No lugar do outro

«no lugar de J.S., e sendo inocente, eu — embora sendo levado a julgamento por crime diferente daquele de que teria sido acusado — não recorreria mais nem tentaria prorrogar mais o julgamento: quereria antes, quanto mais depressa possível, poder provar a minha inocência — se verdadeira.»

Miguel Sousa Tavares

Problema: o Miguel não está no lugar de José Sócrates. Só estando descobriria o que o lugar tinha para lhe ensinar, quem ele quereria ser nessa condição e estado. Por exemplo, poderia constatar que o sistema de Justiça estava viciado (como se viu com Armando Vara e se vê com a própria Operação Marquês, como se viu e vê na Operação Influencer), restando-lhe lutar com todos os recursos à sua disposição para evitar correr o risco do prejuízo maior.

Também pode acontecer que Sócrates não esteja inocente, daí calculando que não conseguiria obter em julgamento a sua absolvição. Só que essa hipótese, legítima para quem apenas pode ir assistindo ao desfilar público dos factos e especulações, não é o que mais importa na Operação Marquês. A hipótese de ser culpado tem na actualidade a consistência de uma bola de sabão a embater na calçada. A única realidade sólida no presente é a de estar inocente posto que nenhum crime foi ainda dado como provado em julgamento e, depois, transitado em julgado.

O Miguel deu uma peremptória e ofuscante lição de moral à sociedade e ao regime. Ele leu tudo, nada encontrou que sustente a exploração política e mediática continuamente a ser feita. Teve como resposta o mais imperturbável silêncio dos que andam há anos, quase duas décadas, a urrar as suas certezas de culpabilidade. Os perseguidores profissionais de Sócrates, uns por ódio político e outros por predação, são iguais aos broncos e maluquinhos que montam banca nas caixas de comentários deste blogue: nada leram do processo e têm alergia a quem pretenda que se faça justiça a Sócrates. Estes pulhas não sabem coisa nenhuma para além das gordas do lixo do sensacionalismo e da violência da indústria da calúnia porque apenas lhes interessa a continuação do linchamento de um certo cidadão e terceiros relacionados com ele.

Ter um ex-primeiro-ministro condenado por corrupção, sem haver dúvidas quanto à justiça da sentença, seria uma nódoa histórica que abalaria o PS e o regime. Mas ter uma Justiça que desonra a sua autoridade e viola o Estado de direito democrático é um dos maiores perigos concebíveis para a segurança nacional e para a ordem pública. É uma forma de tirania, um ataque à liberdade.

11 thoughts on “No lugar do outro”

  1. DAS DUAS UMA…

    Tal como estão as coisas, na minha opinião, o Sócrates DAS DUAS UMA:

    Ou continua nisto toda a vida até morrer, lamentos e mais lamentos, que arriscam o esquecimento e a indiferença.

    Ou, dá um novo impulso a toda esta questão, e candidata-se a Presidente da República em 2026 (mesmo sabendo que não ganha).

    Aí sim, todo este sacrífico serviria à Sociedade para reflectir sobre si-mesma, e sobre os desafios do presente e futuro.

    Seria uma «candidatura pedagógica» para o atual viver humano em sociedade.

  2. É obrigatório destacar,
    “O Miguel deu uma peremptória e ofuscante lição de moral à sociedade e ao regime. ELE LEU TUDO, NADA ENCONTROU QUE SUSTENTE A EXPLORAÇÃO POLÍTICA E MEDIÁTICA CONTINUAMENTE A SER FEITA” – (as maiúsculas são de minha lavra)
    E olhem que o Miguel não é gajo para mesurices.

    (Já agora….., os/as putinistas aqui da caixa (salvo seja) não dizem palavra sobre o que se está a passar com a morte de Navalny. Que HORROR!!!!!!!!!

  3. ai , Fernando …quem é que lucrou com a morte desse senhor ? os da campanha anti putin , não é difícil saber quem matou um prisioneiro na sibéria que não significava rigorosamente nenhum perigo para o putin.

  4. não tenho lata , tenho mundo.
    mas deixe lá , os estudos na área da neurociência provaram aquilo que a humanidade sabe desde sempre : cérebros de homem funcionam de forma diferente do feminino. e a visão também…temos visão periférica e vocês não , obtusos , enfim.

  5. e azarinho do zezito ter topado com juízas a avaliar o trabalho do ivo rosas. leram o que leu o mst , mas , para além de saberem decifrar linguagem jurídica , fazem leituras periféricas e cruzam dados competentemente. intuição não é mais que ver mais além.

  6. e à conta disto , o machismo supremo é quererem que pensemos e ajamos como homens. vão passear com a treta do feminismo,

  7. Como é público, pois foi o próprio que o afirmou, o MST nem sequer leu tudo o que “escreveu” no Equador: mandou ler (mas não copiar, atenção), pelo que ser-se acusado de “bronco”, “maluquinho” e “pulha” com base numa “peremptória e ofuscante lição de moral à sociedade e ao regime” (credo, parece um editorial do Diário da Manhã) dada por essa figura, que tem a moral de um berbigão e a profundidade intelectual de uma amêijoa, e com base na profunda convicção em que ele “leu tudo [o que se estranha, pois a Reader’s Digest ainda não deve ter publicado as 684 páginas do acórdão da Relação, a que se juntam os milhares de depoimentos e documentos ] e nada encontrou que sustente a exploração política e mediática continuamente a ser feita” acaba por ser um grande elogio!

  8. Alguém aqui leu uma página sequer das elencadas lá para cima e noutro post que refere mst, aka o Tavares pobre, citadas pela Penélope, que insulta tudo e todos de pulhas e broncos para cima .

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