A indústria da comunicação é igual em todo o Mundo e desde sempre. Em Portugal, dada a ausência de uma cultura competitiva e criadora de riqueza, ela tem sido uma das áreas mais profissionais e produtivas. Trabalha-se em alta velocidade, fora de horas, em dias de descanso e em ambientes disfuncionais. A seguir à falta de capacidade de gestão por parte da maioria dos patrões de agência, que não sabem como gerir e aproveitar o talento intelectual, o maior problema é o dos clientes. Os profissionais das equipas de marketing procuram sistematicamente boicotar o trabalho das agências, anulando o seu capital de experiência e capacidade criadora. Há excepções, mas o mais frequente é aquilo que este filme revela.
O filme é muito engraçado mas o texto necessita de umas pequenas alterações :)
A sério, dizer preto no branco que as equipas de marketing boicotam o trabalho das agências? O problema tem duas origens:
a) O pessoal de marketing que, na verdade, não é pessoal de marketing. Guarda-livros, engenhocas, arquitectos, monges budistas – qualquer um entra para o departamento de marketing desde que seja amigo do patrão e saiba dizer “sinergia”, “publico-alvo”, “paradigma” e, a moda mais recente, “stakeholder”.
b) O pessoal do marketing tem chefes. Às vezes um, noutras ocasiões vários. E todos eles acham que sabem mais de marketing do que as pessoas do marketing que, na grande maioria, também não são do marketing.
c) A maior parte do pessoal das agências que conheci é tão ou mais complicado e pseudo-técnico do que a malta do marketing. Tendem a apresentar powerpoints compridos e chatérrimos com montes de blah blah sobre filosofias e missões e visões (dava-me sempre vontade de dizer que se tinham visões era melhor irem ao médico porque isso não é normal). Depois, tudo se resumia a saber quem eram os tipos que iam trabalhar a conta e se tinham muito ou pouco trabalho, se eram competentes ou não.
Sempre achei e, com o passar do tempo reforcei esse modo de pensar, que o marketing e a publicidade são coisas simples que toda a gente se esforça por complicar.
Existem uns quantos, pessoal do marketing e pessoal da publicidade, que até sabe da poda e quer é trabalhar. São é tão raros como a toutinegra malhada da Patagónia :)
Mr. Steed, muito obrigado pelo teu conhecedor comentário. Tens toda a razão, o texto é provocatório, e foi escrito demasiado à pressa. E é tal e qual como descreves: os departamentos de marketing são albergues espanhóis, estão sempre entalados pelos directores, administradores e esposas dos sócios principais, a malta das agências é, regra geral, intelectualmente indigente e, no fim, tudo se resume ao talento individual.
Foste, ou és, um excelente cliente.
Provocar é bom.
Dá pretextos para pensar.
Fui um cliente que se chateou e mandou tudo às urtigas :))
Abraço