É uma das frases de Chandler mais citadas:
Chess is as elaborate a waste of human intelligence as you can find outside an advertising agency.
Por experiência pessoal, de jogador de xadrez e animal de agência, posso confirmar a exactidão do apontamento. Todavia, tivéssemos o Raymond connosco e já teria adaptado a boquinha à blogosfera. Porque aqui o desperdício de inteligência é ainda mais torrencial, incomensurável e necessariamente catastrófico. Mas o caos é apenas um estado de organização; e particularmente fértil, como se deixou escrito faz tempo. Talvez desta reunião de intelectos e vontades nasça finalmente um movimento cuja ausência está a deixar os sociólogos impacientes: um partido político com inspiradores, dirigentes e base de apoio provenientes inicialmente das redes sociais da Internet.
Daí, estas ideias quentes e boas para a renovação da classe política:
Partido sem ideologia – Estado de permanente abertura à inteligência, sem qualquer pressuposto teórico, histórico ou axiológico. As propostas dos partidos concorrentes seriam copiadas à má-fila, no todo ou na parte, à esquerda e à direita, caso tivessem os mínimos, idealmente os máximos, de proveito.
Partido com maioria de mulheres – Adequação metodológica, nos instrumentos de decisão, à psicologia feminina; esta muito mais colaborativa, horizontal. Sendo o primeiro partido preparado para o feminino, teria crescimento fulminante nesse grupo demográfico. As mulheres são mais capazes do que os homens quando se trata de gerir, proteger, reforçar.
Partido da ontologia extremista – Culto do tempo vivido e por viver, da profundidade e da amplitude, da sabedoria e da brincadeira. O programa político teria como única meta levar os nossos velhos a passar tempo com as nossas crianças. Fosse nas famílias, escolas ou ruas. Todos os dias celebrando juntos o espanto de ser.
Partido que estaria sempre na oposição à estupidez – Fazer oposição ao Governo só porque não se faz parte do Governo é uma das mais espectaculares exibições de estupidez. Quem não está no Governo deveria honrar o seu compromisso patriótico ajudando quem governa, sugerindo melhores alternativas, aplaudindo a boa obra. Este partido, mesmo que fosse Governo, ou especialmente se o fosse, continuaria a ser o maior partido desta oposição por inventar.
Partido com castigos atrozes para os cínicos – Os cínicos são a pior espécie de imbecis, devendo ser perseguidos, sovados e sumariamente expulsos desta organização. À porta dos locais onde se reunissem elementos do partido, haveria aparelhos detectores de cinismo, os quais fariam muito barulho e acenderiam luzes no caso de apanharem algum rasto de cinismo escondido nos neurónios dos participantes.
Partido cuja liderança fosse alcançada através de provas de pentatlo cívico – Os candidatos seriam aconselhados a irem para o congresso com fato de treino e sapatilhas confortáveis. Provariam o seu valor em cinco provas:
– Discurso de improviso.
– Danças de salão.
– Venda de atoalhados aos congressistas.
– Explicação da Teoria da Relatividade e definição do Bóson de Higgs.
– Confecção de sopa de legumes.
A escolha seria por aclamação. Eventuais casos de empate seriam resolvidos por sucessivas provas de confecção de sopa de legumes, sempre diferentes. Em caso de urgência, moeda ao ar.
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