, os deputados que conseguir eleger serão parca ajuda para a eventual tentativa de Pedro Nuno Santos (PNS) de constituir uma maioria para governar, caso não a consiga sozinho. Para já não falar nas desavenças que haveria na prossecução da política externa, possivelmente insusceptível de deixar de fora desta vez.

Quanto ao Bloco: na minha modesta opinião, a Mariana Mortágua não conseguirá conquistar mais votantes. É demasiado sinistra, arrogante, castigadora e ultrapassada. Manterá a votação que o Bloco teve nas últimas eleições ou perderá mesmo eleitores em relação aos conseguidos por Catarina Martins, apesar de tudo uma pessoa mais empática. Além disso, o Bloco desfez a Geringonça em 2021 ao chumbar o orçamento. Por que razão haveria o eleitor de acreditar que a quer reeditar? E para quê? Para evitar a direita? Mas quando lhe convém (pensam eles e pensam mal), alia-se a ela!

O Bloco não é nada neste momento a não ser uma memória de interrogatórios tipo Stasi pela boca da Mariana nas comissões de inquérito. Odeiam, e de chicote na mão, os “ricos” (conceito muito abrangente) e isso, como programa para um país, é mau. Acresce que a maioria absoluta de António Costa muito se deveu ao repúdio generalizado da partilha de programa com estes dois partidos, em especial o Bloco, e à convicção de que António Costa valia mais do que todos eles. Reeditar essa partilha para o PS conseguir governar poderá ser a única opção para deter a direita, e nesse caso, força com isso, mas tenho para mim que os eleitores não sentem tantas saudades da Geringonça quantas PNS já quis dar a entender. Só se for uma nova Geringonça, melhorada, com o Livre, um partido assumidamente europeísta.

O PNS não é o António Costa, claro está, nem possui a experiência e os conhecimentos da política, e a boa aura, e longa, que ele possui. Mas tem muitas outras qualidades. É mais decidido, mais prático, e menos “institucional”, o que não é necessariamente negativo. Tenho a certeza de que, se a crise com Marcelo, desde o seu começo logo a seguir às eleições de 2022, se tivesse passado com ele, jamais PNS continuaria com os salamaleques e o respeito, e o silêncio, por vezes incompreensíveis, que Costa fez questão de continuar a exibir. Também não sei se, suspeitasse o Ministério Público dele sem razão, manteria a frieza e a contenção de Costa. Para o bem e para o mal, Pedro Nuno parece-me mais genuíno e directo. Esta diferença pode jogar a seu favor neste momento, a par dos bons resultados da governação socialista.

Para tirar partido dela, PNS faria bem em não ligar às sondagens. As da Católica, infelizmente as mais divulgadas, porque são publicitadas na RTP, têm claramente por objectivo animar as hostes da direita e influenciar o voto. Bastante ridículas, vendo-se os detalhes técnicos. Pode ser que consigam; à falta de melhor, a direita recorre aos conhecimentos que tem, ou seja, mete cunhas. Mas as sondagens falham e já falharam clamorosamente nas últimas eleições em Portugal. Falharam nas autárquicas em Lisboa e falharam nas nacionais em 2022. Além do mais, há outras sondagens com resultados diferentes. Portanto, coragem. Está tudo em aberto.

Sei que os ventos podem estar a soprar, ao fim de oito anos, a favor da direita, mas o principal adversário, o Montenegro, é um líder objectivamente tão fraco, na iminência mesmo de ser substituído a curto prazo, tão contraditório, tão ignorante, que me parece quase inacreditável vir a ser primeiro-ministro. Ventos haverá, pois, mas trazem mau cheiro, más memórias e péssimas companhias (Ventura) e isso não é impossível de contrariar. A esquerda pode bem apresentar uma melhor alternativa.

No lugar do outro

«no lugar de J.S., e sendo inocente, eu — embora sendo levado a julgamento por crime diferente daquele de que teria sido acusado — não recorreria mais nem tentaria prorrogar mais o julgamento: quereria antes, quanto mais depressa possível, poder provar a minha inocência — se verdadeira.»

Miguel Sousa Tavares

Problema: o Miguel não está no lugar de José Sócrates. Só estando descobriria o que o lugar tinha para lhe ensinar, quem ele quereria ser nessa condição e estado. Por exemplo, poderia constatar que o sistema de Justiça estava viciado (como se viu com Armando Vara e se vê com a própria Operação Marquês, como se viu e vê na Operação Influencer), restando-lhe lutar com todos os recursos à sua disposição para evitar correr o risco do prejuízo maior.

Também pode acontecer que Sócrates não esteja inocente, daí calculando que não conseguiria obter em julgamento a sua absolvição. Só que essa hipótese, legítima para quem apenas pode ir assistindo ao desfilar público dos factos e especulações, não é o que mais importa na Operação Marquês. A hipótese de ser culpado tem na actualidade a consistência de uma bola de sabão a embater na calçada. A única realidade sólida no presente é a de estar inocente posto que nenhum crime foi ainda dado como provado em julgamento e, depois, transitado em julgado.

O Miguel deu uma peremptória e ofuscante lição de moral à sociedade e ao regime. Ele leu tudo, nada encontrou que sustente a exploração política e mediática continuamente a ser feita. Teve como resposta o mais imperturbável silêncio dos que andam há anos, quase duas décadas, a urrar as suas certezas de culpabilidade. Os perseguidores profissionais de Sócrates, uns por ódio político e outros por predação, são iguais aos broncos e maluquinhos que montam banca nas caixas de comentários deste blogue: nada leram do processo e têm alergia a quem pretenda que se faça justiça a Sócrates. Estes pulhas não sabem coisa nenhuma para além das gordas do lixo do sensacionalismo e da violência da indústria da calúnia porque apenas lhes interessa a continuação do linchamento de um certo cidadão e terceiros relacionados com ele.

Ter um ex-primeiro-ministro condenado por corrupção, sem haver dúvidas quanto à justiça da sentença, seria uma nódoa histórica que abalaria o PS e o regime. Mas ter uma Justiça que desonra a sua autoridade e viola o Estado de direito democrático é um dos maiores perigos concebíveis para a segurança nacional e para a ordem pública. É uma forma de tirania, um ataque à liberdade.

Deixem o Montenegro em paz, coitado

É mais do que previsível que o tema central do debate, de logo à noite, será o dos cenários pós-eleitorais. Pois, mas o que importa saber não será discutido, que é saber quem será o próximo líder do PSD. Isto porque só no caso de a AD conseguir uma maioria sem o Chega é que Montenegro permanecerá à frente do PSD. Sucede que este cenário é altamente improvável. E em qualquer dos outros o mais certo é que o partido o substitua muito rapidamente.

Ao recusar-se a falar de cenários pós-eleitorais, que vinculariam o partido, Montenegro revela que sabe bem que o seu papel nesta campanha é o de ser o palhaço de serviço, algo que aparentemente não o incomoda.

Significa que, no dia 10 de Março, os eleitores que votarem na AD estarão na realidade a passar um cheque em branco à direita, Marcelo incluído.

 

Nada

«A mim, enquanto português, não me é indiferente saber se José Sócrates é culpado ou inocente. E quando digo saber, é mesmo isso: não me basta ter uma ideia, uma percepção, uma presunção, uma preferência. Eu quero saber qual das duas coisas é verdade: se tivemos um primeiro-ministro que, como sustenta a acusação pública, foi corrupto até à medula ou se, pelo contrário, foi e continua a ser alvo de um procedimento judicial fundado justamente em presunções e não em factos. A menos que estivesse disposto a aceitar, desde já, a conclusão tirada pelo director do “Público”, David Pontes, quando escreveu que “a presunção de inocência continua a valer, mesmo que as fracas justificações de José Sócrates há muito tenham levado a maioria dos portugueses a tirar as devidas conclusões sobre a sua conduta”. Há muito e as devidas conclusões? Desde quando e com base em quê? Acaso a “maioria dos portugueses” e o próprio David Pontes se deram ao trabalho de ler com atenção e espírito isento as 4083 páginas da acusação do Ministério Público (MP), as 6728 páginas da decisão instrutória do juiz Ivo Rosa e agora as 683 páginas do acórdão da Relação sobre o recurso do MP dessa decisão? É um trabalho muito chato, eu sei, mas acham que é possível tirar “as devidas conclusões” sem o fazer? Se sim, então para que será necessário também um julgamento? Bom, eu dei-me a esse trabalho (saltando os longos e repetidos copy paste), porque, como disse, a conclusão não me é indiferente enquanto cidadão e só será séria se informada. De tudo o que li e ouvi ao longo destes 10 anos tirei algumas conclusões que me parecem pacíficas:

— Durante três anos, de 2011 a 2014, José Sócrates (J.S.) viveu, e largamente, à conta de um amigo, Carlos Santos Silva (C.S.S.), que lhe pagou todas as despesas pessoais, incluindo aquelas de outras quatro ou cinco pessoas a quem ele, por sua vez, ajudava a sustentar;

— Mas se viver por conta, especialmente um ex-PM, não será propriamente glorioso, também não é crime. E tanto J.S. como C.S.S. admitiram que o primeiro vivia dos empréstimos do segundo, que, pelas contas deles, terão somado entre meio milhão e 1,1 milhões de euros — ou 4.733.691,30 euros, segundo a acusação;

— Porém, diz o MP, isto só foi possível porque o dinheiro, que provinha de contas de C.S.S. na Suíça, não era dele, mas sim de J.S., e adquirido devido a corrupção;

— Disto — de uma e outra coisa — não existe qualquer prova directa no processo, sustentando o MP, e agora também o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL), que tal não é necessário, bastando a prova por deduções, suposições ou presunções, pois que, como foi escrito a certa altura, “quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem”. Salvo melhor opinião, tal não me parece nem suficiente nem recomendável como prática de incriminação criminal: se eu for apanhado a comer caviar no Gambrinus, isso não significa que tenha acabado de assaltar um banco. Sócrates começou a ser investigado muito antes de ser preso; esteve detido preventivamente 10 meses; o inquérito demorou cinco anos e foram interrogadas dezenas de pessoas, feitas inúmeras buscas, centenas de apreensões, horas incontáveis de escutas telefónicas e inumeráveis outras diligências envolvendo uma quantidade imensa de procuradores e inspectores: é difícil convencer um tribunal sem pré-juízos de que, face à magnitude de meios da investigação envolvidos e à gravidade da acusação — Sócrates corrompido pelo Grupo Lena, por Vale do Lobo e pelo GES —, não haja para apresentar como prova do que se imputa um só testemunho, uma escuta, um e-mail, um documento, um papel, uma fotografia, uma transferência bancária, o relato de um encontro, uma conversa. Nada.»


Miguel Sousa Tavares

De maneiras que é isto

Se desde o início tivesse sido o juiz Ivo Rosa, ou o juiz Jorge Bernardes de Melo, ou o juiz Nuno Dias da Costa, ou este colectivo de juízes de Viana do Castelo, ou o juiz X, ou o juiz Y, ou o juiz Z, a validar os actos processuais da Operação Marquês e a velar pelos direitos e garantias dos arguidos, esta teria sido uma coisa completamente diferente.

Diferente porque mais próxima da justiça, fosse qual fosse o seu resultado. Tal como correu, com um juiz que se comportou como defensor do Ministério Público e amplificador da acusação, para além de verdugo e vedeta populista, a Operação Marquês foi sempre um processo político que se transformou num fiasco policial, num imbróglio judicial, numa perseguição individual, num linchamento social, num tabu moral, numa cobardia cívica e num vexame comunitário.

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Dominguice

A pandemia, com o choque do isolamento social, as perdas laborais e financeiras, a convivência intensiva e forçada das famílias, e a ansiedade desvairada antes de aparecerem as vacinas, levou a um grande aumento da depressão. Quando estávamos convencidos de ter passado o pior a seu respeito, a Rússia invadiu a Ucrânia. Especialmente para os europeus, tal levou a um novo grande aumento da depressão, tanto por se ter guerra na Europa como pela retórica de ameaça nuclear dos putinistas. Quando essa guerra estabilizava na rotina do impasse, o Hamas organizou um massacre de civis em Israel, o qual deu origem a uma destruição bíblica da Faixa de Gaza. O sofrimento inumano causado de parte a parte a encher os noticiários, e a explosão de ódio sectário numa situação de impossível favorecimento moral, levou a mais um drástico aumento da depressão. Depressão cada vez mais profunda neste processo acumulativo sem fim à vista, como a situação política na América faz prever e as alterações climáticas impõem como certeza.

Eleitores deprimidos perdem capacidade cognitiva e tomam decisões impulsivas. São vítimas de sensacionalismos rapaces, pasto para populistas com a cassete da extrema-direita. Explicam as sondagens.

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