(Valupi: tenho uma aqui para contar; lembras-te daquela ponte romana-filipina que eu andei a namorar, e contava aqui no Aspirina, e andei mesmo, passava-lhe a mão pela pedra, até lambi num cantinho para ver como andava o calcário, pois olha disseram-me anteontem que já está classificada como monumento municipal, publicado e tudo. Nada como fazer um basqueiro e trufa. Portanto com essa já posso ficar descansado.)
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Love Is Not All You Need
Um artigo que nos recorda, ou acorda, a evidência: o amor não é o sentimento, muito menos o afecto, e jamais apenas a emoção – é a vontade. É na vontade que somos inteiros. Dito de outra forma, o teu destino é a liberdade. Eis uma ideia medieval que está muito à nossa frente. Tens 15 minutos para ganhar?
O 1º filme viral é de 1948
E de quem poderia ser? Da Coca-Cola, pá, a marca mais valiosa do Sistema Solar e arredores. Muito antes da invenção do computador portátil já estes manos utilizavam técnicas de marketing típicas da Web 2.0. Claro que eles irão negar, escusas de ir até Atlanta fazer perguntas. Mas podes confiar nos teus olhinhos. Está tudo bem explicado e à mostra.
Bute lá ajudar o PSD
A Manela foi a Fátima e regressou de joelhos. As suas declarações não equivalem à revelação de um segredo, pela simples razão de não haver segredo algum para ser revelado: a sua liderança é um falhanço. Sim, foi um alívio ver Menezes sair pela esquerda baixa, mas a senhora não tem quem a ajude. Perante a evidência de lhe ser mais vantajoso estar calada, assim prolongando aquilo que agora se tem a certeza de ser apenas uma ilusão, deveriam ter sido os lugares-tenentes a blindar o castelo. A Comissão Política poderia ter protegido a chefe avançado para o combate, para evitar o esboroamento do mito ao mesmo tempo que se simularia uma nova dinâmica. Isso teria assustado o PS, pois, e pela primeira vez, se estaria a fazer oposição inteligente a Sócrates. Incrivelmente, não só ninguém se chega à frente, como não há qualquer ideia que seja bandeira deste consulado. E da parte dos publicistas engajados a miséria é igual, com Pacheco Pereira, o mais assanhado e o que estaria em melhores condições de ser catalisador, a exibir uma confrangedora e pateta inépcia.
Não se pode ambicionar convencer o eleitorado do centro quando se nega a realidade ou não se consegue lidar com dificuldades. O silêncio do PSD sobre o que se passa na Madeira é desonroso. O modo como tentam sacudir a água do capote no caso BPN, uma pérola do cavaquismo e do centrão, é escabroso. O apoio à estratégia reaccionária dos sindicatos da educação é escandaloso. E por aí fora, que há muitos outros adjectivos acabados em “oso” para aplicar e eu tenho de ir almoçar. Por exemplo, estas declarações em Fátima são um monumento do argumentário chungoso:
Uma acção em que nós estivemos, em que interviemos, foi passada como 14ª notícia durante quatro segundos na televisão, quando já ninguém vê a notícia e ainda foi passada no exacto momento em que começou o jogo do Sporting-Benfica. Isto foi feito ao maior partido da oposição, com media assim é muito difícil fazer passar a mensagem.
Há-de vir o momento em que com seriedade, profundidade e conhecimento apresentamos as propostas ao País [não o tendo feito ainda] porque até às eleições eram todas adoptadas por este Governo socialista.
Temos de concordar com ela: passar mensagens quando começa o Sporting-Benfica é muito difícil. E é a própria a confirmar que o Governo aplica todas as boas ideias a que puder deitar mão. A solução passará, eis o meu contributo, por reduzir a frequência com que esses dois clubes se encontram, antes de mais, e depois nas eleições entregar a cada eleitor, juntamente com o boletim de voto, o programa do PSD. Finalmente, no recato e segurança da cabine de voto, ler as promessas da Manela e votar em conformidade.
Que dizeis e quereis?
Atribuir notas e avaliar são duas actividades diferentes, não necessariamente relacionadas. Eu saí do ensino nos finais de 90, entre outras razões, porque os alunos não eram avaliados. As reuniões de avaliação eram, isso sim, veículos para o preenchimento das pautas. Estive em cinco escolas, onde leccionei Filosofia, Psicologia e Psicossociologia a alunos do 10º, 11º e 12º: Escola Secundária da Moita, Escola Secundária de Linda-a-Velha, Escola Secundária Ferreira Borges, Escola Secundária Alves Redol e Escola Secundária Professor Herculano de Carvalho (nesta sequência). Licenciatura com Via de Ensino, estágio feito, dezenas de turmas e centenas de reuniões depois, posso não ter autoridade para falar em nome da classe dos professores, mas tenho autoridade para falar da falta de classe de alguns professores com quem partilhei os intervalos, participei em actividades, acompanhei em excursões, fui almoçar e jantar, criei amizade e me reuni vezes sem conta para realizar essa apaixonante e nobilíssima missão: ensinar na escola pública.
Se há pessoas maravilhosas a dar aulas? Ignotos santos, heróis e sábios? Sim, muitos. Milhares. Olha, há milhares e milhares de professores portugueses, em escolas públicas portuguesas, que são anónimos, humildes e sacrificados santos, heróis e sábios. Sim, há. Aos milhares e milhares. Mas agora puxa uma cadeira e vamos falar um bocadinho dos outros.
Cada vez mais nus
Mais um escândalo a comprometer o Governo revelado pelo Zé Manel
Há muito que o Público suspeitava da existência de razões secretas por detrás da mudança do novo aeroporto da Ota para Alcochete. Sócrates tentou escondê-las por todos os meios, alguns deles legais (tal o desespero), mas foi incapaz de impedir que a verdade fosse descoberta por uma equipa de jornalistas com treino anti-máfia. Comprova-se a total incompetência do Governo, e só nos resta aguentar a desgraça de não estarmos neste momento a ser conduzidos à prosperidade pelo PSD, ou pelo PCP, ou pelo BE, ou pelo CDS, ou por todos eles juntos, numa grande coligação salvadora do Portugal que tão bem representam.
Eis os factos:
– A Ota, afinal, fica no Japão. Isto tornaria a ligação a Lisboa um pouco mais demorada do que foi prometido pelo Governo.
– A Ota, como se vê pela imagem e a legenda reforça, é um dos locais mais solarengos do país. Maneiras que, para conseguir convencer esses aristocratas todos a sair dos seus casarões, nem em 2300 teríamos aeroporto.
Está provado: o ridículo não mata
Declarações que metem nojo
A arbitragem portuguesa, os problemas da arbitragem, tudo isso mete nojo. Penso que o Sporting tem sido demasiado simpático.
O Sporting é demasiado simpático para as arbitragens. Alvalade tem de criar um ambiente mais difícil às outras equipas do que, por vezes, cria à nossa. E aos três que vêm arbitrar, se tivermos de lhes criar maus ambientes, não tem problema, porque é o que merecem.
Acabámos por perder com muita Paixão.
Chris Jordan
Guerra o ano todo
Os professores não querem ser avaliados. Porque os professores odeiam a escola. A escola está cheia de um tipo de seres em quem eles não têm a mínima confiança: professores. Como aceitar que esses fulanos, e logo aqueles da própria escola onde se trabalha, tenham o poder de avaliar o que os professores fazem na intimidade e reclusão das suas turmas? Temor e tremor. Andarilhar Marquês de Pombal-Terreiro do Paço em cuecas, ida e volta, seria mais confortável do que ser avaliado pelos colegas. Pelos colegas seniores! Aquelas gajas e gajos horrorosos, de quem se diz mal pelas costas, que são uns velhos rabujentos ou depressivos, uns vaidosos do pior, que estão meio chechés, que são comunas, que são fachos, que têm a mania, que estão ultrapassados, que não sabem dar aulas, que não percebem nada de pedagogia, com quem ter de falar nos intervalos é um suplício, quanto mais ficar à sua obscena mercê. Não, deixem-se disso. Estão mas é malucos.
Os professores não querem avaliar. Porque avaliar implica pensar; e pensar só dá problemas, como todos sabem. Pensar em critérios de avaliação já é suficientemente difícil quando se trata de alunos, que comem e calam, quão mais não será tratando-se de professores, entidades capazes de questionarem os relatórios e seus pressupostos? Por favor, não lhes façam essa maldade. Como é que o professor português, nado e criado numa sociedade de hipócritas, perfeitamente adaptado à suave decadência de nunca ter de prestar contas do que fez e, em especial, do que deixou por fazer, vai agora ser exigente com o colega? Isso é uma enorme indelicadeza, cria mau ambiente, estraga relações de longa data e dá azo a situações imprevisíveis. Avaliar, vejamos, avaliar é, vamos lá ver, é assim a modos de… de… espera… de olhar para o que acontece, aferir os resultados, verificar as práticas, corrigir eventuais erros, valorizar eventuais talentos, reconhecer e premiar eventuais dedicações, enfim, conhecer a realidade. Donde, a pergunta: mas passa pela cabeça de alguém querer conhecer a realidade do ensino em Portugal?… Tenham a santa paciência.
Coisas que acontecem só para chatear o Daniel Oliveira
A bófia ao serviço do Governo ditatorial que temos voltou a exibir o mais completo desprezo pelos direitos das populações desfavorecidas ao ter capturado assaltantes de carrinhas de valores, entre outros crimes, logo no seu local de residência: Quinta do Mocho. Isto é mais uma prova da completa irresponsabilidade policial. Porquê? Porque o Daniel Oliveira assim o decidiu. A 2 de Setembro, esclareceu-nos que uma acção policial tida neste mesmo bairro nada tinha a ver com os crimes noticiados. Não, nada a ver, disse ele:
Na melhor das hipóteses essa reacção tenta apenas agir na aparência das coisas, sem grandes consequências a longo prazo. É o caso da acção policial na Quinta do Mocho, Quinta da Fonte e Bairro da Arroja. Apesar de nada terem a ver com os crimes que estão a ser noticiados, os poderes públicos, reagindo às notícias, reservaram para os moradores daqueles bairros um papel: são os outros, são o perigo, são os suspeitos do costume. Não espanta, por isso, que no meio da histeria ninguém se indigne com o facto de bairros inteiros serem transformados em palco de uma exibição de força que tem como única função, como a própria porta-voz da PSP confessa, aparecer na televisão.
Para o Daniel Oliveira, Sócrates coordena as polícias e profere frases como Rápido, cerquem um bairro qualquer e chamem as televisões. Invariavelmente, a escolha recai nos bairros dos pobrezinhos por vantagens de casting: eles, de seu natural, já têm pinta de bandidos.
Que dizer? Nada de especial, são os raciocínios do costume.
Os cabrões dos pretos
Os pretos que aparecem nos filmes e canais TV americanos são sempre uns porreiraços. São afáveis, educados, humanistas, exibem paradigmático bom-senso e universalista sabedoria, revelam especial vocação para cargos de chefia policial e carreiras militares excepcionais, jogam futebol americano, basquetebol e golfe com igual sucesso, ninguém os vence no boxe vai para 80 anos, enxovalham nações arianas apenas com os músculos das pernas, dominam a indústria musical, moldam a cultura (sub)urbana, ficam impecáveis à porta das discotecas da moda com aqueles penduricalhos auriculares, dançam como mais ninguém, parecem ter algum jeitinho para o Jazz, espalham o mito da afro-verga impunemente, são líderes de audiências entre as donas-de-casa branquelas e contam as melhores anedotas de pretos.
Filho que vem na frente, alumia-se duas vezes
Esta pesquisa revela o segredo do sucesso dos primogénitos na comparação com os irmãos. Claro que há excepções, muitas, imensas, mas a receita em causa é estupidamente simples. E aplicável a qualquer relação amorosa.
O Qi faz-te mal ao QI
Experiência nunca até agora realizada, e sem previsão do vir a ser, revelou que o Quociente de Inteligência é diminuído pelo Quociente de ideologia. As perdas chegam aos 30 pontos, em média. O estudo utilizou as eleições presidenciais norte-americanas como modelo de aferição. Constatou-se haver um grupo largo de indivíduos escandalizados, ou perplexos, com a eleição de Bush em 2000 e 2004. Esse grupo forçava o seu sentido de realidade a encaixar o pressuposto ideológico que lhe garantia haver erro nessas vitórias. Assim, em conformidade com o sofrimento causado pela eleição democrática de um taralhouco daquele calibre, o povo americano teria de ser falho de várias qualidades positivas ou farto de várias qualidades negativas. O mais das vezes, as expressões Os burros dos americanos e Americanos imperialistas sintetizavam essa polaridade.
Ora, acontece que a vitória de Bush em 2000, e esquecendo o episódio Florida, é lógica: Clinton tinha sido protagonista de um escândalo moral como não havia memória, o qual puxou os independentes para um castigo legítimo aos Democratas; a economia estava ultra-saudável, imaginando-se que assim ficasse viesse quem viesse; não havia 11 de Setembro, nem possibilidade de o imaginar. E, em 2004, mais lógica foi a vitória de Bush: a nação estava traumatizada, ainda incapaz de racionalizar o desastre Bush; a nação estava em guerra, ainda incapaz de racionalizar o desastrado desastre Bush; Kerry não apaixonou, a sua campanha veio 4 anos antes do tempo.
Um Qi elevado impede o entendimento destas relações que chegam lógicas a um QI médio. Nos casos mais graves, nem sequer se consegue a mera percepção dos objectos no espaço bidimensional. Por exemplo, muitas vítimas de um Qi especialmente bem desenvolvido não são capazes de encontrar no mapa dos EUA as zonas onde os habitantes vivam da agricultura, pecuária, indústria, serviços e em que façam questão de ir à igreja ao domingo, gostem mais de música country do que do Zizek e favoreçam com especial carinho o ideal da propriedade privada e da livre iniciativa. Eles acham que tais zonas estão cheias de zombies controlados por militares e agentes da CIA disfarçados de tele-evangelistas; e, podendo, mandavam prender essa gentalha toda que lhes estraga o retrato de uma América desenraizada, ateia, urbana, cosmopolita, europeia, esquerdista e desejosa de ser governada pelo ticket Jerónimo-Louçã. Uma América cujo QI tivesse 30 pontos a menos, pelo menos.
Morrer jovem
Nunca leste o maradona?
Se for o caso, jamais o confesses. Nega sempre, seja qual for a ameaça. Mas vai ler isto na primeira oportunidade.
Deus também se engana
Uma eleição onde ganharam todos
Incluindo os Republicanos, os quais não saberiam o que fazer com aquele casal de aves raras, o irascível velhinho e a mamã tonta. Porém, há um vencedor que neste momento ainda permanece na sombra. Porque neste momento fazem-se as catarses relativas ao desastre Bush e aos preconceitos de fenótipo. A esquerda convencional tem muitos papelinhos para lançar, e a direita convencional tem muitos suspiros de alívio para esconder. Quando a poeira baixar, ver-se-á como a Internet, e suas redes sociais, foram alimento da democracia e da cidadania. A quantidade disparatada de fontes de informação não gerou o caos, bem ao contrário: facilitou o estabelecimento de critérios, filtrou o ruído, gerou qualidade, estimulou a participação. E para quê? Para que voltássemos às origens, onde os candidatos ao poder democrata se apresentavam aos votantes para serem julgados na sua irredutível e despojada verdade. E foi isso exactamente o que aconteceu a dezenas de milhões de pessoas que votaram, ou que gostariam de votar mesmo não sendo americanos: a funda consciência de se estar perante uma escolha não ideológica – para além da aversão a Bush, para além da antipatia pelo adversário, para além do partido de identificação, para além das propostas, para além da oratória, para além da cor, para além da simpatia, o que se estava a escolher era o ser humano em quem mais se pudesse confiar.
200 mil anos de vida neste planeta não mudaram a essência da vida em grupo, quer seja nas cavernas, na ágora, na Cúria ou num ecrã de televisão, computador, telemóvel: o Homo Sapiens Sapiens continua a seleccionar o carácter.











