Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão.
Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.

O chifrudo manda saudades e pergunta se preferimos o Rainha bem ou mal passado

É isso mesmo Luís! É isso mesmo! Agora sim vi a Luz! Como foi possível andar enganado todo este tempo. Fátima é uma invenção da administração Bush para justificar a intervenção americana no Iraque, através de uma conspiração global da Opus Dei com a comissão de disciplina da Liga e liderada pelo Paulo Teixeira Pinto. Não te admires se começarem a abrir agências do BCP em Fallujah e se o Benfica ganhar o campeonato com a conivência do grande capital português (mesmo perdendo todos os jogos). Isto anda tudo ligado.

Reconheço talento na tese, bastante melhor que outras versões que tenho lido, mas para dar best-seller continuo a pensar que falta um romance qualquer. Tipo amor à primeira vista que espera para acontecer. Mas amor gay, claro, tipo cowboys, que isto da literatura hetero já deu o que tinha a dar. Seja como for adivinho-te longa e profícua carreira literária seu Luís “Rodrigues dos Santos” Rainha. RMD

Terra chama frei Rodrigo!

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Fátima, um mito? Ná; eu usaria antes a palavra “fantochada”. Desculpa lá a franqueza; mas acreditar em Fátima é coisa mais grotesca do que ler o “Código da Vinci” como se fosse um tomo de História. Ou acreditar que os americanos derrubaram o WTC acolitados por uma tribo de pequenos venusianos de maus-fígados.
Fátima nem sequer foi invenção da Igreja. O mérito pertence quase por inteiro à pequena mitómana alucinada, Lúcia dos Santos. A imaginativa criança conseguiu convencer gente adulta supostamente na posse das suas capacidades intelectuais de que tinha visto as seguintes criaturas mais ou menos mitológicas: um tal de “Anjo de Portugal”, a Virgem Maria (que também fez uns cameos, lá para o fim da farsa, sob os pseudónimos de Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora do Carmo), o menino Jesus em diversos estágios de crescimento e até mesmo S. José. Isto sem qualquer espécie de prova, no meio de testemunhos continuamente refeitos (recordem a historieta inicial, que dava conta de uma senhora com a saia acima do joelho, por exemplo) e, muito mais importante para qualquer cristão, servindo de veículo para uma mensagem vingativa, odienta e má; a léguas da ideia de Salvação universal que Cristo nos terá deixado.
Que raio de Deus é que exigiria a uma criança que rezasse muito, sob pena de ir parar ao Inferno? A tal “Senhora” de Fátima fê-lo. Da mesma forma, não se coibiu de endereçar esta pergunta aos três “videntes”: “quereis oferecer-vos a Nosso Senhor para aceitardes de boa vontade todos os sofrimentos que ELE vos quiser enviar, em reparação de tantos pecados com que se ofende a Divina Majestade, em desagravo das blasfémias e ultrajes feitos ao Imaculado Coração de Maria e para obter a conversão dos pecadores, que tantos caem no inferno?” Ao pé de coisas destas, até o teu satanismo faz boa figura… e o “Código da Vinci” parece um bem estruturado tratado de teologia.
E olha que a Igreja só embarcou no comboio de Fátima quando aquilo lhe cheirou a fonte de dinheiro e de poder. E, claro está, depois de já ter comprado grande parte dos terrenos circundantes.
Quanto à Opus Dei, antes se dedicasse ao satanismo e ao basquetebol (aquilo do encesto tinha a ver, não era?). Sempre era forma de se tornar em coisa mais divertida e menos manhosa.

O Luís Rainha nunca mais foi o mesmo depois de ler o Código de Da Vinci

Entre os cartazes para as manifs anti-americanas encontro este naco na mesma linha dos inesquecíveis clássicos da postologia de esquerda: “Fátima é um mito inventado pela igreja”, “os americanos fazem guerras para gastarem as munições em stock” e, claro, “a Opus Dei é uma comunidade de adoradores de Santanás com tendências incestuosas”. Enfim, aquela divertida e factual agenda. Mas a questão que se coloca é: a Atlântida! Para quando um poste do Luís Rainha sobre a Atlântida? RMD

Cooperação estratégica

Teve lugar ontem, no Palácio de Belém, o primeiro dos encontros semanais entre o novo Presidente e o primeiro-ministro. Toda a gente notou a mudança de cenário: em vez dos habituais sofás, uma mesinha redonda e austera; duas cadeiras com torcidos. Mas o punctum da cena, se me permitem, estava no material de trabalho, em que se espelham de forma claríssima todas as diferenças de estilo entre os dois políticos. Enquanto Sócrates trouxe para a reunião um discreto moleskine preto, Cavaco esperava-o com um caderno escolar dos antigos: capa azul, argolas e (quase que aposto) papel quadriculado para melhor fazer as contas.

Diz SIM à discriminação (e vive em paz com a tua consciência)

Se os namorados se beijam por serem namorados, se os amantes se desejam por serem amantes, se os esposos vivem juntos por serem esposos, se os pais cuidam dos filhos por serem filhos, se os filhos protegem os pais por serem pais, se os amigos preferem estar com os amigos por serem amigos, se os familiares ajudam os familiares por serem familiares, se os professores dão melhores notas aos bons alunos por serem bons alunos, se as empresas contratam empregados competentes por serem empregados competentes, se os patrões promovem profissionais talentosos por serem profissionais talentosos, se os consumidores escolhem certos produtos em vez de outros por serem esses os produtos certos em vez de outros, se a nossa vida é toda e sempre um processo contínuo e inevitável de discriminações instituídas como padrão de normalidade, e temos como legítimo que assim seja — então, porque não aceitar que se discriminem pessoas no mercado de trabalho com base no tom de pele, religião, orientação sexual, idade, deficiência física, opção política, estatuto social, origem geográfica, código genético, altura, fealdade, apelido, clube, capacidade para contar anedotas ou até mera recusa em prestar favores sexuais, posto que já o fizemos antes na esfera privada e ninguém nos acusou de discriminação, bem pelo contrário, e até ficaram todos contentes?

É uma pergunta.

Encontrem a Deus, mas noutro trabalho qualquer

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Todos vimos há uns dias o presidente do BCP, Paulo Teixeira Pinto, enquanto lia no teleponto a declaração das suas melhores intenções com a OPA sobre o BPI. Que era tudo amigável, que nada o movia contra ninguém, que queria era espalhar amor pelo mundo financeiro afora, jurava o senhor com o queixo quase trémulo de tanta linda intenção.
Afinal, o sucessor de Jardim Gonçalves é membro convicto da Santa Máfia, a Opus Dei; e a sua surpreendente nomeação para o cargo talvez não tenha sido alheia a esse facto. Sabemos também que tal organização tem como lema “encontrar a Deus no trabalho”. Logo, ficaria mal ao sr. presidente incluir no seu trabalho operações hostis e outras manigâncias de semelhante jaez.
Dias depois, a mesmíssima santa alma confirmou que a concretização da sua OPA levará ao despedimento de 3.000 trabalhadores. “É perto desse valor”, disse ele, não sei se mais uma vez acompanhado pelo seu piedoso tremor de queixo.
Admitir a intenção de chutar com 3.000 famílias para parte incerta talvez merecesse mais do que esta seca anuência, em termos de “valor”. Sobretudo para quem milita numa seita que quer promover uma “vida plenamente coerente com a fé nas circunstâncias vulgares da existência humana, especialmente através da santificação do trabalho.”
Mais: o sr. presidente é um dos animadores da folclórica Associação Cristã de Empresários e Gestores de Empresas, que se rege por um “Código de Ética” já entregue a Bento XVI, suponho que em cerimónia de adequada elevação espiritual. Este “Código” impõe aos signatários “o respeito e a promoção do projecto de vida dos trabalhadores”.
Naturalmente, compreendo que o objectivo máximo de um gestor possa ser realizar valor para os seus accionistas, ignorando tudo o mais. Desagrada-me é o farisaísmo desta malta que nos fala em santidade, em Deus e em Ética para no fim se revelar tão gulosa (não esquecer que a administração do BCP é recordista nacional de vencimentos) e indiferente à sorte dos seus colaboradores como o mais amoral incréu.
À laia de consolação, resta-me esperar que surja mesmo uma contra-OPA do BPI e que o sr. presidente se veja recambiado para o mosteiro. Lá, poderá procurar a santificação do trabalho sem dar cabo da vida a ninguém.

Mitos urbanos

Quando passo pelas filas de entrega do IRS lembro-me sempre dos discursos dos políticos sobre a produtividade do país. Sempre a pedir mais produtividade, mais produtividade. É verdade. E a melhor maneira de começar era evitando que os portugueses tenham de tirar um dia de férias para pagar impostos. Talvez evitando que se perca uma manhã inteira para fazer uma escritura. Uma tarde para instalar TV Cabo, outra para a electricidade e ainda outra por causa da água. Inscrever uma criança no colégio, pedir a renovação do bilhete de identidade, conseguir uma certidão de óbito. Não existe nada neste país que não custe menos de seis horas para conseguir. Nada! E dizem eles que o povo é pouco produtivo. Pouco produtivo? A verdade é que neste país, apesar das circunstâncias, ainda se consegue trabalhar. Não liguem. Estamos todos de parabéns. RMD

Nisto, há sempre a Esperança

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Esvaziar a caixa do «Lixo Electrónico» é um dos meus prazeres matutinos. Ofereço-me, cada dia, esse gesto simples, mas que reordena o mundo. Hoje, todavia, um dos ‘assuntos’ fazia-me olhinhos. Dizia «Escrita Criativa». Salvei-o da reciclagem. É isso. Se há sonho que me atormenta, é o de vogar criativamente pela escrita. Mas tratava-se de um curso em Lisboa, e vejo-me longe. Fiquei-me pelo fantasiar, o óbolo dos pobres.

Vi anunciado um curso de «escrita criativa» propriamente dita, destinado a «Escritores de gaveta que queiram mostrar e enriquecer os seus textos», a «Escritores no activo (incluindo também publicitários, jornalistas, argumentistas) que pretendam desenvolver técnicas de escrita literária», a «Escritores preguiçosos que precisem dum empurrãozinho». Enfim, quem de nós se sentirá excluído?

E vi que há outro curso, de «criação literária», em que o instrutor (neste caso instrutora) «utilizará um método próprio e original, visando o encorajamento dos candidatos à produção de prosa literária, com ou sem fins editoriais, através de conversas e conselhos que os ajudarão a desobstruir os sensores da consciência e a desinibirem-se, incentivando a extroversão por via da palavra escrita e libertando a imaginação». Ah, a desobstrução dos sensores (e a obstrução dos censores) da consciência! E o incentivar da extroversão! É um programa deslumbrante, além de eminentemente humano.

Houve, em fins dos anos 90, um «curso de escrita criativa», coordenado por João Louro, que desembocou no volume Jogging para Escribas, editado na Fenda. Aí se revelaram dois portentosos artistas: Margarida Fonseca Santos e Paulo Hasse Paixão.

A Margarida (diz-me o site da BN) publicou vários livros para crianças e orienta, por sua vez, ateliers de escrita criativa. Se houver chatices com o link, vá ao Google. Ela tem uma ‘página oficial’.

O Paulo (diz a mesma fonte) nada publicou, pelo menos em livro, pelo menos sob esse nome. Mas anda activo aqui pela esfera.

Batam, portanto, à porta da sociedade em epígrafe, aí para os lados da Esperança. Pois, da esperança.

[Nada disto é publicidade. Bom, é, mas ninguém ma encomendou.]

Inocentes

Há uma expressão que me irrita muitíssimo. É aquela que se costuma juntar aos feitos de um ditador facínora ou de um serial killer: “não sei quem matou X pessoas inocentes”. A expressão é sobretudo usada nos EUA e ainda há dias a ouvi a propósito do único suspeito de terrorismo que está a ser julgado pelos ataques do 11 de Setembro. “Pessoas inocentes” porquê? O que tem a inocência das vítimas a ver com a relevância dos crimes? Se as vítimas fossem culpadas (termo já de si difícil de definir) a sua morte seria menos grave? Parece-me evidente que não.

Marines salvam Jesus Cristo

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Segundo vi no meu blog favorito (clicando nesta imagem), vai ser realizado um filme heróico em que Jesus Cristo é salvo da cruz pelos marines. A super produção está a cargo do aclamado realizador Jonathon Mostow. O cineasta, autor do grande sucesso “U-571”, garante que “apenas especialistas vão conseguir perceber algumas discrepâncias históricas”.
Na Internet já circulam algumas das cenas mais fortes, para os cinéfilos aqui fica uma delas:
Artillery from the Pharisee emplacements ROARS overhead. Explosions SHATTER the air itself, and Brock SHOUTS into the Messiah’s ear:
Capt. Brock
Hey, Lord!
Jesus
What?!
Capt. Brock
There’s something I’ve always wanted to know..!
Jesus
What’s that, son?!
Capt. Brock
The ‘H’ in “Jesus H. Christ” — what’s it stand for?!
Christ chomps down on His cigar. He STANDS UP, staring, unblinking, into the withering MACHINE GUN FIRE that zips around His head.
Then He winds up and THROWS.
The object — all we can see is a small ball — SOARS overhead, then LANDS beside a Pharisee howitzer.
It EXPLODES! Enemy soldiers FLY through the air as the howitzer is consumed in a fireball!
Jesus
Stands for “hand grenade.”

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